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J. Pediatr. (Rio J.) vol.93 número3

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Academic year: 2018

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www.jped.com.br

ARTIGO

ORIGINAL

Cardiac

dysfunction

and

ferritin

as

early

markers

of

severity

in

pediatric

sepsis

,

夽夽

Cristian

T.

Tonial

a,b,∗

,

Pedro

Celiny

R.

Garcia

a,b,c

,

Louise

Cardoso

Schweitzer

d

,

Caroline

A.D.

Costa

b

,

Francisco

Bruno

a

,

Humberto

H.

Fiori

b,e

,

Paulo

R.

Einloft

a

,

Ricardo

Branco

Garcia

f

e

Jefferson

Pedro

Piva

g,h

aPontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),HospitalSãoLucas,UnidadedeTerapiaIntensiva,PortoAlegre,

RS,Brasil

bPontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),ProgramadePós-Graduac¸ãoemPediatriaeSaúdedaCrianc¸a,

PortoAlegre,RS,Brasil

cConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq),BolsistadeProdutividadeemPesquisa,Brasil

dPontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),HospitalSãoLucas,Servic¸odeCardiologiaPediátrica,Porto

Alegre,RS,Brasil

ePontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),HospitalSãoLucas,UnidadedeTerapiaIntensivaNeonatal,

PortoAlegre,RS,Brasil

fCambridgeUniversityHospitalsNHSTrust,PediatricIntensiveCareUnit,Cambridge,Inglaterra

gHospitaldeClínicasdePortoAlegre(HCPA),UnidadedeTerapiaIntensivaPediátrica,PortoAlegre,RS,Brasil

hUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),ProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdedaCrianc¸aeAdolescente,Porto

Alegre,RS,Brasil

Recebidoem7deabrilde2016;aceitoem9deagostode2016

KEYWORDS Sepsis; Septicshock; Echocardiogram; Outcome;

Pediatricintensive careunit

Abstract

Objective: The aim ofthisstudy was toverify theassociation ofechocardiogram,ferritin, C-reactiveprotein,andleukocytecountwithunfavorableoutcomesinpediatricsepsis. Methods: AprospectivecohortstudywascarriedoutfromMarchtoDecember2014,with pedi-atriccriticalcarepatientsagedbetween28daysand18years.Inclusioncriteriawerediagnosis ofsepsis,needfor mechanicalventilationfor morethan48h,andvasoactivedrugs. Serum levelsofC-reactiveprotein,ferritin,andleukocytecountwerecollectedonthefirstday(D0), 24h(D1),and72h(D3)afterrecruitment.Patientsunderwenttransthoracicechocardiography

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.08.006

Comocitaresteartigo:TonialCT,GarciaPC,SchweitzerLC,CostaCA,BrunoF,FioriHH,etal.Cardiacdysfunctionandferritinasearly

markersofseverityinpediatricsepsis.JPediatr(RioJ).2017;93:301---7.

夽夽TrabalhovinculadoàPontifíciaUniversidadeCatólicadoRioGrandedoSul(PUC-RS),ProgramadePós-Graduac¸ãoemPediatriaeSaúde

daCrianc¸a,PortoAlegre,RS,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:cristiantonial@gmail.com(C.T.Tonial).

(2)

todeterminetheejectionfractionoftheleftventricleonD1andD3.Theoutcomesmeasured werelengthofhospitalstayandinthepediatricintensivecareunit,mechanicalventilation duration,freehoursofVM,durationofuseofinotropicagents,maximuminotropicscore,and mortality.

Results: Twentypatientscompletedthestudy.PatientswithelevatedferritinlevelsonD0had also fewerventilator-freehours(p=0.046)andhighermaximum inotropicscore (p=0.009). PatientswithcardiacdysfunctionbyechocardiogramonD1hadlongerhospitalstay(p=0.047), pediatric intensivecareunitstay(p=0.020),durationofmechanicalventilation(p=0.011), maximuminotropicscore(p=0.001),andfewerventilator-freehours(p=0.020).

Conclusion: Cardiacdysfunctionbyechocardiographyandserumferritinvaluewassignificantly associatedwithunfavorableoutcomesinpediatricpatientswithsepsis.

©2017SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/).

PALAVRAS-CHAVE Sepse;

Choqueséptico; Ecocardiograma; Desfecho;

UnidadedeTerapia IntensivaPediátrica

Disfunc¸ãocardíacaeaferritinacomomarcadoresprecocesdegravidadenasepse pediátrica

Resumo

Objetivo: Verificaraassociac¸ãodoecocardiograma,daferritina,daproteínaCreativa(PCR)e dacontagemdeleucócitoscomdesfechosdesfavoráveisnasepsepediátrica.

Métodos: Estudodecoorteprospectivo,demarc¸oadezembrode2014,compacientescríticos pediátricosentre28diase18anos.Critériosdeinclusãoforamdiagnósticodesepse, necessi-dadedeventilac¸ãomecânica(VM)pormaisde48horaseusodedrogasvasoativas.Avaliaram-se osníveisséricosPCR,ferritina,contagemdeleucócitos,norecrutamento(D0),24horas(D1)e 72horas(D3)apósorecrutamento.NoD1enoD3todosospacientesforamsubmetidosa eco-cardiogramatranstorácicoparadeterminac¸ãodaFrac¸ãodeEjec¸ão(FE)doventrículoesquerdo. Osdesfechosavaliadosforamtempodeinternac¸ãohospitalarenaUnidadedeTerapiaIntensiva Pediátrica(UTIP);durac¸ãodaVM;horaslivresdeVM;durac¸ãodousodeinotrópicos;escorede inotrópicosmáximoemortalidade.

Resultados: Vintepacientescompletaramoestudo.FerritinaelevadanoD0associou-secom menortempolivredeventilac¸ão(p=0,046)emaiorescoredeinotrópicosmáximo(p=0,009). Adisfunc¸ãocardíacapeloecocardiogramanoD1relacionou-secommaiortempodeinternac¸ão hospitalar(p=0,047),deUTIP(p=0,020),VMtotal(p=0,011),escoredeinotrópicosmáximo (p=0,001)emenortempolivredeVM(p=0,020).

Conclusão: Adisfunc¸ãocardíacapeloecocardiogramaeovalordeferritinaséricaassociaram-se significativamentecomdesfechosdesfavoráveisnospacientespediátricoscomsepse. ©2017SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/).

Introduc

¸ão

Asepsecontinuaaserumacausaimportantedemorbidade emortalidadenoambientedaunidadedeterapiaintensiva pediátrica(UTIP).Acharferramentasquepossibilitem ante-ciparouacompanharumaevoluc¸ão desfavorávelna sepse podecontribuirparaamelhoriadoatendimentodesses paci-entescriticamenteenfermos.1,2

Porcontadisso,diversosmarcadoresbiológicostêmsido recentementeestudadoscomoavaliadoresdeevoluc¸ãode doenc¸a nas infecc¸ões bacterianas, na sepse e no choque séptico.1---8Dentreosbiomarcadores,osmaisusadosnonosso

meiosãoacontagem dosleucócitos, aproteínaC reativa (PCR)e a ferritina. As duas últimascom escassos estudos empediatriaquerelacionemosníveisséricoscomdesfechos desfavoráveis.1,4,6---8

Nasepse pediátrica,adisfunc¸ãomiocárdicaé umadas principais causas de deteriorac¸ão clínica do paciente.9

A disfunc¸ão miocárdica pode estar presente em até 50% dos casos de sepse grave ou de choque séptico, ocasi-onadisfunc¸ãoventricularsistólicaoudiastólicaecontribui para o choque e para a mortalidade.10 O ecocardiograma

já é usado no manejo de pacientes com choque sép-tico durante a ressuscitac¸ão volumétrica e para escolha damelhordrogavasoativa.11,12Especula-seque avaliac¸ões

obtidas pelo exame ecocardiográfico possam servir como marcadoresdeevoluc¸ãonasepse.Alémdisso,poucos estu-dosassociaramessasmedidascomdesfechosdesfavoráveis nasepsepediátrica.13

(3)

sepse.Alémdisso,associamosasmedidasdessesmarcadores comdesfechosdesfavoráveis.

Métodos

EsteestudodecoorteprospectivofoidesenvolvidonaUTIP do Hospital São Lucas da Pontifícia UniversidadeCatólica doRioGrandedoSul(PUC-RS),emPortoAlegre,noSuldo Brasil,demarc¸oadezembrode2014.Essaunidadeatende pacientesde28diasa18anoscomdoenc¸asclínicase cirúr-gicasetem12leitosparainternac¸ão.

Foramincluídostodosospacientesinternadosnoperíodo descritoquenecessitavamdeventilac¸ãomecânica(VM)por maisde 48 horas,com apoio cardiovascular (com excec¸ão dedopaminanadose menor doque5mcg/kg/min) eque tinhamdiagnósticooususpeitaclínicadesepse.Foram crité-riosdeexclusão:cardiopatiacongênita,presenc¸adedoenc¸a endócrinaconfirmadaoususpeitaqueenvolvaeixos somato-tróficosecorticotrópicos;necessidadedehemofiltrac¸ãoou qualqueroutraterapiadesusbtituic¸ãorenal;diagnósticode imunossupressãocongênitaouadquirida;alterac¸ões meta-bólicascongênitasconfirmadasoususpeitasdometabolismo da glicose; insuficiência hepática grave; prematuridade e pesoinferiora4kg.

Sepse foi definida como a presenc¸a de dois ou mais dos seguintes quatro critérios: taquicardia, taquipneia, alterac¸ãodetemperatura,leucocitoseouleucopeniapara idade na vigência de infecc¸ão confirmada ou suspeita. As disfunc¸õesorgânicasforamclassifcadas deacordo com Goldstein et al.14 Foi considerada síndrome de disfunc¸ão

demúltiplosórgãosapresenc¸adeduasoumaisdisfunc¸ões orgânicas.

Todosospacientesdoestudotiveramdeterminadosseus níveis séricos de PCR, ferritina e contagem de leucóci-tos no momento de entrada no estudo (D0), 24 horas (D1) e 72 horas (D3) depois do recrutamento. A amos-trafoiestratificadaconformevaloresdePCR(superioresa 7,6mg/dLea16,2mg/dL),2deferritina(iguaisou

superio-resa300ng/mL)15edecontagemdeleucócitos(inferiores

a5000/uLesuperioresa15.000/uL)paraassociac¸ãocomos desfechos.

No D1 e D3 todos os pacientes foram submetidos ao examedeecocardiogramatranstorácicoparadeterminac¸ão da frac¸ão de ejec¸ão do ventrículo esquerdo (FE). A FE representaovolumeejetado,emporcentagem,dovolume diastólicofinaldoventrículoesquerdo,ouseja,oquantoé ejetadodesangueparaaaortanasístole.Afórmulausada foiadeTeichholz,foiconsideradacomodisfunc¸ãocardíaca umaFE<55%.16Medimostambémafrac¸ãodeencurtamento

doventrículoesquerdo,pelamesmafórmula,emtodosos pacientes.Osresultados obtidosforamsobreponíveis, por issooptamosporusarapenasaFEnasanálisesestatísticas. OaparelhousadofoiomodeloAcusonCypressdamarca Sie-mens (Siemens®, Munique, Alemanha),com transdutor de

3mHz.Todososexamesusaramomesmoaparelhoeforam feitospelomesmocardiologistapediátricocomexperiência doServic¸odeCardiologiaPediátricadoHospitalSãoLucas da PUC-RS. Cada exame teve três medidas consecutivas paraminimizaroefeitodavariac¸ãorespiratória,ocasionado principalmente pela ventilac¸ão mecânica. Para avaliar a

concordânciaintraobservador foi calculado o Kappa, cujo valorencontradoeconsideradoaceitávelfoide0,80.

Foram avaliados os seguintes desfechos: tempo de internac¸ãohospitalar(dias),tempodeinternac¸ãonaUTIP (dias),tempodeventilac¸ão mecânica total(horas), horas livres de ventilac¸ão mecânica (horas), tempo de uso de inotrópicostotal (horas), escore deinotrópicos máximo e mortalidade.

Para o cálculo das horas livres de VM considerou-se um valor máximo de 28 dias de ventilac¸ão mecânica (672 horas), ou seja, o valor correpondente ao número de horas livres de ventilac¸ão mecânica foi calculado subtraindo-seotempodeventilac¸ãomecânicatotal(horas) de672horas.Casoopacientetenhapermanecidomaisde 672 horas em VM, foi considerado o valor zero.17 Para o

escoredeinotrópicos máximofoi levadoem considerac¸ão omaiorvalor,obtidoemqualquerdiadoestudo,calculado porumsomatórioobtidoapartirdafórmula:doseda dopa-mina+dobutamina+(adrenalina×100)+(noradrenalina×

100)+(milrinone×10).Todosexpressosem mcg/kg/min.18

O Pediatric Index of Mortality 2 (PIM2) foi calculado no primeiro dia deinternac¸ão na UTIPcomo rotina donosso servic¸o.19Foiescolhidocomopontodecorteparagravidade

o valor de PIM2 igual a 6%, pois é o limite superior de mortalidadehistóricadanossaunidade.

Em relac¸ão à análise estatística, os dados numéricos foramexpressosemvalorabsolutoeempercentual.Dados demográficos como idade, peso, sexo, tipo de disfunc¸ão orgânica,presenc¸adeinfecc¸ãoeorigemdopacienteforam obtidos por meio de registro no prontuário eletrônico. Paraverificac¸ãodenormalidadedasamostras,foiusadoo testedeKolmogorov-Smirnov,foiconsideradaumaamostra normal quando o valor fosse>0,05. Variáveis qualitativas (categóricas) foram expressas em valores reais e percen-tageme quando estratificadaa amostra, osgrupos foram comparadoscomotestequi-quadradodePearsonouteste exatodeFischer.Variáveisquantitativasforamexpressaspor médiae desviopadrãoeaquelascomdistribuic¸ão assimé-trica,emmedianaeintervalointerquartil(IIQ).Nocasodea amostraserestratificada,osgruposforamcomparadoscom testetdeStudentouAnovaparavariáveiscomdistribuic¸ão normaletestedeMann-Whitney-WilcoxonouKruskal-Wallis paravariáveis com distribuic¸ão nãonormal. Foram consi-deradossignificativos osvaloresde p<0,05.Aanálise dos dadosfoifeitacomoprogramaIBMStatisticalPackagefor theSocialSciences(IBMSPSSStatistics20).

Esteestudo foiaprovadopelo ComitêdeÉticaem Pes-quisadoHospitalSãoLucasdaPUC-RS,soboparecernúmero 474.050, expedido em 27/11/2013. Para participac¸ão no estudo,foisolicitadaaautorizac¸ãoatravésdetermode con-sentimentoinformadoparaospaisouresponsáveisdetodos ospacientesrecrutados.

Resultados

(4)

Tabela 1 Características gerais da amostra no recrutamento

Característicasdospacientes Dadosno

recrutamento(D0)

Idade(m)md,dp 6±3 Peso(g)md,dp 7.383±2.471 Gêneromasculinon,% 12(60)

Disfunc¸ãopredominantena internac¸ãonaUTIP

1.Respiratórian,% 11(55) 2.Cardiocirculatórian,% 6(30) 3.Neurológican,% 3(15)

Pacienteexternon,% 17(85) TempoVMantesdo

recrutamento(h)md,dp

63±19

Tempoinotrópicosantesdo recrutamento(h)md,dp

55±13

EscoreinotrópiconoD0md,dp 33±39 PIM2%md,dp 13,7±15,7 PIM2>6%n,% 12(60) Leucócitos/uLmd,dp 14.852±5.663 PCRmg/dLmd,dp 12,6±9,7 Ferritinang/mLmdn,IIQ 172(118,3-514) Ferritina≥300ng/mLn,% 8(40)

NormalidadeverificadapelotestedeKolmogorov-Smirnov. D0,diazero;dp,desviopadrão;g,gramas;h,horas;IIQ, inter-valo interquartil; m, meses; md, média; mdn, mediana; n, número;PCR,proteínaCreativa;PIM2,PediatricIndexof Mor-tality2;VM,ventilac¸ãomecânica;%,percentagem.

ecocardiográficoeoitoporerro,perdaouporcoleta insufici-entedealgummaterialdoestudo.As20crianc¸asrestantes completaramo protocolo.Não se observou diferenc¸a nas característicasbasais,nagravidademedidapeloPIM2ena mortalidadeentreospacientesexcluídoseosque permane-ceramnoestudo.Ascaracterísticasgeraisdapopulac¸ãoem estudoestãodescritasnatabela1.

Norecrutamento,quandoestratificados pelagravidade (PIM2<6%ou≥6%),nãoencontramosdiferenc¸asnas carac-terísticasdemográficas,nosdiagnósticosnainternac¸ão,no tempodeVM,notempodeusoenoescoredeinotrópicos. Entreosmarcadoreslaboratoriaisderespostainflamatória, acontagemdeleucócitoseaPCRtambémnãoforam dife-rentesentreosgrupos.Apenasosvaloresdeferritinaforam maiselevadosentreosmaisgraves(médiaedesviopadrão de454,4±309,7versus91,9±6ng/mL;p=0,005).

Desempenhocardíaco(FE)

Todosospacientesforamsubmetidosaecocardiogramano primeiroeterceirodiadoestudodepoisdorecrutamento. De forma geral, os valores de FE aumentaram de forma discreta e não significativa no intervalo de estudo. Seis pacientes (30%) apresentaram FE<55%, o que caracteri-zoudisfunc¸ão cardíaca. Desses, dois (10%)recuperaram a func¸ão cardíaca no D3. Pacientes com disfunc¸ão cardíaca noprimeirodiatinhamPIM2maiselevadonomomentode admissãona UTIP e apresentaram significativa associac¸ão

com desfechos desfavoráveis. Dois pacientes desse grupo foramaóbito(tabela2).

Evoluc¸ãodosmarcadoresinflamatórios

Osmediadoresinflamatórios apresentaram-seelevados no recrutamento e com diferentes padrões no decorrer do estudo.Aferritinaapresentou-sedentrodoslimitesda nor-malidadenamaioriadospacientes,semquedasignificativa no D3. Os níveis da PCR apresentaram-se extremamente elevadosnorecrutamentoediminuíramsignificativamente, masaindacomníveis anormaisnoD3.Osleucócitostotais permaneceramelevados durantetodooperíododeestudo (tabela3).

Pacientescomhiperferritinemia(≥300ng/mL)no recru-tamento (D0) eram mais graves no primeiro dia de internac¸ãonaUTIP(PIM2maiselevado)eapresentaramos pioresdesfechos.Osdoispacientesqueevoluíramaoóbito pertenciamaessegrupo(tabela4).

Discussão

Este foi umdos poucos estudosdecoorte que analisaram em conjuntobiomarcadores desepse,medidasde ecocar-diograma, evoluc¸ão e desfechos em pacientes pediátricos criticamente enfermos.Nossoscritérios deinclusãoforam rígidos,todosospacientesestavamemventilac¸ãomecânica havia pelo menos48 horas e necessitavamde suporte de drogasvasoativas.OPIM2foimaiordoque6%em12 paci-entes (60%), o que indica a alta gravidadedos indivíduos recrutados. A mortalidade encontrada foi de 10%, que é compatívelcomaliteratura.18,20 Nossoestudodemonstrou

uma associac¸ão significativa entre baixa func¸ão sistólica cardíaca, representada pela FE, e hiperferritinemia com desfechosdesfavoráveis.

Adisfunc¸ãocardíacanasepsepediátricaéumacondic¸ão já amplamente conhecida, mas ainda não totalmente compreendida.9 O achado de disfunc¸ão cardíaca de

ven-trículo esquerdo no choque séptico (baixa FE) de 30% é compatívelcom estudospublicadosrecentemente porRaj etal.,37%;Pulidoetal.,27%;eFurianetal.,33%.9,21,22Os

doisúltimosautoresnãoencontraramrelac¸ãoentreabaixa FEedesfechosdesfavoráveisoumortalidadeempacientes adultos.Entretanto,Carmonaetal.encontraramaumento damortalidadeempacientespediátricoscomchoque sép-ticoqueapresentavamFEmenordoque45%noprimeirodia de internac¸ão na UTIP, resultado semelhanteao donosso estudo.13 Nenhum desses trabalhos associou a disfunc¸ão

cardíaca medida pela FE com outros desfechos clínicos. Uma possível explicac¸ão para os nossos achados é que a disfunc¸ão cardíaca, nasepse grave ounochoque séptico, exercemaiorinfluênciasobreoquadroclínicodopaciente pediátrico quando comparado com o do paciente adulto, quetempredominantementechoquevasoplégico.9,10Assim,

umpacientequejáestácomaterapia inotrópica aprimo-radaeaindatemdisfunc¸ãocardíaca,teráumatendênciaa apresentarpioresdesfechos.

(5)

Tabela2 Disfunc¸ãocardíacapeloecocardiogramanoprimeirodia(D1)pós-recrutamentoedesfechos

Comdisfunc¸ão cardíaca FE<55% n=6

SemDisfunc¸ão Cardíaca FE≥55% n=14

p

Tempodeinternac¸ãohospitalar(dias)a 40,7±28,8 23,3±8,3 0,047

Tempodeinternac¸ãoUTIP(dias)a 33,7±26,8 14,9±6,0 0,020

TempodeVMtotal(h)a 799,3±644,5 293,4±152,6 0,011

Horaslivresdeventilac¸ão(h)b 0(0-144) 373,50(316,30-511,30) 0,020

Tempodeinotrópicostotal(h)a 370,3±255,4 262,7±137,2 0,231

Escoredeinotrópicosmáximoa 134,2±92 28,5±22,6 0,001

PIM2%a 33,9±13,9 5,0±4,1 <0,001

PIM2>6%n,% 6(100%) 0(0%)

---Óbitosn,% 2(33%) 0(0%)

---NormalidadeverificadapelotestedeKolmogorov-Smirnov.

h,horas;n,número;PIM2,PediatricIndexofMortality2;VM,ventilac¸ãomecânica;%,percentagem.

a Valoresexpressosemmédiaedesvio-padrão.

b Valoresexpressosemmedianaeintervalointerquartil.

Tabela3 Ferritina,PCRecontagemdeleucócitosnoD0,D1eD3

Diazero Dia1 Dia3 p

Ferritinang/mLa 172(118,3-514,0)c 173,9(109,8-617)c 158,9(77,8-361,9)c 0,939

PCRmg/dLb 12,6±9,7c 8,8±6,5d 3,5±1,8e <0,001

Leucócitos/uLb 14.852±5.663c 16.874±9.599c 15.672±6.197c 0,684

a Valoresexpressosemmedianaeintervalointerquartil. b Valoresexpressosemmédiaedesvio-padrão.

c,d,eAmesmaletraindicaquenãodiferenc¸aentreosgrupos.NormalidadeverificadapelotestedeKolmogorov-Smirnov.

queinduzumadiminuic¸ãodeferrosérico,acredita-seque para minimizar a disponibilidade de ferro para microrga-nismos. Por essemotivo, aferritina em pacientescríticos pediátricos pode estar elevada e estar associada à gravi-dade em algumas doenc¸as.6---8 A chance de óbito em um

paciente comferritinaacimade 3.000ng/mLé três vezes maior.8 No nosso estudo, 40% dos pacientes encontravam

níveis elevados dessebiomarcadornoD0. Quando estrati-ficamos a amostraem dois grupos, com o pontode corte de 300ng/mL, notamos uma relac¸ão significativa entre

hiperferritinemiae desfechos desfavoráveis, como menos horaslivresdeventilac¸ãomecânicaemaiorescorede ino-trópicosmáximo.Além disso,osdoispacientesque foram aóbito pertenciam a essegrupo. Garciaet al.já haviam relacionado níveis de ferritina acima de 500ng/mL com mortalidade.6 A hiperferritinemia sustentada ou valores

muitoelevadosdessemarcadorrepresentamumcenáriode intensarespostainflamatóriaquedeveriaserbenéfica,mas quepareceserindicadordedesfechosdesfavoráveis.7

Usa-mosumpontodecortede300ng/mL,poisemestudoprévio

Tabela4 Hiperferritinemianorecrutamento(D0)edesfechos

Ferritina≥300ng/mL N=8

Ferritina<300ng/mL N=12

p

Tempodeinternac¸ãohospitalar(dias)a 35,5±26,4 23,8±8,4 0,166

Tempodeinternac¸ãoUTIP(dias)a 28,6±24,7 15,1±6,1 0,084

TempodeVMtotal(h)a 664,0±604,1 299,3±154,1 0,058

Horaslivresdeventilac¸ão(h)a 175,5±258,2 372,6±157,1 0,046

Tempodeinotrópicostotal(h)a 322,3±240,3 276,8±136,7 0,594

Escoredeinotrópicosmáximoa 108,6±92,2 27,9±23,1 0,009

PIM2(%)a 28,5±15,5 3,8±3,0 <0,001

PIM2>6%n,% 8(100) 4(33,3) 0,001

Óbitosn,% 2(20) 0(0)

---h,horas;n,número;PIM2,PediatricIndexofMortality2;VM,ventilac¸ãomecânica;%,percentagem. NormalidadeverificadapelotestedeKolmogorov-Smirnov.

(6)

de Laks e Garcia15 esse foi o valor próximo da mediana

dospacientescomchoqueséptico. Adiminuic¸ãodoponto de corte para 300ng/mL valoriza os resultados do nosso estudo.

Rey et al. publicaram no seu estudo em 2007 uma estratificac¸ão devaloresdaPCR em pacientespediátricos comSIRS,sepse,sepsegraveechoqueséptico.2Assimcomo

Rey,nonossoestudo,aPCRnorecrutamentoestavaelevada como nochoque séptico (12,6±9,7mg/dL) e demonstrou uma queda significativa nos dias subsequentes. No D3, os pacientes ainda apresentavam valores anormais desse biomarcador (3,5±1,8mg/dL). Entretanto, não houve relac¸ãodosvaloresmaiselevadosdaPCR,encontradosna nossaamostra, com desfechos desfavoráveis.Estudos que estratificamvaloresdaPCRnochoquesépticoempacientes pediátricossãoescassos.Acontagemdeleucócitostambém nãofoiútilcomomarcadordegravidade.Seuvalor perma-neceuconstante.Inicialmente,paraanálisedosleucócitos, usamosvaloresdenormalidadecomo referência,pois não encontramos na literatura valores limites que definissem prognósticoparaessemarcador.Algunsestudosjáhaviam demonstrado a baixa validade da contagem de leucóci-tos como marcador diagnóstico e prognóstico na sepse pediátrica.2,23

Limitac

¸ões

do

estudo

Algumaslimitac¸õesdonossoestudopodemserapontadas. Aprimeiraem relac¸ão àmedida daFE atravésdo ecocar-diograma,que é umexame profissionaldependente. Esse métodofoiescolhido,apesardasualimitac¸ão,porser dis-ponívelnamaioriadosservic¸osdeUTIPdoBrasil.Asegunda é o uso doPIM2 como desfecho, é umíndice prognóstico queindicamortalidade. Pacientescom disfunc¸ãocardíaca e hiperferritinemia tinham PIM2 mais elevado. Levando em considerac¸ão que se usa o PIM2 em populac¸ões de pacientespara estimar mortalidade, o achadoda relac¸ão dessa medida de gravidade com biomarcadores permite umainteressanteaplicac¸ãodesseíndice,queéamplamente usadonasUTIPdonossomeio.Aterceiraéafaltadeoutros biomarcadores que já são estudados na sepse pediátrica. Optamosporestudar aquelesque sãodefácil obtenc¸ão e maiscomumenteusadosnonossomeio.Porfim,apontamos o número de pacientes como uma limitac¸ão. Estudamos umgrupoexpressivodepacientesmuitograves, nosquais oscritérios de inclusãoe exclusão foramrígidos. A nossa amostra, embora aponte diferenc¸as significativas nos resultados,temumbaixopoderestatístico.

Em resumo, a disfunc¸ão cardíaca pelo ecocardiograma (FE<55%)noD1eovalordeferritinasérica(≥300ng/ml) noD0,obtidosempacientespediátricoscomsepse interna-dosna UTIP, associaram-se significativamentea desfechos desfavoráveis.

Financiamento

ConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientífico e Tecno-lógico(CNPq),processo485488/2011-6deApoioaProjetos dePesquisa-Universal14/2011.

Conflitos

de

interesse

Dr.PedroCelinyR.Garciarecebeumabolsadepesquisada Coordenac¸ãodeAperfeic¸oamentodePessoaldeNível Supe-rior(Capes).Osoutrosautoresdeclaramnãohaverconflitos deinteresse.

Agradecimentos

À Capes, pelo fornecimento das bolsas de estudos, e ao Programa de Pós-Graduac¸ão em Pediatria e Saúde da Crianc¸a da PUC-RS pela possibilidade de feitura deste trabalho.

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