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3 METODOLOGIA

3.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA

A escolha dos sujeitos da pesquisa não se mostrou difícil. Pode-se dizer que foram escolhidos sem muita hesitação, pois alguns critérios deveriam ser imprescindivelmente considerados: serem professores da Rede Pública do Estado do Paraná, atuar em sala de aula, ter produzido pelo menos um Folhas, embora este universo de professores seja bastante grande. O tempo de atuação em sala de aula, variado, também foi fator determinante para a escolha dos professores entrevistados. Outro fator que influenciou a escolha dos participantes da pesquisa foi

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a diversidade de município de atuação. Foram escolhidos sujeitos que atuam em municípios do sul, norte, noroeste, centro e capital do Estado, em número de cinco, um de cada localidade. Entende-se ser uma boa amostra para o propósito desta pesquisa.

Uma condição que, possivelmente, traria elementos interessantes para a investigação seria a diversidade da formação inicial dos entrevistados, com o intuito de olhar o processo de produção de um Folhas contra a formação inicial desses professores. Assim, optou-se por escolher professores com formação inicial distinta, no que se refere à modalidade de curso e local de realização. Cabe lembrar que foram escolhidos professores com graduação em Química, habilitados para lecionar esta disciplina.

Não se levou em consideração se os Folhas produzidos pelos professores foram publicados ou não, porém atentou-se para o detalhe de que tivessem passado pelo processo de validação.

Passo, agora, à descrição dos sujeitos da pesquisa propriamente, baseada nas suas entrevistas e memoriais enviados via correio eletrônico, que fazem parte do meu arquivo pessoal.

O primeiro sujeito de pesquisa escolhido foi a Professora ROBERTA, que leciona em Maringá, Norte do Estado. Seu nome foi lembrado primeiramente porque logo na fase inicial do processo, fase piloto do Projeto, em que a sua organização não estava bem definida, a professora já se inscreveu e produziu um Folhas. Seu envolvimento com o Projeto vem desde o início, quando a validação ainda era feita na escola e DEB-SEED, sem passar pela instância intermediária do NRE. Roberta também se inscreveu no processo seletivo, conduzido pela SEED, para a produção do Livro Didático Público, foi selecionada e produziu três Folhas que fazem parte do livro.

A professora fez seu curso de nível médio em escola pública na cidade de Maringá, à época, denominado Curso Colegial, direcionado para a área de Ciências Biológicas. Concluiu-o em 1994. Já no ano seguinte iniciou o curso de Licenciatura em Química na Universidade Estadual de Maringá. Terminada a licenciatura, passou a lecionar em escolas particulares, o que, segundo ela, lhe “proporcionou um perfil de professor tradicional e conteudista”. Paralelamente, trabalhava em cursos pré- vestibulares. Começou a trabalhar na Rede Pública, em regime CLT, isto é com contrato por tempo determinado, substituindo colegas. Somente em 2003 conseguiu

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seu primeiro padrão18, depois de ser aprovada em concurso para provimento do cargo de professores do estado, obtendo o segundo lugar na classificação geral. Ainda como CLT, fez um Curso de Especialização, na Universidade Estadual de Maringá, “A Química e suas Aplicações”. Em 1996, começou a participar de um grupo de estudos promovido pela Universidade Estadual de Maringá, juntamente com outros cinco professores de Ciências e de Química. Foi convidada por uma colega que trabalhava na mesma escola e que atuava como professora laboratorista. Eram encontros semanais, que passaram a ser quinzenais a partir de 2004. Segundo relato escrito da professora, o grupo discutia artigos da revista Química Nova na Escola e de outras fontes, textos de fundamentação teórica e metodológica, as Diretrizes Curriculares do MEC e as estaduais, teorias da educação. Testava experimentos com materiais alternativos, trocava experiências vividas em sala de aula, realizava visitas e, de um modo geral, discutia tudo o que é pertinente às disciplinas de Ciências e Química e à Educação. O projeto continua contando com a sua presença e o número de professores participantes passou para quatorze.

A Professora ANA, segundo sujeito da pesquisa, atua hoje em Curitiba, com formação inicial realizada na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no curso de Licenciatura em Química. A sua formação média foi Técnico em Química. Terminada a graduação já iniciou lecionando na cidade de Pitanga, a convite de colegas e porque não existiam professores de Química na cidade. Acabou lecionando Física e Biologia também. De acordo com seu depoimento, não pretendia, inicialmente, ingressar na carreira do magistério. Professora concursada em 1992 e 1994, com dois padrões de 20 horas em Química. Tal como a Professora Roberta, escreveu um Folhas ainda na fase piloto, quando o professor ganhava um certificado de quarenta horas pela produção, que iria somar uma pontuação para ascensão no Plano de Carreira. A professora participou do processo de produção do LDP na autoria de três Folhas e co-autoria de mais um. Teve um curso de graduação bem tradicional, tecnicista, em suas palavras.

O terceiro sujeito da pesquisa, Professor MARCOS, atua no município do Goioerê, Noroeste do Estado. Como curso de ensino médio iniciou o Técnico em Contabilidade e o concluiu na modalidade supletivo em Educação Geral. Cursou

18 Expressão empregada pelos professores paranaenses que significa 20 horas de jornada de trabalho no regime estatutário.

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Licenciatura em Ciências pela Universidade Estadual de Maringá e Licenciatura em Ciências, Plena: Habilitação em Química na UNIJUÍ, Rio Grande do Sul, em regime de férias, aproveitando os créditos do curso anterior. Iniciou no magistério, lecionando Química, logo que concluiu o curso de Licenciatura em Ciências, em 1997, como professor contratado temporariamente. Em 2003, quando se tornou licenciado em Química, já atuava há algum tempo como professor da disciplina, inclusive em escolas particulares. Prestou o primeiro concurso em 2003 e o segundo em 2005. Escreveu seu Folhas, o qual foi publicado, na fase em que o Projeto já estava consolidado (ano de 2006).

O professor menciona, em sua entrevista, que procurou a formação específica em Química vislumbrando oportunidades de lecionar a disciplina em sua cidade. Assinala, também, na sua entrevista, a metodologia do Curso de Licenciatura na UNIJUÍ e refere-se em particular ao trabalho denominado “Situações de Estudo” que desenvolveu durante o período de graduação.

O quarto sujeito pesquisado, Professor JOÃO, é professor no Núcleo Regional de Pato Branco, na cidade de Pato Branco, e cursou Química Industrial e Química Licenciatura na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Prestou dois vestibulares, fez os dois cursos separadamente, com aproveitamento de disciplinas. Iniciou sua carreira profissional na área industrial. Fez concurso para o magistério estadual em 1992 e passou a lecionar em seguida, deixando a outra atividade. Já iniciou, portanto, como professor estatutário, ou seja, do Quadro Próprio do Magistério, (QPM).

O professor João escreveu três Folhas, o primeiro ainda na fase piloto. Pensamos que este número significativo de Folhas produzidos poderia nos trazer bons elementos para uma pesquisa sobre formação de professores. Teve um Folhas publicado entre os três produzidos. O professor produziu Folhas, passou pelo processo de validação, e hoje é validador no NRE de Pato Branco. Por isso seu nome foi lembrado.

O quinto sujeito participante da pesquisa foi a Professora ELISA que atua no município de Sapopema, Sul do Estado. A professora leciona Ciências e Química na Rede Pública do Estado. Seu curso de nível médio foi magistério. Prestou vestibular para o curso de Ciências Biológicas na FAFIJAN, faculdade na cidade de Jandaia do Sul. O curso formava licenciados e, segundo a professora, as disciplinas pedagógicas eram estudadas desde o primeiro ano, juntamente com as específicas.

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Já no segundo ano de curso, inscreveu-se no processo seletivo de professores estaduais, foi aprovada e começou a lecionar Química, com uma turma somente. Concluída a graduação, passou imediatamente a fazer o Curso de Especialização “Biologia Aplicada à Saúde” na Universidade Estadual de Maringá, que, de acordo com a professora, era um curso voltado para “o conhecimento científico”. Terminada a especialização, ingressou na UNIJUÍ, no curso de Licenciatura em Ciências, Plena: Habilitação em Química, em regime de aproveitamento de disciplinas. A professora iniciou a carreira docente ainda como acadêmica em 1988. Em 2003 foi aprovada no concurso público estadual para professores, nas disciplinas de Ciências, Biologia e Química. Como não havia concluído a Licenciatura em Química não pôde assumir as aulas desta disciplina. Em 2004, já habilitada para lecionar Química, prestou concurso para a disciplina, foi aprovada e hoje conta com dois padrões, Ciências e Química, pois pediu exoneração do padrão de Biologia. A professora escreveu seu Folhas em meados do processo de implantação do Projeto, quando já estava bem divulgado, parcialmente estruturado e tal como outros entrevistados, a partir das oficinas de produção oferecidas pela SEED nos seus municípios de atuação.

Os nomes que designam os professores entrevistados foram escolhidos por mim, com base em obras de ficção, o que garante seu anonimato.

Os convites para participação foram feitos informalmente, por correio eletrônico e telefone, prontamente aceitos e depois oficializados com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, preenchidos e assinados por todos os participantes da pesquisa, os quais também fazem parte do arquivo pessoal da pesquisadora.