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Na tentativa de compreender melhor esse campo intelectual que é o jornalismo, constituiu-se, ao longo do século XX, uma tradição no estudo das teorias do jornalismo. São conjecturas, em diversos níveis de profundidade, que trazem algumas explicações para as perguntas elementares do jornalismo — como a origem das notícias e o comportamento dos jornalistas, entre outras questões. Felipe Pena (2010) explora algumas delas em seu livro Teoria do Jornalismo. Apresentaremos brevemente uma seleção delas, as que mais adequadamente se relacionam com o que investigamos neste relato, tentando compreender sua contribuição ao jornalismo na atualidade. Além disso, incluiremos novas e mais recentes abordagens ao jornalismo, como o public journalism e o jornalismo de soluções.

20 Na tradução literal “cão de guarda”. Expressão utilizada em países de língua inglesa para designar o papel de fiscalizador que a imprensa tem com relação ao Estado e às grandes instituições privadas.

Ainda do século XIX vem a Teoria do Espelho. Quando os fatos começaram a ser mais valorizados que as opiniões – mais sobre isso adiante, no paradigma de Jornalismo de Informação, cunhado por Charron e Bonville (2016) – o conceito de que “o jornalista é um mediador desinteressado, cuja missão é observar a realidade e emitir um relato equilibrado e honesto sobre suas observações, com o cuidado de não apresentar opiniões pessoais” (PENA, 2010, p. 125). Para além do questionamento sobre a objetividade jornalística, longamente debatida, essa teoria, se colocada ao lado da pergunta norteadora deste capítulo, nos traz a ponderação: será que o jornalismo serve para refletir a realidade? E, se ainda hoje essa é sua função, qual a diferença do jornalismo para o mero registro dos fatos? Para esta pesquisadora parece que essa teoria não encontra sentido em um mundo que talvez precise de um jornalismo mais elaborado. E, ainda resta o questionamento acerca de qual realidade seria refletida.

A teoria do newsmaking traz uma abordagem menos ingênua da relação entre jornalismo e realidade. Além de contemplar o fato de que o jornalismo também ajuda a construir essa realidade, para a socióloga Gaye Tuchman essa tese leva em conta três vertentes: a cultura profissional dos jornalistas, a organização do trabalho e os processos produtivos. É um pensamento que trata de um caráter bastante objetivo:

Em outras palavras, Tuchman quer dizer que o processo de produção da notícia é planejado como uma rotina industrial. Tem procedimentos próprios e limites organizacionais. Portanto, embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade, não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas sim a submissão a um planejamento produtivo (PENA, 2010, p. 129).

Esse foco e, por que não, essa fé na técnica e na rotina jornalísticas como garantidoras de uma construção confiável das notícias também parece ultrapassada, especialmente na atual conjuntura. As técnicas jornalísticas mudam a todo momento e a cultura das redações não consegue mais determinar o futuro do jornalismo. Também se compreende que o jornalista tem cada vez menos o domínio completo acerca do seu conteúdo, no sentido que está mais dependente de fatores que não pode controlar. Conforme a relação entre públicos e jornalistas foi surgindo – e também a dos números de audiência com os modelos de negócio –, parece impensável não ser influenciado pelo público. No entanto, há um ponto a se considerar na teoria do newsmaking: será que não estamos deixando demasiado de lado essas técnicas e crenças que nos trouxeram até aqui, e que fizeram do jornalismo um dos pilares da sociedade democrática como a conhecemos?

Mais focada no indivíduo que produz a notícia, a teoria do gatekeeping surge no final dos anos 1940 e traz o conceito de que é o próprio jornalista – com sua subjetividade – que decide o que vira notícia ou não. Ele filtra quais partes da realidade serão representadas nos

jornais. A palavra “filtro” voltou reinterpretada na era das redes sociais, quando o jornalista, mais do que escolher o que é incluído nos jornais, também é responsável por fazer a curadoria do que aparece em redes sociais e é relevante – um conceito que pode e deve ser discutido, é claro – o bastante para repercutir. Contudo, diferente do que ocorria na década de 1950 quando David Manning White, através de um estudo de caso feito com um repórter, identificou que a maior justificativa para uma notícia não estar no jornal era a falta de espaço, atualmente, com as mídias digitais, o espaço se tornou infinito; e o tempo, ou a força de trabalho, é que ocupam essa posição. Assim, mais do que a figura de um porteiro com uma lista na mão, que é responsável por decidir quem pode passar, hoje, ao pensar no papel de gatekeeper do jornalista, outra imagem vem à mente. Imagine uma daquelas máquinas que lançam bolas para um goleiro em treinamento. Ela está desgovernada e envia objetos muito mais rápido do que o goleiro consegue defender. Por vezes, ainda, os projéteis nem bolas são. O jornalista é como esse goleiro perdido no meio de tantos fatos para defender. É mais uma escolha pelo que não se vai deixar passar do que uma escolha pelo que vai passar

Hoje, ao se falar das crises do jornalismo – e trataremos delas de forma detalhada nos próximos capítulos –, muito se discute a respeito do modelo de negócio de um jornal.

O jornalismo é um negócio. E, como tal, busca o lucro. Por isso, a organização está fundamentalmente voltada para o balanço contábil. As receitas devem superar as despesas. Do contrário, haverá a falência da empresa e seus funcionários ficarão desempregados. Então, qual será o setor mais importante de uma empresa jornalística? Fácil: é o comercial. Esse setor é o responsável pela captação de anúncios para sustentar o jornal. E eles interferem diretamente na produção das notícias (PENA, 2010, p. 135-136).

Essa é a visão a partir da teoria organizacional, que procura olhar para as relações políticas e econômicas das empresas jornalísticas, bem como seus efeitos no fazer do jornalismo. Pena (2010) segue descrevendo uma lógica que funcionava para a mídia de massa e acaba se tornando ainda mais brutal para o jornalismo digital. Contudo, o autor ressalta: os primeiros espaços ocupados de um jornal impresso são os anúncios, e só entrarão notícias que se encaixem no entorno deles. Na televisão também; um programa só permanece no ar se tem anunciantes para bancá-lo. Isso gera uma relação indiscutível entre o que se produz jornalisticamente e como esse negócio é sustentado:

Embora o espaço para os anúncios já esteja determinado pelos intervalos comerciais, a lógica do veículo prioriza reportagens que atinjam o maior número de telespectadores, pois quanto maior a audiência, maiores as receitas publicitárias. Daí a opção pelo drama em detrimento da informação (PENA, 2010, p.136).

De maneira geral, os estudos que deram origem à teoria das organizações, também da década de 1950, mostram que as linhas editoriais são respeitadas sem grandes embates. Pois

o contexto econômico, aliado ao risco de se perder o emprego (mesmo que por fazer um melhor jornalismo), à vontade de crescer profissionalmente, ao apreço (ou ao pavor) pelos chefes, e questões da própria natureza do jornalista — como o amor pela sua profissão e a crença de que é possível fazer jornalismo entre um tropeço e outro — influenciam estes profissionais.

De maneira a atualizar essa teoria, ainda podemos pensar que o jornalismo digital, bem como grande parte dos modelos de negócio vigentes, ainda é baseado (ou pelo menos leva bastante em consideração) o número de cliques – mais sobre isso no próximo capítulo. Além disso, televisões exibem, dentro das redações, o ranking das matérias mais acessadas — e os editores são encorajados a acompanhar esses números e bater metas. Ou seja, como o jornalismo não seria influenciado pelo contexto organizacional de uma empresa jornalística?

Se o jornalista é influenciado pelo que se passa no contexto econômico, esse também sofre influência do jornalismo. Bem como todos os outros aspectos da vida em sociedade. O que a mídia diz é o que vai pautar conversas e relacionamentos. É disso que fala a teoria do agendamento, ou agenda setting.

A hipótese de agenda setting, cunhada inicialmente por McCrombs e Shaw nos Estados Unidos da década de 1960, trata de entender como a mídia pauta os assuntos sobre os quais a população irá falar. De forma distinta às teorias e hipóteses anteriores, que relatavam um grande poder da mídia em influenciar diretamente o pensamento da sua audiência, essa hipótese vai dizer que os meios de comunicação têm mais o poder de pautar conversas, do que propriamente determinar o ponto de vista das pessoas. A pesquisa foi feita durante campanhas eleitorais nos Estados Unidos, em duas etapas.

Verificou-se que, na medida que a campanha avançava, a atenção dos eleitores amplia-se; mais que isso, os eleitores, através da mídia, passavam a constituir um conjunto de informações mais ou menos comuns entre esta audiência; esse conjunto de informações produz a base para a formação de uma atitude ou uma mudança de atitude diante dos candidatos; por fim, esta atitude sociabiliza-se entre os diferentes membros de uma mesma comunidade. É evidente que isso tem um forte reflexo para o resultado eleitoral final (HOHLFELDT, 2001, p. 196).

Ao mencionar os pressupostos dessa hipótese, Hohlfeldt (2001) explica que o agendamento funciona quando há uma insistência no assunto a ser agendado e que, por consequência, essa pauta funciona a longo prazo.

a) fluxo contínuo da informação; b) os meios de comunicação, por consequência, influenciam sobre o receptor não a curto prazo, mas sim a médio e longo prazos. c) os meios de comunicação (...) são capazes de, a médio e longo prazos, influenciar sobre o quê pensar e falar (HOHLFELDT, 2001, p. 190 - 191).

O leitor não pode estar em todo lugar a todo momento; contudo, acontecem fatos aos quais precisa estar familiarizado para conviver como ser social. Desse modo, jornalistas

assumem o papel de mediadores entre os acontecimentos e a população — e são os relatos desses profissionais que ajudam a comunidade a entender o que aconteceu de mais relevante em um determinado dia. No entanto esses relatos, e as determinações do que é ou não relevante, e de que modo esses acontecimentos devem ser relatados, são decisões que cabem a repórteres e editores.

E não somente é preciso encontrar a melhor maneira de transmitir relatos ao público, como também é necessário entender a melhor maneira de produzir uma notícia para o público, respeitando o contexto estabelecido com o qual aquele texto possa se relacionar para ser plenamente compreendido.

Como uma macroconstrução, o termo “framing” se refere aos modos de apresentação que jornalistas e outros comunicadores usam para apresentar informação de modo que se relacione com contextos já conhecidos de sua audiência (Shoemaker & Reese, 1996). Isso, é claro, não significa que a maior parte dos jornalistas tenta distorcer um relato ou enganar suas audiências. Na verdade, framing, para eles, é uma ferramenta necessária para reduzir a complexidade de um tema, dadas as limitações de seus respectivos suportes relacionados com a notícia (Gans, 1979). Frames, em outras palavras, se tornam ferramentas valiosas para apresentar temas relativamente complexos, como pesquisas com células tronco, de modo eficiente que seja acessível a audiências leigas porque utilizam ligações cognitivas já existentes. Como uma microconstrução, framing descreve como as pessoas usam as informações e modos de apresentação acerca de temas na medida que formam impressões (SCHEUFELE; TEWKSBURYS, 2007, p. 12, tradução nossa21).

Ao atualizar essa teoria, vemos que o agendamento nas redes sociais tem sido feito muito mais pelo público que pelos próprios jornalistas. Mais do que isso: as conversas em redes sociais têm agendado as redações. Há sempre alguma nova celebridade, outra declaração polêmica de um membro de alto escalão do governo, a divulgação de uma acusação ainda sem provas a uma pessoa pública. Contudo, o fazem sem pensar nos valores-notícia, que também foram abandonados pelos jornalistas em favor dos números de audiência. Parte disso é o cerne da crise do jornalismo, a qual trataremos adiante.

A teoria instrumentalista, de certa maneira, tenta responder à pergunta que abre o primeiro parágrafo deste capítulo: a quem serve o jornalismo? Questionar o sistema, ou mantê-lo, são duas leituras feitas com frequência — dependendo do lado que está falando. A natureza capitalista e oligopolizada do negócio jornalístico tem, de acordo com os desta teoria, uma

21 “As a macroconstruct, the term ‘‘framing’’ refers to modes of presentation that journalists and other

communicators use to present information in a way that resonates with existing underlying schemas among their audience (Shoemaker & Reese, 1996). This does not mean, of course, that most journalists try to spin a story or deceive their audiences. In fact, framing, for them, is a necessary tool to reduce the complexity of an issue, given the constraints of their respective media related to news holes and airtime (Gans, 1979). Frames, in other words, become invaluable tools for presenting relatively complex issues, such as stem cell research, efficiently and in a way that makes them accessible to lay audiences because they play to existing cognitive schemas. As a

microconstruct, framing describes how people use informa- tion and presentation features regarding issues as they form impressions.”

ligação direta com seu produto. Esta visão pode parecer determinista, por implicar que os jornalistas não têm poder diante da empresa e quem estão inseridos. Contudo, convidamos a olhar mais profundamente para essa relação. Os jornalistas estão inseridos em empresas que fazem parte de um sistema. Se esse sistema é hegemônico, então a crença geral passada pela cultura da redação pode ser de um caráter situacionista. E é significativo lembrar que as questões levantadas até aqui, por cada uma das teorias selecionadas, não são isoladas ou estanques, mas se encontram e relacionam umas com as outras. Por outro lado, uma empresa ligada a organizações de oposição pode trazer um caráter mais crítico.

A teoria dos definidores primários, da qual fala Stuart Hall, contempla o poder que certas fontes têm sobre o que é noticiado. A famosa versão dos opressores, a oficial – que variadas vezes levou o jornalismo a não cumprir seu papel.

Pessoas em cargos institucionais, como governadores, prefeitos, presidentes de empresas, delegados de polícia ou diplomatas funcionam como definidores primários. Eles norteiam o trabalho da imprensa em casos específicos, pois são os primeiros a serem procurados para entrevistas, por darem uma certa “legitimidade” ao depoimento, segundo a lógica dos jornalistas (PENA, 2010, p. 154).

As rotinas jornalísticas intensas, e uma certa busca por objetividade, de acordo com Pena, também são contempladas por essa teoria — que não seria aplicável à totalidade das reportagens, visto que em muitos casos, como no jornalismo investigativo, essas fontes são o alvo da reportagem e não sua fonte principal. Ainda hoje, com tantos avanços tecnológicos disponíveis, o jornalismo frequentemente está na mão dos mais influentes, e das fontes oficiais. Talvez mais do que nunca.

Outra teoria que fala sobre a relação entre os assuntos tratados pela mídia, e o que a sociedade vive no cotidiano, é a espiral do silêncio. Elaborada por Elisabeth Noelle-Neuman, essa tese fala sobre como as pessoas tendem a esconder opiniões contrárias às da maioria por temer o isolamento social. Desse modo, os veículos de comunicação tenderiam a exibir muito mais opiniões majoritárias. Dentro dessa teoria, há três mecanismos condicionantes (PENA, 2010): a acumulação (a frequência com que um fato é abordado na mídia); a consonância (o modo semelhante como as notícias são produzidas); e a ubiquidade (presença em todos os veículos). Desse modo, a mídia exerce forte influência sobre a opinião das pessoas.

Se pensarmos sobre o presente, com suas bolhas de informação e opinião, e em como as redes sociais mudaram essa dinâmica, a espiral do silêncio fica um tanto anacrônica. Ainda que a mídia de massa siga tendo forte influência sobre a população – em especial a televisão, no Brasil –, é difícil imaginar que uma eleição seria definida pela opinião da imprensa hoje. No entanto, a presença de uma figura polêmica na mídia faz diferença. Quanto mais

polêmica e polarizada é a opinião de tal figura, mais ela agrega cliques às matérias em que é citada e, portanto, passa a ser citada em mais e mais reportagens — o que acaba por colocá-la na mente mesmo de quem nunca ouviria falar dessa pessoa por outras vias. Na segunda metade de 2010 vimos esse fenômeno ocorrer com aqueles que defendiam o Brexit, na Inglaterra; Donald Trump, nos Estados Unidos; e Jair Bolsonaro, no Brasil; entre outros.

Um conceito que também nos será de valia nos estudos a serem realizados neste trabalho é o public jornalism (ou civic journalism, como é com frequência referenciado). Esse conceito traz a ideia de que o jornalismo deve, além de denunciar o que está errado, também propor soluções e promover a participação dos cidadãos na vida cívica (MERRITT, 2019). Esse movimento surge no final da década de 1980, capitaneado por Jay Rosen e David Merritt, em resposta à excessiva comercialização do jornalismo dos Estados Unidos provocada pela abertura do capital dos grandes jornais daquele país. Diversos pesquisadores de diferentes países passaram a levar a metodologia e a filosofia do public journalism adiante. A partir desses princípios, foi fundado o Pew Center for Civic Journalism.

Todas as civilizações que aspiram à liberdade individual e ao autogoverno requerem três componentes importantes: informações compartilhadas, um método ou lugar para discutir as implicações dessas informações e alguns outros valores compartilhados – pelo menos, uma crença na própria liberdade. O jornalismo fornece informações compartilhadas e formas de discutir o que fazer com essas informações e, portanto, apoia a ideia de liberdade. O objetivo do Public Journalism é fazer essas coisas sem consciência de si; isto é, intencionalmente, e não apenas como um artefato da atividade de reportar notícias. Dizer, como muitos jornalistas norte-americanos fazem, que “meu trabalho é apenas contar as notícias; o que as pessoas fazem com isso não me interessa”, é não apenas negar a realidade humana, mas também rejeitar qualquer responsabilidade pelas consequências de como eles fazem esse trabalho (MERRITT, 2019, p.129).

Em diversas formas parecido com o public journalism, o chamado Jornalismo de Soluções se popularizou nos últimos anos. O movimento tem como objetivo fazer reportagens com foco, não no problema social, mas em como resolvê-lo.

Trata-se de um trabalho que exige uma pesquisa detalhada, análise de dados quantitativos ou qualitativos e conversas com especialistas que não estejam envolvidos nas iniciativas citadas. Não convém para uma notícia de última hora, mas também não é sinônimo de investigações muito longas ou que custem caro. Uma situação local pode muito bem render uma reportagem econômica e que necessite de menos tempo para apuração (PACHECO, 2020).

Em 2000, a jornalista Tina Rosenberg criou, em parceria com os também jornalistas David Bornstein e Courtney Martin, a Solutions Journalism Network (Rede de Jornalismo de Soluções), uma entidade que busca espalhar a ideia dessa metodologia de trabalho, bem como financiar reportagens feitas com esse norte.

No ano 2000, Rosenberg queria escrever para a revista do The New York Times uma reportagem sobre o preço de medicamentos para tratamento contra a AIDS em países pobres, mas o editor achou a proposta muito deprimente. Rosenberg reavaliou a ideia

e descobriu que no Brasil eram fabricados medicamentos genéricos e distribuídos gratuitamente pela rede pública de saúde. A jornalista reformulou a pauta para falar sobre o assunto a partir do exemplo brasileiro e publicou a reportagem Look at Brazil (PACHECO, 2020).

No Brasil, o jornalismo de soluções tem sido aplicado por diversos veículos, incluindo Globonews, jornal Zero Hora, Nexo Jornal e Uol. Muitas vezes criticada por ter um olhar positivo demais sobre os problemas, essa iniciativa é celebrada por fugir do excesso de negatividade das notícias de modo geral e por colocar o jornalismo em um papel de construção das mudanças sociais. Ambas essas iniciativas, o civic ou public journalism e o Jornalismo de Soluções, caminham na direção do jornalismo como agente, não só construtor, mas transformador da realidade. É possível associar essas abordagens com o papel social do jornalismo, ainda que também seja válida a crítica de que, por vezes, podem mascarar a realidade.