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Turismo Pelo Brasil

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Dos Anais do Conselho de T

Dos Anais do Conselho de T

Dos Anais do Conselho de T

Dos Anais do Conselho de T

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PRESIDENTE Oswaldo Trigueiros Jr.

VICE-PRESIDENTE Hélio Carlos de Souza SECRETÁRIO-EXECUTIVO José Maria Mendes Pereira CONSELHEIROS Alfredo Laufer Andrea Nakane

Angelo Muniz Freire Vivacqua Ayrton Baffa

Aylton Costa

Bayard do Couto Boiteux Beatriz Helena Biancardini Scvirer Carlos Alberto de Andrade Pinto Carlos Américo Sampaio Vianna Carlos Augusto Guimarães Filho Carmem Fridman Sirotsky Cleber Brisis de Oliviera

Cristiano Rodrigues Teixeira da Silva Cristóvão Leite de Castro

Daltro Assunção Nogueira Darcy Daniel de Deus Décio Camões

Dirceu Ezequiel de Azevedo Eduardo Jenner Farah de Araujo Elza Soares Costa Marques Enrico Lavagetto Francisco Inácio Havas Genaro Cesário George Irmes Gilson Campos Gilson Gomes Novo Glória de Britto Pereira Glória Konrath Nabuco Gontijo José Theodoro

Harvey José Silvello Hélio Alonso

Homero Henrique Rosa Rangel Horácio Neves

Joana Palhares Joandre Antonio Ferraz João Augusto de Souza Lima João Portella Ribeiro Dantas Joaquim Xavier da Silveira Jomar Pereira da Silva José Carlos Tedesco Lia Márcia Ribeiro da Silva Luiz Carlos Barboza

Luiz Guilherme Neiva Cartolano Margaret Rose de Oliveira Santos Maria Eliza de Mattos

Maria Ercília Leite de Castro Mário Saladini

Maureen Flores

Maurício de Maldonado Werner Filho Mauro José de Miranda Gandra Milton Calheiros de Brito Murillo Couto

Nadir Regina Titton Parigot de Souza Nely Wyse Abaurre

Nilson Guilhem Guilhem O. Mário Braga Olavo Lyra Maia

Orlando Machado Sobrinho Orlando Kremer Machado Paulo Barreto de Araujo Paulo Pizão

Ricardo Frazão do Nascimento Roque Vicente Ferrer Sandra Tavares da Rosa

Sérgio Ricardo Martins de Almeida Tânia Omena

Waldir de Araujo Castro

Membros do Conselho de T

Membros do Conselho de T

Membros do Conselho de T

Membros do Conselho de T

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Turismo pelo Brasil

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Confederação Nacional do Comércio Confederação Nacional do Comércio Confederação Nacional do Comércio Confederação Nacional do Comércio Confederação Nacional do Comércio Brasília

Brasília Brasília Brasília Brasília

SBN Quadra 1 Bloco B - no 14, 15o ao 18o andar

Edifício Confederação Nacional do Comércio CEP 70041-902 - Brasília

PABX (61) 329-9500 | 329-9501 E-mail: cncdf@cnc.com.brcncdf@cnc.com.brcncdf@cnc.com.brcncdf@cnc.com.brcncdf@cnc.com.br Rio de Janeiro

Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro

Avenida General Justo, 307 CEP 20021-130 - Rio de Janeiro PABX (21) 3804-9200

E-mail: cncrj@cnc.com.brcncrj@cnc.com.brcncrj@cnc.com.brcncrj@cnc.com.brcncrj@cnc.com.br

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Confederação Nacional do Comércio

Turismo pelo Brasil/Confederação Nacional do Comércio, Conselho de Turismo. – Rio de Janeiro : CNC, 2001.

172 p.

1. Turismo. 2. Brasil. I. Título.

Projeto Gráfico: Projeto Gráfico: Projeto Gráfico: Projeto Gráfico:

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Apresentação Antonio Oliveira Santos

A Política Nacional de Turismo Caio Luiz de Carvalho

A Nova Visão Turística de São Paulo José Maria Mendes Pereira

O Turismo no Rio de Janeiro Roberto Gherardi

Turismo no Rio Grande do Norte Ivanaldo Bezerra Araújo Galvão

Turismo Ecológico no Amazonas Paulo Roberto dos Santos Corrêa

Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Sul Günther Staub

A Estratégia de Desenvolvimento do Paulo Renato Dantas Gaudenzi

Turismo da Bahia – 1991–2002

O Ceará Caminhando para o Novo Século Anya Ribeiro

O Pará e seu Potencial Turístico Adenauer Góes

Rio de Janeiro: o Plano Maravilha Gérard Bourgeaiseau

Pernambuco: Turismo Indutor de Desenvolvimento Frederico Loyo

Plano de Desenvolvimento Integral do Turismo do Kátia Lima

Maranhão – Plano Maior

Cruzeiros Marítimos Flávio de Almeida Coelho

Mato Grosso no Contexto do Turismo Mundial Ezequiel José Roberto

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Apresentação

T

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urismo pelo Brasilurismo pelo Brasilurismo pelo Brasilurismo pelo Brasilurismo pelo Brasil é mais uma contribuição da Confederação Nacional do mércio ao processo de desenvolvimento do turismo neste País. É, também, o reconhecimento do esforço feito na área governamental, em colaboração com a ini-ciativa privada, para consolidar a atividade turística.

Divulgando projetos e realizações dos Organismos Oficiais de Turismo do Brasil, tra-zidos ao plenário do nosso Conselho de Turismo pelos seus dirigentes, a CNC realça as suas estratégias de trabalho e manifesta o seu objetivo de manter o diálogo construti-vo e permanente com o governo, confirmando a sua construti-vocação para apoiar e fortalecer a evolução do turismo nacional.

Antonio Oliveira Santos

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A Política Nacional de Turismo

Caio Luiz de Carvalho

Caio Luiz de Carvalho

Caio Luiz de Carvalho

Caio Luiz de Carvalho

Caio Luiz de Carvalho

Presidente da Embratur

É

para mim uma honra muito grande estar aqui hoje com vocês. A última vez que estive aqui foi no final de 1993 ou no início de 1994, quando eu ainda era secre-tário nacional de turismo, e o ministro era o Sr. José Eduardo Andrade Vieira. Eu me lembro do carinho com que a Confederação Nacional do Comércio me recebeu na-quela ocasião, e fiquei impressionado com a organização que vocês demonstraram: foi a primeira vez que estive num local, falando de improviso, conversando com espe-cialistas e com companheiros que dominam este segmento, e logo em seguida recebi os anais da reunião contendo as notas taquigráficas de tudo o que eu falei – enfim, é uma organização ímpar. De lá para cá, muita coisa aconteceu, graças a Deus. Quem ler aquelas notas taquigráficas, tão bem elaboradas sob a supervisão do nosso José Maria, vai poder comparar e ver que as coisas começaram a acontecer.

Eu sempre fui uma pessoa muito cética com relação a uma explosão da indústria de viagens e turismo, de uma hora para outra neste País, pois este é um segmento econô-mico que exige ponderações e reflexões. A complexidade e o entendimento desse seg-mento cada vez mais me fascinam, pois constitui um desafio para todos nós que trabalhamos neste setor, principalmente num País como o Brasil. Mas hoje eu sou um otimista, não porque trabalho no governo, mas porque estou convencido de que o problema maior que atingia o nosso segmento, que era a falta de conscientização das autoridades, já não é um problema tão grave. Porque já foi muito pior. Nós avança-mos muito nesta área. Eu, como paulista, quero fazer uma ponderação aos compa-nheiros do Rio de Janeiro: nós, que vivemos em São Paulo e no Rio de Janeiro, às vezes não nos apercebemos do que é o Brasil. Esta é uma realidade sobre a qual eu tenho falado, e tenho sofrido muitas críticas dos meus companheiros de São Paulo por falar isso. Brasília é uma cidade que nos ensina muito nesta questão; lá você aprende a entender o Brasil, a despir a camisa do seu Estado de origem, e aí receber as carências, as demandas, vendo que as demandas que você menos recebe são justa-mente as desses dois Estados líderes, que são o Rio de Janeiro e São Paulo. Isso é um fato que a gente tem que analisar.

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saímos muito nas colunas sociais. Não que eu seja contra as colunas sociais, mas o fato positivo é que cada vez mais nós aparecemos nos cadernos econômicos, o que não acontecia no passado. Hoje é possível um prefeito de uma cidadezinha do Rio Grande do Norte chamada Ceará Mirim fazer um concurso público para contratar um bacharel em Turismo. E o mesmo está acontecendo em muitas outras cidades do País. Nossa imprensa especializada está procurando cada vez mais se aprimorar e fazer a leitura de

cases que acontecem em outros destinos. Agora, que tem muita coisa para acontecer,

tem.

Hoje, aqui, mais do que ter a pretensão de fazer uma palestra ou conferência, que não é o meu forte, eu adoraria tomar conhecimento daquilo que vocês gostariam de saber, e das experiências de quem está vivendo esse momento muito rico na história deste País. Ainda que haja muitos que não se adequaram à estabilidade financeira e têm saudade da ciranda financeira, o fato é que nós estamos evoluindo, e nosso País está partindo para um cenário extremamente otimista. Esse cenário otimista nos permite adquirir credibilidade no exterior, o que acaba beneficiando, de forma direta, o cenário futuro para o nosso segmento, que é o Turismo. Com a estabilidade, temos a vinda de investi-dores estrangeiros, de pessoas que querem fazer joint ventures no Brasil, ou de pessoas que estão interessadas em conhecer um pouco do que é o Mercosul.

Neste setor estamos tendo um grande crescimento mas temos tido também erros de estratégia. Há pouco eu conversava com o embaixador João Dantas sobre o perfil do turista que nós estamos procurando buscar. Isso nos custou muito no passado e, no Nordeste, está custando até agora. Como eu sempre digo, no turismo nós estamos sempre aprendendo. Ainda hoje mesmo, no elevador, o embaixador me falava sobre o Turismo de Negócios. É claro que o Turismo de Eventos e Negócios é hoje um seg-mento em que nós temos que investir cada vez mais. São Paulo, que tem todos os seus problemas sociais e estruturais, problemas de segurança, está com sua hotelaria com alta taxa de ocupação, devido ao Turismo de Negócios. Eu não aceito quando meus amigos hoteleiros se queixam, porque não dá para se queixar com as maiores taxas de ocupação hoteleira da América Latina e com a maior diária per capita da América Latina, que estão em São Paulo, por mais que as pesquisas não o digam. Eu me lembro de que, quando eu estava em São Paulo, em 1985 e 1986, a taxa de ocupação dos hotéis de Guarujá, em pleno mês de fevereiro, apontavam em 10%, quando os hotéis estavam lotados.

Aqui no Rio é diferente, porque o Rio é o maior portão de entrada de nosso País. Se o turismo do Rio de Janeiro vai bem, o turismo do Brasil cresce, e as coisas começam a

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acontecer. O nosso querido embaixador João Dantas fez uma ponderação que nunca tinha me passado pela cabeça, sobre o fato de o Rio de Janeiro ser a Cidade Maravilhosa e ser o maior destino turístico do País, sendo talvez até maior do que o Brasil, em termos de conhecimento – porque lá fora muitas vezes os estrangeiros só falam do Rio de Janeiro, não falam do Brasil. Há pouco tempo foi feita uma pesquisa em Nova Iorque por um especialista em marketing, Cid Pacheco, sobre o que os americanos pensavam do Rio de Janeiro. E o embaixador João Dantas há pouco me chamava a atenção para isso: em geral as pessoas não vêem o Rio de Janeiro como um destino para Turismo de Negócios. Mas acho que isso vai começar a mudar. Na verdade, já está começando a mudar. O Sr. Ronaldo Cesar Coelho vem fazendo um trabalho muito bom neste sentido, e acho que o próprio Mercosul, a Firjan ou a CNC podem contribuir para isso. Agora, eu gostaria de mostrar a vocês um vídeo que talvez alguns já tenham visto. Esse vídeo, que apontava caminhos, foi feito em março do ano passado, mas depois eu vou passar a apontar os resultados concretos que aconteceram desde aquela época até hoje. O vídeo é um pouco longo, mas é bem didático e nos poupa uma palestra, que seria um pouco chata. Gostaria de fazer algumas observações pontuais sobre o vídeo que acaba-mos de ver.

Quanto ao Projeto “Visite o Brasil”, nós não conseguimos fazê-lo decolar, porque depen-dia muito de o embaixador local vestir a camisa do Projeto. Na verdade ele só existe em Londres, por conta do nosso embaixador Rubens Barbosa, que, com muita competência, talento e amor à causa está fazendo com que melhore o fluxo turístico da Inglaterra para o Brasil. Outro lugar onde esse projeto está tendo sucesso é a Alemanha.

Outra coisa curiosa é a questão das feiras. Sabíamos que todos criticavam a Embratur, porque se apresentava mal nas feiras internacionais. Nós encontramos um modelo, junto com a Fenactur, que está sendo elogiado por todos. A partir do momento em que nós terceirizamos para a Fenactur, está sendo possível contratar profissionais lá fora a um preço menor, sem aqueles problemas de burocracia que acabavam inviabilizando a participação do Brasil. Então eu convido os companheiros a conversarem com os operadores do Rio de Janeiro que participaram das feiras. Tenho certeza de que a resposta certamente vai ser positiva, pois já melhorou muito a imagem do Brasil. Gostaria de abordar rapidamente quatro pontos que foram colocados no vídeo, que são as políticas macroestratégicas. É óbvio que não vou descer aos chamados objetivos estratégicos, porque eu costumo dizer que, objetivo, a gente só tem um: aumentar o fluxo de turistas no mercado interno, e captar turistas de outros mercados para o País.

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Este é o objetivo maior de qualquer órgão de Turismo e de qualquer pessoa que esteja trabalhando com Turismo. Mas as estratégias para que a gente chegue a isso são de dois tipos: as macroestratégias e aquelas 10 estratégias que foram colocadas no vídeo. Dentre essas macroestratégias eu gostaria de falar rapidamente sobre coisas importantes que estão acontecendo.

Primeiro, a questão da infra-estrutura básica. Está sendo feito um trabalho muito forte e hoje existe uma consciência de que não é possível o turista ir para uma região onde haja esgotos a céu aberto. Quem achar que isso é possível deve mudar de ramo, senão vai à falência. Porque hoje a concorrência cada vez mais se prepara, se embeleza, se veste; e, por mais que tenhamos recursos naturais e culturais, não vai ser só por isso que os turistas virão aqui. Certa vez ouvi uma colocação muito interessante feita pela prefeita de um pequeno Município brasileiro, que me dizia: “Doutor, não acredito nessa história de cidade turística; acho que cidade boa para o turista é aquela que é boa para o cidadão; se ela não for boa para o cidadão, não vai ser boa para o turista.” É por isso que eu falo que a gente está aprendendo sempre. Quando eu repeti essa colocação para o nosso querido prefeito Luiz Paulo Conde, na última sexta-feira, ele gostou muito, porque não existe uma frase mais verdadeira do que esta, para quem trabalha com turismo. Se você não se sente bem na sua cidade, como é que o turista vai se sentir bem nela? É fantástico o que se aprende trabalhando com Turismo. Então, a infra-estrutura básica é um setor em que o governo Fernando Henrique Cardoso está investindo muito. Mas está investdo não só em projeto; está in-vestindo em ações, em aeroportos, em rodovias, em saneamento básico das cidades turísticas. Isso é uma realidade, onde estão sendo investidos US$ 800 milhões. Na região da Amazônia Legal começam a ser investidos US$ 30 milhões. Estamos traba-lhando com o Prodetur Sul, por conta do Mercosul, com a Organização dos Estados Americanos e com o próprio BID e com o Banco Regional de Desenvolvimento Econô-mico e Social. E aqui, na nossa Região Sudeste, em boa hora eu vi que o nosso queri-do Roberto Gherardi se uniu ao presidente da Turminas, e os governaqueri-dores Mário Covas, Eduardo Azeredo, Marcello Alencar e Victor Buaiz se uniram, e nós estamos fazendo um programa de obras e infra-estrutura básica para a Região Sudeste. Existe aí uma questão que nós temos que entender: são programas de médio e longo prazos. O programa do Nordeste demorou quatro anos para acontecer. Só que, se ninguém tivesse começado há quatro anos, não teria acontecido nem agora.

Essa é uma questão pela qual eu me bato muito. Acho que a nossa geração, neste ponto – não que nós tenhamos errado, porque aqui estou vendo uma elite diante de

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mim – na teoria nós sabíamos tudo o que tinha que ser feito, mas infelizmente não levamos em conta as questões estruturais do País, as questões políticas. Eu me lembro que, em 1983, falar de turismo no Estado de São Paulo, era falar em concurso de miss, era dar banda e fanfarra para cidades do interior. Isso é que era Turismo. Hoje as coisas mudaram, e muito. Vocês podem encontrar às vezes alguém que foi colocado na direção de um órgão de turismo porque é amigo de um político poderoso e achava que naquele cargo poderia viajar e participar de coquetéis, mas isso é uma exceção, e esse cara não vai agüentar o tranco. No passado havia toda essa mentalidade, caracterizada pelo imediatismo dos políticos, da qual nós fomos vítimas, mas as coisas melhoraram. Eu gosto de repetir uma frase do governador do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves, que diz que se deve governar para as próximas gerações, não para as próximas eleições. O que aconteceu sempre na história deste País é que na hora em que alguém começava a ocupar um cargo público, ele já estava preocupado em ganhar as próximas eleições. Não estou generalizando, o que seria leviano, mas estou dramatizando, porque nós chegamos onde chegamos porque aconteceu alguma coisa.

Pois bem, acho otimista o cenário de hoje. Temos uma convivência muito saudável com uma estabilidade em que ninguém acreditava, e que, ainda, hoje alguns acham que não vai dar certo. Porque aqui no Brasil a gente tem que, primeiro, fazer com que dê certo e, depois, torcer para que não venha algum desesperado débil mental estra-gar tudo. Porque existe uma tendência a torcer pelo naufrágio, segundo a tese do “quanto pior, melhor”. Isso é uma coisa que nós temos que extirpar deste País. Nós, que estamos aqui, e que somos uma Elite com E maiúsculo, uma elite pensante, uma elite idealista, temos que enfrentar isso. Nesse sentido, acho que o cenário é muito positivo, porque hoje temos a preocupação de que Turismo se faz com infra-estrutura básica, com programas de capacitação profissional, com uma busca da melhoria da qualidade dos serviços, com legislação moderna competitiva diante de mercados con-correntes, e, também, com muito marketing promocional. Como é que nós vamos ser conhecidos se não investirmos em marketing promocional? Essa parceria que foi feita nesses três anos, foi um trabalho de formiga, um trabalho que não aparece para a imprensa.

Eu me revolto muito quando a mídia começa a divulgar algumas coisas da Embratur que estão começando a sair do forno, e dizem: “Puxa, agora você está trabalhando, está de parabéns.” E pouca gente sabe que custou dois anos de trabalho para que esse produto fosse uma realidade. Foram necessários dois anos de trabalho para viabilizar o maior orçamento da história da Embratur. Antes, em cada congresso da ABAV, meus

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companheiros e muitas pessoas idealistas faziam palestras e diziam: “no ano que vem vamos ter US$ 14 milhões para investir em marketing e promoção”, e nós nunca tivemos dinheiro. A média da Embratur, nos últimos 10 ou 15 anos, era de US$ 3 milhões por ano para investir em marketing e promoção, para reverter percepções, reverter tendências. E nós achávamos que com isso seria possível resolver todos os problemas. Agora, não adiantava você achar que iria resolver porque você era amigo do presidente, ou porque você era uma pessoa séria, ou porque o setor privado estava do seu lado, e os jornalistas do setor estavam do seu lado. Você tinha que ir lá, perder um ano com planejamento estratégico que tivesse pé e cabeça, para convencer o técnico lá de baixo do Ministério do Planejamento, para mostrar a ele que aquele dinheiro iria ser aplicado dentro de um planejamento. E isso foi feito. Mas não foi feito só por mim; foi feito por todos os companheiros da Embratur, pelas pessoas que trabalhavam no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.

Sem dúvida – neste ponto eu sou realmente cabotino – o presidente Fernando Henrique Cardoso é uma pessoa que acredita realmente no Turismo. Ele acredita mesmo. Infe-lizmente eu não tive a oportunidade de falar com ele aqui no Rio, mas estive com ele em sete ou oito eventos, em dois anos, onde ele presidiu eventos da Embratur, o que é uma coisa inédita neste País. Há pouco tempo, o jornalista Horácio Neves, do Brasilturis, perguntou ao presidente se ele podia fazer uma mensagem, e ele falou para a Ana Tavares: “Manda uma foto de quando eu estava na Amazônia, pescando de barco.” Isso quer dizer que ele acredita nessa indústria.

Agora, é claro que isso passou também por um processo profundo e muito dramático de nós sacrificarmos amigos e pessoas muito competentes, que trabalhavam na Embratur. Eu peguei a Embratur com 260 funcionários e ela está hoje com 162. Houve uma mudança para Brasília, feita de uma forma burra, e que acabou dando problemas para o turismo brasileiro, pois acabou fazendo com que os melhores técni-cos da Embratur, que estavam aqui – a cultura da casa estava aqui – acabassem sendo massacrados. E sem alternativa. Ninguém poderia resolver esse problema. Eu sofri muito porque tive amigos meus que hoje até se aposentaram, que saíram duran-te a minha gestão. Muitos técnicos saíram duranduran-te a minha gestão. Mas o fato é o seguinte: a lei foi mudada. E mudar essa lei parecia impossível.

Eu acho que, como eu disse, isso é passado. Temos aqui o Nilo, que é um profissional da área, um companheiro de vocês, pois o ministro Dornelles fez questão de manter o Nilo como chefe do escritório da Embratur aqui. Ele é um hoteleiro, uma pessoa que

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conhece vocês, e eu queria que cada vez mais vocês o utilizassem. Virão muitas boas notícias para o Rio de Janeiro, entre elas, 17 eventos por todo o País para vender a idéia “O Rio é de Vocês”, como ele começou um projeto-piloto no ano passado e vai continuar este ano. Nós vamos investir muito no Mercosul.

Voltando à questão do marketing e promoção, devo dizer que todo esse trabalho acabou desembocando em US$ 24 milhões para investirmos em marketing e promoção, o que é algo real. Então, nós estamos começando a aparecer na mídia, vamos aparecer cada vez mais na mídia internacional. Está aí o Roston, nosso diretor de marketing, que está acompanhando a veiculação durante o ano inteiro, pela CNN, de um clipe de um minuto em âmbito mundial, sobre o Brasil. Isso vai ajudar a reverter a percepção daquelas questões que sempre macularam a imagem do Brasil. Isso não significa que nós não vamos ter ações pontuais em mercados principais da Europa, como Alema-nha e França, além dos Estados Unidos e o Mercosul.

Há uma outra coisa que é muito importante. O maior programa que está se fazendo neste País, hoje, é um programa que não aparece, e que talvez alguns de vocês conhe-çam: é o Programa Nacional de Municipalização do Turismo. Alguns empresários acham que municipalização não tem nada a ver com eles, mas como os senhores viram, o vídeo mostrado há pouco dizia que o Brasil tinha 1.400 municípios com potencial turístico, dos quais 600 já tinham aderido à metodologia da Organização Mundial de Turismo. Hoje nós temos 1.580 municípios com potencial turístico, dos quais 800 já aderiram àquela metodologia. Como na nossa área nós temos muito daquela história de São Tomás de Aquino – o boi que voava – eu gostaria de apresen-tar agora um outro vídeo que mostra o que está acontecendo. Nós temos, espalhados por todo o País, 236 agentes multiplicadores formados, isto é, professores; além disso, nós temos 1.200 monitores treinados, que podem dar aulas, depois de aprender a aplicação dessa metodologia através de um método alemão – está aqui o Rizzotto, que conhece bem o assunto – pelo qual, através de divergências, se chega a um obje-tivo comum, e se vai buscar aquele objeobje-tivo com metas definidas, e executar essas metas. Posso citar o caso de um rapazinho que chegou ao Ministério como digitador contratado por uma empresa de segurança, e hoje dá palestras por aí, falando sobre planejamento turístico municipal; ele não tem nem curso superior, mas é uma pes-soa que encanta prefeitos, secretários e empresários locais. Eu acho que esse progra-ma é um modelo para o País, e vai ter uprogra-ma interferência profunda num País como o Brasil, no maior mercado de turismo, que é o Rio de Janeiro, porque ele está melho-rando a qualidade do produto turístico nacional a partir do núcleo, da base, que é o

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Município. Na hora em que você mexe com o núcleo e com a base, você acaba fazendo com que melhore o produto turístico nacional como um todo. Esse programa trata, primeiro, de conscientizar a comunidade. Por exemplo, conscientizar o dono de uma sapataria de que o turismo é bom para ele, não porque o turista vai chegar no município e comprar sapatos, mas porque vai injetar dinheiro no município, e os cidadãos daquele município vão poder comprar mais sapatos. Isso faz com que haja todo um engajamento da sociedade local. Isso muda o método de gestão do prefeito com as coisas do turismo, faz com que o setor privado tenha assento paritário no Conselho Municipal de Turismo, e mais: dá o caminho das pedras para que esse Município possa, por exemplo, criar um fundo de marketing e promoção com receitas próprias, como aconteceu, por exemplo, com a Foztur, em Foz do Iguaçu, onde criaram um mecanismo pelo qual o ônibus deixa um pedágio, e assim por diante, de modo que o Município acabou criando o seu próprio fundo. Por isso foi que eu disse que a partir de 1998 vamos ter um cenário extraordiná-rio, porque está vindo uma geração que nós não tínhamos no passado, ou seja, uma geração consciente de que turismo é fato econômico e social, e que o turismo pode ser talvez o instrumento maior para nós gerarmos empregos e diminuirmos as nossas diferenças regionais.

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A Nova Visão Turística de São Paulo

José Maria Mendes Pereira

José Maria Mendes Pereira

José Maria Mendes Pereira

José Maria Mendes Pereira

José Maria Mendes Pereira

Secretário de Turismo da Cidade de São Paulo

A

tendendo convites e convocações, tenho percorrido este País falando sobre mo e seus reflexos nos programas do governador Laudo Natel, interessado em transformar o fenômeno turístico na nova variável do processo de desenvolvimento de São Paulo.

Essas andanças não decorrem de méritos pessoais, mas da condição de ser uma voz de São Paulo, representante de sua força e de sua liderança no País como fator de êxitos econômicos e de avanços tecnológicos e científicos. É um dever profissional que cum-pro prazeirosamente e honrado, sobretudo, como no caso presente, em que me curvo à imposição afetiva desse grande amigo, o Dr. Corintho de Arruda Falcão, que preside com tanto brilho este Conselho e é o grande boss da atividade hoteleira e turística no Brasil.

Envolvido pela máquina da comunicação, o faço com humildade e cautela, reconhe-cendo os riscos e inconvenientes dessa exposição. Se fosse apenas trocar idéias e trans-mitir experiências, tudo bem. Seria mais um neste País de especialistas em turismo, com a verdade individual querendo ser a verdade universal. Um cenário para impro-visações e espertezas, um palco nem sempre atento às perspectivas e realidades do turismo.

Apesar de tudo, a verdade é que o turismo nacional está caminhando bem. Sua posi-ção na estrutura governamental é boa, se bem assimilado o processo geral do plane-jamento oficial, cujos objetivos nacionais, entre os quais ele não se encontra, são prioritários e centralizam todo o esforço do governo.

Atente-se para a política dos transportes, com a implantação, melhoria e conservação dos equipamentos; para os programas de defesa de meio ambiente; para os projetos de saneamento e educação; para o crescimento econômico do País e a projeção da imagem do seu progresso no exterior; para os planos regionais, estaduais e munici-pais de avaliação e levantamento de recursos – e teremos uma boa visão do Turismo, que vive e se expande em função desses indicadores, constatando que a atividade consolida-se como fator de desenvolvimento.

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Estamos queimando etapas para colocar o setor como prioridade nacional, para a transformação deste País em potência turística, situação da qual ainda estamos longe, ao contrário do que muitos afirmam, e o fazem por ignorância, desconhecendo os fatos e a verdade.

Poderemos ter o turismo, e o teremos, certamente, como alternativa econômica, como instrumento de aceleração do nosso crescimento, uma contribuição valiosa ao nosso progresso, mas nunca como fator básico, preponderante de nossa riqueza, cuja estru-tura e fundamentos são de outra ordem e origem.

E não vejam heresia nesta minha afirmação. Trata-se apenas de colocar o problema nos seus devidos termos. De racionalizar o assunto. Entendendo, sem afoitezas e oba-oba, a inter-relação entre política geral de desenvolvimento e política setorial de turis-mo. Constatando a existência de metas prefixadas mais importantes, planos estabele-cidos mais convenientes e objetivos programados mais urgentes e preferenciais, pos-tergando projetos setoriais, por mais bem situados que sejam, para oportunidades futuras.

Em função disso é que a elaboração turística concentra-se, cada vez mais, nos órgãos centrais de planejamento. Aos organismos turísticos delega-se a função de acompa-nhar o fenômeno, medindo-o, avaliando-o, determinando as normas da sua oferta e ativando a comercialização dos seus produtos, tendência apontada por Giovanni Fresco no I Seminário de Turismo, promovido pelo BID, em julho de 1971, em Washington. Tendência absorvida pela legislação brasileira, reservando ao Ministério do Planeja-mento, através do IPEA, órgão do Sistema Nacional de Turismo, a atribuição de reali-zar estudos, pesquisas e análises turísticas.

O I Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, aliás, refere-se ao turis-mo, como de resto toda a legislação brasileira, sem o entusiasmo fácil de certos círcu-los da atualidade turística brasileira, recomendando o essencial:

“O Plano deve incluir medidas que visem ao incremento do turismo, tanto de corren-tes turísticas internacionais como internas, dotando-se as regiões propícias de condi-ções favoráveis.”

Maior síntese, impossível. Esse enfoque parcimonioso do PND resulta da colocação de outras metas, mais ambiciosas e coerentes com a conjuntura nacional atual, tal como manter o Brasil, até 1994, entre os 10 países de maior nível global e Produto Interno Bruto no mundo ocidental, passando de nono para o oitavo lugar, bem como

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ultra-passar a casa dos 500 dólares de renda per capita ainda em 1994. Com esse objetivo prevê investimentos conjuntos do setor público e do setor privado da ordem de 180 bilhões de cruzeiros (a preços de 1972), considerados suficientes para assegurar uma taxa de crescimento de oito a 10% ao ano.

A se confirmarem essas previsões, o Brasil chegará ao final do próximo ano com um PIB superior a 300 bilhões de cruzeiros, equivalentes a 54 bilhões de dólares, a preços atuais.

Esta digressão confirma com os argumentos do PND o que venho expondo: o turismo no modelo brasileiro de desenvolvimento não é atividade prioritária, como muitos pensam, razão pela qual não lhe são alocados recursos maiores para expansão. Essa não-prioridade, no entanto, não impede que se opere o setor visando o seu me-lhor aproveitamento no panorama estrutural do País. Tarefa a que devemos estar voltados, com criatividade e poder de aglutinação, os homens que estudamos e traba-lhamos o turismo nos organismos oficiais e na iniciativa privada, está tão bem e brilhantemente representada neste Conselho.

Angelo Mariotti indica, nessa linha, que uma Política Nacional de Turismo deve preo-cupar-se em estruturar apoio contínuo e construtivo à iniciativa privada através de uma tríplice função de promoção, impulsão e dissuasão:

“Estimulando as energias potenciais, favorecendo as realizações em andamento e, eventualmente, opondo-se ou desviando as manifestações para outros objetivos quando os previstos resultam evidentemente antieconômicos.”

O mestre italiano ensina, também, que promoção é uma ação geral de estímulo à iniciativa privada no campo turístico, ação de natureza complexa e com base na informação estatística do fenômeno.

E no desconhecimento estatístico está o “calcanhar-de-aquiles” do turismo brasilei-ro. A essencialidade estatística ainda não está resolvida. E com o desconhecimento dos números, estamos, em muitos casos, vivendo de profecias e palpites. Ainda não dimensionamos o turismo internacional que interessa ao Brasil (permanência, per-noites por categoria de alojamento, distribuição geográfica de fluxos e gastos ou in-versão pessoal). Nossa oferta é aleatória, quando já deveria ser precisa: alojamentos, com localização, categoria, capacidade e índice de ocupação sazonal, equipamento turístico complementar e inventário turístico. Somos carentes de estudos e análises estruturais, de avaliações econômicas, sociais e administrativas.

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O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas editou Resolução no 469-E, em 27 de

abril de 1953, estabelecendo a classificação básica da estatística turística. O Conselho Nacional de Turismo baixou a Resolução no 71, de 10.04.1969, estabelecendo normas

para a pesquisa turística. Não as transcreverei, são longas e detalhistas, não cabem nesta palestra. Mas, faço a menção visando mostrar que o assunto é importante, que a maté-ria não pode mais ser ignorada, que o tema deve estar presente na preocupação dos estudiosos, ficando sua responsabilidade executiva com o governo.

Encarando essa deficiência, o governo paulista está implantando o Sistema Estadual de Estatística Turística, cujos estudos deflagrei quando Diretor-geral de Turismo do Estado. Silenciosamente, longe dos holofotes da mídia, estamos procedendo os primeiros levan-tamentos e analisando os elementos inerentes ao movimento turístico paulista. Ao transferir-me este ano da Diretoria de Turismo da Secretaria de Estado para o cargo de Secretário de Turismo da capital paulista, trouxe o mesmo espírito de realização, a mesma vontade de criar um núcleo técnico voltado para esses estudos e pesquisas, nascendo daí a Central de Documentação e Informação Turística – Ceditur, encarre-gada da coleta, classificação, tabulação e distribuição das informações. A Ceditur, que pretendo instalada em quatro meses, permitirá a exposição e venda em melhores condições de comercialização do produto turístico paulistano como um conjunto de bens e serviços de boa apresentação e qualidade.

Possibilitando o conhecimento dos recursos paulistanos e sua exploração racional, a Ceditur dirigirá sua ação para o empresário do setor, abastecendo-o com informações técnicas sobre o mercado, provendo-o de elementos objetivos para estruturar suas operações e planos econômicos.

O que estamos fazendo em São Paulo poderá ser um exemplo para outras cidades ou estados. Seremos um laboratório para outros organismos oficiais, já que atingimos um ponto ideal na conjugação de esforços do Estado, do Município e da iniciativa privada no ânimo de criatividade e realização.

O nosso plano é simples, com princípios funcionais de Política Turística englobados na Política Municipal de Turismo do prefeito Miguel Colasuanno, visando:

I. I.I.

I.I. Reconhecer o Turismo como atividade privada, cabendo ao governo a orienta-ção normativa, de disciplina e estímulo.

II. II.II.

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como negócio de todo mundo, envolvendo todos os setores do governo. III.

III. III. III.

III. Criar um sistema de informações básicas sobre as atrações turísticas, sua identifi-cação e aproveitamento.

I V I V I V I V

I V... Implantar o Sistema Municipal de Estatísticas Turísticas, permanente e sistema-ticamente atualizado, que permita o conhecimento e exploração dos recursos existentes e potenciais.

VVVVV... Estimular as atividades da iniciativa privada, fornecendo-lhe informações sobre o mercado com dados objetivos e aptos à estruturação do seu plano econômico. VI.

VI. VI. VI.

VI. Incentivar a instalação de infra-estrutura básica que atenda às necessidades da recepção turística e à estrutura da recreação popular.

VII. VII. VII. VII.

VII. Conquistar o mercado turístico, doméstico e internacional, além da corrente de negócios, mediante estratégia de marketing montada sobre novos equipa-mentos urbanos, levantamento da potencialidade, inventário de recursos e promoção.

VIII. VIII. VIII. VIII.

VIII. Aproveitar o parque de lazer para a recreação organizada e adequação das aco-modações públicas para a sua prática: estádios, ginásios, parques, praças, repre-sas, auditórios, bibliotecas, mirantes e casas de espetáculos, racionalizando o uso da folga da população permanente e incluindo este equipamento nos proje-tos turísticos para os visitantes.

Para desenvolver esta política, a Secretaria esta voltada para os seguintes projetos: I.

I. I. I.

I. Pesquisa de mercado e de opinião. II.

II. II. II.

II. Inventário turístico. III.

III. III. III.

III.Instalação da Ceditur, com escritório central e postos periféricos e nas áreas de acesso à cidade.

IV IV IV IV

IV... Criação de uma imagem turística para São Paulo, acionando esquema de propa-ganda, publicidade e relações públicas.

VVVVV... Conscientização turística da comunidade (hábitos de hospitalidade), criação e coordenação de eventos com projeção nacional e internacional, incentivo à apre-sentação decorativa de estabelecimentos comerciais, prédios públicos e logradouros,

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em parceria com a iniciativa privada; campanha educacional na rede municipal de ensino sobre as vantagens e benefícios do turismo; abertura de clubes e agremiações fechadas à visitantes e freqüência de viajantes.

VI. VI.VI.

VI.VI. Descentralização da rede hoteleira, com sua expansão para novas áreas, aliviando a pressão hoje existente no centro da cidade.

Política e projetos, como vocês podem ver, sintetizando uma programação de curto prazo, vinculado à recomendação do PND no sentido de “dotar as regiões propícias de condições favoráveis ao incremento do Turismo”.

Apesar de uma certa tendência, especialmente aqui no Rio, de menosprezar as possi-bilidades turísticas de São Paulo, trabalhamos para reverter esse quadro. Sua condi-ção de megalópole, seu paisagismo austero, a carência de recursos naturais clássicos no turismo de lazer, levam a essa observação equivocada.

Hoje mesmo, ao chegar aqui, informaram-me que alguém, no Congresso de Hotelaria da semana passada, teria declarado que “em São Paulo não existe turismo e ninguém lá sabe o que é turismo”. Não é bem assim. Não somos gênios, como alguns se consi-deram, mas trabalhamos com seriedade para incorporar à imagem tradicional do poderio industrial e da grandiosidade econômica essa nova variável, o turismo, no seu processo de desenvolvimento.

O Turismo de Negócios, em que somos imbatíveis, mostra-nos indicadores satisfatórios para a atividade em geral: chegada de viajantes, hospedagem hoteleira, destino prefe-rencial e inversão pessoal em taxas de alto nível.

Outra razão do estímulo que o turismo está recebendo em São Paulo é que a ninguém é dado desconhecer, nos dias atuais, do seu papel como acelerador do movimento econômico, em razão dos fluxos monetários e de bens e serviços que produz, além das vantagens humanas provenientes do intercâmbio entre pessoas e povos.

Por outro lado, organizando, facilitando, complementando e adaptando o lazer às injunções da sociedade, cada vez mais carente de liberdade para a prática de ativida-des extraprofissionais, de apelos para o ativida-desenvolvimento do senso artístico e para as oportunidades de aperfeiçoamento da personalidade – o Turismo ocupa lugar de des-taque como vetor de negócios no destino e no preenchimento das necessidade da personalidade.

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Daí, o engajamento de São Paulo no processo de desenvolvimento turístico deste País. Sendo o maior Estado da Federação e sua capital a maior cidade do Brasil como população e poderio econômico, sua participação no movimento turístico seria inevi-tável, porque não iria parar exatamente diante da indústria do momento, quando em outros setores avança e destaca-se.

Por isso propusemos, o Secretário do Estado Pedro Padilha e eu, o projeto do Roteiro Turístico Integrado Rio-São Paulo. A proposta de três meses atrás, ainda não evoluiu, por falta de retorno. Mas continua de pé. Agora desdobrada para toda região Sudeste. Levaremos o assunto à Reunião Nacional de Turismo, a iniciar-se amanhã, esperan-do sua aesperan-doção pelos estaesperan-dos interessaesperan-dos, já que se trata de mecanismo ideal para o pleno desenvolvimento turístico da região.

Regionalizando a ação em torno dos recursos e atrativos de toda a região, estaremos beneficiando diretamente a todos os estados interessados e indiretamente a atividade em todo o País. O fortalecimento do produto assim realizado atrairá visitantes com mais facilidade.

Todos sabemos que a oferta não é tudo em turismo. Não é nada, se não existir uma demanda nela interessada. Transformado em princípio, Tagliacarne enunciou: é pre-ferível dominar a demanda do que possuir uma boa oferta.

O Roteiro Integrado é a ferramenta apropriada para esse trabalho, ao reunir em um mesmo pacote apelos diversificados, atrativos diferentes e motivações desiguais, faci-litando a atração como somatório de recursos regionais ao invés da limitação do produto local de um destino isolado.

Em outra oportunidade que me for dada, alongarei este tema. No limite do tempo para esta fala, ficarei por aqui.

Resta-me agradecer a honra do convite da CNC, possivelmente influenciada por esse grande amigo, o presidente Corintho de Arruda Falcão.

No debate a seguir, conforme a regra da Casa, além de esclarecer questões e responder perguntas, espero receber de vocês as lições que ainda me faltam para melhor conhe-cer o fenômeno do turismo e das viagens.

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O Turismo no Rio de Janeiro

Roberto Gherardi

Roberto Gherardi

Roberto Gherardi

Roberto Gherardi

Roberto Gherardi

Presidente da Turisrio

N

os últimos quatro meses, o turismo do Estado identificou um quadro, em termos realistas, do Estado do Rio de Janeiro. Ou seja, o que temos? Na realidade, temos um belíssimo cenário, com grandes virtudes, mas precisamos colocar um palco, re-fletores, móveis, para começar o show porque temos muito pouca coisa. Eu diria, até, em termos estruturais, começar do zero. A avaliação que fizemos – em termos de municípios turísticos, de proporção, de PIB turístico proporcional no Estado, enfim de resultados de ações isoladas de todos esses municípios turísticos – nos deixou bastante surpresos e, definitivamente, chegamos à conclusão de que precisamos fazer um tra-balho de curto, médio e longo prazos para que, provavelmente, esses quatro anos seriam muito curtos. Mas, o que podemos fazer é tentar estabelecer um patamar mí-nimo de largada para as próximas administrações.

Nesse sentido, a idéia foi estabelecer um plano macro, que tivesse três objetivos fun-damentais: a edição do produto, o desenvolvimento desse produto a nível de marketing de divulgação e, principalmente, o desenvolvimento estrutural do nosso Estado. Nesse desenvolvimento estrutural pensamos que talvez o melhor caminho fosse ini-ciar pelas estradas turísticas. Entendemos que o Estado do Rio de Janeiro tem uma diversificação muito grande de destinos turísticos. Temos, numa extensão próxima dos 200 quilômetros de raio de ação, diferentes tipos de atrações em termos de serras, montanhas, praias, ilhas, como é o caso da região da Costa Verde e que são totalmente isolados, quer dizer, cada um por si e Deus por todos. Foi exatamente a filosofia que encontramos no Estado, no momento em que assumimos a Turisrio.

Na verdade, a Turisrio não é absolutamente nada em termos do produto turístico. 0 dono do produto turístico é o Município turístico, é a prefeitura do Rio, é o destino turístico. A Turisrio, se for competente, pode transformar-se num grande consultor deste Estado, tanto a nível técnico como a nível promocional.

Nessa filosofia, estabelecemos um primeiro passo. O primeiro passo foi a união de todas essas forças que, provavelmente, não sabem como usar seus conhecimentos ou não conseguem passar esses conhecimentos adiante. Chegamos à conclusão de que o

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mais importante seria tentar unir as forças em torno de um projeto comum que pudesse viabilizar todas essas ações tanto a nível de cumplicidade com o desenvolvimento estru-tural, como para a edição de um produto conjunto que pudesse privilegiar o produto Rio de Janeiro e o Rio de Janeiro, como grande gateway grande cidade, pudesse privilegiar o produto interior. Conseguimos, através de um diálogo bastante franco com todos os órgãos governamentais – tanto os municipais como a União, a Embratur – criar o que eu chamaria de um time do Rio. Daí nasceu uma união muito importante que está conseguindo viabilizar alguns projetos que eu gostaria de lhes passar.

O primeiro deles foi a ordem que recebemos quando entramos na Turisrio, de fechar o escritório de Nova Iorque. Ora, aquele escritório, pelo que entendemos, foi a única representação oficial do turismo, não digo do Rio de Janeiro, mas do País no exterior. E, talvez, seja a única entidade que represente apenas uma cidade. Na verdade, todas as outras Tourism Authorities em Nova Iorque são de países e não de cidades. Todos vocês sabem muito bem que o Rio vende o Brasil. O grande trade mark internacio-nal do nosso País é o Rio de Janeiro, como a grande marca é o Corcovado, como a Torre Eiffel da França e a Estátua da Liberdade nos Estados Unidos. Enfim, o Rio de Janeiro é o que conhecem. Todos sabem o que é o Rio. E o Rio, sem dúvida alguma, é um portão natural de entrada, tanto para as cidades históricas mineiras como para qualquer outro tipo de destino turístico no Brasil. Sempre foi. O Rio de Janeiro, sem complexos, sempre alimentou o Brasil inteiro com turistas e até criou estruturas, hoje, que são competitivas, com o próprio destino Rio.

Com o escritório de Nova Iorque resolvemos fazer um condomínio que passaria a chamar-se Rio Brazilian Tourist Authority que teria como condôminos o Rio Convention Bureau, representando a iniciativa privada, a Riotur, representando o PIB turístico mais importante do Estado e o portão de entrada, a Turisrio, enquanto em-presa do Estado do Rio de Janeiro, e a Embratur. Por que, na realidade, mais de 80% das consultas que pudemos verificar no escritório de Nova Iorque são sobre o Brasil. Ou seja, sobre Foz do Iguaçu, sobre Minas, sobre o Pantanal e a Amazônia e que nós, naturalmente, respondemos mal, porque não estamos nem equipados nem prepara-dos para isso, e ocupa muito tempo do nosso staff de Nova Iorque, que já não é gran-de. Então, resolvemos solicitar ao Caio, como Secretário Nacional de Turismo e Presi-dente da Embratur, que ele participasse desse condomínio do escritório de Nova Iorque. Por quê? Não só para viabilizar o custeio de US$ 40 mil por mês, que era absurdo, até porque o contrato do escritório de Nova Iorque, da nossa representação – falo “nossa” porque, no fundo, todos vocês estão envolvidos, até porque é o único escritório

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inter-nacional que existe, até prova em contrário. Dividimos, não só o custeio, mas o custeio e a constituição desse condomínio estabeleceram um challenge para nós, de poder agir. Por que não adianta só pagar as contas e não ter dinheiro para estabelecer um plano de ação. De fato foi o que aconteceu. Pudemos desenvolver um marketing plan para o escritório de Nova Iorque. Em todos os sentidos, tanto naquele institucional, naquele que neutraliza as imagens negativas, naquele que divulga o produto, como, principal-mente, um plano que, provavelprincipal-mente, vai poder constituir uma coisa que nunca tive-mos, que é uma rede de distribuição. Na verdade, até hoje todo o nosso produto foi trabalhado através das companhias aéreas. Tenho aqui o Trigueiros ao meu lado, não como tio mas como ex-dirigente da nossa querida Varig. Ele é testemunha. Sempre usamos as companhias aéreas, os sales reps das companhias aéreas faziam os calls junto aos agentes de viagens, eventualmente esses sales reps não conheciam bem o produto, agentes de viagens menos ainda, a não ser em caso específico de produtos ou de eventos em centers, congressos, coisas que eram fechadas isoladamente. Mas, o produto

all year round que podia ser vendido no exterior, nunca conseguimos essa performance

exatamente porque não temos uma rede de especia-listas em venda de Brasil. Muito menos porque o produto Brasil não tem credibilidade. Na verdade – e eu me penitencio em parte por isso, porque faço parte da iniciativa privada como operador de incoming – nunca tivemos um produto linear constante com um preço que pudesse ser mantido de forma constante para que os operadores internacionais pudessem colocar isso em seus catálogos. Vocês sabem melhor do que eu que eles trabalham com muita antecedência, colocam esse produto e precisam confiar nesse produto, não só em seus preços como também nas suas reservas. E há uma alternativa de produto. Na verdade, o nosso produto foi sempre um produto que veio como conseqüência de um destino condominial. A nossa estrutura hoteleira do Rio de Janeiro foi montada em função da herança de uma capital federal. Não falo isso como pretenso jovem, porque já não sou mais, estou chegando aos 50 anos mas, tenho conhecimento que toda a nossa estrutura hoteleira do Rio de Janeiro particularmente e do resto do Estado foi sempre de destinos condominiais que, depois, se transformaram em destinos turísticos, até por coincidências. Mas, a do Rio de Janeiro, por exemplo, foi montada como uma estrutura de negócios porque o Rio de Janeiro era um centro de negócios importante, era um centro de cultura importante que foi perdendo essa força, tanto em termos de centro de negócios como de centro de cultura e de acontecimentos, foi caindo no esquecimento, foi sendo dilapidado emoci-onal e moralmente. O que aconteceu? Hoje, o nosso parque hoteleiro está quebrado e vive com uma média de 55%. Pelo menos é o que revelam os dados e os empresários. Por essa razão eles não têm tráfego de baixa estação. No outro dia fiquei muito feliz até, porque não sabia que era um grande conhecedor do nosso ramo; ouvi o embaixador

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fazendo um pronunciamento, na posse do Alvaro Bezerra de Mello. Ele lembrou que temos que dinamizar o Turismo de Negócios para o Rio de Janeiro, transformar o Rio de Janeiro de novo num grande centro de negócios para que possamos melhorar o nosso aproveitamento médio anual. É verdade. Não temos o nosso year round

business exatamente porque vivemos de turismo. Nem vivemos de turismo sadio, em

minha opinião. Acho que vivemos de um turismo praticamente atávico, daquilo que foi criado e que vem sendo comprado por curiosidade sociocultural. Na verdade, te-mos que trabalhar essa baixa estação da hotelaria em terte-mos de incentives. Só para vocês terem uma idéia, acho que a maioria conhece esses números, nos Estados Uni-dos os incentive tours são, hoje, da ordem de US$ 40 bilhões e menos de 1% vem para a América do Sul. Esse é um cliente fantástico, porque é um público-alvo que tem todas as funções pagas, portanto, é extremamente favorável economicamente. E um público-alvo que consome. Precisamos de consumo, gente que venha, pague e fique por, no mínimo, cinco noites nesta cidade. Por outro lado, a nossa preocupação com relação ao escritório de Nova Iorque não foi só a de estabelecer esse produto linear, em que temos, hoje, uma grande vantagem, como toda essa cumplicidade dos órgãos públicos em estabelecer uma certa confiança na iniciativa privada de poder também se unir. Fiz uma proposta, eles entenderam, espero que seja aceita. Chama-se Produto Rio, estabelecendo um tour de force que seria em cima do erro deles de 55%, um percentual que seria estabelecido em allotments vamos dizer, uns dois mil on nights que pudessem ser vendidos o ano inteiro, garantindo ao operador estrangeiro que ele teria um Produto Rio garantido, com preço que não seria mexido, onde ele pudesse trabalhar em cima. Independente desse fato, tínhamos, dentro da estrutura hoteleira, um grande trauma. O hotel, depois de cerca de 10 anos, perde a sua competitividade, principalmente nos últimos tempos, quando temos um desenvolvimento rápido da tecnologia. A questão da Informática. Os hotéis dependem fundamentalmente disso. Eles dependem de uma informatização adequada up-to-date para serem competiti-vos, para terem agilidade.

Na realidade, com a situação catastrófica dos últimos anos e com um aproveitamento tão baixo, eles não têm work up para se reerguerem e se tornarem competitivos outra vez, seja para o mundo dos negócios, como target, seja para os incentives, seja para os congressos, seja até para o travel planning de um modo geral.

Nesse sentido, uma das primeiras coisas que fizemos, sempre pensando no desenvol-vimento estrutural, que é fundamental, nos cinco segmentos, o de parque temático, como eles chamam, são os entretenimentos turísticos como wet´n wild coisas desse tipo; o turismo náutico, o transporte rodoviário, os hotéis com custo operacional baixo

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que apresentamos como conceito, com duas ou três estrelas que, na realidade, são a grande demanda mundial. Naturalmente, faltava a linha de crédito para reforma, que é a grande aflição não só do Rio de Janeiro como de todo o interior do Estado, dos remanescentes que o vento não levou, do interior do Estado. Temos o caso do Sans Souci em Friburgo, alguma coisa no gênero em Cabo Frio, a própria Petrópolis e assim por diante.

Esta é uma notícia nova, que não comentamos para não ficar low profile e não preju-dicar a redação da lei que regulamenta esse novo critério dentro do BNDES: recebi a notícia agradável, depois de várias gestões e alguma indelicadeza da minha parte – porque não estou muito acostumado com os trâmites oficiais, e eu tinha pressa em anunciar ao mercado, porque os hotéis, se não tivessem essa notícia, muitos deles que já estão à venda estariam falidos – que foi aprovada pelo BNDES a reforma de hotéis; chama-se modernização. Esse é um item importante. Todos estão profundamente entusiasmados. Faremos esse anúncio oficial no Palácio, o Governador fez questão de fazer. Pensei em fazer um pequeno broad-side para anunciar uma espécie de quick

reference para todos os setores do turismo, porque não é só o setor de hotelaria.

En-tão, vamos apresentar para que todos saibam a que têm direito, que não é nenhum favor o que o governo está fazendo para o setor privado. Apresentar-lhes o que têm direito, como podem solicitar qual o agente financeiro, enfim, toda a regra do jogo vai ser apresentada oficialmente pelo Governador, no Palácio. Será feito, talvez, um

breakfast meeting ou um coquetel no início da outra semana, onde será anunciado

inclusive esse item que afligia; apesar de que os presidentes de associações de hotéis, seja AHT seja ABIH, já sabem que foi aprovado porque lhes comuniquei em caráter urgente; estão todos encantados com isso.

Com tudo isso quero dizer o seguinte: não é só gastar dinheiro em publicidade, fazer folheto. Percebi que a grande aflição de todos os órgãos de Turismo, seja, municipais – e eu digo até, com todo o respeito, do Rio de Janeiro também – não é participar em eventos, feira. Isso é muito importante. O que não é visto não é lembrado, sem dúvida alguma, é uma forma de se exibir, uma forma econômica de atingir o maior número de alvos possíveis, mas, também, não é a única maneira ou único projeto importante. Percebi que todos eles se preocupam muito em fazer o guia turístico, em fazer folheto institucional, em conseguir verba para divulgar, “Temos que fazer publicidade, o ne-gócio é fazer publicidade, o Brasil está sendo atingido com a péssima imagem do Rio de Janeiro” etc. Na verdade, publicidade informa, não vende. Para vender alguma coisa temos que ter um grande produto.

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Acho que, infelizmente, temos um grande potencial mas não temos um grande produ-to. Não temos uma estrutura hoteleira que mereça ser chamada de grande produprodu-to. Não temos estradas turísticas; é o primeiro sinal de civilização de um destino turístico. Não tem sinalização turística; é 26% da queixa do turista internacional. Não temos comu-nicação adequada. Não temos portos turísticos para pretender que a lei de cabotagem fosse aprovada, apesar de ter sido, graças a Deus, mas sem os portos eles não vão descer

tenders seguramente. Não temos aeroportos turísticos. Enfim, não temos um circuito

rotativo ou algumas opções de circuito rotativo no Estado que estabeleçam possibilida-de possibilida-de venpossibilida-der o interior o ano inteiro, ligado. Quando falamos em interior, parece que é uma coisa, assim meio caipira. Quando falamos em interior, digo que, para mim, o Rio é um Estado. Costumo dizer que um Estado de virtudes, não é uma cidade virtuosa. Temos que lembrar que isso privilegia o Produto Rio, que não é apenas a praia, uma plataforma da vida ou um tour ao Corcovado, uma churrascaria. Acho que o Rio é muito mais do que isso em termos de produto turístico e nós vamos editar esse produto. Aí, sim, desenvolver esse produto a nível de marketing e, naturalmente tentar oferecer um palco de operações muito mais adequado do que aquele que temos.

Nesse sentido de estradas, a idéia que sugerimos ao Governador foi a de criar um fundo de desenvolvimento turístico, cuja mensagem está sendo elaborada pelos nossos advo-gados, para ser enviada à Câmara dos Deputados, no sentido de que esse fundo seja aprovado.

Na verdade, o Turismo não tem um tostão. O Estado do Rio de Janeiro, como todo o País, não tem um tostão. Mas, o Turismo nunca teve um tostão. Como dizia esse técnico norte-americano que esteve em São Paulo, Peter Kregg, considerado um grande admi-nistrador, talvez um dos maiores do mundo, tudo tem limites em termos de adminis-tração. Acontece que nunca tivemos esse limite. Acho que chegamos ao limite, como ele disse, em fazer com que o turismo tenha fase em capítulo e para isso o turismo tem que encontrar as próprias formas de estabelecer receita.

A Turisrio, eu lhes disse, é um órgão consultor, se tiver competência, e nada mais. É uma empresa extremamente enxuta, com poucos funcionários. Efetivamente temos 78 cola-boradores. Temos um pouco mais, mas foram cedidos à Câmara dos Deputados e outros órgãos públicos. Não temos receita, portanto, vivemos de dotação orçamentária do Estado, que paga esse orçamento com muita raiva porque considera uma despesa a fundo perdido sem uma idéia precisa de taxa de retorno, de custo-benefício.

Então, chegamos à conclusão que, para não viver às custas do povo sem prestar contas, teríamos que estabelecer uma performance positiva, concreta e sólida para apresentar. Nesse sentido, estabelecemos uma série de projetos. Um deles prevê, inclusive – não

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quero parecer muito negativo e muito menos indelicado, mas temos uma péssima qualidade de mão-de-obra – a criação de um centro de excelência. A idéia foi fazer em Friburgo. Estivemos com o Governador no Instituto Politécnico de Friburgo, que é uma obra de arte abandonada, que é da Fundação Getúlio Vargas e que a própria FGV pode tocar para a frente como sua própria universidade. Até porque, pelo que eu entendi, pelo que me consta, ela precisa faturar. O que podemos fazer é apoiar, através de organismos de turismo, a própria Embratur, convênios com organismos internacionais que possam estabelecer um currículo compatível com o nosso objetivo, de excelência não só em níveis superiores mas em todos os setores e em todos os níveis. Porque, na verdade, somos mal-atendidos em termos de qualidade de mão-de-obra em todos os níveis. O que mais me surpreendeu, que de certa forma me tirou os complexos, acabei de dizer isso para o Trigueiros, o que mais me entusiasma não é que eu ou nós na Turisrio sabemos muito. Fiquei muito triste porque os outros sabem muito pouco e parecem órfãos. Quando apresentamos projetos e fizemos pela primeira vez, depois dessa união, um primeiro encontro em Petrópolis – escolhemos aquele fantástico monumento histórico, que na realidade não é bem utilizado, que é o Quitandinha, uma coisa fantástica, maravilho-sa – até para levar esmaravilho-sa idéia de fazer os meetings no interior, fizemos um brain storm com os representantes dos 23 municípios preparados e com desejo de participar. Eles ficaram surpresos porque nunca tinham tido uma conversa desse tipo – aliás, nem sabiam o que era isso – onde a Turisrio levou idéias. A idéia de criar uma marca comum para o Estado, a idéia de estabelecer uma programação visual para o Estado... Estado porque eu disse que somos uma coisa única, inclusive presente a Riotur e cúmplice nesse conceito e nessa nova filosofia – espero que permaneça como filosofia. Estavam presentes, também, criações promocionais, como Vita Rio, campanhas... Inclusive deci-dimos que seria a hora de parar com a campanha “Vem para o Rio” e criamos uma campanha, cuja decisão é do nosso próprio público-alvo, chamada “Vou para o Rio”. Ou seja, o nosso público-alvo tomando essa decisão. É uma campanha muito interes-sante que depois posso fazer chegar às mãos de todos vocês. Aliás, vocês verão porque, se Deus quiser, vamos concretizar.

Uma coisa importante é o povo, a população. A população do Rio de Janeiro não tem a menor idéia da importância do turismo. Até da importância que o Estado dá ao turis-mo. Não acredito que ela tenha visto alguma vez alguma referência à Companhia de Turismo do Estado. Ou seja, que nível de importância o Estado dá ao turismo ou a qualquer outro setor e que nível de importância a população vai dar. Provavelmente ela vai dar muito mais importância à CEG do que ao turismo.

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Então, pensamos em fazer um grande rally turístico, que entusiasmou a todos os municípios. Serão 28 eventos durante três ou quatro fins de semana, nos meses de setembro e outubro. Na realidade, é uma campanha de motivação subliminar ao povo do Estado do Rio de Janeiro, fazendo com que o Rio conheça o Rio, que a popu-lação crie uma interdependência sociocultural artística, contemplando cinco funda-mentos de civilização, que são preservação do meio ambiente, seguranca, lazer, es-porte e cultura, bem-estar social. Então, todas as tarefas de todas essas competições culturais, esportivas, artísticas vão ser feitas em torno desses temas e nos municípios turísticos, para chamar a atenção, de forma subjetiva, que temos várias atrações tu-rísticas, temos várias virtudes turísticas diferenciadas, fato incomum inclusive em nosso próprio País. Não acredito que exista outro Estado com tantas alternativas dife-rentes de destinos.

Enfim, foi apresentada uma série de projetos. Projetos dos portos turísticos. Projetos dos terminais turísticos rodoviários. Projetos dos aeroportos turísticos. Nesse particu-lar, a Companhia de Turismo do Estado, como consultora, ajudando a viabilizar. Tí-nhamos o projeto do aeroporto de Angra, que é um aeroporto turístico importante, que não foi possível contemplar com a verba do Confan, essa verba das taxas da Infraero, uma lei sancionada pelo ex-Presidente Collor em 1992, que estabelece que um delta

x dessa taxa vá para investimentos em aeroportos turísticos, onde a Aeronáutica entra

com 77% e o Estado, com 23%.

O aeroporto de Angra infelizmente não foi contemplado porque a concessão dada pela Secretaria de Transportes ao empresário foi em 1991. Ele se comprometia a fazer a extensão da pista a 300 metros. Custa cerca de R$ 800 mil, algo assim. Há três anos e meio, o Estado, na figura da Feema, enrolava esse pobre empresário sem dizer sim ou não. E ele nunca pôde iniciar a obra da pista e muito menos construir um empreen-dimento de serviços. Isso é uma vergonha. Graças a esse novo time posso falar sem

parti pris porque não conhecia o Governador Marcello Alencar e hoje posso dizer-lhes

que ele me seduz a cada reunião e a cada iniciativa que tem... Mais importante: coincidiu com a nossa iniciativa; a filosofia de um time, de um staff unido, de evitar feudos, de evitar que cada um tivesse a sua importância isolada e cada um pensasse em competir em cima do seu status individual. Na verdade, todas as secretarias de Estado do Governo Marcello Alencar são fantásticas. Mas, particularmente, aquelas a mim ligadas, Secretaria de Transportes, Secretaria de Obras, que por acaso é do Vice-governador, Secretaria do Meio Ambiente, com uma pessoa fantástica, o embai-xador Flávio Perry, Secretaria de Finanças, de Cultura e a minha, naturalmente,

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In-dústria, Comércio e Turismo. Todas são extremamente generosas, gentis e compreensi-vas com relação a todos os problemas do turismo.

Para falar a verdade, acho que todos eles entenderam que o turismo é um setor interdependente com ardor. Há poucos dias ouvi uma coisa muito engraçada de um técnico, assessor do Dr. Raphael de Almeida Magalhães, que disse: “O turismo é tão fantástico que é a única possibilidade de preservação do meio ambiente, economica-mente falando; é o único setor econômico que pode preservar o meio ambiente”. Porque, afinal de contas, o mico-leão-dourado não vai ser preservado se alguém não cuidar dele. E esse alguém tem que treinar para isso. O único setor econômico que pode criar empreendimentos que preservem o meio ambiente e que evitem inclusive favelizações ou coisa desse tipo é o turismo.

Então, acho que o governo, como um todo, não só estadual como municipal e federal, se conscientizou, já é um primeiro passo, da importância do turismo. Tanto é verdade que eles autorizaram a formação desse Fundo de Desenvolvimento Turístico que seria uma forma de estabelecer uma receita para realizações de curto, longo e médio pra-zos. Esse fundo viria, em função de concessões que seriam dadas em todos os empreen-dimentos turísticos, a começar pelas estradas turísticas. Estamos pensando em criar um edital à parte, específico para concessões de estradas turísticas. Disse para a secre-taria competente que, infelizmente, o edital que ela fizera para privatizar novas estra-das não interessava para as estraestra-das turísticas. Até os próprios fundos de pensão não quiseram investir porque não contemplam, nada mais, do que a taxa de pedágio e algum merchandising na estrada; na realidade, o empresário é responsável por qual-quer coisa que acontece na estrada, qualqual-quer dano. As companhias de seguro não querem fazer seguro, enfim, não é um negócio que estabeleça uma vantagem. Então, as estradas turísticas, como prevêem uma concessão feita pela Companhia de Turis-mo do Estado e empresários que possam editar essa estrada, estabelecer um nível de rentabilidade, um custo-benefício, parte desse benefício iria para esse Fundo de De-senvolvimento Turístico para que se pudesse contemplar projetos futuros em todas as áreas e em todos os setores.

Num primeiro plano, essa idéia básica foi evitar que enveredasse por um Prodetur Nordeste, que é um megaprojeto, que levaria anos para ser desenvolvido e, provavel-mente, seria mais do que o custo previsto para o Nordeste; são oito estradas, US$ 1,300 milhão. Então, a nossa visão foi a de realização de curto prazo, inclusive com a parti-cipação da iniciativa privada. Nesse sentido, criamos alguns projetos minimum

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menos, permite um palco inicial de operações em que se pode começar a destacar o desenvolvimento do turismo no Estado. Se fizermos grandes projetos, provavelmente daqui a quatro anos ainda se estaria discutindo em cima deles.

Outro projeto importante é o da revitalização da Gamboa até a Praça XV. Está sendo apresentado a nível federal, mas sendo refeito e apresentado pelo Governador Marcello Alencar e pelo Prefeito César Maia. Talvez consigamos viabilizar recursos no BID para que ele possa ir em frente. Esse projeto não revitaliza apenas a Gamboa e, sim, todo o centro da cidade. Em nossa visão, revitalizar o centro do Rio é um pouco revitalizar a imagem da própria cidade do Rio de Janeiro. É todo um centro histórico e cultural, profundamente abandonado desde o Paço até a Praça XV, passando pelo Teatro Muni-cipal e pela Escola de Belas Artes. Enfim, é todo um corredor cultural que precisa ser revitalizado.

Mas, voltando à questão dos projetos, a nossa idéia foi pensar em todos os setores que pudessem abranger o desenvolvimento, que não fosse apenas a questão de promover, divulgar, enfim, procurar verbas de publicidade para fazer campanhas no exterior. A nossa idéia é pensar de forma um pouco mais abrangente no que diz respeito a essa palavra produto, no que diz respeito à palavra target. Na minha opinião, independen-te da procura do target inindependen-ternacional, independen-temos uma capacidade inindependen-terna muito forindependen-te. Vejo o desenvolvimento do turismo auto-sustentado do Rio de Janeiro um grande exemplo para o País. Temos uma responsabilidade na presidência da CTI/Sudeste, que é a Comissão de Turismo Integrado à Região Sudeste. São Paulo, Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Acho que o Rio de Janeiro poderia começar esse projeto de auto-sustentação porque é o nosso grande mercado, nosso mercado de curto prazo. Uma vez editada essa base minimum minimorum que seriam as estradas, essas oito costuras turísticas que pretendemos fazer, podemos criar um turismo auto-sustentado com público interno. Acho que o nosso grande alvo é o mercado interno. Primeiro, o Rio conhecer o Rio. Segundo, o interior de São Paulo, Minas, a reciprocidade que queremos criar, com as pontes turísticas na Dutra e na auto-estrada Juiz de Fora, que vem de Belo Horizonte, são duas pontes turísticas, um pouco mais sofisticadas e estruturadas do que aquelas pontes que vocês devem conhecer na Itália ou na Alemanha, porque estamos trabalhando num programa muito importante que é de informatização turística do Estado.

Na verdade, nunca tivemos uma referência. Não temos um dado. Começamos o censo de informações e dados por Friburgo, levantamento de todos os dados, porque nin-guém tem dados, nem o IBGE principalmente tem dados que interessam ao turismo.

Referências

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