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Rev. bras. ortop. vol.52 número4

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(1)

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

w w w . r b o . o r g . b r

Artigo

Original

Análise

do

monitoramento

pós-operatório

dos

pacientes

submetidos

à

artroscopia

do

ombro

para

tratamento

de

instabilidade

anterior

Alexandre

Almeida

a,

,

Samuel

Millán

Menegotto

a

,

Nayvaldo

Couto

de

Almeida

a

,

Ana

Paula

Agostini

b

e

Letícia

Agostini

de

Almeida

c

aHospitalPompeia,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,CaxiasdoSul,RS,Brasil

bUniversidadedeCaxiasdoSul,CaxiasdoSul,RS,Brasil

cColégioSãoJosédeCaxiasdoSul,CaxiasdoSul,RS,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem19demaiode2016 Aceitoem31demaiode2016 On-lineem1defevereirode2017

Palavras-chave:

Articulac¸ãodoombro/cirurgia Luxac¸ãodoombro/cirurgia Artroscopia/métodos Resultadodotratamento

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Analisaroacompanhamentopós-operatóriodospacientessubmetidosà artrosco-piadoombroparatratamentodeinstabilidadeanteriorecorrelacionarcomaprevalência derecidiva.

Métodos:Foiaplicadoem65pacientes,atravésdeligac¸ãotelefônica,umquestionárioque buscavainformac¸õessobreasituac¸ãoatualdoresultadodoprocedimentocirúrgico.Todos ospacientesforamoperadosparacorrigirumainstabilidadeanteriordoombropor artros-copiaetinhampelo menos12mesesdepós-operatório.Nãoforamincluídospacientes comassociac¸ãodelesãolabralposteriorecirurgiasderevisão.

Resultados:Oquestionáriofoiaplicadocomumamedianade56(IIQ:34,5a110,5)meses. Amédiadeidadedaamostrafoide24,6anos(máximade47emínimade12–DP7,3). Foiverificadaqueixadedorem20pacientes(30,7%)erecidivadaluxac¸ãoemdez(15,3%). 44pacientes(67,6%)consideraramseuombronormale43(66,1%)retornaramaoesporte pré-vio.Foiverificadoqueosindivíduosqueabandonaramoacompanhamentopós-operatório antesdosseismesestiveramumaprevalência5,6(IC95%:1,30-24,46)vezesmaiorderecidiva (p=0,012).

Conclusão:Oabandonodoacompanhamentopós-operatórionafaseinicial,naqualo paci-enterecebeorientac¸õesparaoreforc¸omusculareaeducac¸ãoproprioceptiva,podecolaborar noaumentodoíndicederecidivadaluxac¸ãonospacientestratadosporartroscopia.

©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND

(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

TrabalhodesenvolvidonoHospitalSaúdedeCaxiasdoSul,RS;enoServic¸odeResidênciaemOrtopedia,HospitalPompeiadeCaxias doSul,RS,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:bone@visao.com.br(A.Almeida).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.05.015

(2)

Analysis

of

postoperative

monitoring

of

patients

undergoing

shoulder

arthroscopy

for

anterior

instability

Keywords:

Shoulderdislocation/surgery, Shoulderjoint/surgery, Arthroscopy/methods Treatmentoutcome

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective:Analyzethepostoperativefollow-upofpatientsundergoingshoulderarthroscopy fortreatmentofanteriorinstabilityandcorrelatewiththeprevalenceofrecurrence. Methods: Asix-questionsurvey wasappliedbyphoneandmailto65patients,seeking informationonthecurrentresultofthesurgicalprocedure.Allpatientsweretreated ar-throscopicallyforanteriorshoulderinstability,withatleast12monthsofpostoperative time.Patientswithassociatedposteriorlabiallesionsandrevisionsurgerieswerenot inclu-ded.

Results: Atthetimeofthesurveythepatientshadamedianof56(IQR:34.5to110.5) post-operativemonths.Themeansampleagewas24.6years(maximum=47,minimum=12; SD=7.3).Complaintofpainintheshoulderwasobservedin20patients(30.7%).Dislocation recurrencewasobservedintenpatients(15.3%).Forty-fourpatients(67.6%)consideredtheir shouldernormal,whichwasmorefrequentinnon-recurrencepatients(p<0.001). Forty--threepatients(66.1%)returnedtotheirpreviouslevelofsportandtherewasnodifference betweenrecurrenceandnon-recurrencepatients(p=0.456).Itwasfoundthattheprevalence ofrecurrencewas5.6(95%CI:1.30to24.46)timeshigherinindividualswhoabandoned monitoringbeforesixmonthspostoperatively(p=0.012).

Conclusion: Theabandonmentofpostoperativemonitoringintheearlystages,whenthe patientsreceiveorientationformusclestrengthening,proprioceptiveeducation,and dan-gerousmovementstoavoid,canincreasetheratesofrecurrentshoulderdislocationin patientstreatedforanteriorinstabilitybyarthroscopy.

©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense

(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Ainstabilidadedoombrodecausatraumáticaéuma pato-logiaqueatingeprincipalmenteadultosjovenseleva,com frequência,àdificuldadeemalgumasatividades,éimportante causadeperdadediasdetrabalhoelimitac¸ãodaqualidade devida.1 Ainstabilidade dedirec¸ão anterior doombroé a maiscomumegeralmenteestá associadacom lesãolabial elassidão capsular.2–5 Arecidiva das luxac¸ões levaa uma deteriorac¸ãoarticularosteo-capsulo-ligamentare,namaioria dasvezes,evoluiparaotratamentocirúrgico.2

Otratamentocirúrgicodainstabilidadeanteriordoombro pode ser feito de forma aberta ou artroscópica. Nos últi-mosanoshouveumatendênciaaoaumentodasindicac¸ões dotratamentoartroscópico.1,4,6–10NosEstadosUnidos,entre 2003 e 2005, 71,2% das lesões de Bankart foram tratadas com artroscopia, enquanto entre 2006e 2008essa percen-tagemaumentoupara87,7%.2 Aliteraturaécontroversana demonstrac¸ãodequalmétodoalcanc¸amelhoresresultados, principalmentequandoéavaliadaaprevalênciaderecidiva dasluxac¸õesapósotratamentocirúrgico.1,4,6,7

Os defensores do tratamento aberto apontam para um reparoanatômico eseguro,comumamelhororientac¸ão na colocac¸ão de âncoras com índices de recidiva que variam de 3,5% a 23% em quatro a seis anos e de 10% a 22,6% em11 a29 anos de pós-operatório.1–3,11 Os defensores do tratamento artroscópico mostram menor risco de infecc¸ão e rigidez, menor injúria do subescapular, menos dor pós operatória e recuperac¸ão mais rápida.1–3,10–12 Os índices

de recidiva são em torno de 10% em 3,6 anos de pós--operatório.1,4,6,7 Um estudo mostrou umarecidiva de 23% em10,9 anos deseguimento, sugeriuumadeteriorac¸ão do resultadocirúrgicocomoseguimento.11Estudosmais recen-tesdemonstramqueapadronizac¸ãodatécnicaartroscópica eaescolhacriteriosadospacientesdiminuíramaprevalência derecidivaparaíndicessemelhantesàtécnicaaberta.2,3,8,9

O objetivo do nosso trabalho é analisar o acompanha-mentopós-operatóriodospacientessubmetidosàartroscopia doombroparatratamentodeinstabilidadeanteriore correla-cionarcomaprevalênciaderecidiva.

Métodos

Oestudofoiretrospectivoetransversal.

Denovembrode2002anovembrode2013,96 pacientes comluxac¸ãoanteriortraumáticadoombroforamtratadospor técnicaartroscópica.

Oscasosforamoperadospelocirurgiãotitulardoservic¸o. Por ocasião do tratamento cirúrgico, foi usada aneste-siageralprecedidadobloqueiointerescalênico.Ospacientes foramposicionadosemdecúbitolateralcomdiscretaqueda dotroncoparaposterioreomembrosuperior(MS)emtrac¸ão de5kgcomflexãode20◦eabduc¸ãolateralde30.A

artrosco-piafoifeitacomópticade30◦deangulac¸ão.Asuturalabralfoi

(3)

Tabela1–QuestionáriodoSurvey

1.OSr.(a)temdornoombrooperado?

2.OSr.(a)temsensac¸ãodesaídadoombrodolugarnosdiasde hoje?

3.OSr.(a)tevealgumepisódiodeluxac¸ãodoombroapósser operado(saiutotalmentedolugar)?

4.OSr.(a)foireoperadoporalgumoutromédicoouemalgum outroservic¸oparaessemesmoproblema?

5.OSr.(a)retornouoseuesporteoriginal(quefaziaantesde comec¸aroproblemadoseuombro)?

6.OSr.(a)consideraoseuombronormal?

Legenda:perguntasnumeradasnaordem.

docomprimentodabandaanteriordoligamento glenoume-ralinferiorerafeitaderotinanopontomaisinferiordasutura labial.

Todosospacientesforamimobilizadosaindaanestesiados nasalacirúrgicacomumatipoiacomcoximdeabduc¸ãoaté dezembrode2010ecomumatipoiaemrotac¸ãoneutradoMS apósessadata.

Foram excluídos deste estudo os pacientes submetidos àscirurgiasderevisãoeaquelescom lesãolabial posterior associadaàinstabilidadeanteriordoombro,resultaramem 77pacientesparaanálise.

Foramlocalizadosportelefone57pacienteseaessesfoi aplicadoumquestionárioembuscadeinformac¸ões atualiza-dassobreoestadodoombrooperado.Outrosoitopacientes responderamaoconsultórioapóscontatoporcarta.Restaram 65questionáriosrespondidos.Aperdadoestudofoide15,5%. Osquestionáriosforamrespondidos comumamédiade 56(IIQ34,5a110,5)mesesdepós-operatório.Porocasiãodo contato,todopacienterecebeuainformac¸ãodequeosdados coletadosserviriamparaumestudoreferenteàtécnica cirúr-gicaequeseusnomesnãoseriamdivulgados.Esteestudofoi avalizadopelaComissãodeÉticadasinstituic¸õesnasquaisos pacientesforamoperados.

Amédiadeidadeporocasiãodotratamentocirúrgicodos 65 pacientesincluídos noestudofoi de 24,6±7anos. Com relac¸ãoaosexo,56erammasculinos(86,2%)enovefemininos. Oladodireitofoiacometidoem36(55,4%).Oladodominante foiacometidoem37(56,9%).

Oquestionário,constituídodeseisperguntasobjetivascom respostasdefinidasentresimenão(tabela1),foiaplicadopor umapessoaquenãotinhaconhecimentodotratamento cirúr-gicousadooudaevoluc¸ãodoprontuáriodecadapaciente.

Asvariáveis estudadasforam:idade,sexo,ladooperado, dominância,tempodepós-operatório,datadaúltimavisita aoconsultórionoacompanhamentopós-operatório.

Comrelac¸ãoaoacompanhamentopós-operatóriodos paci-entesfoiavaliadaapresenc¸adedor,queixadesubluxac¸ão, recidivadaluxac¸ão,necessidadedenovoprocedimento cirúr-gico,retornoao esportepraticado previamente àlesão e a percepc¸ãodeterounãoumombronormal.Ospacientesforam analisadosnatotalidadeeseparadosdeacordocoma preva-lênciaderecidiva.

Os dados foram analisados pelo pacote estatístico IBM SPSS22.0(IBMCorporation 1989-2013)paraasrespostasdo questionárioaplicado.Ondeosdadosestavamnormalmente distribuídos,foramexpressadospelamédiaedesviopadrão;

quandoeramassimétricos,usaram-seamedianaeointervalo interquartil(IIQ). Nacomparac¸ãodas proporc¸ões encontra-dasusaram-seotestequi-quadrado(testeexatodeFisher)ea razãodeprevalênciaeseusrespectivosintervalosdeconfianc¸a de 95%. Os testes estatísticos foram bilaterais eum valor p≤0,05foiconsideradocomoestatisticamentesignificativo.

Resultados

A análisedo questionárioaplicado verificouqueixade dor em20pacientes(30,7%).Aqueixadesubluxac¸ão(translac¸ão sintomáticada cabec¸aumeralnacavidadeglenoide)esteve presenteemapenascincopacientes(7,6%)daamostra.

Aprevalênciaderecidivadaluxac¸ãofoide15,3%.Todosos 10pacientesqueapresentaramrecidivaestavamreoperados porocasiãodaaplicac¸ãodoquestionário.

Arespostaàperguntasobreadornoombrooperado mos-trouumatendênciaaqueixadedornoombronospacientes recidivados. Cinco pacientes que tiveram recidiva (50%) e 27m3%dospacientesquenãotiveramrecidivaapresentavam dornoombro(p=0,262).Adiferenc¸anãofoiconsiderada esta-tisticamentesignificativa.

Retornaram ao esporte praticado previamente à lesão 43pacientes(66,1%).Seisquetiveramrecidiva(60%)e67,3% quenãotiveram recidivaconseguiramvoltarapraticarseu esporte.Nãohouvesignificânciaestatísticaparamaiorretorno aoesporteentreosdoisgrupos(p=0,456).

Aoserperguntadosseconsideravamseuombronormal, 44 pacientes (67,6%)responderampositivamente, enquanto 21(32,3%)responderamnegativamente.Doisquetiveram reci-diva(20%)e76,4%quenãotiveramrecidivaconsideraramseu ombro comonormal. Foiverificado, demaneira estatistica-mentesignificativa,queospacientesquenãotiveramrecidiva da luxac¸ão durante o seu acompanhamentoconsideraram commaiorfrequênciaoseuombrocomonormal(p<0,001).

Adatada últimavisitaaoconsultório para acompanha-mento pós-operatóriofoicomummínimo dedoismesese um máximode137 (IIQ-12(quatroa 27meses)). Foi verifi-cadoqueosindivíduosqueabandonaramoacompanhamento pós-operatórioantesdosseismesestiveramumaprevalência de5,6(IC95%:1,30-24,46)vezesmaiorderecidivadaluxac¸ão

(p=0,012).

Discussão

O tratamento cirúrgico das luxac¸ões anteriores recidivan-tes do ombro tem sido aprimorado nas últimas décadas. Estudos têm comparado os resultados e a prevalência de recidiva das luxac¸ões entre a cirurgia aberta e a cirurgia artroscópica.1,3,4,6,7,12,13 Oaumentodoíndicedesucessoda cirurgiaartroscópicaestárelacionadocomoaprimoramento datécnicacirúrgica,comamelhoriadomaterialusadosecom aselec¸ãocriteriosadospacientesatravésdaidentificac¸ãode fatoresderiscopararecidiva.8,14 Atémesmoestudos gené-ticos, em fases iniciais, têm sido feitos para melhorar os resultadosdostratamentos.15

(4)

artroscópicadaluxac¸ãorecidivantedoombro.Notaram,nos dois estudosfeitos antes de 2007, umamenor prevalência de recidivana cirurgia aberta. Osestudosfeitos após 2008 mostraram equivalência entrea técnica aberta ea técnica artroscópica.3Hobbyetal.,12emumarevisãosistemáticade 62estudosfeitaentre1985e2006,mostraramqueaevoluc¸ão datécnicacirúrgicacomousodeâncorasmontadas permi-tiuqueosresultadospós-operatóriosdaartroscopiafossem semelhantesaosdatécnica aberta.12 Achadossemelhantes foramverificadosporHarrisetal.13

Oprincipal objetivodo tratamentoartroscópicoé resta-belecer a inserc¸ão e a tensão capsolabral com auxílio de âncorasfixadasnaglenoideoureincorporarfragmentoósseos arrancados.16 A técnica é perfeitamente reprodutível com curvadeaprendizadorelativamentefácil.

Aprevalênciaderecidivadaluxac¸ãoapósacirurgia artros-cópicagiraemtornode10%,aumentaconformeaumentao tempodeseguimentopós-operatório,podechegaraemtorno de25% com osseguimentos maislongos.11 Mohtadietal.1 encontraramumarecidivade23%emumseguimentodedois anos.VanderLindeetal.11encontraramumíndicede reci-divade35%emumseguimentodeoitoa10anos,15%nos primeirosdoisanos.11Boileauetal.17apresentaramumataxa derecidivadeluxac¸õesde15,3%,commédiadeseguimentode trêsanos.Watermanetal.18encontraram,emumseguimento dedoisaseteanos,recidivadeluxac¸õesde13,8%,porémsem distinc¸ãoentreprocedimentoabertoouartroscópico,embora osprocedimentoartroscópicostenhamsidofeitosem84%das vezes.Obtivemosumíndicede15,3%derecidivadeluxac¸ões comumseguimentomédiode maisdequatroanos, seme-lhanteaosrelatosdaliteratura.

Apresenc¸a de dorna articulac¸ãooperada ésubjetiva e comgrandevariac¸ãoentreosindivíduos.Steinetal.19fizeram um estudo em atletas que usam o ombro na sua ativi-dade.Dividiramosatletasemquatrogrupos,adependerda modalidadeesportiva.Todososgruposmostraramdor resi-dualcomdiminuic¸ãoprogressivaquenãoimpediaaprática esportiva,mesmoapós32 mesesdeacompanhamento.19O índicederecidivadaamostrafoide10%,porémgrandeparte dosatletas mantinha queixade dor mesmoque não hou-vesserecidiva,principalmenteaofazeratividadesqueexijam esforc¸oexcessivodoombro.19Miyazakietal.9verificaram8% depersistênciade dorpós-operatóriasemexplicac¸ão plau-sívelnospacientescombomresultadonofimdotratamento. Nãoincluíramnaanáliseoscasosqueapresentaramrecidiva.9 Verificamosapresenc¸adequeixadedornoombroem30%da nossaamostra.Apresenc¸adedornãopareceterrelac¸ãocom osucessoouoinsucessodotratamento.Metadedos pacien-tesqueapresentaramrecidivadaluxac¸ãoeforamreoperados tinhadornoombro.Deformasemelhante,cercadeumterc¸o dospacientesquenãoapresentaramrecidivadaluxac¸ão tam-bémapresentavadornoombro.

Oretornoàatividadeesportivatambémvarianaliteratura. Brophyetal.5 verificaram80%doretornoaoesporteapóso tratamentoartroscópicodainstabilidadeanteriordoombro. Demonstraramdiferenc¸anesseíndiceadependerdotipode esporte.Osatletasdearremessotiveram68%deretornoao esporte,enquanto outrosatletas tiveram 90%.5 Park etal.4 mostraram 67,7% de retornoao esportecom o tratamento artroscópico, 51,6% alcanc¸aram o mesmo nível esportivo

pré-lesional. Privitera et al.7 avaliaram atletas não profis-sionais, demostraram 40% de retorno sem limitac¸ões ao esportepraticado previamenteàlesão e30% deretornoao esportecomlimitac¸ões.Oretornoaoesportenãopareceter relac¸ãocomosucessoouoinsucessodotratamento. Verifica-mos67%deretornoàatividadeesportivanospacientesque nãoapresentaramrecidivadaluxac¸ão.Deformasemelhante, 60% dospacientesqueapresentaramrecidiva daluxac¸ãoe foramreoperadostambémforamcapazesderetornarà ati-vidadeesportiva prévia.Nãoavaliamos,emnossaamostra, atletasprofissionais.

Apercepc¸ãoderecuperaraarticulac¸ãooperadaparaa nor-malidade também é muito subjetiva. Em nosso estudo, os pacientesforamsolicitadosarespondersimounãoàpergunta sobreanormalidadedoseuombro.Amaioriadosestudosna literaturausaescoresdequalidadedevidaparatentar res-ponder a essa pergunta. Os principais escores usados são: Disability of theArm, Shoulder and Hand Score (Dash); Shoul-derPainandDisabilityIndex(Spadi);ModifiedRoweScore;Western OntarioShoulderInstabilityIndex(Wosi).

Mohtadi et al.1 avaliaram como desfecho primário o escoreWosi(escalade0-100),mostraramaumento progres-sivo do escore dos pacientes em um seguimento de dois anos. Não encontraram diferenc¸a estatisticamente signifi-cativa entre o tratamento aberto (media Wosi 85,2) e o artroscópico(médiaWosi81,9).1

Priviteraetal.7também avaliaramseuspacientes como escoreWosi.Amédiadoescoredetodososombrosoperados foide80%numaescalade0a100%.Compararamoombro ope-radocomocontralateralnormaleverificaramumadiferenc¸a estatisticamentesignificativaparaoescoreWosi.Essa aná-lise mostra que apesar de o tratamento cirúrgico ter sido bem-sucedidonemsemprehápercepc¸ãodenormalidadeda articulac¸ãoporpartedopaciente.

Boileauetal.,17emumaavaliac¸ãosubjetiva,encontraram 73%depacientesmuitosatisfeitosousatisfeitose23% insa-tisfeitosoumuitoinsatisfeitos.Noentanto,apenas15%dos pacientesapresentaramfalhadotratamentoporrecidiva,o que sugere novamente que mesmo se houver sucesso do tratamento emrelac¸ão arecidivas,nemtodos ospacientes apresentamtotalsatisfac¸ãocomoresultadocirúrgico.17

Verificamosumadiferenc¸asignificativanapercepc¸ão de umombronormalentreospacientes denossoestudo.Um terc¸odenossaamostra(32,3%)depacientescombom resul-tado e satisfeitos não considerou seu ombro normal. A diferenc¸a foi considerada significativaquando comparados os pacientescom esemrecidiva noseu acompanhamento pós-operatório. Apenas 20% dos pacientes que apresenta-ramrecidivasetiveramcirurgiaderevisãoconsideraramseu ombrocomonormal.Esseachadolevaaconsiderara impor-tânciadoprimeirotratamentocirúrgicoparaoresultadofinal. A forma de conduzir o pós-operatório varia entre os autores. O tempo de imobilizac¸ão, o inícioda recuperac¸ão da mobilidade, o início do reforc¸o muscular e o trabalho proprioceptivo com ênfase na atividade esportiva original devemserindividualizadosentreospacientes.

(5)

deexercíciosderotac¸ãoexterna.Oreforc¸omusculardeveser iniciadocerca de 12 semanas após a cirurgiae as ativida-desesportivasretardadasseisanovemeses,adependerdo esportepraticadopelopaciente.4

Priviteraetal.7 sugeremimobilizac¸ãocomtipoiade qua-tro a seis semanas. Nas primeiras quatro semanas eram estimulados movimentos pendulares e movimentos ativos decotoveloepunho.Apósaquartasemanaeram iniciados movimentopassivosdeflexãoanterior,abduc¸ãoaté90◦ede

rotac¸ãoexternaaté0◦eeramliberadosmovimentos

isomé-tricosdodeltoideedamusculaturaperiescapular.Apartirda sextasemanaeraestimuladoarcototaldemovimentosativos eapós12semanaseraminiciadosexercíciosdereforc¸o mus-cular.Oretornoaoesporteeraliberadoapósquatroouseis meses,conformeotipodeatividade.7

Estudos mostram que existe uma perda da rotac¸ão externa e uma diminuic¸ão da forc¸a de abduc¸ão mesmo após areabilitac¸ão.2,7 Mesmocom umadequadoprograma de reabilitac¸ão e acompanhamento médico, pode haver limitac¸õespós-operatórias,quedevemnortearasorientac¸ões paraoretornoseguroàatividadeesportiva.

Nosso estudo traduziu a importância do seguimento médicopós-operatórioaoavaliarasrecidivas.Encontramos umíndicemuitomaiorderecidivasnospacientesque aban-donaramoacompanhamentoantesdereceberasorientac¸ões adequadaspara oretornoaocotidianoeàatividade espor-tiva.Verificamosumaprevalência5,6xmaiorderecidivada luxac¸ãonessespacientes.Épossívelqueodesconhecimento dosmovimentosderisco,arecuperac¸ãoinsuficientedaforc¸a musculareainadequadarecuperac¸ãoproprioceptivapossam colocaropacientevulnerávelarecidivasfuturas.

Consideramosviésdesteestudoacontínuaeprogressiva evoluc¸ãodacurvadeaprendizadodoautornoprocedimento cirúrgicoartroscópicodesde2002,bemcomoousode diferen-testiposdetipoianoperíododeimobilizac¸ãopós-operatória imediata.

Conclusão

Observou-se queos indivíduos que abandonaramo acom-panhamentopós-operatóriodaestabilizac¸ãoartroscópicada luxac¸ãorecidivantedoombro antesde seismeses tiveram umaprevalência5,6vezesmaiorderecidivadaluxac¸ão.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

e

r

ê

n

c

i

a

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Tabela 1 – Questionário do Survey 1. O Sr. (a) tem dor no ombro operado?

Referências

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