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O estudo das relações sociais entre os atores é fundamental para as ciências sociais. Análise de redes sociais pode ser definida como uma disciplina para investigar o padrão de relações entre atores sociais, bem como o padrão de relações entre atores em diferentes níveis de análise (como pessoas e grupos) (BREIGER, 2004, p. 505). Uma rede social, segundo Newman (2003, p.5), é um conjunto de pessoas ou grupos de pessoas com algum padrão de contatos ou interações entre si. Nesta rede, os vértices que representam as pessoas passam a ser chamados de atores; e suas arestas que representam as relações estabelecidas entre as pessoas passam a ser denominadas de laços.

Nas ciências sociais, diversos são os tipos de padrões de relacionamentos que têm sido investigados, fazendo com que essa disciplina

acadêmica tenha a mais longa história de estudos quantitativos de redes do mundo real. (NEWMAN, 2003, p.5). Dentre esses estudos, Newman (2003) destaca os trabalhos de: Jacob Moreno (1934) que investiga os padrões de amizade dentro de pequenos grupos; Davis et al. (1941) que se concentraram nos círculos sociais das mulheres em uma cidade sul-americana; e de Anatol Rapoport (RAPOPORT,1957; RAPOPORT, HORVATH, 1961), talvez o primeiro teórico a salientar, por meio de modelos matemáticos, a importância do grau de distribuição de todos os tipos de redes, não apenas as sociais.

Em anos mais recentes, Newman (2003) destaca que os estudos sobre comunidade de negócios (MARIOLIS, 1975; GALASKIEWICZ; MARSDEN, 1978; GALASKIEWICZ, 1985) e sobre padrões de contatos sexuais (MORRIS, 1997; LILJEROS et al., 2001; POTTERAT et al. 2002; JONES, HANDCOCK, 2003) têm atraído razoável atenção. Além do conjunto de estudos decorrentes dos experimentos de Milgram sobre o fenômeno Small World (MILGRAM, 1967; TRAVERS, MILGRAM, 1969).

Esse breve resgate dos estudos seminais revela que há muito tempo sociólogos e antropólogos “mostram-se preocupados com o modo com que os atores estão ligados uns aos outros, e como estes laços de filiação servem tanto como um combustível para obter coisas e como uma cola que prevê a ordem e sentido à vida social” (POWELL; SMITH-DOER, 2003, p. 3). Entretanto, só nas últimas décadas tem havido um enorme aumento de interesse no papel das redes na economia (POWELL; SMITH-DOER, 2003) fazendo com que o conceito de redes seja utilizado para explicar as relações entre os atores.

Braga Martes et al. (2006), analisando a evolução histórica do uso da abordagem de redes, relatam que esse crescimento decorre de transformações ocorridas, nos meados do século XX, no mundo acadêmico em direção à busca por explicações relacionais, contextuais e sistêmicas em substituição ou complemento às explicações individualistas, essencialistas e atomistas. Em outras palavras, esses autores afirmam que a abordagem de redes representa uma alternativa ao determinismo cultural e ao individualismo atomizado (característicos das teorias ortodoxas) e que vem sendo utilizada em distintos campos do saber, como nos Estudos Organizacionais, Antropologia, Sociologia, Medicina, Física, dentre outros.

Diante desse contexto, no âmbito das ciências sociais naturalizou-se a “apropriação do termo rede, como adequado à compreensão dos mecanismos de relacionamento [...] e o estudo da dinâmica da rede enquanto sistema ou de sua estrutura, a partir dos laços ou ligações entre seus componentes”. (PINTO, JUNQUEIRA, 2008, p.35)

No entanto, mesmo que as literaturas formais e descritivas de redes sejam repletas de termos como entraves, coesão e laços múltiplos, pouco se conhecem acerca dos processos de redes (POWELL, SMITH-DOER, 1994). “Ainda que os estudos que utilizam o conceito de redes se pautem em perspectivas teóricas específicas, isso normalmente não se faz de forma explícita ou consciente pelos autores brasileiros” (LOPES; BALDI, 2009, p. 1008), que de forma geral desconhecem a especificidade de redes como estrutura de governança e como perspectiva de análise. (e.g. SAMPAIO, ROSA, PEREIRA, 2012).

A abordagem de redes como forma de governança, estuda as redes através de uma lógica produtiva, apreendendo-as como organismos dinâmicos relacionados com atores de mudança contínua e fatores contextuais da inovação, parceria, cooperação, aprendizagem, confiança, reciprocidade, controle, reputação (BRAUN, 2004, 2005; HALL, 1999; POWELL, 1990). Nesta perspectiva, as redes funcionam como um tipo de lógica da organização ou um mecanismo de coordenação das relações entre os atores econômicos (POWELL; SMITH-DOER, 1994). O relacionamento entre esses atores pode ser responsável por viabilizar trocas e acesso a recursos diferenciados que resultariam em níveis de produtividade maiores do que se estes estivessem atuando isoladamente.

Para Dredge (2006, p. 4), baseada em diversos autores (BRAUN, 2002; DALE, 2003; HALME; FADEEVA, 2000; PAVLOVICH, 2001a; TINSLEY; LYNCH, 2001; TREMBLAY, 1998), os estudos que se utilizam de redes como forma de governança “analisam a organização da rede de empresas estratégicas, bem como a natureza das ações de troca e de recursos sociais que influenciam na inovação dos produtos, na complementaridade e na eficiência econômica.”

Já a abordagem de redes como perspectiva de análise é mais centrada nos métodos. Utiliza-se das redes como base analítica para investigar a natureza das redes de interesse público ou privado; e compreender como a estrutura da influência destas relações pode estimular ou até mesmo coibir a ocorrência de fatos

tangíveis (políticas, emprego, mobilização, imigração, vantagens competitivas) ou intangíveis (ideias, valores, comportamentos). (DREDGE, 2006; POWELL; SMITH- DOER, 1994, 2003).

Assim, enquanto a primeira abordagem é mais multidisciplinar e prescritiva, focando-se nas estruturas de relações econômicas em si, e nos benefícios que as redes proporcionam para os atores, a abordagem analítica está ancorada na sociologia e na teoria organizacional, focando-se nas relações sociais (econômicas, políticas, afetivas entre outras) seja dentro da firma, nas relações intraorganizacionais ou no ambiente externo das organizações, averiguando como estas relações ocorrem e de que forma influenciam a vida dos atores (POWELL; SMITH-DOER, 1994, 2003).

Embora estas literaturas venham sendo desenvolvidas de forma independente, e com pouca fertilização cruzada, suas obras são fortemente semelhantes; concebendo redes tanto como estrutura de oportunidades quanto como fonte de constrangimentos, além de que ambas empregam uma agenda analítica que liga redes de contextos sociais mais amplos, concebendo identidade como algo construído por colocação de múltiplos papéis sociais (POWELL; SMITH- DOER, 1994).

Outra problemática refere-se à imprecisão conceitual e a popularização indiscriminada do termo “rede” e “rede social”, que termina por criar uma cortina de fumaça sobre suas especificidades. Acioli (2007, p. 2), revendo os fundamentos do conceito redes sociais, diz que “falar em redes significa trabalhar com concepções variadas nas quais parecem misturar-se ideias [sic.] baseadas no senso comum, na experiência cotidiana do mundo globalizado, ou ainda em determinado referencial teórico-conceitual.”. Essa mistura termina por causar uma confusão do uso de redes sociais que traz implicações incisivas para o âmbito analítico.

Scott, Baggio e Cooper (2008, p. 3) explicam que a confusão do termo rede é resultado do fato de que as redes sociais são examinadas usando técnicas derivadas de campos de conhecimentos diversos, tais como física, biologia e computação. Se por um lado, essas tradições se combinam e interagem criando oportunidades de estimulação intelectual, por outro também têm provocado confusões. O termo rede é usado na fala cotidiana, sem precisão como a definição de um fenômeno particular.

Há quatro décadas Barnes (1972) já se preocupava com a heterogeneidade dos usos da noção de redes, alertando que a ideia de redes pudesse tornar-se mais uma palavra da moda, sem definição clara, nem uso específico. Atualmente, isso continua sendo inquietante, principalmente no âmbito analítico, na medida em que “a popularização do termo é contrastante com a falta de rigor conceitual e metodológico com que ele é empregado, produzindo uma superficialidade na análise organizacional e até na qualidade das prescrições de caráter gerencialista.” (LOPES, BALDI, 2009, p. 1008).

Para Watts (2009, p. 11),

De certa forma, nada pode ser mais simples do que uma rede. Reduzida ao seu esqueleto básico, uma rede nada mais é do que um conjunto de objetos conectados entre si de certo modo. Por outro lado, a simples generalidade do termo rede o torna difícil de definir com precisão, e esse é um dos motivos que torna a ciência das redes uma empreitada importante. Podemos estar falando de pessoas em uma rede de amigos ou em uma grande empresa, de roteadores na internet ou de neurônios disparando em um cérebro. Todos esses sistemas são redes, mas todos são completamente distintos de uma forma ou de outra. Ao construir uma linguagem para falar de redes que seja precisa o bastante para descrever não apenas o que é uma rede, mas também que tipos de diferentes redes existem no mundo, a ciência das redes está fornecendo ao conceito uma força analítica real.

Nesse ponto, é importante perceber que nem toda rede é social. A rede social é compreendida como um conjunto de dois elementos centrais: os atores, que podem ser pessoas ou grupos de pessoas; e por suas relações sociais (i.e laços) que ligam os atores por meio da interação estabelecida entre eles. A rede é social quando os elementos que a constituem são pessoas que se encontram conectadas umas às outras através de uma variedade de relacionamentos relativamente estáveis, não hierárquicos e de natureza interdependentes.

Percebe-se que “o conceito supõe, portanto, uma perspectiva relacional que significa que as redes definem as relações e, ao mesmo tempo, está definida por elas”. (DAGNINO, 2003, p. 66). O padrão dos relacionamentos e as propriedades intrínsecas dos elementos que constituem a rede serão os aspectos mais contundentes para conceituá-la e tipificá-la.

Partilhando desse mesmo entendimento, Pinho e Junqueira (2008, p. 34) defendem que as redes sociais “são constituídas de pessoas, pois elas é que são capazes de conectar e criar vínculos entre si”; e afirmam que as interconexões entre

essas pessoas e a interseção de seus interesses é a amálgama suficiente para identificá-las não apenas como grupo, mas sim como uma rede social.

Toda rede social é formada por grupos de pessoas, mas nem todo grupo de pessoas são organizados em padrão de redes. Não basta que as pessoas estejam se relacionando. A natureza dos laços estabelecidos – não hierárquica e interdependente – irá definir se o grupo de pessoas se relaciona ou não via redes. Do mesmo modo, a convergência absoluta de interesses entre os atores que as compõe não é imperativa. Os interesses desse conjunto de atores podem convergir em um determinado aspecto e divergir em outros aspectos.

Os laços são os vínculos relacionais existentes entre os atores e são classificados por Granovetter (1973), segundo sua intensidade, quantidade de tempo despendido, intensidade emocional, intimidade e serviços recíprocos envolvidos na relação. A depender destes aspectos, são denominados como fortes – aqueles caracterizados por altos níveis de intimidade e proximidade, como por exemplo, os estabelecidos entre amigos, família ou pequenos grupos de atores –, ou como laços fracos, que são caracterizados por relações esparsas que envolvem um menor consumo de tempo e de emoções, menor intimidade e reciprocidade.

Embora os laços fracos manifestem níveis de proximidade e intimidade inferiores aos laços fortes, Granovetter (1973) ratifica em seus estudos, a “força dos laços fracos” frente a sua importância para a manutenção da rede social, por possibilitar novos canais de acesso a informações, ideias e recursos. Assim, os laços fracos seriam fortalecidos pela diversidade de informações que os atores podem trazer para a rede, através dos contatos indiretos estabelecidos por meio de pontes. Esta constatação permitiu, posteriormente, que Burt (1992) construísse a teoria dos buracos estruturais, tidos por Powell e Smith-Doer (2003) como fronteiras naturais no espaço social.

Burt (1992) define buraco estrutural como o relacionamento entre dois atores não redundantes. Para este autor, quanto maior o número de contatos não redundantes (contatos desconectados), maiores são os números de buracos estruturais por contato e, consequentemente, maiores as perspectivas de benefícios promovidos pela rede – os de informação e de controle.

Este autor observa que os contatos estabelecidos entre atores que compartilham laços fortes apresentam uma maior probabilidade de que as

informações compartilhadas sejam as mesmas. Já os contatos entre os laços fracos, resultam em novos fluxos de informações diferenciadas que permitem ampliar oportunidades de mobilidades dos atores e reforçar a coesão social.

Além da classificação pelos laços, as redes sociais são analisadas segundo critérios de posicionamento dos atores (centralidade/periferia); e de densidade (redes densas e esparsas) (BURT, 1992). O posicionamento que um ator ocupa dentro de uma rede reflete no seu nível de importância, e medidas estão atreladas ao conceito de centralidade. A importância do ator é examinada por três indicadores principais: o número de vínculos, a intermediação, e a rapidez.

Assim, baseado no primeiro indicador, o ator central é aquele que possui um maior número de vínculos comparado aos demais atores. De modo que tendo o ator um maior grau de centralidade, ele será mais ativo no processo de disseminação de informações relevantes no desempenho da rede que ele compõe. Entretanto, o número de vínculos não é necessariamente determinante, visto que pode resultar em contatos redundantes. Baldi (2004, p. 47) define os contatos redundantes como “aqueles dirigidos às mesmas pessoas e, portanto, levam às mesmas informações e aos mesmos benefícios.”

Diante dessa limitação, apresenta-se o segundo indicador: a intermediação, na qual a centralidade está relacionada aos contatos indiretos estabelecidos através de pontes. As pontes são conexões estabelecidas entre um ator aparentemente periférico, mas que está ligado a subgrupos de atores importantes. O terceiro indicador refere-se à rapidez com que um ator interage com os outros. Trata-se da centralidade por proximidade, que reduz os custos do processo. Nesta perspectiva, quanto maior for a proximidade dos atores, maior será a probabilidade de coesão da rede.

Uma rede formada por grupos coesos é chamada de rede com alta densidade, pois dissemina informações relevantes e gera estruturas normativas e culturais, as quais têm efeito sobre o comportamento (GRANOVETTER, 1985). Nesse ponto, insere-se o conceito de densidade que está relacionado intrinsecamente à extensão e intensidade das conexões estabelecidas entre os atores da rede – quanto maior a interconexão, maior a densidade (GNYAWALI; MADHAVAN, 2001).

A rede é densa quando os atores imersos estão conectados de tal forma que geram informações mais refinadas, dirigidas a uma determinada questão. Já a rede esparsa (ou difusa), seria uma rede de atores desconectados ou com baixo nível de interconexão, com interesses diversos e que, como consequência, gerariam informações generalistas não necessariamente úteis (SORENSEN, 2007).

Tanto as redes densas como as redes esparsas, apresentam vantagens e desvantagens para o desempenho das organizações, conforme pode ser observado no Quadro 1. Os resultados apresentados por elas irão depender do contexto em que estas organizações se inserem, tal como defendido por Rowley, Behrens e Krackhardt (2000) ao afirmar que as redes densas são mais vantajosas em ambientes estáveis e redes esparsas são mais benéficas em ambientes incertos.

VANTAGENS DESVANTAGENS RE D E S D E N S A S

- Informações mais refinadas;

- Facilitam o fluxo de informação e outros recursos; - Facilitam o desenvolvimento das estruturas de comportamento em comum;

- Facilitam a atribuição de sanções;

- Gestão conjunta para resolver problemas;

- Promovem confiança, cooperação, reciprocidade e controle social entre seus membros;

- Permitem a criação de diferenciais e de vantagens competitivas. - Fornecem as mesmas informações e os mesmos benefícios; - Precisam de significativos investimentos;

- Pode reduzir a capacidade de adaptação quanto à dinâmica de imprevisibilidade do ambiente. RE D E S E S P A RS A S O U DIF US A

S - Facilitam o acesso às novas informações pelo caráter não redundante das relações;

- Permite enfrentar a incerteza do ambiente competitivo; - Não necessitam de significativos investimentos.

- Informações generalistas não necessariamente úteis.

Quadro 1: Vantagens e desvantagens das redes, segundo sua densidade.

Fonte: Compilação de dados (SORENSEN, 2007; POWELL; SMITH-DOER, 1994; GNYAWALI; MADHAVAN, 2001; ROWLEY; BEHRENS; KRACKHARDT, 2000; UZZI, 1997).

Na perspectiva de Sorensen (2007), as redes densas locais possibilitam que seja desenvolvida uma gestão conjunta para resolver problemas que afetam o nível de desenvolvimento, visto que são sustentadas por critérios de confiança, aprendizagem e de inovação. Entretanto, as redes esparsas também possuem uma relação positiva para o desempenho (POWELL; SMITH-DOER, 1994), pois oferecem novas informações possibilitadas pelo caráter não redundante dos contatos

defendidos por Burt (1992), principalmente ao considerar a incerteza que envolve o ambiente competitivo (ROWLEY; BEHRENS; KRACKHARDT, 2000).

Ambas as considerações denotam a importância da construção de redes sociais que se refere, de acordo com Hall (1999), ao desenvolvimento de laços entre os atores, quer sejam organizações ou indivíduos, no qual se tornam mais formalizados para interesse de sustento recíproco. Já Braun (2004) complementa, definindo-a como organismos dinâmicos relacionados com atores de mudança contínua e fatores contextuais de inovação.

Em outras palavras, “as redes são, constantemente, socialmente construídas, reproduzidas e alteradas como resultado das ações dos atores.” (NOHRIA, 1992, p. 7 apud BALDI, 2004, p. 50). De modo que, considerando que as relações sociais não acontecem no vácuo, as redes são formadas pela identidade e pela história tanto em nível individual quanto coletivo (ATNEAVE; ROSS, 1982). Isso implica em um processo de construção permanente (ELKAÏM, 1988), no qual os “padrões de laços estabelecidos em uma rede provêm oportunidades e limitações porque influem no acesso das pessoas e instituições a recursos como informações, riqueza e poder.” (WELLMAN, 1983, p. 156).

Nesta mesma argumentação, Knoke e Kuklinski (1982) alertam que uma relação não é uma característica intrínseca ao ator considerado isoladamente. De fato corresponde a uma propriedade que emerge dos laços entre dois ou mais atores. Ou seja, podem ser alteradas ou extinguidas se um ator for removido da interação com os outros atores.

Powell e Smith-Doerr (1994) relatam que na literatura de rede, um papel social só existe em relação a um ou mais papéis complementares com que interagem regularmente, e que esse só possui significado em um contexto social e histórico específico. Em variantes mais modernas, Burt (1992) acredita que a autonomia individual pode ser formada também fora da teia de interdependência.