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- 1 “comarca-mãe”, da qual foram

desmembradas 55 novas comarcas. 1 presídio. 3 distritos de paz.

Fonte: Dados organizados pela autora, 2015. Adaptados a partir de Menezes (1936), Trindade (1945), Costa (1979), Barbosa (1995).

Apresentamos, a seguir, a sequência de mapas que mostram a expansão das Comarcas em Minas Gerais, e no território da Comarca do Rio das Mortes. A expansão das comarcas pode ser entendida como indicador indireto da expansão urbana havida no território mineiro.

Em 1714, a então Capitania de São Paulo e Minas era subdividida em três comarcas (FIG. 09): a de Vila Rica (com sede em Vila Rica, atual Ouro Preto), a do Rio das Velhas (com sede em Sabará) e a do Rio das Mortes (com sede na vila de São João del Rei, erigida em 1713)219. Com a separação da Capitania de São Paulo, a

Capitania de Minas Gerais, instituída em 1720, estabelece mais uma comarca em seu território (FIG. 10): a Comarca do Serro Frio (com sede na Vila do Príncipe, atual Serro), desmembrada da Comarca do Rio das Velhas220.

Figura 09 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Capitania de São Paulo e Minas (1714) e da Capitania de Minas Gerais (1720).

Figura 10- Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Capitania de São Paulo e Minas (1720)

Fonte: MORAES, Fernanda Borges de. A teia colonial: aspectos da origem e estruturação territorial do Estado de Minas Gerais. In: VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2002, Salvador/BA. Anais do VII Seminário de História da

Cidade e do Urbanismo. Salvador/BA: UFBA, 2002. P. 1-14.

Observando as Figuras 09 e 10, nota-se que o território mineiro efetivamente desbravado estava compreendido entre as linhas pontilhadas assinaladas por Moraes (2002); ainda não havia sido anexado o atual Triângulo Mineiro, nem tampouco eram definidas as divisas com a Capitania do Espírito Santo.

219 Embora seja de uso corrente citar a criação das três primeiras Comarcas mineiras em 1714,

para Theophilo Feu de Carvalho219 (1922) tal datação é controversa porque as primeiras comarcas parecem ter sido criadas em 1709, ou antes, não sendo, porém, conhecido o ato, ou atos, que as criaram. Como argumentação em favor da data de 1709, Feu de Carvalho relata que os Ouvidores despachados para Vila Rica e Rio das Velhas, foram nomeados em 3 de fevereiro de 1709, mas só chegaram a Minas em 1711, e que o Ouvidor despachado para a Comarca do Rio das Mortes (Antônio de Albuquerque Coelho Carvalho), teria vindo posteriormente, em 19 de março de 1711, sendo que Antônio de Albuquerque fora nomeado para a Comarca do Rio das Velhas, com jurisdição de Corregedor do Rio das Mortes, em substituição ao que falecera no caminho.

As divisas entre a Capitania de Minas e a de São Paulo sempre foram claras, devido à barreira imposta pelo relevo acidentado da Serra da Mantiqueira. Somente em 1815, nova divisão judiciária viria a ocorrer (FIG. 11), com a criação da Comarca de Paracatu (com sede em Paracatu); o chamado “nariz de Minas” foi agregado, contudo, não houve alterações no território da Comarca do Rio das Mortes.

Figura 11 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Capitania de Minas Gerais (1815).

Fonte: MORAES, Fernanda Borges de. A teia colonial: aspectos da origem e estruturação territorial do Estado de Minas Gerais. In: VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2002, Salvador/BA. Anais do VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo.

Salvador/BA: UFBA, 2002. P. 1-14.

Com a independência do país, novas divisões judiciárias ocorreram na então Província de Minas Gerais, com redivisões expressivas nas Comarcas: em 1840 (FIG.12), 1848 (FIG. 13), 1858 (FIG. 14) e em 1877 (FIG. 15). 221. .

(1840)

Figura 12 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Província de Minas Gerais (1840)

Fonte: MORAES, 2002.

221 Para outras referencias de Teophilo Feu de Carvalho, consultar: Estudos Históricos- Freguesias de Minas Gerais, publicado no Minas Gerais em 1920 e História da Capitania de

Figura 13 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Província de Minas Gerais (1848).

Fonte: MORAES, Fernanda Borges de. A teia colonial: aspectos da origem e estruturação territorial do Estado de Minas Gerais. In: VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2002, Salvador/BA. Anais do VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo.

Salvador/BA: UFBA, 2002. P. 1-14.

Em 1840, a Comarca do Rio das Mortes foi subdividida em outras cinco (ver FIG. 12): Rio das Mortes, Rio Grande, Paraibuna, Sapucaí e Rio Verde. Oito anos depois, em 1848, a Comarca de Paracatu foi subdividida em duas (ver FIG. 13): Paracatu e Paraná, porém não se alterou a configuração das cinco subdivisões internas da velha Comarca do Rio das Mortes. Nessa ocasião, a preocupação maior da Coroa, em relação a Minas, era definir o controle administrativo sobre a as ‘picadas de Goiás’, controlar o trânsito dos boiadeiros baianos e pernambucanos às margens do Rio São Francisco e fiscalizar as autorizações do comércio de carne, que representavam atividades altamente lucrativas voltadas para as áreas de mineração.

Prosseguindo, após a independência do país, ainda outras novas divisões judiciárias na Província mineira, ocorridas em 1858 e que resultaram em sete subdivisões da Comarca (FIG. 14): Rio das Mortes, Rio Grande, Paraibuna, Sapucaí e Rio Verde, acrescidas de Jaguari e Rio Pomba.

Figura 14 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Província de Minas Gerais (1858).

Fonte: MORAES, Fernanda Borges de. A teia colonial: aspectos da origem e estruturação territorial do Estado de Minas Gerais. In: VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, 2002, Salvador/BA. Anais do VII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo.

Salvador/BA: UFBA, 2002. P. 1-14.

As divisões subsequentes da Comarca constam de levantamento feito pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Nota Histórica organizada por Caçador e Costa Val (2011), constantes em Anexo desta tese.222

Desde os XVIII, a população mineira ansiava por proteção e segurança. Conforme Junia Ferreira Furtado223

[...] as aventuras e medos passados pelos comerciantes nas suas andanças pelos caminhos que ligavam os centros urbanos de Minas Gerais ao litoral fluminense e às suas áreas interioranas [...] diversos viandantes, que se dedicavam ao comércio fixo e [...] os comerciantes errantes, devido aos perigos e incertezas das viagens, deixavam de antemão as suas vontades declaradas (em testamentos). (FURTADO, 1999, p. 98-99).

Essa afirmativa atesta que era real o medo de assaltos praticados por bandoleiros que vieram para a Comarca do Rio das Mortes, atraídos pela riqueza do ouro na região, o que levou também à necessidade de proteger os homens bons, coibir desmandos e instaurar a ordem. Nos XIX, o Judiciário brasileiro cresceu não só

222 CAÇADOR, Tânia. VAL, Andréa Vanessa da Costa. Nota histórica. Os topônimos das cidades mineiras como instrumento para construção da história do Poder Judiciário. In: Revista Jurisprudência Mineira. Belo Horizonte, a. 62, n. 198, p. 13-42, jul./set. 2011. Belo Horizonte: TJMG, 2011. ISSN 0447-1768. Disponível em: http://www.tjmg.jus.br. Acesso em: 24 set. 2014. 223 FURTADO, Júnia Ferreira. Homens de negócio: a interiorização da Metrópole e do comércio nas minas setecentistas. São Paulo: Hucitec, 1999.

por interesse exógeno de Portugal para controlar melhor o Brasil, como também pelo interesse endógeno, da população branca rica, que apelava para o Direito português.

O período do Segundo Império evidencia claramente a evolução da estrutura judiciária brasileira, desde as mais remotas matrizes portuguesas, até as instituições judiciárias que passaram a existir no Brasil. A expansão urbana na Comarca representa também a estruturação da Justiça no Brasil, com a criação de cortes e tribunais, inclusive aqueles juizados especializados – as Juntas Militares e Conselhos de Guerra, as Juntas da Fazenda e as Juntas do Comércio. Tal crescimento do Judiciário resultou na configuração do mapa das Comarcas de 1877 (FIG.15).

Figura 15 – Divisão aproximada dos territórios das Comarcas da Província de Minas Gerais (1877).

Fonte: MORAES, Fernanda Borges de. A teia colonial: aspectos da origem e estruturação territorial do Estado de Minas Gerais. In: VII Seminário de História da Cidade e do

Urbanismo, 2002, Salvador/BA. Anais do VII Seminário de História da Cidade e do

Urbanismo. Salvador/BA: UFBA, 2002. P. 1-14.

Em 1897, foi criada a última comarca do século XIX, em Belo Horizonte, nova capital mineira, quando já existiam 118 comarcas em Minas sendo que, destas, pelo menos 55 foram desmembradas da antiga Comarca do Rio das Mortes224.

CAPÍTULO 4- A PERIODIZAÇÃO DA EXPANSÃO URBANA DA