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Braz. j. . vol.83 número5

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www.bjorl.org

Brazilian

Journal

of

OTORHINOLARYNGOLOGY

ARTIGO

ORIGINAL

Efficacy

of

syringe-irrigation

topical

therapy

and

the

influence

of

the

middle

turbinate

in

sinus

penetration

of

solutions

Guilherme

Henrique

Wawginiak

a

,

Leonardo

Balsalobre

a,b

,

Eduardo

Macoto

Kosugi

b,∗

,

João

Paulo

Mangussi-Gomes

a,b

,

Raul

Ernesto

Samaniego

a

e

Aldo

Cassol

Stamm

a

aComplexoHospitalarEdmundoVasconcelos,CentrodeOtorrinolaringologiaeFonoaudiologia,SãoPaulo,SP,Brasil

bUniversidadeFederaldeSãoPaulo,EscolaPaulistadeMedicina,DepartamentodeOtorrinolaringologiaeCirurgiadeCabec¸a

ePescoc¸o,SãoPaulo,SP,Brasil

Recebidoem15dejaneirode2016;aceitoem28dejunhode2016 DisponívelnaInternetem8deagostode2017

KEYWORDS Sinusitis/therapy; Therapeutic irrigation; Video-assisted surgery; Naturalorifice endoscopicsurgery

Abstract

Introduction:Topicaltherapiesarethebestpostoperativetreatmentoptionforchronic rhino-sinusitis,especiallythosewithhighvolumeandpressure,suchasthesqueezebottles.However, theyarenotanavailableoptioninBrazil,whereirrigationsyringesareused.

Objective:Toinvestigatetheefficacyoftopicalsinonasaltherapywithsyringeandtheinfluence ofthemiddleturbinateonthisprocess.

Methods:Interventionstudyintrainingmodels(S.I.M.O.N.T.).Afterstandarddissection,three interventionswereperformed(NasalSpray4puffs,60-mLsyringeand240-mLSqueezeBottle) withnormalandSuturedMiddleTurbinate.Imagesofeachsinuswerecapturedafterthe inter-ventions,totalizing144images.Theimageswereclassifiedby10evaluatorsaccordingtothe amountofresidualvolumefromzeroto3,withzeroand1beingconsideredpoorpenetration and2and3,goodpenetration.The1440evaluationswereusedinthisstudy.

Results:Consideringall middleturbinate situations,theamount ofgoodpenetrations were 8.1%forSpray;68.3%forSyringe,and78.3%forSqueeze(p<0.0001).Consideringalltypesof interventions,theNormalMiddleTurbinategrouphad48.2%ofgoodpenetrationsandthe Sutu-redMiddleTurbinate,55%(p=0.01).ConsideringonlytheSuturedMiddleTurbinates,therewas nodifferencebetweentheinterventionswithSyringeandSqueeze(76.3%vs.80.4%;p=0.27).

DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.06.013

Comocitaresteartigo:WawginiakGH,BalsalobreL,KosugiEM,Mangussi-GomesJP,SamaniegoRE,StammAC.Efficacyofsyringe-irrigation topicaltherapyandtheinfluenceofthemiddleturbinateinsinuspenetrationofsolutions.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:546---51.

Autorparacorrespondência.

E-mail:edumacoto@uol.com.br(E.M.Kosugi).

ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.

(2)

Conclusion: Topicaltherapyofirrigationwitha60-mLsyringewasmore effectivethanthat withnasalspray.Thestatusofthemiddleturbinateprovedtobefundamentalandinfluenced topicaltherapy.Irrigationwithsyringewasaseffectiveasthesqueezebottlewhenthemiddle turbinatewassuturedtothenasalseptum.

© 2017 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

PALAVRAS-CHAVE Sinusite/terapia; Irrigac¸ãoterapêutica; Cirurgia

videoassistida; Cirurgiaendoscópica pororifícionatural

Eficáciadaterapiatópicadeirrigac¸ãocomseringaeainfluênciadaconchamédia napenetrac¸ãosinusaldesoluc¸ões

Resumo

Introduc¸ão: Terapiastópicassãoamelhoropc¸ãodetratamentopós-operatóriodarinossinusite crônica,principalmentecomaltovolumeepressão,comoossqueezebottles.Porém,nãosão opc¸õesdisponíveisnarealidadebrasileira,naqualfrequentementesãousadosseringasparaa irrigac¸ão.

Objetivo: Averiguar aeficácia daterapia tópicanasossinusal comseringae ainfluência da conchamédianesseprocesso.

Método: Estudo de intervenc¸ão em modelos de treinamento (S.I.M.O.N.T.). Apósdissecc¸ão padronizada, três intervenc¸ões foram feitas (spraynasal 4puffs,seringade 60mL e sque-ezebottlede240mL)comaconchamédianormalesuturada.Foramcapturadasimagensde cadaseioapósasintervenc¸ões,totalizando 144imagens.Asimagensforamclassificadaspor 10 avaliadoresdeacordocomaquantidadedevolumeresidualdezeroa3,sendozeroe1 considerados penetrac¸ãoruime2e3,penetrac¸ãoboa.As1.440avaliac¸õesforamutilizadas nesteestudo.

Resultados: Considerandotodasassituac¸õesdeconchamédia,aquantidadedepenetrac¸ões boasfoide8,1%paraspray;68,3%paraseringae78,3%parasqueeze(p<0,0001).Considerando todosostiposdeintervenc¸ão,aconchamédianormalobteve48,2%depenetrac¸õesboasea conchamédiasuturada,55%(p=0,01).Considerandoapenasconchamédiasuturada,nãohouve diferenc¸aentreasintervenc¸õesseringaesqueeze(76,3%vs.80,4%;p=0,27).

Conclusão:Aterapiatópicadeirrigac¸ãocomseringade60mLfoimaiseficazdoquecomspray nasal. Ostatus daconcha médiamostrou-se fundamentale influencioua terapiatópica. A irrigac¸ãocomseringafoitãoeficazquantoacomsqueezebottlequandoaconchamédiafoi suturadaaoseptonasal.

© 2017 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).

Introduc

¸ão

A rinossinusite crônica (RSC) é definida como um

pro-cessoinflamatório crônico damucosadonarize dosseios

paranasais, com durac¸ão maior do que 12 semanas, sem

resoluc¸ãocompletadossintomas.1,2Essainflamac¸ãocrônica

damucosapodesercausadapormecanismos

fisiopatológi-cosdistintos,oquefazcomqueotermoRSCsejaumgrande

‘‘guarda-chuva’’queabrigadiversasdoenc¸asdiferentesque

seapresentamcomobstruc¸ãonasal,rinorreia,alterac¸õesdo

olfatoe/oudorfacial.3

Airrigac¸ãonasal,apesardocrescenteinteressenos

últi-mos anos,4,5 é um tratamento muito antigo, é praticada

há séculosna Índiadurante aiogaedesdeo século19na

medicinaocidental6comdiversassoluc¸ões,dentreelasade

cloretodesódio,ediversosinstrumentos,comoseringase

frascos,usadosnaépocaparaaslavagensnasais.7Emboraa

maioriadesses agentesnãosejamaisusada atualmente,a

práticadairrigac¸ãonasalcomsoluc¸ãosalinapermaneceue

ganhoupopularidadeaolongodoséculo20,éconsiderada

eficaznocontroledadoenc¸anasossinusal,alémdeseruma

pedrafundamentalnocuidadopós-operatório.8

Váriastécnicasedispositivosdeirrigac¸ãonasaltêmsido

desenvolvidos ao longodos anos, com variac¸ões na

pres-são e no volume aplicado de soluc¸ão. Os dispositivos de

baixovolume aplicamem tornode 100 ␮Lnos spraysaté

algunsmililitros paraconta-gotas, atomizadores e

nebuli-zadores. Já os sistemas dealto volume disponibilizam ao

menos50 mL,podemchegar até240mL, comonos

sque-eze bottles e neti pots. Principalmente após a cirurgia

endoscópicanasossinusal (CENS), os sistemas deirrigac¸ão

dealtovolumepermitemadequadadistribuic¸ãodasoluc¸ão

na cavidade nasal e placa olfatória e, principalmente,

apresentam melhor penetrac¸ão sinusal. Quanto maior o

volumedairrigac¸ão,maioradistribuic¸ãoparaascavidades

(3)

Figura1 Modeloapósdissecc¸ãopadronizada.A,Conchamédiamantidasemtratamentoapósdissecc¸ão.B,Conchamédiasuturada aoseptoapósdissecc¸ão.

Portanto, a func¸ão primordial da CENS na RSC,

atu-almente, passa a ser preparar os seios paranasais para

receberemmedicac¸ãotópica,principalmentena formade

irrigac¸ão.12 Fatorestécnicospodemprejudicaraadequada

distribuic¸ão da irrigac¸ão, como sinéquias, principalmente

entrea conchamédia (CM) e a paredelateral donariz,13

poisnormalmenteaconchamédiaémobilizadae,não

rara-mente, instabilizada durante o atocirúrgico, o que pode

levaràsualateralizac¸ãoe/ouadesão.13---15

A controvérsia entrepreservar ouremover a CM é tão

antiga quantoa história da CENS. Aqueles que condenam

aressecc¸ão daCMlevam em considerac¸ão aalterac¸ão da

func¸ãonasal,oriscodeRSCfrontal,aperdadeum

impor-tantemarcoanatômicoparacirurgiasrevisionais,oriscode

anosmiaouaindaaformac¸ãoexcessivadetecidocicatricial.

Jáosqueadvogamaressecc¸ãoparcialoutotaldaCM

acredi-tamembenefíciosnoscuidadospós-operatórios,diminuic¸ão

de sinéquias e maior acessibilidade aos seios.16---18 Uma

abordagem intermediária a essas duas vertentes inclui o

usodedispositivos espac¸adoresdemeato médioouainda

asuturadasconchasmédiasaoseptonasal.14,15

No Brasil, não há dispositivos à venda que apliquem

altosvolumesdesoluc¸ãocompressão,portantoarealidade

local é de uso de seringas para a aplicac¸ão das soluc¸ões

comcorticosteroide.19Porém,nãoevidênciadequeessa

modalidadedeaplicac¸ãosejasimilaràstécnicasjá

descri-tas,nemhá evidênciasobreainfluênciadaconchamédia

nessamodalidade de terapia tópica. Portanto,o objetivo

desteestudofoiaveriguaraeficáciadaterapiatópica

nasos-sinusal com seringa e a influênciada concha nasalmédia

nesseprocesso.

Método

Trata-se de um estudo de intervenc¸ão em modelo de

dissecc¸ão nasossinusal, no qual foram testadas três

intervenc¸ões distintas de terapia tópica em dois grupos

específicosdeposic¸ãodaconchamédia.

Foramusadastrês unidades domodelo detreinamento

de cirurgia endoscópica nasossinusal (S.I.M.O.N.T.)

pro-duzido pela empresa Pro Delphos® (Recife, PE, Brasil)

e um mesmo cirurgião otorrinolaringologista (L.L.B.F.)

fez dissecc¸ão cirúrgica padronizada (fronto-esfeno

Figura 2 Terapia tópicade irrigac¸ão comseringa feitaem posic¸ãoortostática,simulaleveflexãoanteriordacabec¸a(30◦).

-maxilo-etmoidectomia) em ambas as fossas nasais (seis

dissecadas). Todos os três modelos receberam, além da

dissecc¸ãocirúrgicapadronizada,doistratamentos

sequen-ciais daconcha média, que corresponderam à divisão em

dois grupos: inicialmente, a concha média foi mantida

em sua posic¸ão habitual após a dissecc¸ãoe correspondeu

ao grupo concha média normal (fig. 1A). Num segundo

momento,asconchasmédiasforamsuturadasentresicom

umpontoúnicoquetransfixavaoseptonasal,comousode

fio denylon3---0 (fig. 1B)e foi chamadode grupo concha

médiasuturada.

Em cada modelo foram feitas as três intervenc¸ões de

terapia tópica.Asoluc¸ãodelavagemfoipreparada coma

diluic¸ãode10gotasdecorantealimentarazulem 500mL

de água. Um único examinador fez todasas intervenc¸ões

de terapia tópica,com omodelo S.I.M.O.N.T. em posic¸ão

ortostática,parasimularflexãoanteriordopescoc¸odecerca

de30◦ (fig.2).Aprimeiraintervenc¸ãoconsistiuemquatro

atomizac¸õescomspray nasalem cadanarina,que

corres-pondeua 0,2mLdesoluc¸ão pornarina,efoichamadade

intervenc¸ãospray.Nasegunda,foiusadaseringade60mL

(4)

Figura3 Exemplosdegrandequantidadedelíquidonosseios.A,Seiomaxilaresquerdo;B,Seioetmoidaldireito;C,Seiofrontal direito;D,Seioesfenoidalesquerdo.

volumefoi injetadoem umasó aplicac¸ãosob pressão em

cadanarina,foichamadadeintervenc¸ãoseringa.Eaúltima

intervenc¸ão foi feita com um frasco (squeeze bottle) de

terapiatópicadealtovolumeealtapressãode240mL(Sinus

Rinse,NeilmedPharmaceuticals,Inc.,SantaRosa,

Califór-nia,EUA),com metadedessevolumeinjetadoem umasó

aplicac¸ãosobpressãoemcadanarina,intervenc¸ãochamada

desqueeze.

Após cada intervenc¸ão, um endoscópio rígido de 30◦,

conectado aumsistemadegravac¸ão comcâmeraefonte

deluz,foiintroduzidonasfossasnasais,foramcapturadas

imagensendoscópicasdosseiosmaxilares,etmoidais,

fron-taise esfenoidais,sempre como cuidadodenãopermitir

aidentificac¸ãodotratamentofeitonaconchamédia.Após

oregistro, omodelo foilavado comáguacorrentee

aspi-rado para assegurar a remoc¸ão detodo o corante usado.

Portanto,inicialmente,foramfeitasastrêsintervenc¸õesnos

trêsmodeloscomaconchamédianormal;depois,as

con-chasmédiasdostrêsmodelosforamsuturadasenovamente

foramfeitasastrêsintervenc¸õesnostrêsmodelos.

Foi capturada uma imagem de cada seio, para cada

intervenc¸ão, em cada grupode CM,totalde 144 imagens

(1 imagem×3 intervenc¸ões×2 grupos de CM×4 seios×

6lados), colocadasem umaapresentac¸ão dePowerPoint®

enumeradasde1a144,semqualquerindicac¸ãodogrupo

deconchamédiaoudaintervenc¸ãodeterapiatópicafeita.

Asimagensforamclassificadasdeacordocoma

quanti-dadedevolumeresidualemumaescalasemiquantitativa.

As notas que poderiam ser atribuídas a cada seio foram:

0 (nenhum líquido na cavidade), 1 (pouca quantidade de

líquidonacavidade),2(moderadaquantidadedelíquidona

cavidade)e3(grandequantidadedelíquidonacavidade).

Todas as imagens foram analisadas por dez avaliadores,

que erammédicos otorrinolaringologistas treinados e que

nãoestavam envolvidos nas terapias tópicas ou ainda na

digitalizac¸ão das imagens, total de 1.440 análises. Para

padronizar a avaliac¸ão, os autores apresentaram

previ-amente aos avaliadores exemplos do que consideravam

grandequantidadedelíquidoemcadaumdosseios(fig.3A

aD).Osescores0e1foramconsideradospenetrac¸ãoruim

aosseios,enquantoqueosescores2e3foramconsiderados

penetrac¸ãoboa.

Aanáliseestatísticaconsistiunotestedequi-quadrado

(ou exato de Fisher, quando necessário), considerando

variáveiscategóricas(penetrac¸ãoruimouboa)nosgrupos

estudados(sprayvs.seringavs.squeeze;ouconchamédia

normalvs.conchamédiasuturada).Aanáliseda

concordân-ciainterobservadores foi avaliada pelo teste Kappa. Para

todosostestesestatísticos,foramconsideradossignificantes

valoresdepmenoresdoque5%.

Resultados

A concordância interobservador foi considerada grande

(Kappa = 0,628;p < 0,001;0,604-0,653).

As três intervenc¸ões mostraram-se distintas quanto à

(5)

Tabela 1 Penetrac¸ão da terapia tópica em cada intervenc¸ão

Intervenc¸ão Penetrac¸ãodaterapiatópica Total

Ruim Boa

n % n % n

Spray 441 91,9% 39 8,1% 480

Seringa 152 31,7% 328 68,3% 480

Squeeze 104 21,7% 376 78,3% 480

Total 697 48,4% 743 51,6% 1440

n,número;%,porcentagem. Testequi-quadrado:p<0,0001.

Tabela2 Penetrac¸ãodaterapiatópicadeacordocoma conchamédia

Conchamédia Penetrac¸ãodaterapiatópica Total

Ruim Boa

n % n % n

Normal 373 51,8% 347 48,2% 720

Suturada 324 45,0% 396 55,0% 720

Total 697 48,4% 743 51,6% 1440

n,número;%,porcentagem. Testequi-quadrado:p=0,01.

Tabela 3 Penetrac¸ão da terapia tópica com a concha

médianormal

Intervenc¸ão Penetrac¸ãodaterapiatópica Total

Ruim Boa

n % n % n

Spray 221 92,1% 19 7,9% 240

Seringa 95 39,6% 145 60,4% 240

Squeeze 57 23,8% 183 76,3% 240

Total 373 51,8% 347 48,2% 720

n,número;%,porcentagem.

Testequi-quadrado: spray vs. seringa vs. squeeze p<0,0001; sprayvs.seringap<0,0001;sprayvs.squeezep<0,0001;seringa

vs.squeezep<0,0001.

mostrou-semaiseficazdo quea spray(68% deavaliac¸ões boas para a penetrac¸ão sinusal vs. 8%), porém inferior à squeeze(68vs.78%),conformedemonstradonatabela1.

Ao considerar ostatus da concha média,notou-se que

quandoaconcha médiaestavasuturada, asterapias

tópi-cas apresentaram maior penetrac¸ão do que quando a

conchamédiaestavaemposic¸ãonormalnopós-operatório,

conformedemonstradonatabela2.

Considerando a penetrac¸ão das terapias tópicas de

acordo com o status da concha média, notou-se que na

situac¸ãoconchamédianormalfoimantidoopadrãoinicial

depenetrac¸ãosqueeze>seringa>spray(tabela3). Porém,

aoconsiderarapenasasituac¸ãoconchamédiasuturada,a

intervenc¸ãoseringamostrou-sesimilaràintervenc¸ão

sque-eze(76vs.80%,p=0,27)(tabela4).

Tabela 4 Penetrac¸ão da terapia tópica com a concha

médiasuturada

Intervenc¸ão Penetrac¸ãodaterapiatópica Total

Ruim Boa

n % n % n

Spray 220 91,7% 20 8,3% 240

Seringa 57 23,8% 183 76,3% 240

Squeeze 47 19,6% 193 80,4% 240

Total 324 45,0% 396 55,0% 720

n,número;%,porcentagem.

Teste qui-quadrado, spray vs. seringa vs. squeeze p<0,0001; sprayvs.seringap<0,0001;sprayvs.squeezep<0,0001;seringa

vs.squeezep=0,27.

Discussão

O presente estudo demonstrou que a terapia tópica com seringade60mLfoi maiseficazdoqueaquela comspray nasal,independentementedasituac¸ãodaconchamédia,e tão eficaz quanto o squeeze bottle, quandoadministrada após a sutura das conchas médias. Para a realidade bra-sileira, este estudo mostrou-se fundamental, pois nãohá squeezebottlesdisponíveiscomercialmentenessemercado, as terapiastópicas de irrigac¸ão são feitas rotineiramente com seringas. O único estudo brasileiro publicado até o momentocomirrigac¸ãodecorticosteroidesfoiadministrado com seringas de 20 mL, mostrou que essa é realmente a realidadenacional.19

Nãohámuitosestudosdeterapiatópicadeirrigac¸ãocom

seringas.Snidvongsetal.(2008)20compararamapenetrac¸ão

sinusalpós-terapiatópicacomseringasde50mL(40mLde

soluc¸ão)ecomspraynasal(10mL).Porém,diferentemente

dopresenteestudo,emquefoiavaliadaapenetrac¸ão

sinu-salpós-CENS,oestudodeSnidvongsetal.avalioupacientes

comRSCsemcirurgiaprévia,comprovouqueapenetrac¸ão

sinusalemseiosnãooperadosédesprezível,

independente-mentedatécnicausada.Mesmoassim,ovolumeretidona

cavidadenasalfoisignificantementemaiorcomaseringade

50mL.20

Abadie et al. (2012)10 fizeram estudo em cadáveres,

todosapósCENS,noqualcompararamdiversastécnicasde

irrigac¸ão,divididasemirrigac¸õesdealtovolumee sprays,

emqueobservarammelhoresresultadosdepenetrac¸ão

sinu-salcomasirrigac¸õesdealtovolume,assimcomoopresente

estudo.Dasdiversastécnicasdeirrigac¸ãodealtovolume,o

squeezebottlemostrou-semaiseficaz,foiomesmomodelo

usadoemnossoestudo.Aconfirmac¸ãodopresenteestudo,

dequeaterapiatópicacomaseringaémaiseficazdoque

o spray, já é suficiente para justificaro seu uso rotineiro

na realidade nacional, em casosde falha ao spray.19 Mais

ainda,aconstatac¸ãodequeaseringatemeficáciasimilar

àdosqueezebottle(consideradoamelhortécnicade

tera-piatópicapeloestudodeAbadieetal.)10 quandoaconcha

médiaestásuturada,éfundamentalparaconfirmarmosque

ousodaseringapodeserconsideradoamelhoropc¸ão

tera-pêuticaaospacientescomRSCempós-operatórioemnossa

(6)

É importante ressaltar o papel da cirurgia na terapia

tópica nasossinusal. Harvey et al. (2009)21 demonstraram

queostatusdosóstiossinusaisinfluencianacapacidadede

penetrac¸ãosinusaldaterapiatópica.Comtécnicasdealto

volume,osautoresdemonstraramqueseiosoperados

apre-sentarammaiorpenetrac¸ão doque controlessemdoenc¸a,

queporsuavezapresentarammaiorpenetrac¸ãodoque

paci-entes com RSC sem cirurgia prévia. Atualmente, um dos

pilares da CENS é exatamente o de criar cavidades

aber-tas,acessíveisàterapiatópica.22 Oconceitoépuramente

mecânico, com necessidade de acesso físico da irrigac¸ão

aosseios.Portanto,aconchamédia,pelasuaposic¸ão

cen-tralnacavidadenasal,poderiaexercerpapelnaeficáciada

terapiatópica.Opresenteestudoconfirmouqueaposic¸ão

daconchamédiapodeinfluenciarnapenetrac¸ãosinusal,a

suturatransseptaldasconchasmédiasfacilitaapenetrac¸ão

sinusal dasterapiastópicasdeumamaneiragerale ainda

igualaaeficácia daseringade60mLàdosqueezebottle.

Portanto,faz-senecessáriootratamentodaconchamédia,

como intuitodemelhorara eficáciadaterapia tópicade

irrigac¸ãocomseringa.

Conclusão

Emmodelosdedissecc¸ão nasossinusaloperados,aterapia

tópicadeirrigac¸ãocomseringade60mLfoimaiseficazdo

quecomspraynasal.Ostatusdaconchamédiamostrou-se

fundamentaleinfluenciounaterapiatópica.Airrigac¸ãocom

seringafoitãoeficazquantocomsqueezebottlequandoa

conchamédiafoisuturadaaoseptonasal.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Figura 1 Modelo após dissecc ¸ão padronizada. A, Concha média mantida sem tratamento após dissecc ¸ão
Figura 3 Exemplos de grande quantidade de líquido nos seios. A, Seio maxilar esquerdo; B, Seio etmoidal direito; C, Seio frontal direito; D, Seio esfenoidal esquerdo.
Tabela 2 Penetrac ¸ão da terapia tópica de acordo com a concha média

Referências

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