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TRABALHO COM OS MODOS ESQUEMÁTICOS

No documento WAINER Terapia Cognitiva Focada em Esquemas (páginas 54-58)

Como já dito anteriormente, a utilização da terminologia dos MEs se justifica ante quadros clínicos graves e/ou altamente refratários à abordagem tradicional.

De forma distinta da abordagem mais tradicional da TE, quando se utilizam alguns dos inventários Young para confirmar os EIDs do paciente, não há instrumentos que avaliem os MEs em toda a sua amplitude (apenas uns poucos para estilos de enfrentamento disfuncionais). As habilidades clínicas do terapeuta, as reações que o paciente lhe desperta e a concordância do paciente sobre a utilização do “modo” desde a infância funcionarão como a “bússola” que irá direcionar esse método de trabalho.

Na TE com os MEs, a meta é que o paciente identifique suas vulnerabilidades (criança vulnerável), bem como suas necessidades básicas não atendidas (que são a base do sofrimento desde os primórdios). A partir disso, ele é psicoeducado a respeitar tais vulnerabilidades, sem criticá-las ou ignorá-las.

Os demais “modos” são investigados em relação aos seguintes aspectos:

quais situações ativam o “modo” e qual(is) necessidade(s) está(ão) em pauta;

quais as características (pistas) de que o “modo” está ativado (pode ser o tom da voz, o distanciamento afetivo, o uso de violência, etc.);

quais as lembranças da infância e/ou adolescência relacionadas a agir de modo similar;

quais situações da vida atual, além daquela específica que ativou o modo, também o fazem ou fizeram.

O paciente é estimulado a abdicar do uso de estilos de enfrentamento mais desadaptativos, substituindo-os por outros mais funcionais, como aqueles relacionados aos “modos” “criança feliz” e “adulto saudável”.

Nenhum modo é considerado falho, ruim ou inapropriado em essência. A partir da perspectiva da teoria do apego e da psicologia evolucionista (Grossmann & Grossmann, 2011), é esclarecido ao paciente que esses “modos” foram adaptativos em um momento anterior da vida (em contextos muitas vezes desfavoráveis), mas que suas utilizações automáticas e inconscientes podem estar gerando

prejuízo e sofrimento na realidade de seu momento presente (van Vreeswijk, Spinhoven, Eurelins- Bontekoe, & Broersen, 2014).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A TE trouxe ao universo das TCCs avanços consideráveis, tanto em termos do entendimento da dinâmica da personalidade quanto no desenvolvimento de técnicas inovadoras e empiricamente validadas para algumas das dificuldades clínicas mais complexas e desafiadoras.

Teoricamente, com as concepções de EIDs, DEs e processos esquemáticos, Young (1994) complementou a teoria cognitiva da personalidade, explicando as etapas cronológicas do desenvolvimento, bem como os mecanismos de perpetuação das crenças e dos processos emocionais. Para a técnica, a TE representa uma amplificação de recursos para se vencer as resistências inerentes à mudança terapêutica. Integrando concepções de outras psicoterapias (p. ex., gestalt), bem como fortalecendo a importância da relação terapêutica e da ressignificação cognitiva e emocional de experiências estressantes do passado, a reparentalização limitada e a confrontação empática ampliaram as fronteiras dos quadros clínicos em que se pode obter ganhos terapêuticos reais.

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INOVAÇÕES

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