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Teoria fundamentada nos dados - aspectos conceituais e operacionais: metodologia possível de ser aplicada na pesquisa em enfermagem.

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TEORI A FUNDAMENTADA NOS DADOS - ASPECTOS CONCEI TUAI S E OPERACI ONAI S:

METODOLOGI A POSSÍ VEL DE SER APLI CADA NA PESQUI SA EM ENFERMAGEM

Claudia de Car v alho Dant as1 Josét e Luzia Leit e2 Suzinar a Beat r iz Soar es de Lim a3 Mar luci Andr ade Conceição St ipp4

Tr at a- se de est u do de n at u r eza descr it iv o- r eflex iv a, apoiado n a lit er at u r a e de abor dagem qu alit at iv a. Tem por obj et iv os discu t ir aspect os con ceit u ais da t eor ia fu n dam en t ada n os dados e apr esen t ar a aplicabilidade dessa m et odologia n a ár ea da en fer m agem . Con sist e em r efer en cial in t er pr et at iv o e sist em át ico qu e ex t r ai d as ex p er iên cias v iv en ciad as p or at or es sociais asp ect os sign if icat iv os q u e p ossib ilit am con st r u ir alicer ces t eór icos, pot encializando a ex pansão do conhecim ent o. Most r a- se im por t ant e e consist ent e m et odologia par a obj et os de est u do qu e en v olv em in t er ações h u m an as e qu e con for m am fen ôm en os da pr át ica da pr ofissão ai n d a n ão d esv el ad os e d ev i d am en t e com p r een d i d os, m ed i an t e o r i g or r eq u er i d o p ar a a con st r u ção d e con h ecim en t os de abor dagem qu alit at iv a.

DESCRI TORES: en fer m agem ; pesqu isa em en fer m agem ; pesqu isa m et odológica em en fer m agem

GROUNDED THEORY - CONCEPTUAL AND OPERATI ONAL ASPECTS: A METHOD POSSI BLE

TO BE APPLI ED I N NURSI NG RESEARCH

This is a descr ipt ive- r eflect ive st udy based on lit erat ure and qualit at ive design. I t aim ed t o discuss concept ual aspect s of Grounded Theory ( GT) and t o present t he applicabilit y of t his m et hodology w it hin t he nursing field. GT consist s of an int er pr et at iv e and sy st em at ic fr am ew or k t hat ex t r act s significant aspect s fr om ex per iences of social act or s and w hich enables r esear cher s t o const r uct t heor et ical fr am ew or ks and int ensify ex pansion of know ledge. I t has been show n t o be an im por t ant and consist ent fr am ew or k for obj ect s of st udy t hat involve h u m an in t er act ion s an d w h ich in clu de ph en om en a con cer n in g pr ofession al pr act ice an d w h ich h av e n ot y et been pr oper ly ex am ined and under st ood accor ding t o t he r igor r equir ed for t he const r uct ion of k now ledge in qu alit at iv e design s.

DESCRI PTORS: nur sing; r esear ch nur sing; nur sing m et hodology r esear ch

TEORÍ A FUNDAMENTADA EN LOS DATOS - ASPECTOS CONCEPTUALES Y

OPERACI ONALES: METODOLOGÍ A POSI BLE DE SER APLI CADA EN LA I NVESTI GACI ÓN EN

ENFERMERÍ A

Se t r at a de est u dio de n at u r aleza descr ipt iv a r ef lex iv a, apoy ado en la lit er at u r a y de abor daj e cu alit at iv a. Tien e por obj et iv os discu t ir asp ect os con cep t u ales de la t eor ía f u n d am en t ad a en los d at os y p r esen t ar la aplicabilidad de esa m et odología en el área de enferm ería. Consist e en m arco t eórico int erpret at ivo y sist em át ico qu e ex t r ae de las ex per ien cias ex per im en t adas por act or es sociales aspect os sign if icat iv os qu e posibilit an const ruir bases t eóricas, pot encializando la expansión del conocim ient o. Se m uest ra una im port ant e y consist ent e m et odología par a obj et os de est udio que envuelven int er acciones hum anas y que confor m an fenóm enos de la pr áct ica de la pr ofesión t odavía no desvelados y debidam ent e com pr endidos, m ediant e el r igor r equer ido par a la const r ucción de conocim ient os de abor daj e cualit at iv a.

DESCRI PTORES: en fer m er ía; in v est igación en en fer m er ía; in v est igación m et odológica en en fer m er ía

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I NTRODUÇÃO

O

pr esen t e est u do en con t r a- se in ser ido n o

Núcleo de Pesquisa em Gest ão em Saúde e Exercício

Pr o f i s s i o n a l d a En f e r m a g e m ( GES PEn ) d o D e p a r t a m e n t o d e M e t o d o l o g i a e n o Gr u p o d e

I n t e r e s s e d a Gr o u n d e d Th e o r y d a Es c o l a d e

Enfer m agem Anna Ner y, Univ er sidade Federal do Rio de Jan eir o.

A Grounded Theory, ou Teoria Fundam ent ada

nos Dados ( TFD) , com o foi t raduzida para o port uguês, v isa com pr eender a r ealidade a par t ir da per cepção

ou significado que cert o cont ext o ou obj et o t em para

a p esso a, g er an d o co n h eci m en t o s, au m en t an d o a com pr eensão e pr opor cionando um guia significat iv o

p a r a a a ç ã o( 1 ). Co n s i s t e e m m e t o d o l o g i a d e

in v est igação qu alit at iv a qu e ex t r ai das ex per iên cias v i v e n c i a d a s p e l o s a t o r e s s o c i a i s a s p e c t o s

si g n i f i cat i v o s, p o ssi b i l i t an d o i n t er l i g ar co n st r u ct o s

t eóricos, pot encializando a expansão do conhecim ent o em enfer m agem e de out r as ár eas com o psicologia,

sociologia e out r as.

Est e a r t i g o t e v e co m o o b j e t i v o s d i scu t i r asp ect o s co n cei t u ai s d a t eo r i a f u n d am en t ad a n o s

dados e apresent ar a aplicabilidade dessa m et odologia

n a ár ea d a en f er m ag em . Ju st i f i ca- se a r eal i zação d e st e e st u d o t e n d o e m v i st a a o p o r t u n i d a d e d e

d i v u l g a çã o d a m e t o d o l o g i a u sa d a , q u e p o d e se r

a d o t a d a p a r a p e s q u i s a s e m e n f e r m a g e m , p o i s perm it e a const rução de bases conceit uais im port ant es

para o delineam ent o e consolidação do corpus t eórico

d essa p r of issão, con cer n en t e aos d iv er sos âm b it os de at u ação.

COMPREENDENDO AS BASES CONCEI TUAI S

DA TFD E SUA APLI CAÇÃO

A f im d e se r ef let ir e d iscu t ir os asp ect os

c o n c e i t u a i s e o p e r a c i o n a i s n a p e s q u i s a d e

enfer m agem , r ealizou- se r ev isão t eór ica da t eor ia e a análise de algum as pesquisas na enfer m agem que

usar am o m ét odo. A TFD consist e num a “ abor dagem

de pesquisa qualit at iv a com o obj et iv o de descobr ir t eor ias, con ceit os e h ipót eses, baseados n os dados

c o l e t a d o s , a o i n v é s d e u t i l i z a r a q u e l e s

pr edet er m inados”( 2). Possui r aízes no I nt er acionism o Sim bólico ( I S) e com pr eende a r ealidade a par t ir do

conhecim ent o da per cepção ou significado que cer t o

co n t ex t o o u o b j et o t em p ar a a p esso a. Pesq u i sas

r e a l i z a d a s( 3 ) r e v e l a m q u e “ a i n t e n çã o d a TFD é

d e sco b r i r u m m o d e l o co n ce i t u a l q u e e x p l i q u e o

f e n ô m e n o a s e r i n v e s t i g a d o e p o s s i b i l i t e a o

inv est igador desenv olv er e r elacion ar con ceit os”.

Out ros aut ores( 4) esclarecem que a TFD é um a

d as v ar ian t es d en t r o d o I S, d iv id in d o esp aço com

e s t u d o s e t n o g r á f i c o s , c u j a ê n f a s e e s t á n a

“ com preensão do fenôm eno t al com o ele em erge dos

d ad os e n ão n o seu em b asam en t o em con ceit os e

t eor ias do pesquisador ”( 5 ).

Esse r efer encial foi desenv olv ido por Bar ney

Glaser e Anselm St r auss, no início da década de 60,

s o c i ó l o g o s q u e d e s f r u t a v a m d e c o n h e c i m e n t o s

inerent es à t radição em pesquisa na Universidade de

Chicago e influência do I S e do pragm at ism o. Assim ,

o r i g i n o u - se a TFD , cu j a si st em a t i za çã o t écn i ca e

p r oced im en t os d e an álise cap acit am o p esq u isad or

par a desenv olv er t eor ias sociológicas sobr e o m undo

d a v i d a d o s i n d i v íd u o s , u m a v e z q u e a l c a n ç a

s i g n i f i c a ç ã o , c o m p a t i b i l i d a d e e n t r e t e o r i a e

o b s e r v a ç ã o , c a p a c i d a d e d e g e n e r a l i z a ç ã o e

r epr odut ibilidade, pr ecisão, r igor e v er ificação( 6 ).

Co m p l e m e n t a n d o t a i s co n ce p çõ e s, a TFD

con sist e em m ét odo par a con st r u ção de t eor ia com

b a s e n o s d a d o s i n v e s t i g a d o s d e d e t e r m i n a d a

r e a l i d a d e , d e m a n e i r a i n d u t i v a o u d e d u t i v a q u e ,

m edian t e a or gan ização em cat egor ias con ceit u ais,

possibilit a a ex plicação do f en ôm en o in v est igado( 7 ).

Com o pr odut o da aplicação desse m ét odo, pode- se,

a i n d a , est a b el ecer m o d el o s t eó r i co s o u r ef l ex õ es

t eór icas.

Par a t odo aquele que alm ej a t r abalhar com

t a l r e f e r e n c i a l m e t o d o l ó g i c o r e c o m e n d a - s e

envolvim ent o com o obj et o de est udo, disponibilidade

de t em po, criat ividade, dom ínio dos preceit os da TFD,

capacidade dedut iva e indut iva e sensibilidade t eórica.

Essa ú lt im a car act er íst ica é específ ica da TFD, qu e

“ se r epor t a à qualidade do inv est igador de per ceber

e c o m p r e e n d e r o s i g n i f i c a d o d o s d a d o s e à s

habilidades de discernir ent re o que é ou não relevant e

ao seu est udo”( 8).

Dest aca- se qu e a TFD n ão par t e de t eor ias

j á exist ent es e, sim , se fundam ent a a part ir de dados

da própria cena social sem a pret ensão de refut ar ou

p r o v a r o p r o d u t o d e s e u s a c h a d o s , m a s , s i m ,

acr escen t ar ou t r as/ n ov as per spect iv as par a elu cidar

o obj et o inv est igado( 9).

Algum as considerações são essenciais quant o

(3)

dem ais de cunho qualit at ivo. Tais considerações est ão

apr esent adas sucint am ent e( 1,3- 4,6- 7,10- 11), a seguir.

- A r ev isão d e lit er at u r a n ão é o p asso in icial d o

processo de pesquisa, um a vez que em ergirá da colet a

e análise dos dados e são esses que dir ecionar ão o

p e s q u i s a d o r p a r a o b t e r m a i s i n f o r m a ç õ e s n a

lit er at u r a.

- As h ipót eses são cr iadas a par t ir do pr ocesso da

colet a e análise dos dados e não ant es do pesquisador

ent r ar em cam po.

- Os d a d o s s ã o c o l e t a d o s e a n a l i s a d o s

c o n c o m i t a n t e m e n t e , d e s c r e v e n d o , p o r t a n t o , a s

pr im eir as r eflex ões no início da fase de colet a. Esse

pr ocesso den om in a- se an álise con st an t e.

- O m é t o d o é c i r c u l a r e , p o r i s s o , p e r m i t e a o

pesquisador m udar o foco de at enção e buscar out ras

d ir eções, r ev elad as p elos d ad os q u e v ão en t r an d o

em cen a.

Esse r ef er en cial t r ab alh a com con ceit o d e

am ost r agem t eór ica que se r efer e à possibilidade de

o pesquisador buscar seus dados em locais ou at ravés

d o d e p o i m e n t o d e p e s s o a s q u e i n d i c a m d e t e r

con h ecim en t o acer ca d a r ealid ad e a ser est u d ad a.

Assim , p od e- se r ealizar p esq u isas em m ais d e u m

cam po de colet a de dados onde, m ediant e a int eração

e o b s e r v a ç ã o c o m d e m a i s p r o f i s s i o n a i s , h a j a a

p ossib ilid ad e d e colet a d e d ad os. Ou , ain d a, p od e

haver reest rut uração dos inst rum ent os, com m udança

n o f oco d as p er g u n t as ( n o in t u it o d e esp ecif icar e

ex plor ar a r ealidade inv est igada) , ou na for m a com o

é q u e s t i o n a d a , d e m o d o a s e a p r o x i m a r d o

ent endim ent o dos suj eit os e, assim , esgot ar o m áxim o

d e in f or m ações.

A co n st r u çã o d e m e m o s o u m e m o r a n d o s c o n s i s t e n u m a f o r m a d e r e g i s t r o r e f e r e n t e à

for m ulação da t eor ia e pode t om ar confor m ação de

n o t a s t e ó r i c a s , n o t a s m e t o d o l ó g i c a s , n o t a s d e

o b s e r v a ç ã o e s u b v a r i e d a d e d e l a s . Es s e s s ã o

co n st r u íd o s d u r a n t e t o d o o p r o cesso d e co l et a e

análise dos dados. As definições de cada um podem

ser assim con sider adas:

- n ot as t eór icas - qu an do o pesqu isador, ch egan do aos fat os, r egist r a a int er pr et ação e infer ências, faz

h ipót eses e desen v olv e n ov os con ceit os. Est abelece

a ligação com out ros conceit os j á elaborados, fazendo

int er pr et ações, infer ências e out r as hipót eses;

- not as m et odológicas - são anot ações que r eflet em u m a t o o p er a ci o n a l co m p l et o o u p l a n e j a d o : u m a

in st r u ção a si p r óp r io, u m lem b r et e, u m a cr ít ica a

s u a s p r ó p r i a s e s t r a t é g i a s . Re f e r e m - s e a o s

procedim ent os e est rat égias m et odológicos ut ilizados,

às d eci sões sob r e o d el i n eam en t o d o est u d o, aos

pr oblem as en con t r ados n a obt en ção dos dados e à

f or m a de r esolv ê- los;

- not as de observação - são descrições sobre event os

e x p e r i m e n t a d o s , p r i n c i p a l m e n t e a t r a v é s d a

observação e audição. Cont ém a m enor int erpret ação

p ossív el.

O uso da lit erat ura é lim it ado ant es e durant e

a an álise, p ar a ev it ar su a in f lu ên cia ex cessiv a n a

p er cep çã o d o p esq u i sa d o r, p o i s a l i t er a t u r a p o d e

d i f i c u l t a r a d e s c o b e r t a d e n o v a s d i m e n s õ e s d o

f en ôm en o.

N e s s e t i p o d e a b o r d a g e m , n ã o s ã o

especificados os quant it at iv os de suj eit os. O m esm o

é delim it ado de acor do com o pr incípio de sat ur ação

e am ost r ag em t eór ica, sen d o q u e essa ú lt im a é o

processo de colet a de dados para gerar t eorias. Há a

co l et a, co d i f i cação e an ál i se d o s d ad o s, a f i m d e

a p o n t a r o s e v e n t o s q u e s e j a m i n d i c a t i v o s d e

ca t e g o r i a s. A co l e t a é e f e t u a d a a t é a co n t e ce r a

sat u r ação t eór ica, ou sej a, at é ocor r er a r ep et ição

ou a ausência de dados( 11).

Re ssa l t a - se , a i n d a , q u e a a m o st r a g e m é

fundam ent al par a iniciar o pr ocesso ger ador de um a

t eor ia, q u e d et er m in a e con t r ola on d e ser á f eit a a

p r ó x i m a c o l e t a , e s u a p o s t e r i o r c o d i f i c a ç ã o e

análise( 12). Assim , o obj et iv o da am ost r agem t eór ica

é apont ar ev ent os que são indicat iv os de cat egor ias.

O in t er esse est á em colet ar d ad os sob r e o q u e os

par t icipant es do est udo fazem em t er m os de ação e

i n t er ação . D eci d e- se, en t ão , p el o s i n ci d en t es q u e

d ev er ão ser colet ad os n o p r óx im o p asso e on d e é

possív el encont r á- los, ou sej a, busca- se o incident e

e não as pessoas em si.

A busca de dados na TFD pode ser realizada

at r av és d e en t r ev ist as e ob ser v ações. A en t r ev ist a

per m it e flex ibilidade par a qu est ion ar o r espon den t e

n o e s c l a r e c i m e n t o d e p o n t o s e s s e n c i a i s p a r a a

com p r een são d a r ealid ad e in v est ig ad a e av aliar a

v er acid ad e d as r esp ost as, m ed ian t e ob ser v ação d o

com por t am ent o não- v er bal do suj eit o. Desse m odo,

essas poder ão ser : est r ut ur ada, sem iest r ut ur ada ou

liv r e, d e acor d o com a d ecisão d o p esq u isad or. A

ob ser v ação t am b ém p od e se con st it u ir em r ecu r so

v a l i o s o d e c o l e t a , u m a v e z q u e p o s s i b i l i t a

com pr eender o que não é passív el de ex pr essão, ou

(4)

O qu an t it at iv o de su j eit os n esse r efer en cial

é d et er m in ad o d e acor d o com a sat u r ação t eór ica.

D e s s a f o r m a , n ã o s e d e l i m i t a o n ú m e r o d e

p a r t i c i p a n t e s , c o n t u d o , e s s e q u a n t i t a t i v o é

det erm inado de acordo com o cont eúdo e consist ência

d os d ad os or iu n d os d os d ep oim en t os( 1 3 ). Assim , à

m e d i d a q u e o s d a d o s s ã o c o l e t a d o s , e s s e s s ã o

s u b m e t i d o s à a n á l i s e c o n c o m i t a n t e , v i s a n d o a

sat u r ação t eór ica, a q u al p ossib ilit a a em er são d e

p ossív eis g r u p os am ost r ais. Esse p r oced im en t o n a

TFD d e n o m i n a - se co m p a r a çã o co n st a n t e . Ao se

v er i f i car a sat u r ação d o s d ad o s, o u sej a, q u an d o

nenhum a out r a infor m ação acr escent ar ou m odificar

as j á ex ist ent es, inicia- se análise m ais apr ofundada

e s i s t e m a t i z a d a d e t o d o s o s d a d o s d o s g r u p o s

am ost r ais.

O m ov im ent o cir cular car act er iza se pelo ir

-e- vir com os dados, com o obj et ivo fim da sat uração

t eórica e delineam ent o da t eoria, at ravés de processo

an alít ico. Com p lem en t a- se, elu cid an d o q u e t od o o

processo analít ico, que nesse m om ent o se inicia, t em

p o r o b j e t i v o co n st r u i r a t e o r i a , d a r a o p r o ce sso

cient ífico o r igor m et odológico necessár io, aux iliar o

p e s q u i s a d o r a d e t e c t a r o s v i e s e s , d e s e n v o l v e r

f u n d a m e n t o s , a d e n s i d a d e , s e n s i b i l i d a d e e a

int egr ação necessár ia par a ger ar um a t eor ia( 6 ).

Nessa t eor ia, a an álise de dados pr

ocessa-s e p o r t r ê ocessa-s e t a p a ocessa-s i n t e r d e p e n d e n t e ocessa-s , o n d e o

cu m p r im en t o d e u m a n ão n ecessar iam en t e im p lica

im pedim ent o de r et or nar à pr im eir a, um a v ez que o

m ov im en t o é cir cu lar. Essas t r ês et ap as são assim

denom inadas: codificação aber t a, codificação ax ial e codif icação selet iv a. O pr ocesso de codif icação v isa a redução dos dados, a qual, perm eada pelo processo

de codificação, é fundam ent al para se chegar à t eoria.

A esse respeit o aut ores( 4) esclarecem que “ a redução

d a s ca t eg o r i a s é o m ei o d e se d el i m i t a r a t eo r i a

em er g en t e [ . . . ] f o r m u l a r a t eo r i a co m u m g r u p o

pequeno de alt a abst ração, delim it ando a t erm inologia

e t ex t o”.

O processo de análise consist e em conceit uar

o s d a d o s c o l e t a d o s . Es s e s d a d o s , i n i c i a l m e n t e ,

const it uem códigos pr elim inar es, passando a códigos

co n ce i t u a i s e , p o st e r i o r m e n t e , a ca t e g o r i a s e a s

cat egorias podem convergir a fenôm enos. A cat egoria

pode ser u m a palav r a ou u m con j u n t o de palav r as

que designa nível elevado de abst ração, enquant o os

c ó d i g o s s ã o c o n c e i t o s q u e t a m b é m p o d e m s e r

ex pr essos por palav r as ou siglas que, em conj unt o,

d e s v e l a m o c a r á t e r a b s t r a t o c o n s t i t u i n d o a s

c a t e g o r i a s . E u m a c a t e g o r i a p o d e t o r n a r - s e

f e n ô m e n o , o q u a l c o n s t i t u i r e p r e s e n t a ç õ e s

car act er íst icas com uns que conduzem à t eor ia.

Co d i f i ca çã o a b er t a - co n si st e n a p r i m ei r a et ap a d o p r ocesso d e an álise d os d ad os, r ealizad a

m a n u a l m en t e, m ed i a n t e l ei t u r a s d a s en t r ev i st a s,

su bm et en do- as ao pr ocesso de codif icação, lin h a a

lin h a, n a qu al são m an if est adas palav r as ou f r ases

q u e e x p r e s s a m a e s s ê n c i a d o d i s c u r s o d o s

depoent es( 8 ). Trat a- se de leit ura at ent iva e, a par t ir

das palavras, frases, parágrafos e/ ou gest os, oriundos

d a s e n t r e v i st a s, o p e sq u i sa d o r e x a m i n a , r e f l e t e ,

c o m p a r a e c o n c e i t u a l i z a . Pa r a c a d a d a d o b r u t o

( f r a g m e n t o d a e n t r e v i s t a ) a t r i b u i - s e p a l a v r a /

ex p r essões, f or m an d o os cód ig os p r elim in ar es. De

m odo didát ico, essa et apa consist e em ‘abrir’ o t ext o

( dados brut os) , possibilit ando int eração m ais próxim a

en t r e dados- pesqu isador.

Codificação ax ial – essa é a segunda et apa. Depois de r ealizada a codificação aber t a, os códigos

or iu n d os d essa são r eag r u p ad os d e n ov as f or m as,

or iginando- se os códigos conceit uais.

O obj et ivo é reorganizar os códigos, em nível

m aior de abst r ação. Assim , n ov as com bin ações são

n o v a m e n t e e s t a b e l e c i d a s d e m o d o a f o r m a r a s

su b cat eg or ias q u e, p or su a v ez, ser ão or g an izad as

com p on d o cat eg or ias d e t al f or m a q u e se in icia o

delineam ent o de conexões, pr im ando por explicações

pr ecisas dos fat os da cena social.

Nesse processo, em especial no que concerne

a o m o v i m e n t o c i r c u l a r d o s d a d o s , u m c ó d i g o

pr elim inar pode se t or nar código conceit ual e esses,

por su a v ez, cat egor ias e su bcat egor ias, de acor do

com a r epr esen t at iv idade e ocor r ên cia n a am ost r a.

Cabe r essalt ar que m esm o um a cat egor ia, m ediant e

sucessivas leit uras e análises, pode regredir a código

con ceit u al ou pr elim in ar, de acor do com a r ef lex ão

r ealizada pelo pesqu isador.

Co m o e s t r a t é g i a s p a r a c o n s t r u i r a s

ca t e g o r i a s, su g e r e - se p e r g u n t a s a o s d a d o s, t a i s

com o: qu an do ocor r e, on de ocor r e, por qu ê ocor r e,

quem pr ov oca, com quais consequências. Com essas

s i m p l e s p e r g u n t a s , a u x i l i a - s e o p r o c e s s o d e

const r ução de cat egor ias e fenôm enos.

A p ó s c o n s t r u i r a s c a t e g o r i a s ( c ó d i g o s

c o n c e i t u a i s ) , e s s a s c a t e g o r i a s s ã o c o m p a r a d a s ,

r e l a ci o n a d a s e i n t e r co n e ct a d a s d e a co r d o co m o

m odelo paradigm át ico( 6). Nesse m odelo, os elem ent os

podem ser definidos da seguint e for m a: o fenôm eno

(5)

ações e int er ações est ão r elacionadas; as condições

causais são os elem ent os/ sit uações que possibilit am o s u r g i m e n t o d o f e n ô m e n o ; o c o n t e x t o é a

e sp e ci f i ci d a d e q u e e n v o l v e o f e n ô m e n o e o q u e

c o n d i c i o n a a a ç ã o / i n t e r a ç ã o ; a s c o n d i ç õ e s

in t er v en ien t es são con st it u ídas pelo t em po, espaço, cu lt u r a, sit u ação econ ôm ica e t ecn ológica, h ist ór ia,

b iog r af ia p essoal, d en t r e ou t r os; as est r at ég ias d e a ç ã o / i n t e r a ç ã o s ã o i d e n t i f i c a d a s c o m o c a r á t e r p r o c e s s u a l ( s e q u ê n c i a s , m o v i m e n t o , m u d a n ç a s ,

den t r e ou t r os) , com u m pr opósit o, u m a f in alidade,

se n d o i m p o r t a n t e s t a m b é m a s n ã o a çõ e s; e a s

c o n s e q u ê n c i a s d e v e m s e r c o n s i d e r a d a s c o m o o r esu lt ado/ r espost a, posit iv a ou n egat iv a.

Cod if icação selet iv a - con sist e n a t er ceir a et apa, t endo por obj et ivo refinar e int egrar cat egorias,

d esv elan d o u m a cat eg or ia q u e se con sid er e com o

cent ral, perm eando t odas as dem ais, a qual consist irá

n a t e o r i a d o e st u d o . Ne ssa , t o d o o p o t e n ci a l d e

abst r ação é em pr egado no âm bit o t eór ico dos dados

invest igados/ codificados, fazendo em er gir a t eor ia da

p esq u isa.

Todas as cat egorias, port ant o, são abst raídas,

a n a l i s a d a s , r e f l e t i d a s , s i s t e m a t i z a d a s ,

int er conect adas, nas quais o pesquisador encont r ar á

o f en ôm en o cen t r al, q u e ser á a cat eg or ia cen t r al,

consist indo na t eor ia fundam ent ada. Rat ifica- se que,

na últ im a fase do processo de codificação, se organiza

a d e q u a d a m e n t e t o d o s o s c ó d i g o s , c a t e g o r i a s e

su b cat eg or ias em er g id as, d e m od o a ev id en ciar a

cat egoria cent ral que nasce m ediant e a relação desses

ag r u p am en t os, t or n an d o- se ex p lícit a a ex p er iên cia

v i v e n c i a d a p e l o s e n t r e v i s t a d o s n o q u e t a n g e à

const r ução do m odelo conceit ual/ t eor ia subst ant iv a.

Os d a d o s c a t e g o r i z a d o s p o d e m s e r

a p r e se n t a d o s p o r m e i o d e d i a g r a m a s e q u a d r o s,

facilit ando a r eflex ão sobr e os m esm os. Ressalt a- se

que, em t odas as et apas, se dev e ex er cit ar / r ealizar

pensam ent o cr ít ico- r eflex iv o, em que a subj et iv idade

deve fluir em t odos os m om ent os, a fim de descobrir

as p on t es d e lig ação en t r e as d iv er sas cat eg or ias,

possibilit ando, dessa for m a, a int egr ação ent r e t odas

as dem ais.

To d o s e s s e s p a s s o s s ã o u m c a m i n h a r

im pr escin dív el n a con st r u ção de t eor ia den sa, com

co n cei t o s i n t er - r el a ci o n a d o s q u e ex p r essem , co m

m aior v er acidade e f idelidade possív el, o obj et o de

p esq u isa, v isan d o con t r ib u ir p ar a a con st r u ção d o

con h ecim en t o da r ealidade per qu ir ida.

A d if u são d essa m et od olog ia t em cr escid o

ex pon en cialm en t e h oj e em dia, sen do u t ilizada por

diver sas ár eas do conhecim ent o t ais com o educação,

en f er m ag em , p sicolog ia e sociolog ia. Div er sas são

as cont r ibuições desse m ét odo par a a enfer m agem .

Po d e - s e d i z e r q u e e l a t e m c o n t r i b u íd o

significat ivam ent e para a expansão do conhecim ent o,

por se t rat ar de abordagem int erpret at iva e sist em át ica

que ex t r ai, da ex per iência e da r ealidade dos at or es

so ci a i s e n v o l v i d o s, o ca m i n h o p a r a se ch e g a r a

r esult ados confiáv eis que possam ger ar ações, bem

com o aper f eiçoar seu s con h ecim en t os.

Ex e m p l o d e e s t u d o q u e u t i l i z o u a Te o r i a

Fu n dam en t ada n os Dados

A f i m d e cl a r e a r m a i s, p o d e - se o b se r v a r

alg u n s ex em p los d e t r ab alh os n a en f er m ag em q u e

se u t ilizar am d a TFD, sen d o q u e a m aior ia d esses

e s t u d o s n a c i o n a i s s ã o f r u t o d e c u r s o s d e p ó s

-gr adu ação, m est r ado ou dou t or ado.

Um dos est u dos f oi desen v olv ido( 1 ) j u n t o a

23 enfer m eir as de dois gr andes hospit ais de gr ande

port e da cidade do Rio de Janeiro. O est udo t eve com o

o b j e t i v o s: i d e n t i f i ca r a t i t u d e s, e x p r e ssõ e s, e / o u

se n t i m e n t o s, si n a l i z a d o s e / o u v e r b a l i z a d o s p e l a

enferm eira, relat ivos à gerência do cuidar de client es

com HI V/ AI DS; com preender os significados at ribuídos

pela enferm eira à gerência do cuidar de client es com

HI V/ AI D S; e d esen v o l v er u m a t eo r i a su b st a n t i v a

r e p r e s e n t a t i v a d a e x p e r i ê n c i a d e e n f e r m e i r a s ,

in er en t e à ger ên cia do cu idar de clien t es com HI V/

AI D S.

O p r o c e s s o c e n t r a l , v i v e n c i a d o p e l o s

par t icipan t es, f oi den om in ado r econ st r u in do f or m as

d e g e r e n c i a r e m e n f e r m a g e m : e n f r e n t a n d o o s desafios inst it ucionais e de v alor ização pr ofissional.

As cat egor ias lev an t adas n o est u do f or am :

Re l a ci o n a n d o - se co m o se r p a ci e n t e g e r a d o r d a

g e r ê n c i a d o c u i d a d o ; D i s c u t i n d o o c e n á r i o d e

realização do cuidado; Buscando form as de gerenciar

o cuidado; Convivendo com as barreiras e facilidades

para o gerenciam ent o do cuidado: e Reflet indo sobre

a s r e p e r c u s s õ e s d o c u i d a d o g e r e n c i a d o p e l o

en f er m ei r o.

Ou t r o s a sp e ct o s q u e m e r e ce m d e st a q u e

r efer em - se à análise e à com par ação const ant e dos

d a d o s , a s s o c i a d a s à s e n s i b i l i d a d e t e ó r i c a p a r a

p ossib ilit ar am a com p r een são d os sig n if icad os d as

(6)

ger enciar o cuidado em am bient e hospit alar. Por sua

v ez, esse d em o n st r a su a v i v ên ci a b a sea d a n u m a

b u s c a p o r n o v a s f o r m a s d e r e c o n s t r u i r o

g e r e n c i a m e n t o d o c u i d a d o , q u e d e m a n d a d o

p r of ission al h ab ilid ad es e com p et ên cias v isan d o o

client e, a inst it uição e a pr ópr ia posição pr ofissional.

A aut ora concluiu que os achados da pesquisa

ev iden ciar am qu e as pessoas, qu an do da per da de

seu equilíbrio orgânico, buscam por soluções, de m odo

a r esolv er suas enfer m idades. Dessa for m a, um dos

m e i o s b u sca d o s co n si st e n o s se r v i ço s d e sa ú d e .

N e s s a s i n s t i t u i ç õ e s , e n c o n t r a - s e , d e n t r e o u t r o s

p r o f i s s i o n a i s , o e n f e r m e i r o , u m d o s p r i n c i p a i s

r espon sáv eis pela r ecu per ação desse in div ídu o, em

especial quando se t rat a da necessidade de int ernação

h ospit alar.

Fr e n t e a e s s a d e m a n d a , o e n f e r m e i r o

d esen v olv e as su as at iv id ad es v olt ad as p ar a esse

pacient e int er nado, onde usa, const r ói, desconst r ói e

r e co n st r ó i sím b o l o s d o t a d o s d e si g n i f i ca d o s q u e

p o ssi b i l i t a m o d e sen ca d ea r d o g er e n ci a m en t o d o

cuidado. Esse pr ofissional, devido à com plexidade de

su as açõ es, u t i l i za est r at ég i as q u e p o ssi b i l i t am a

r e s o l u b i l i d a d e d a s n e c e s s i d a d e s s e n t i d a s e n ã o

sent idas pelo/ do pacient e.

O processo de gerenciam ent o do cuidado pelo

en f er m eir o é alg o d in âm ico, q u e se assen t a n u m a

t ríade que valoriza a equipe de saúde, a inst it uição e

o pacien t e, on de t odos se en con t r am em con st an t e

r e l a c i o n a m e n t o , f a v o r e c e n d o a c o n s t r u ç ã o d e

sím bolos e significados, decor r ent es das int er ações.

I m p or t an t e r essalt ar q u e o en f er m eir o en con t r a- se

n o ce n t r o d e ssa t r ía d e , e st a b e l e ce n d o r e l a çõ e s/

in t er ações.

Dessa f or m a, é im por t an t e r essalt ar qu e o

enferm eiro age t endo com o base o significado, que é

con seq u ên cia d a in t er ação com v ár ios e d if er en t es

elem ent os, sofr endo influência dir et a da consciência

r e f l e x i v a , g e r a n d o a t r i b u t o s p a r a a g e r ê n ci a d o

cuidado, que são, sobr et udo, sím bolos.

Qu an t o à in t er con ex ão d as cat eg or ias, n o

est udo( 1), m ediant e r edução m áx im a do pr ocesso de

c o d i f i c a ç ã o , v i s a a d e f i n i ç ã o d o s e l e m e n t o s

co n st i t u i n t es d o Mo d el o Par ad i g m át i co( 1 1 ). Ap ó s a

const r ução dos códigos, subcat egor ias e cat egor ias,

f oi r ealizad a a or g an ização d eles em con f or m id ad e

com o m odelo ant eriorm ent e cit ado, o qual preceit ua

q u e a s c a t e g o r i a s d e v e m s e r r e a n a l i s a d a s ,

com par adas e or den adas, de m odo a iden t if icar os

seg u i n t es el em en t o s: f en ô m en o , co n d i ção cau sal ,

con t ex t o, est r at ég ias d e ação/ in t er ação, con d ições

in t er v en ien t es e con sequ ên cias.

Ressalt a- se que o obj et ivo da aplicação desse

m o d e l o é a i d e n t i f i ca çã o d a i d e i a ce n t r a l q u e é

perm eada pelas dem ais cat egorias, a qual fará surgir

a t e o r i a s u b s t a n t i v a / m o d e l o t e ó r i c o , m e d i a n t e

in t er con ex ão das div er sas cat egor ias en con t r adas.

Ao buscar pela com pr eensão da v iv ência de

e n f e r m e i r o s , e m r e l a ç ã o a o g e r e n c i a m e n t o d o

cuidado, a aut ora verificou que essa vivência consist e

n u m p r o c e s s o d i n â m i c o , v i v e n c i a d o p o r c a d a

pr ofissional, onde se obser v a a necessidade de alçar

m ãos de est r at égias de m odo qu e o ger en ciam en t o

d o c u i d a d o p o s s a a s e d e s e n v o l v e r e m p r o l d a

d e m a n d a so l i ci t a d a , se j a d a i n st i t u i çã o se j a d o

p acien t e.

A p ar t ir d a in t er ação est ab elecid a com os

suj eit os desse est udo, pela busca incansável do m odo

d e g er en ciar d o en f er m eir o, v er if icou - se, em m eio

ao processo de análise com parat iva dos dados, desde

o início da codificação at é a cat egorização e a conexão

en t r e as cat eg or ias, em cad a u m a d essas et ap as,

q u e o en f er m eir o se p r eocu p a n ão ap en as com as

fu n ções qu e dev e desen v olv er com o pr ofission al de

e n f e r m a g e m , m a s c o m a q u e l a s d e o u t r o s

p r of ission ais.

Sendo assim , verificou- se que os enferm eiros

t e n t a m r e c o n s t r u i r f o r m a s d e g e r e n c i a r e m

enfer m agem , haj a v ist a as dificuldades encont r adas

na realidade vivida por eles, em âm bit o inst it ucional.

Nesse con t ex t o, q u est ion am en t os d o t ip o:

q u al o sig n if icad o q u e o en f er m eir o at r ib u i ao seu

g er en ci am en t o em t er m o s d o cu i d ad o em âm b i t o

o r g a n i za ci o n a l ? Co m o o e n f e r m e i r o r e a l i za e sse

gerenciam ent o? Quais os enfrent am ent os decorrent es

d e su a a t u a çã o ? Co m o é i n i ci a r e d e se n v o l v e r a

ex per iên cia/ v iv ên cia do ger en ciam en t o do cu idado?

Tendo em vist a t ais reflexões iniciais sobre a realidade

i n v e s t i g a d a , e v i d e n c i a r a m - s e i n f o r m a ç õ e s q u e

or iginar am os códigos que passar am a subcat egor ias

e essas a cat egor ias, culm inando na evidenciação de

u m f e n ô m e n o ce n t r a l . Esse p r o ce sso p o ssi b i l i t o u

d elin ear o sig n if icad o at r ib u íd o p elo en f er m eir o ao

g e r e n c i a m e n t o d o c u i d a d o , q u e s e t r a d u z n a s

v i v ê n c i a s d o s s u j e i t o s i n v e s t i g a d o s , b e m c o m o

v alidadas pelo gr u po n o qu al foi aplicado o m odelo

t eór ico.

Assim , delineou- se os elem ent os do m odelo

p ar ad i g m át i co q u e com p õem o f en ôm en o cen t r al :

(7)

- e n f r e n t a n d o o s d e s a f i o s i n s t i t u c i o n a i s e d e v alor ização p r of ission al.

A s s i m o s e l e m e n t o s / s i t u a ç õ e s q u e

possibilit am o surgim ent o do fenôm eno são: Condição

Causal - Relacionando- se com o ser pacient e gerador d a g er ên ci a d o cu i d a d o ; Co n t ex t o - D i scu t i n d o o

cenár io de r ealização do cuidado e const it uídas pelo

t e m p o , e s p a ç o , c u l t u r a , s i t u a ç ã o e c o n ô m i c a e

t ecnológica, hist ória, biografia pessoal, dent re out ros,

ap on t an d o as con d ições est r u t u r ais q u e se ap óiam

n a s e st r a t é g i a s e q u e p e r t e n ce m a o f e n ô m e n o ;

Co n d i ç õ e s I n t e r v e n i e n t e s - Co n v i v e n d o c o m a s b a r r e i r a s e f a ci l i d a d e s p a r a o g e r e n ci a m e n t o d o

cu i d a d o , i d e n t i f i ca d a s co m o ca r á t e r p r o ce ssu a l

( sequências, m ov im ent o, m udanças, dent r e out r os) ,

com um pr opósit o, um a finalidade, sendo im por t ant e

t am bém as não ações; Est rat égias de Ação/ I nt eração

- B u s c a n d o f o r m a s d e g e r e n c i a r o c u i d a d o s ã o ident ificadas com o os r esult ados ou ex pect at iv as da

a ç ã o / i n t e r a ç ã o e m r e l a ç ã o a u m d e t e r m i n a d o

fenôm eno, r esult ado/ r espost a, posit iv a ou negat iv a;

Co n s e q u ê n c i a s - Re f l e t i n d o a s r e p e r c u s s õ e s d o cu idado ger en ciado pelo en f er m eir o.

Pa r a se ch e g a r a e ssa co n f o r m a çã o , e m

t erm os das cat egorias que represent am os elem ent os

do m odelo par adigm át ico, são n ecessár ias div er sas

r eflex ões acer ca dos dados colet ados e codificados.

Pode- se dizer que consist e em t r abalho dur o, difícil,

q u e ex i g e d ed i ca çã o , co n st â n ci a , co n cen t r a çã o e

abst ração profunda em m eio a um volum e grande de

dados e à necessidade de t r anscendê- los par a poder

encam inhar o r elat o do pr ocesso ex per enciado pelas

enfer m eiras no ger enciam ent o do cuidado hospit alar.

A a u t o r a c o n c l u i q u e a s c a t e g o r i a s

en con t r ad as con st it u em et ap as d a ex p er iên cia d os

en f er m eir os, d esd e o m om en t o q u e se d isp õem a

gerenciar o cuidado. A part ir da análise das cat egorias

ex t r aiu - se as bases qu e den ot am a cau sa, ef eit o e

co n seq u ên ci a, sen d o q u e i d en t i f i cam o f en ô m en o

cent ral. Para que o enferm eiro não perca seu prest ígio

e v i si b i l i d a d e , b a st a p a ssa r a d e se m p e n h a r su a s

f u n ç õ e s p r e v i a m e n t e e s t a b e l e c i d a s , a g i n d o e m

beneficio da classe, t rabalhando prem issas referent es

a con f lit os, r elacion am en t o in t er p essoal, d ef in ição/

cum pr im ent o de funções. Pois, dessa for m a, poder

-se- á ev it ar a possibilidade de su bst it u ição da m

ão-d e - o b r a q u a l i f i c a ão-d a ão-d o e n f e r m e i r o , p o r o u t r o s

pr ofissionais sem o nív el de for m ação e pr epar o que

as escolas t êm d ad o a esse p r of ission al q u e é d e

ex t r em o v alor e im por t ância par a a pr ofissão.

CONCLUSÃO

O pr esent e est udo não t ev e a pr et ensão de

esgot ar a TFD, cont udo, obj et iv ou- se apr esent á- la e

discut i- la de m odo sim plificado e didát ico, possibilit ando

àqu eles qu e alm ej am t r abalh ar com t al per spect iv a

um a m elhor com pr eensão de suas bases.

D e f e n d e - s e a TFD c o m o u m r e f e r e n c i a l

m e t o d o l ó g i c o n a r e a l i z a ç ã o d e p e s q u i s a s e m

q u aisq u er âm b it os, em esp ecial o d a en f er m ag em ,

t en d o em v i st a a p o ssi b i l i d a d e d e co n st r u çã o d e

con h ecim en t o de r ealidades pou co ex plor adas. Esse

p ossib ilit a n ov o olh ar sob r e a r ealid ad e e, assim ,

buscar pelas quest ões que est ão v eladas m ediant e a

co m p r e e n sã o d e si g n i f i ca d o s q u e a t o r e s so ci a i s

at r ibuem a suas pr ópr ias ações e int er ações.

Concom it ant e a isso, essa m et odologia é um a

pr om essa par a o ent endim ent o global e pr ofundo do

con h ecim en t o da en f er m agem e u m m eio de ger ar

t eor ias a p ar t ir d a p r át ica d e en f er m ag em . Desse

m o d o , a TFD s e c o n c r e t i z a c o m o u m m é t o d o

i m p o r t a n t e e c o n s i s t e n t e p a r a a r e a l i z a ç ã o d e

p esq u isas esp ecialm en t e n a ár ea d a En f er m ag em ,

cu j o obj et o de est u do en v olv e in t er ações h u m an as.

Essas confor m am fenôm enos da pr át ica da pr ofissão

ainda não desvelados e devidam ent e com pr eendidos,

m ed i an t e o r i g o r r eq u er i d o p ar a a co n st r u ção d e

con h ecim en t os de abor dagem qu alit at iv a.

REFERÊNCI AS

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Referências

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Enferm agem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem , Brasil, e- m ail: am elinha@usp.br; 3

1 Enferm eira, Mestre em Enferm agem , Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil, e-m ail: m fck@yahoo.com.. 2 Enferm

1 Enferm eira, Universidade Est adual de Cam pinas, aluna de dout orado, e- m ail: rosangelahiga@bol.com .br; 2 Enferm eira, Livre- docent e, Professor Associado, e- m ail:

1 Mestre em Enferm agem , Enferm eira da Secretaria de Saúde de Maringá, Brasil, e- m ail: analuferrer@hotm ail.com ; 2 Doutor em Filosofia da Enferm agem , Docent e

do Prêm io “ Enferm eira Jane da Fonseca Proença” ; 2 Enferm eira no Hospit al Casa de Saúde Cam pinas, e- m ail: rubi.rc@bol.com .br; 3 Dout or, Professor, Faculdade

1 Trabalho extraído da Tese de Doutorado; 2 Enferm eira, Professor Dout or da Faculdade de Medicina de Marília, Brasil, e- m ail: etakeda@terra.com .br; 3 Enferm eira

1 Enferm eira; Doutor em Enferm agem , e- m ail: soniaapaiva@terra.com .br; 2 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo,

desenvolvim ento da pesquisa em enferm agem , e- m ail: lyraj r@fcfrp.usp.br; 2 Farm acêutico, Mestre; 3 Enferm eira, Professor Associado Escola de Enferm agem de