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A utilização do referencial metodológico de rede social na assistência de enfermagem a mulheres que amamentam.

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Academic year: 2017

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A UTI LI ZAÇÃO DO REFERENCI AL METODOLÓGI CO DE REDE SOCI AL NA ASSI STÊNCI A

DE ENFERMAGEM A MULHERES QUE AMAMENTAM

Mar ia Helena do Nascim ent o Souza1 I v is Em ília de Oliv eir a Souza2 Flor ence Rom ij n Tocant ins3

Est e est udo t eve com o obj et ivo discut ir a cont ribuição do referencial m et odológico de rede social na assist ência de enferm agem , a part ir de sua aplicação a m ulheres que am am ent am seus filhos de at é seis m eses de idade. Trat a- se de est udo de abordagem qualit at iva, onde se buscou elaborar o m apa de rede social de 20 m ulheres, m ed ian t e en t r ev ist a gr av ad a. A an álise d as r ed es sociais ev id en ciou a p r esen ça d e v ín cu lo “ f or t e” d essas m u lh er es com m em br os da r ede pr im ár ia, especialm en t e com am igas, v izin h as, su a m ãe ou com o pai da cr iança, r ev elando ser em essas as pessoas m ais env olv idas com elas dur ant e a am am ent ação. Discut e- se a cont r ibuição desse r efer encial par a as pr át icas de enfer m agem , par t icular m ent e par a o pr ocesso de assist ir e pesquisar, acredit ando que a apropriação desse referencial por enferm eiros possa const it uir im port ant e subsídio para a eficácia de suas ações, bem com o favorecer olhar m ais abrangent e acerca do cont ext o social vivenciado p elas p essoas.

DESCRI TORES: apoio social; pesquisa qualit at iv a; pesquisa em enfer m agem ; enfer m agem

THE USE OF SOCI AL NETW ORK METHODOLOGI CAL FRAMEW ORK I N NURSI NG CARE

TO BREASTFEEDI NG W OMEN

This st udy aim ed t o discuss t he cont r ibut ion of t he social net w or k m et hodological fr am ew or k in nur sing car e deliv er ed t o w om en w ho br east feed t heir childr en up t o six m ont hs of age. This qualit at iv e st udy aim ed t o elab or at e t h e social n et w or k m ap of 2 0 w om en t h r ou g h t ap e- r ecor d ed in t er v iew . Social n et w or k an aly sis evidenced a “ st rong” bond bet ween t hese wom en and m em bers from t heir prim ary net work, especially friends, neighbors, m ot hers or wit h t he child’s fat her, who were report ed as t he people m ost involved in t he breast feeding per iod. Th e con t r ibu t ion of t h is fr am ew or k t o n u r sin g pr act ice is discu ssed, especially in car e an d r esear ch processes. We believe t hat nurses’ appropriat ion of t his fram ew ork can be an im port ant support for efficacious act ions, as w ell as t o fav or a br oader per spect iv e on t he social cont ex t people ex per ience.

DESCRI PTORS: social suppor t ; qualit at iv e r esear ch; nur sing r esear ch; nur sing

LA UTI LI ZACI ÓN DEL MARCO METODOLÓGI CO DE RED SOCI AL EN ASI STENCI A DE

ENFERMERÍ A A MUJERES QUE AMAMANTAN

Est e est udio t uv o com o obj et iv o discut ir la cont r ibución del m ar co m et odológico de r ed social en la asist encia de enfer m er ía, a par t ir de su aplicación en m uj er es que am am ant an sus hij os hast a seis m eses de edad. Se t r at a d e est u d io d e ab or d aj e cu alit at iv a, d on d e se b u scó elab or ar el m ap a d e r ed social d e 2 0 m u j er es, m edian t e en t r ev ist a gr abada. El an álisis de las r edes sociales ev iden ció la pr esen cia de v ín cu lo “ fu er t e” de esas m uj er es con m iem br os de la r ed pr im ar ia, especialm ent e con am igas, v ecinas, su m adr e y con el padr e del niño, r ev elando ser esas las per sonas que m ás par t icipan con ellas dur ant e el am am ant ar . Se discut e la cont r ibución de ese m ar co de r efer encia par a las pr áct icas de enfer m er ía, par t icular m ent e par a el pr oceso de asist ir e invest igar, acredit ando que la apropiación de ese m arco de referencia por enferm eros puede const it uirse en un im por t ant e subsidio par a la eficacia de sus acciones, así com o fav or ecer una per spect iv a m ás am plia acer ca del cont ex t o social ex per im ent ado por las per sonas.

DESCRI PTORES: apoy o social; inv est igación cualit at iv a; inv est igación en enfer m er ía; enfer m er ía

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I NTRODUÇÃO

A

ab or d ag em d e r ed e social em er g iu n a área das ciências hum anas, principalm ente no cam po da sociologia e ant r opologia, e t em sido cada v ez m ais explorada no âm bit o da saúde. Not a- se que a t endência à inclusão de quest ões r efer ent es à r ede social em in st r u m en t os d e in v est ig ação sob r e as condições de saúde populacional dá- se a par t ir da com pr eensão de que a saúde individual ou colet iva r e su l t a d e co m p l e x a s r e l a çõ e s e n t r e f a t o r e s biológicos, psicológicos e sociais( 1- 2).

Por rede social ent ende- se um “ conj unt o de r e l a çõ e s i n t e r p e sso a i s q u e d e t e r m i n a m a s ca r a ct e r íst i ca s d a p e sso a t a i s co m o : h á b i t o s, costum es, crenças e valores”, sendo que, dessa rede, a pessoa pode r eceber aj uda em ocional, m at er ial, de serviços e inform ações( 3- 4). A expressão rede social t em a finalidade, ainda, de indicar um conj unt o de sit u ações en t r e as q u ais se ev id en ciam r elações afetivas, de am izade, de trabalho, econôm ica e social. A pessoa est á, por t ant o, inser ida em um a r ede de relacionam entos na qual é vista com o um suj eito social q u e i n t e r a g e co m o m u n d o q u e o ci r cu n d a , i n f l u e n ci a n d o - o e se d e i x a n d o i n f l u e n ci a r. Ta i s r elações podem ser im por t an t es em det er m in ados períodos, irrelevant es ou ausent es em out ros( 5- 6).

Sob essa p er sp ect iv a, o est u d o d e r ed es sociais possibilit a a com preensão de com o as redes so ci a i s co n d i ci o n a m a s a çõ e s t o m a d a s p e l o s indivíduos diant e de suas necessidades específicas.

De acordo com alguns autores, a rede social e x e r ce i n f l u ê n ci a p o si t i v a n a sa ú d e d a p e sso a , p r ot eg en d o- a con t r a d oen ças, en q u an t o q u e, p or ou t r o lado, a pobr eza r elat iv a de r elações sociais const it ui fat or de risco para a saúde( 7).

Na área da saúde, m ais especificam ent e na enferm agem , not a- se cada vez m ais a ut ilização de m et odologias qualit at ivas orient adas por referenciais t eóricos das áreas hum anas e sociais, indicando que as intervenções com ênfase no m odelo biom édico têm si d o i n su f i ci e n t e s p a r a co m p r e e n d e r a s r e a i s necessidades da população( 8).

Nesse sent ido, os conceit os de rede social e de apoio social t êm - se configur ado com o r ecur sos aplicáveis na prática da enferm agem , com a finalidade d e m e l h o r a r a q u a l i d a d e d e v i d a d a s f a m íl i a s at endidas. No ent ant o, a lit er at ur a m ost r a que, na área da enferm agem , não há precisão acerca desses dois conceit os, sendo que, na m aioria das vezes, o

conceito utilizado para a com preensão das dim ensões int er pessoais é o de apoio social( 9). Essa lacuna na falt a de consenso sobre t ais conceit os bem com o o n ú m er o r edu zido de pesqu isas sobr e o r efer en cial m etodológico de rede social de m ulheres, vivenciando a fase da am am entação j ustificam o presente estudo. Para a discussão da ut ilização do referencial de rede social optou- se pela abordagem da assistência d e e n f e r m a g e m à s m u l h e r e s q u e a m a m e n t a m , considerando a relevância de se ter olhar m ais am plo e atento à totalidade dos fatores envolvidos na prática do aleitam ento m aterno, um a vez que as experiências e vivências com a am am entação são perm eadas tanto p elas q u est ões b iológ icas com o p elas d im en sões sociocult urais( 10).

É inquest ionável o valor do leit e m at erno do ponto de vista nutricional, anti- infeccioso, im unológico, econôm ico, anticoncepcional, em ocional, entre outros, sendo consenso que esse leite deve ser utilizado com o font e exclusiva de nut rient es para a criança durant e o s p r i m ei r o s sei s m eses d e v i d a. Os ín d i ces d e desm am e precoce, no entanto, ainda são elevados( 11). I sso revela que, na prát ica, a am am ent ação não é instintiva nem autom ática, m as é ação que está f u n dam en t ada n a su bj et iv idade e n a v iv ên cia das m ulher es, sendo condicionada pelo cont ex t o social das m esm as. Em tal contexto, a m ulher que am am enta pode apr esent ar car act er íst icas com o: ser chefe de fam ília, não cont ar com a presença do com panheiro, possuir t rabalho fora do lar, ser adolescent e, residir e m a m b i e n t e s co m p r e cá r i a s co n d i çõ e s d e sa n e a m e n t o , e n t r e o u t r a s, q u e r e v e l a m a necessidade e im port ância do apoio da sua rede de r elacionam ent os( 6).

Diant e do ex post o, est e est udo t ev e com o o b j e t i v o d i scu t i r a co n t r i b u i çã o d o r e f e r e n ci a l m e t o d o l ó g i co d e r e d e so ci a l n a a ssi st ê n ci a d e enfer m agem , a par t ir de sua aplicação a m ulher es que am am ent am seus filhos at é os seis m eses de idade.

Redes sociais: nat ureza e caract eríst icas

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D i f e r e n ci a m - se e n t r e si p e l o t i p o d e t r o ca int ercam biada: a reciprocidade, o direit o, o dinheiro ou um a com binação desses m eios.

A r ede secundár ia for m al é const it uída por i n st i t u i çõ e s so ci a i s co m e x i st ê n ci a o f i ci a l e est r u t u r ação p r ecisa ( in st it u ições d e assist ên cia, saú d e, ed u cação e ou t r as) , e se car act er iza p ela pr est ação de ser v iços de acor do com as dem andas das pessoas e pela t roca fundada no direit o.

A rede secundária inform al é aquela que se co n st i t u i a p a r t i r d a r e d e p r i m á r i a , q u a n d o h á necessidade ou dificuldade com um vivenciada pelos m em br os que fazem par t e da m esm a r ede. Nessa r ede, o v ín cu lo é f u n dado n a solidar iedade e são t rocados serviços, não dinheiro.

As r edes secundár ias do t er ceir o set or, ou or ganizações do t er ceir o set or, são associações ou organizações const it uídas por pessoas da sociedade civil, que se situam no âm bito da prestação de serviços, m as não v isam lucr o; car act er izam - se pelas t r ocas fundadas t ant o no direit o com o na solidariedade. Já a r e d e se cu n d á r i a d e m e r ca d o d i z r e sp e i t o a a t i v i d a d e s e co n ô m i ca s r e n t á v e i s, se n d o a su a existência estreitam ente ligada ao dinheiro e ao lucro com o, p or ex em p lo, em p r esas, est ab elecim en t os com erciais e clínicas de saúde privadas. Nesse caso, o i n t e r câ m b i o d á - se p e l a t r o ca d e d i r e i t o e d e dinheiro( 3- 4).

A análise da rede de relacionam entos de um indiv íduo pode ser efet uada m ediant e a elabor ação d o m a p a d e su a r e d e so ci a l , t e n d o co m o b a se pesquisas de abordagem qualit at iva que possibilit am a com p r een são d a d im en são, d a f or m a com o as l i g açõ es so ci ai s se est ab el ecem , b em co m o d o s significados de ações e de relações hum anas.

Para analisar a rede social faz- se necessário conhecer, dent r e out r os fat or es, com o a m esm a se apresent a, ou sej a, a sua est rut ura. Nesse sent ido, alguns indicadores perm item a com preensão da form a co m o a s l i g a çõ e s se e st a b e l e ce m n o co n t e x t o r elacion al das pessoas qu e com põem a r ede. São est es: am p lit u d e - d iz r esp eit o à q u an t id ad e d e pessoas present es e perm it e afirm ar se um a rede é pequena, m édia ou grande; densidade - refere- se à quant idade de pessoas que se conhecem ent r e si; int ensidade - refere- se ao int ercâm bio realizado, se as coisas int ercam biadas são m at eriais, afet ivas ou i n f o r m at i v as; p r o x i m i d ad e/ d i st ân ci a - p er m i t e a reflexão sobre a dist ância afet iva e revela os graus de int im idade; frequência - esse indicador apresent a

com que sist em at icidade o v ínculo é est abelecido; duração - indica o t em po de conhecim ent o ent re as pessoas da r ede; pr ox im idade física - r efer e- se ao l o ca l o n d e o s m e m b r o s, q u e co m p õ e m a r e d e , habit am( 3- 4).

MÉTODOS

Est a análise é do t ipo qualit at iva descrit iva, e teve com o suj eitos 20 m ulheres m oradoras em um a com unidade carent e, do m unicípio do Rio de Janeiro, q u e e st a v a m v i v e n ci a n d o o p r o ce sso d a am am en t ação, com o f ilh o t en do m en os qu e seis m eses de idade.

Na fase de cam po, após a ident ificação, t ais m u l h e r e s f o r a m co n v i d a d a s p a r a p a r t i ci p a r d a pesquisa m ediante a explicação dos obj etivos e leitura do t er m o de consent im ent o liv r e e esclar ecido. As ent revist as previam ent e agendadas foram gravadas, sendo r ealizadas no per íodo de j aneir o a fev er eir o de 2005, em local cent ral, na própria com unidade.

Par a a elabor ação do m apa de r ede social foi solicit ado, inicialm ent e, que a depoent e list asse as pessoas que conhecia e que est av am pr esent es n a su a v id a d u r an t e o p er íod o d a am am en t ação, podendo ser parente, am igo, vizinho, colega, pessoas do t rabalho ou m em bros de inst it uições.

De acordo com o interesse do estudo da rede, essa list a pode ser gerada a part ir de um elenco de n o m e s co m q u e m a p e sso a e st á e m co n t a t o r eg u lar m en t e, d e u m a d escr ição d o cot id ian o d a pessoa ou, ainda, a part ir de um a quest ão precisa. An t es d e in iciar o elen co d e n om es, p or t an t o, é fundam ent al que se t enha clareza das razões pelas quais há int eresse na rede social a ser est udada. É im p or t an t e, ain d a, q u e o p esq u isad or est ab eleça relação de confiança com a pessoa a ser est udada, pois possibilita a identificação e exploração das redes com m aior veracidade( 3- 4) .

(4)

o u t r o co m a r e p r e se n t a çã o g r á f i ca d o t r a ça d o correspondente ao tipo de vínculo estabelecido ( Figura 2 ) . E, com esses qu adr os em m ãos, as m u lh er es facilm ent e indicavam o t ipo de vínculo que possuíam com o m em bro de sua rede social.

Figuras geométricas Tipos de rede

Redes primárias (trocas de reciprocidade) família, vizinhos, amigos, colegas/companheiros

Redes secundárias formais

(trocas de direitos)

instituições de serviços sociais, sanitários, outros

Redes secundárias informais (trocas de solidariedade)

Redes secundárias do terceiro setor (trocas de solidariedade e de direito)

− voluntariado organizado, cooperativas

sociais

− associações, fundações

Redes secundárias de mercado (troca de dinheiro e de direito)

- empresas, fábricas, negócios

Redes secundárias com trocas de direito e de dinheiro

− casa de saúde (recuperação)

Fonte: (Sanicola, 1995, adaptado por Soares, 2002 )

Figura 1 - Representação geom étrica de tipos de rede

Figura 2 – Represent ação gráfica do t ipo de vínculos na rede social

O est udo seguiu os parâm et ros exigidos na Resolução 196/ 96 do Conselho Nacional de Saúde( 12) e foi apr ov ado pelo Com it ê de Ét ica e Pesquisa da Escola de Enferm agem Anna Nery. Para preservar o an on im at o das depoen t es f or am u t ilizados n om es fict ícios na ident ificação dos m apas de rede social.

RESULTADOS

O p r ocesso d e con h ecim en t o d o con t ex t o so ci a l d a s m u l h e r e s e st u d a d a s p o ssi b i l i t o u a v er ificação de que elas par t icipar am at iv am ent e da elab or ação d o seu m ap a d e r ed e social. I sso f oi ev ident e, fr ent e ao int er esse de acr escent ar em ou r et i r ar em p esso as d a su a r ed e, a f i m d e q u e o desen h o do m apa t or n asse a r epr esen t ação, m ais am p l a p o ssív el , d o seu co n t ex t o . Ou t r o asp ect o relevante foi o fato de que essas m ulheres, observando a sua r ede de r elações, passav am a r eflet ir sobr e su a v i d a , a p e sa r d e t o d a a d v e r si d a d e q u e a s cir cu n dav a.

O desenho do m apa de r ede social, obt ido dur ant e a ent r ev ist a, possibilit ou um a v isão global do contexto relacional das m ulheres que participaram do est udo. A seguir é apresent ado o m apa da rede social da depoent e Bia ( Figura 3) com o ilust ração.

Figura 3 - Rede social de Bia

O m apa da rede de Bia evidencia um a rede pr im ár ia de t am anho m édio, com baix a densidade, ou sej a, com post a por 13 m em bros que est abelecem poucos relacionam ent os ent re si. O m apa revela que Bia m antém vínculo forte com sua m ãe, com panheiro, filha, sobrinho, irm ãos, tios, com sua patroa I e com su a v izin h a A. Ver if ica- se, n o en t an t o, q u e seu s parent es ( m ãe, irm ãos, t ios) se encont ram dist ant es p elo f at o d e r esid ir em n o Mar an h ão. E, com su a p at r o a, Bi a n ão p o ssu i co n t at o f r eq u en t e n esse per íodo em qu e est á em licen ça m at er n idade. Ela iden t if icou , ain da, m ais 2 v izin h as, 3 am igos qu e m or am na com unidade e 4 am igas que m or am em bair r os m ais dist ant es. Mas a m esm a se r efer ia a

Representação gráfica Tipos de vínculo

normal

forte

frágil

conflituoso

interrompido

ruptura, separação legal

descontínuo

ambivalente

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e sse s r e l a ci o n a m e n t o s co m o ci r cu n st a n ci a i s – r elacion av a- se com as am ig as e v izin h as p or q u e precisava passar por elas para chegar à sua casa, e o envolvim ent o com as dem ais am igas dava- se pelo f at o d e el a t er m o r ad o an t er i o r m en t e em o u t r a co m u n i d a d e. D essa f o r m a , Bi a r ev el o u q u e t a i s relacionam ent os não a influenciam na sua prát ica de am am entação. E o tipo de vínculo que tem com essas pessoas é norm al.

Para sobreviver, a fam ília de Bia depende do seu t r ab alh o e d o t r ab alh o d o seu com p an h eir o, const it uindo a sua rede de m ercado.

Ou t r o aspect o qu e m er ece con sider ação é que, na rede secundária, constituída pela Maternidade e pelo Centro Municipal de Saúde ( CMS) não constam os nom es das pessoas, indicando um tipo de contato superficial e sem vínculo com os profissionais dessas inst it uições que realizaram o at endim ent o.

Diant e dessa rede, Bia referiu que, durant e o período de cinco m eses pós- part o, em que est ava am am en t an do ex clu siv am en t e su a f ilh a, a pessoa com a qual ela t eve m aior envolvim ent o e que pôde contar foi sua vizinha. A vizinha foi citada várias vezes com o aquela que, de fato, constituiu o ponto de apoio para Bia, um a vez que sua m ãe est ava residindo no Mar an h ão.

A a n á l i se d o s m a p a s d a s 2 0 m u l h e r e s estudadas revelou que a rede social das m esm as era co m p o st a p e l o s se g u i n t e s m e m b r o s: m ã e , com p an h eir o, p ai d os ou t r os f ilh os, ir m ãos, p ais, p r im os, av ós, t ios, cu n h ad a, sog r a, m ad r in h a d a criança, sobrinho, vizinhas, am igas, colegas, pat roa, pr ofissionais de saúde da Mat er nidade e do Cent r o Municipal de Saúde, funcionários de creches, escolas, I grej a e Cent ro de Assist ência Social. A m aioria das m ulher es, no ent ant o, r efer iu que os m em br os de sua rede social que estiveram m ais presentes, durante a f ase em q u e am am en t av am , f o r am m ãe, u m a am iga ou um a vizinha ( Tabela 1) .

Tabela 1 – Principais m em bros da rede social referidos pelas nut rizes

* l a i c o s e d e r a d s o r b m e M N e ã M 9 a g i m A 6 a h n i z i V 5 o r i e h n a p m o C 4 a ç n a i r c a d i a P 4 s o ã m r I 4 s e r a il i m a f s o r t u O 3 S M C o d a r t a i d e P 4 l a t i p s o h e d o c i d é M 3

* Houve concom it ância ent re os t ipos de m em bros referidos nas respost as

DI SCUSSÃO

O fat o de a m aioria das m ulheres est udadas t er referido que cont aram com a presença da m ãe, d e u m a a m i g a , o u d e u m a v i zi n h a , ev i d en ci a o predom ínio da figura fem inina ao lado das m esm as, sendo essa m ais fam iliar. Dessa for m a, o am bient e fam iliar ocupa o prim eiro lugar de referência para a m ulher que, no período pós- part o, se depara com o processo de am am entação. Durante essa fase, devido à proxim idade com os m em bros da fam ília, a m ulher t em a possibilidade de com part ilhar conhecim ent os, experiências, hábit os e condut as( 13).

Com relação à presença de m em bros da rede secundária, especialm ent e profissionais de saúde, no pr ocesso de am am en t ação, v er ificou - se qu e esses m em br os n ão f or am r ef er idos com o aqu eles m ais en v olv id os com a m u lh er d u r an t e o p r ocesso d e a m a m en t a r. D essa f o r m a , m ed i a n t e a n á l i se d o s depoim en t os f oi desv elado qu e a r ede secu n dár ia ainda não constitui um ponto de apoio para a m ulher q u e a m a m e n t a , p o i s, d u r a n t e o p e r ío d o d a am am ent ação, essa busca auxílio ent re os m em bros d a su a r ed e p r im ár ia, con st it u íd a p or f am iliar es, am igos e vizinhos.

Sob essa per spect iv a, r essalt a se a im por -t â n ci a d o cu i d a d o d e e n f e r m a g e m n o p e r ío d o puer per al com o for m a de am pliar os cont at os das m ulheres com a rede social secundária de apoio, di-m inuindo o isoladi-m ento social característico dessa fase. O r econhecim ent o da r ede social possibilit a à m u-lher- m ãe o sent im ent o de ser am ada, valorizada, de pert encer a um grupo, levando- a a escapar da con-dição de isolam ent o e de anonim at o( 2).

Cab e r essalt ar q u e, em b or a as m u lh er es t enham referido que sua rede social sej a com post a de fam iliar es, par ent es, am igos, colegas, v izinhos, profissionais de saúde e outros, durante o período da a m a m e n t a çã o , n e m se m p r e t a i s m e m b r o s se m o st r a r a m co m o u m a p r e se n ça n a v i d a d e ssa s m u lh er es, com a qu al elas pu dessem est abelecer r el ação d e co n f i an ça e b u scar o ap o i o e au x íl i o necessários. Assim , durant e a fase da am am ent ação algum as m ulher es m encionar am que não cont ar am com o apoio da m aior ia dos m em br os de sua r ede social, alegan do est ar sozin h as e n ão per ceber em relação de proxim idade com os profissionais que as at enderam nos serviços de saúde.

(6)

subj et ividade e acaba est abelecendo relação anônim a com o profissional que lhe at ende. Faz- se cada v ez m ais n ecessár io, p or t an t o, o est ab elecim en t o d e relações interpessoais entre o enferm eiro e a m ulher, de tal form a que sej a possível a troca de experiências entre am bos e a resposta às reais necessidades( 14- 15). Assim , o enferm eiro, em sua prática assistencial, deve favorecer a verbalização dos anseios, expect at ivas e dificuldades, inerent es à vivência que, m uit as vezes, é nov a par a a nut r iz, possibilit ando int er v enção de acordo com a singularidade e cotidiano de cada cliente. Consider ando essa quest ão, o Minist ér io da Saúde pr econiza que os pr ofissionais de saúde, m ediant e atuação m ultidisciplinar, realizem ações de prom oção, p r o t e çã o e a p o i o à a m a m e n t a çã o , l e v a n d o e m co n si d er ação a si n g u l ar i d ad e d a m u l h er em seu contexto, tratando-a com atenção e respeito. “Ao dar-lhe voz, perm it indo com t ranquilidade que expresse dúvidas, receios e conhecim ent os prévios acerca da am am en t ação em er g e q u em é est a m u lh er / m ãe/ nut riz, o que pensa, que t ipo de aj uda necessit a e o que decide fazer para am am ent ar”( 11).

CONCLUSÃO

O r ef er en cial m et odológico de r ede social possibilit ou const at ar que a fase de elabor ação do m ap a d e r ed e social d as m u lh er es est u d ad as f oi pr ovida de um sent ido par a as m esm as. Por t er em sido olhadas em sua singularidade, sent iam - se livres para falar da sua vida e de suas relações, deixando-se m ost r ar com o su j eit o e p r ot ag on ist as d e su a hist ór ia num cont ex t o em que am am ent ar env olv e m ai s f at or es q u e d ar o seu p r óp r i o l ei t e p ar a a cr ian ça.

Ver if icou - se, assim , q u e com p r een d er as r elações q u e se est ab elecem en t r e a m u lh er q u e am am ent a e os m em bros de sua rede social, im plica abrir- se a um a realidade m ais am pla que t ranscende a sp e ct o s b i o l ó g i co s, e n v o l v i d o s n o p r o ce sso d a am am ent ação, e que não se rest ringe às orient ações clássicas sobre vant agens e t écnicas de aleit am ent o m at er n o. Tal com pr een são per m it e ao en f er m eir o ent ender a am am ent ação com o pr át ica social com elem ent os definidos t ant o pela nat ur eza com o pela cult ura( 10) e considerar a m ulher com o prot agonist a d a a m a m e n t a çã o , e m d e t e r m i n a d o co n t e x t o e intencionalidade, aj udando- a a reconhecer a presença d e o u t r a s p e sso a s q u e , n o se u m u n d o d a v i d a

cot idiana, possam a auxiliá- la durant e o período em que est á am am ent ando.

Faz- se cada vez m ais necessár io, por t ant o, que o profissional tenha postura realista, levando em co n si d e r a çã o a t o t a l i d a d e d o s co n d i ci o n a n t e s envolvidos na prát ica da am am ent ação, ou sej a, que ele possa ir ao encont r o da m ulher sem se deix ar det er m in ar pelas su as ideias, ou p r é- co n cei t o s, a r espeit o da am am ent ação, dispost o a com pr eender qual é o cont ex t o em que v iv e essa m ulher, quais r elações est ab elece, o q u e ela t em em v ist a n os r el aci o n am en t o s, q u e d i f i cu l d ad es o u p r o b l em as enfrent a ou o que busca no serviço de saúde. Nessa post ura de abert ura e de observação, a m ulher dá-se a conhecer e o profissional tem a possibilidade de apreender os fenôm enos vivenciados pela m esm a e de intervir de acordo com a realidade que se m ostra, a partir daquilo que ela traz e do que ela é e não, do que lhe falt a aprender, fazer ou seguir.

Nest e est u d o f oi ev id en ciad o q u e a r ed e p r i m ár i a p r eci sa ex i st i r p ar a a r ed e secu n d ár i a, ou sej a, a m u lh er q u e am am en t a p r ecisa ex ist ir par a o pr ofissional de saúde com o pessoa que t em u m n o m e , t e m v i v ê n c i a s , p r o b l e m a s , r a z õ e s , i n t e n ç õ e s e q u e é u m “ s e r ” , u m “ s e r c o m o s ou t r os”. Mu it as v ezes o pr ofission al de saú de n ão p o s s u i r e c u r s o s p a r a a j u d a r c o n c r e t a m e n t e a m u l h e r e m s i t u a ç õ e s t r a b a l h i s t a s , f a m i l i a r e s , d o m ést i cas, en t r e o u t r as. Mas, em u m a r el ação p r o f i ssi o n a l d e a co l h i m e n t o , co m p r e o cu p a çõ e s c o m p a r t i l h a d a s , a n u t r i z p o d e s e r a j u d a d a a encont r ar soluções ou apoio par a conciliar a pr át ica da am am en t ação ao seu con t ex t o.

Um a d a s e st r a t é g i a s d e a t e n çã o à s n e ce ssi d a d e s d a m u l h e r q u e a m a m e n t a é o estabelecim ento de grupos de apoio à am am ent ação. Ta i s g r u p o s d e a p o i o p o d e m co n t r i b u i r p a r a o fortalecim ento das redes sociais e auxiliar as m ulheres dur ant e t odo o per íodo da am am ent ação. Viv endo en t r e ou t r as p essoas q u e lh es são “ p r óx im as” e “ sem elhant es”, elas t êm a possibilidade de apreender conhecim ent os e com preender condut as a part ir de vivências das out ras m ulheres.

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Nesse sentido, este estudo representa subsídio p ar a a f or m u lação e im p lem en t ação d e p olít icas públicas, bem com o para o trabalho interdisciplinar de profissionais de saúde que, a partir da visão global do contexto relacional da m ulher, podem , no planejam ento de suas ações, consider ar e for t alecer os v ínculos estabelecidos na rede prim ária, convocando fam iliares e am igos para as consultas.

Dessa f or m a, n ot a- se qu e a u t ilização do r ef er en cial de r ede social apon t a t an t o par a u m a

p o t e n c i a l i z a ç ã o d a s a ç õ e s d e i n v e s t i g a ç ã o q u alit at iv a, com o p ar a a in ov ação n os p r ocessos de int er v enção em saúde, sendo que a apr opr iação desse r ef er en cial por pesqu isador es do cam po da sa ú d e , i n cl u i n d o - se a í p r o f i ssi o n a i s d a á r e a d a en fer m agem , con st it u i im por t an t e su bsídio par a a c o m p r e e n s ã o d a e f i c á c i a d e s u a s a ç õ e s n o co t i d i an o p r o f i ssi o n al , b em co m o f av o r ece o l h ar m ais abr angent e sobr e o cont ex t o social v iv enciado p elas p essoas.

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