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2 SUAPE E PRINCIPAIS PORTOS: DESAFIOS, SOLUÇÕES E CARACTERÍSTICAS

2.6 Síntese das informações

Suape é um porto jovem, com 32 anos completos em novembro de 2010, possuindo condições geo-políticas favoráveis ao crescimento: capacidade para navios de alto calado, equipamentos portuários modernos e recentes, área geográfica para expansão, área reservada para proteção ambiental, proximidade com principais portos europeus e americanos.

Possui empreendimentos estruturadores que dão motivação a instalação de outras atividades de manufatura e serviços. Dentre as maiores empresas, encontra-se o Estaleiro Atlântico Sul, a Refinaria Abreu e Lima, terminais de contêineres e fábricas de produtos alimentícios. Os investimentos são crescentes e há um programa formal para desenvolver o complexo. Em breve, o complexo petroquímico virá ampliar os negócios.

O CIPS pode aprender com a história dos maiores portos, evitar caminhos de insucesso e consistentemente se integrar a outros modais, empresas de todos os portes e localidades, promover a educação em toda a sua área de influência e assim, participar do ativa e corretamente do desenvolvimento da região nordeste, num modelo integrado social e economicamente. Há tempo para instruir-se e acertar mais, e, ao contrário de outros complexos portuários, como Santos, há vasta disponibilidade de recursos para o crescimento.

O Porto de Santos, Estado de São Paulo, é o maior dentre os públicos do Brasil. Sofre com a dificuldade de acesso e impossibilidade de expansão em área. Mas, apresenta desempenho crescente. Tem investido em equipamentos, sistemas viários, educação dos funcionários e em tecnologia da informação, além de contar com um modelo de gestão por indicadores. Participa de feiras e ventos nacionais e internacionais, promovendo o porto.

No Porto do Rio Grande/RS há integração com as instalações industriais, criando um hub port para o Mercosul. A adoção dos parâmetros da Lei de Modernização dos Portos e a utilização de modernas técnicas de movimentação de contêineres aumentaram a eficiência.

Em Paranaguá e Antonina, no Paraná, um modelo de simulação matemática e estatística auxiliou o processo decisório gerencial. O modelo apontou o refinamento do planejamento logístico das cargas, a redução da permanência dos caminhões no pátio de triagem e a modernização dos sistemas de descarga dos navios para o aumento da eficiência.

Estas são algumas das lições nacionais para estudar. Mas, no mundo, os grandes portos ainda trabalham e pesquisam para a melhoria própria e da região.

A Ásia concentra 12 dos vinte maiores portos do mundo. O Porto de Singapura tem como papel desenvolver a Cidade-estado como um centro de excelência em pesquisas do mar. Faz isto encorajando a pesquisa e a inovação em redes, formalmente, para gerar produtos para o mercado naval. Dentre os parceiros locais, há universidades e instituto computacional.

O Porto de Hong Kong apresenta condições naturais para todos os tipos de navios. É um hub port para o pacífico e para o interior da China. Conta com nove terminais de contêineres e com vinte e quatro berços de atracação o que garante alto movimento de cargas.

Ainda na Ásia, para a Universidade Politécnica de Hong Kong, a coopetição é uma opção para os portos. O Porto de Hong Kong tem servido como hub port, levando os portos chineses a adotarem a estratégia de coalizão, entretanto, parece ser necessário algum equilíbrio entre competição e coopetição para o sucesso portuário.

Na Europa, o Porto de Roterdã acessa mais de 500 milhões de consumidores europeus, através de suas linhas regulares com outros portos, dutovias, navegação fluvial e rodo- ferroviárias com outros países. Aliado à alta profundidade no cais e menores taxas, encontra- se como um dos portos preferidos pelos armadores.

Roterdã expandiu seu território com a construção de ilhas artificiais e reservas de áreas para a proteção ambiental. Uma das preocupações de Roterdã é melhorar a qualidade de vida das áreas em redor do porto e se desenvolver como porto sustentável. O sistema de informações atende a todas as entidades interessadas. É tradição de Roterdã, a pesquisa, o desenvolvimento e aplicações de tecnologias e processos inovativos, cooperado com as empresas e universidades. As pesquisas se dão no campo da logística e tem como um dos parceiros a GE, a Universidade Erasmus e Delft. As tendências para o desenvolvimento de Roterdã incluem plataformas de manufatura e de logísticas, uso misto das áreas portuárias, importância das inovações, indústrias ecológicas, segurança portuária e co-sitting. Atrair manufatura de alto valor agregado é vital para o crescimento econômico.

Na Espanha, foram adotados modelos de gestão nos quais os portos são ferramentas para as empresas. Visto o compartilhamento de hinterlands entre os portos espanhóis e variadas autoridades portuárias, uma estratégica de competição é necessária. Segundo estudo utilizando decisão multi-critério, um porto mais competitivo é aquele capaz de atrair mais clientes e tráfego. A função mercadológica precisa ser mais intensamente considerada, função dos modelos portuários de iniciativa privada.

Na Bélgica, o Porto de Antuérpia facilita a comunicação, a sugestão e a colaboração com outros portos flamengos e internacionais. Baseia seus relacionamentos em confiança para posicionar a região como provedora de serviços de alta qualidade e produtos de alto valor agregado. Promove treinamento e consultoria para outros portos, inclusive. Inovações em análise espectral permitem detecção de mudança e reação mais rápidas aos acidentes. Complementam os avanços, os estudos com análise de cenários para configuração de transporte multimodal.

Os Portos de Nova York e Nova Jersey são responsáveis pelos transportes rodoviários e ferroviários e este último caso, a utilização é incentivada com taxas de frete menores. Seu planejamento estratégico corrente aponta para o aumento da capacidade de transporte trafegando por fora dos centros urbanos.

Tais portos promovem encontros com acadêmicos e especialistas para identificar as deficiências e necessidades de transporte da região. A parceira se estende com outros atores externos aos portos.

O Porto de Los Angeles é um hub port para o comércio mundial. Possui o maior serviço rodoviário dos EUA, acessando a 14 centros de distribuição e 182 km de ferrovias internas. Sua área de influência atende a 21,2 milhões de habitantes, 485 mil empresas. Dentre os objetivos estratégicos, encontra-se: eficiência gerencial, plano de marketing, pesquisa marítima, educação e preservação ambiental.

Além destes, ampliar a oferta de transporte terrestre, a auto-suficiência financeira, equipamentos alternativos para a movimentação de carga, geração de energia solar e automação de operações.

Como desafios e soluções portuárias, citam-se: minimizar o tempo de carregamento e descarregamento de navios é uma prioridade na agenda. Estudos indicam técnicas de ciclo duplo para tais operações, desenvolvidos por estudiosos da academia, bem como aumentar o nível de automação das gruas como soluções.

Outra preocupação é com a satisfação com os serviços portuários, aumentando a fidelização dos clientes. Dentre os fatores que contribuem para a escolha dos portos, cita-se

rastreabilidade de cargas, baixas taxas, disponibilidade de equipamentos portuários e capacidade de operar com cargueiros longos.

No Canadá a pesquisa indica que o foco do planejamento estratégico deve ser nas oportunidades e ameaças. Dentre elas, destacam-se as questões culturais, a racionalização das autoridades portuárias, fechar ou desinvestir em portos locais, encorajar parcerias público- privadas, prover treinamento e desenvolvimento de pessoal com foco comercial.

Esta subseção trouxe à luz a experiência de grandes portos no mundo. Aprender deles é benéfico para Suape, acelerando seu desenvolvimento acertadamente. A próxima seção ilustra o conhecimento sobre o que sugere ser os fatores críticos de sucesso para os portos.