SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
de
Atualizac¸ão
Enxerto
ósseo
no
tratamento
da
não
consolidac¸ão
do
escafoide
com
necrose
do
polo
proximal:
revisão
da
literatura
夽
Antônio
Lourenc¸o
Severo
a,∗,
Marcelo
Barreto
Lemos
a,
Osvandré
Luiz
Canfield
Lech
a,
Danilo
Barreto
Filho
b,∗,
Daniel
Paulo
Strack
ce
Larissa
Knapp
Candido
aaInstitutodeOrtopediaTraumatologiadePassoFundo,HospitaldoTrauma,PassoFundo,RS,Brasil
bHospitalUniversitárioDr.MiguelRietCorreaJr.,RioGrande,RS,Brasil
cCentrodeEspecialidadesdeOrtopediaeTraumatologia,Ijuí,RS,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem5desetembrode2016 Aceitoem10denovembrode2016
On-lineem21dejaneirode2017
Palavras-chave:
Ossoescafoide Osteonecrose
Fraturasnãoconsolidadas Transplanteósseo
r
e
s
u
m
o
Introduc¸ão:Asfraturasdoescafoidesãoasmaiscomunsdosossosdocarpo,
correspon-dema60%.Dessas,10%evoluemparanãoconsolidac¸ão;alémdisso,3%podemapresentar necrosedopoloproximal.Existemváriosmétodosdetratamentocomenxertosósseos, vascularizados(EOV)enãovascularizados(EONV).
Objetivo:Avaliarecompararastaxasdeconsolidac¸ãodoescafoidecomnecrosedopolo
proximalcomdiferentestécnicascirúrgicas.
Material e métodos:Fez-se uma revisão na literatura nas bases de dados PubMed e
Bireme/Lilacs,dasquaisforamselecionadas13sériesdecasos(dezcomusodeEOVetrês EONV),deacordocomoscritériosdeinclusãoeexclusão.
Conclusão:Enxertosósseosvascularizadosforamusadosnamaioriadoscasos,
principal-mentenaquelesbaseadosnaartériaintercompartimentalsuprarretinacular1e2,devidoà maiorreprodutibilidadenatécnicacirúrgica.
©2017SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Bone
graft
in
the
treatment
of
nonunion
of
the
scaphoid
with
necrosis
of
the
proximal
pole:
a
literature
review
Keywords:
Scaphoidbone Osteonecrosis Fracturesnonunion Bonetransplantation
a
b
s
t
r
a
c
t
Introduction:Scaphoidfracturesarethemostcommonofthecarpalbones,correspondingto
60%.Ofthese,10%progresstononunion;moreover,3%canpresentnecrosisoftheproximal pole.Therearevariousmethodsoftreatmentusingvascularized(VBG)andnon-vascularized bonegrafts(NVBG).
夽
TrabalhodesenvolvidonoInstitutodeOrtopediaeTraumatologia,HospitaldoTraumadePassoFundo,RS,Brasil.
∗ Autoresparacorrespondência.
E-mails:antoniolsevero@gmail.com(A.L.Severo),drdanilo.cirurgiadamao@gmail.com(D.BarretoFilho).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.11.003
Objective: Toevaluateandcomparetherateofscaphoidconsolidationwithnecrosisofthe proximalpoleusingdifferentsurgicaltechniques.
MaterialsandMethods:Theauthorsconductedareviewoftheliteratureusingthefollowing
databases:PubMedandBIREME/LILACS,where13caseserieswereselected(tenwithuseof VBGandthreeofNVBG),accordingtoinclusionandexclusioncriteria.
Conclusion: InmostcasesVBGswereused,especiallythosebasedonthe1,2
intercompart-mentalsupraretinacularartery,duetogreaterreproducibilityinperformingthesurgical technique.
©2017SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Asfraturasdoescafoide sãoasmaiscomunsdosossos do carpo,correspondema60%dessasfraturas.Apesardehaver consolidac¸ãosemnecessidadedetratamentocirúrgico, algu-massériesdecasosindicamtaxasdenãoconsolidac¸ãodeaté 10%.1Dadosrecentessugeremqueoprincipalfatorderisco
paraanãoconsolidac¸ãoéodeslocamentodosfragmentos,o qualestáassociadoataxasdenãoconsolidac¸ãodeaté55%.2
Anecroseavasculartemestimativadeocorrênciade3% emtodososcasosdefraturasdoescafoideeocorre, predomi-nantemente,nopoloproximal,fatoatribuídoàpeculiaridade davascularizac¸ãodesseosso;osestudosacercadessetema descrevemqueosuprimentoarterialdoescafoideocorre atra-vésdetrêsvasos(lateralvolar,dorsaledistal)classificadosde acordocomrelac¸ãoespacialcomoescafoide.3,4 Mais
recen-tementealgunsestudosmostraramexistirduasartérias:uma totalmentedorsaleasegundalimitadaaotubérculo.5
Paraodiagnósticodenecroseavasculartemsido recomen-dadoousoderessonânciamagnética(RM),aqualapresenta acuráciadeaté68%,comaumentopara83%quando associ-adaaousodecontrastecomgadolíneo.Porém,opadrão-ouro éavaliac¸ãointraoperatóriadaausênciade sangramentono fragmentoproximal.6 Várias técnicas de tratamento foram
descritas com enxertos ósseos, tanto vascularizados (EOV) quantonãovascularizados(EONV).
Emrevisãosistemáticarecente,Merreletal.7concluíram
queataxadeconsolidac¸ãodefraturasdoescafoideque evo-luíram para não consolidac¸ão com uso em enxerto ósseo vascularizado foi de 88% contra 47% com uso de enxerto nãovascularizado.Diantedetaisdados,esteestudo propôs--seafazerumarevisãoliteráriaatualizadaacercadastaxasde consolidac¸ãocomousodosdiferentestiposdeenxertos (vas-cularizadosenãovascularizados)usadosparaotratamentoda nãoconsolidac¸ãodoescafoidecomnecrosedopoloproximal.
Metodologia
Foifeitaabuscanaliteraturamédicaatual,atravésda pes-quisanasbasesdedadosPubmedeBireme/Lilacscomouso dascombinac¸õesdepalavras-chaveabaixo8(tabela1):
1. Bonegraftscaphoid 2. Nonunionscaphoid
3. Vascularizatedbonegraftnonunionscaphoid 4. Cancelousbonegraftscaphoid
5. Pseudoartrosisscaphoid
Foramexcluídostodososartigosquenãofaziamreferência aousodeenxertoósseoparatratamentodanãoconsolidac¸ão do escafoide, quefaziam referência ao usode enxerto em esqueleto imaturo, que citavam o uso de enxertos ósseos emoutraspatologiasdocarpoeartigospublicadoshámais de20anos.
Dessemodofoiobtidaaseguinteselec¸ão(tabela1). Dentrodosartigosselecionadosforamexcluídostodosos trabalhosquenãofaziamreferênciaàocorrênciadenecrose avasculardopoloproximal.
Portanto,foramusados13artigosparaanálisedos resulta-dos.
Análise
dos
resultados
Apósrevisãobibliográfica,pôde-seperceberquenasúltimas duas décadashácerta tendênciaàpredilec¸ãopelousodos enxertosósseosvascularizadosnoscasosdenãoconsolidac¸ão do escafoide, principalmente quando há sinais de necrose avasculardopoloproximal,principalindicac¸ãodousodesses enxertos.
Arevisãonaliteraturaevidenciaousodeváriastécnicasde enxertosósseosvascularizados(EOV),entreeles:EOVbaseado nacirculac¸ãocapsular,EOVbaseadonacirculac¸ão metafisá-riadorádiodistal,EOVbaseadonacirculac¸ãovolardorádio distal,EOVbaseadonaartériasuprarretinacularentreo pri-meiroeosegundocompartimentoextensor(1,2ICSRA),EOV oriundodocôndilofemuraleoriundodacristailíaca;esses últimosfeitoscommicroanastomosesnaartériaradial.Todas astécnicasevidenciamtaxasdeconsolidac¸ãoelevadas,com médiade89%(tabela2).
Steimannetal.,9 emseutrabalho,fezusodoenxertodo
rádiodistalcomatécnica1,2ICSRAdescritaporZaindenberg; atingiutaxasdeconsolidac¸ãode100%em44casostratados comessatécnica.Desses,oitoapresentavamnecrosedopolo proximal.Tsaietal.,10tambémcomousodatécnica1,2ICRSA,
atingiramtaxasdeconsolidac¸ãode80%(quatrodecinco paci-entes).Liangetal.11usaramamesmatécnicadescritaacimae
obtiveramtaxadeconsolidac¸ãode100%;jáUerpairojkitetal.12
Tabela1–BuscanaliteraturamédicaatualatravésdasbasesdedadosPubMedeBireme/Lilacs
Termousadonapesquisa Númerodeartigos
noPubMed
Artigosselecionados doPubMed
Númerodeartigos naBireme
Artigosselecionados daBireme
Bonegraftscaphoid 267 22 167 24
Nonunionscaphoid 273 19 182 18
Vascularizatedbonegraftnonunionscaphoid 22 20 34 16
Structuralbonegraftnonunionscaphoid 10 8 6 5
Pseudoartrosisscaphoid 66 10 273 13
100%em10pacientes tratados,cincocomnecrosedopolo proximaldoescafoide(tabela2).
Porém,otrabalhoelaboradoporStrawetal.13noqual
tam-bémsefezusodeenxertoósseovascularizadobaseadona1,2 ICSRA,nosmostrataxasdeconsolidac¸ãobemabaixodoqueos trabalhoscitadosanteriormente.Essetrabalhoobtevetaxasde consolidac¸ãodeapenas27%em22casosdenãoconsolidac¸ão doescafoideeseconsiderarmossomenteoscasoscomsinais necrosedo polo proximal, essa porcentagem diminui para 12,5%(tabela2).
Sotereanosetal.14descrevemaltastaxasdeconsolidac¸ão
comoenxertoósseodoradiodistalbaseadonacirculac¸ão cap-sular,atingiu80%deconsolidac¸ão,foramavaliados10casos nosquaistodosapresentavamnecrosedopoloproximal.Os autores enfatizamcomo grandevantagem dessa técnica a ausência de necessidade de dissecc¸ão de pequenos vasos (tabela2).
Comoenxertoósseoretiradodabasedopolegarecoma vascularizac¸ãobaseadanaprimeiraartériametacarpal, Ber-tellietal.15atingiramataxadeconsolidac¸ãode87%nasérie
de24pacientes.Nessetrabalhoforamincluídosquatrocasos comnecrosedopoloproximaletodosobtiveramconsolidac¸ão radiográfica.Apesardanecessidadededissecc¸ãodeumvaso depequenadimensão,osautoresrelatamcomovantagema constânciaemtodososcasosdaprimeiraartériametacarpal (tabela2).
NoestudodeRibaketal.16foifeitaaavaliac¸ãoprospectiva
de46pacientestratadoscomusoenxertoósseovascularizado baseadona1,2ICSRSAversus40pacientestratadoscomuso deenxertoósseonãovascularizadoextraídodoradiodistal eobtiveramresultadoestatisticamenterelevanteemfavordo
usodeenxertoósseovascularizadocomtaxade89,1%versus
72,5%comusodoenxertonãovascularizado.Dentrodogrupo dos pacientes queforam submetidos ao uso EOV,21 apre-sentavamnecrosedopoloproximaledesses19obtiverama consolidac¸ão(90,5%)(tabela2).
NotrabalhodeJessuetal.17comEOVdaporc¸ãovolardo
rádiodistalbaseadonaartériatransversaanteriordocarpo, obtiveram-setaxasdeconsolidac¸ãode73%em30casos.Nessa sériedoiscasostinhamsinaisdenecroseavasculardopolo proximalenenhumdosdoisobteveconsolidac¸ãocomo tra-tamentoproposto(tabela2).
Em seu estudo, Jones et al.18 compararam as taxas de
consolidac¸ãoemdoisgrupostratadoscomEOV:emumgrupo de22pacientesfezusodeenxertoretiradodorádiodistalcom circulac¸ãobaseadana1,2ICSRAeooutrogrupocom12 paci-entesusouenxertoósseolivredocôndilofemural.Obteve-se umresultadoestatisticamentesuperiorcomousodoenxerto oriundodocôndilofemural,queatingiuataxade100% ver-sus40%deconsolidac¸ãocomenxertooriundodorádiodistal (tabela2).
Com relac¸ão àstécnicas quedescrevemo usode EONV paraotratamentodanãouniãodoescafoidecomnecrosedo poloproximal,somentetrêssériesdecasoforamencontrados nessa pesquisa, quenãoapresentava os critériosde exclu-sãodefinidos.Matsukietal.19propuseramumainvestigac¸ão
paraavaliarataxadeconsolidac¸ãodasfraturasdopolo proxi-maldoescafoidecomousodeEONVassociadoàfixac¸ãocom parafusodeHerbert;11pacientesforamavaliadoseobtiveram consolidac¸ãoemtodoseles(tabela3).Comamesmatécnica, Robbinsetal.20investigaram17pacientescomseguimentode
umanoeobtiveramtaxadeconsolidac¸ãode52%(tabela3).
Tabela2–Taxadeconsolidac¸ãodeacordocomatécnicausadaparaenxertoósseovascularizado.Enxertoósseo vascularizado[EOV],artériasuprarretinacularentrecompartimentos1e2[1,2ICSRA]
Autor Taxade
consolidac¸ão
Tipodeenxertovascularizado Taxadeconsolidac¸ãoconsiderando oscasosnosquaishouvenecrose dopoloproximal(NPP)
Steinmannetal.22(2002) 100% EOVbaseadona1,2ICSRA 100%(8/8)
Tsaietal.21(2002) 80% EOVbaseadona1,2ICSRA 80%(4/5)
Liangetal.22(2013) 100% EOVbaseadona1,2ICSRA 100%(11/11)
Uerpairojkitetal.23(2000) 100% EOVbaseadona1,2ICSRA 100%(5/5)
Strawetal.24(2002) 27% EOVbaseadona1,2ICSRA 12,5%(2/16)
Sotereanosetal.25(2006) 80% EOVbaseadona1,2ICSRA 80%(8/10)
Bertellietal.26(2004) 87% EOVbaseadonaprimeiraartériametacarpal 100%(4/4)
Ribaketal.27(2002) 89% EOVbaseadona1,2ICSRA 90,5%(19/21)
Jessuetal.28(2008) 73% EOVbaseadonaartériatransversaanterior
docarpo
0%(0/2)
Jonesetal.28(2008) 100%40% EOVoriundodocôndilofemuralEOVbaseado
na1,2ICSRA
Tabela3–Taxadeconsolidac¸ãodeacordocomatécnicausadaparausodeenxertoósseonãovascularizado
Autor Taxade
consolidac¸ão
Tipodeenxertonãovascularizado Taxadeconsolidac¸ãoconsiderando oscasosnosquaishouvenecrose dopoloproximal(NPP)
Matsukietal.30(2011) 100% Enxertoósseocorticoesponjosooriundodacristailíaca 100%(11/11)
Robbinsetal.31(1995) 52% Enxertoósseocorticoesponjosooriundodacristailíaca 52%(9/17)
Ribaketal.27(2002) 72% Enxertoósseocorticoesponjosooriundodoradiodistal 68%(11/16)
Ribaketal.16fizeramainvestigac¸ãodataxadeconsolidac¸ão
comusodeEONVem40pacientes;desses,16apresentavam necrosedopoloproximal eaconsolidac¸ão foiatingida em 11deles(tabela3).
Discussão
As evidências apoiam a tese de que o suprimento arte-rial dopolo proximal épobreemcomparac¸ãocom osdois terc¸osdistaisdo escafoide. O polo proximal, porser intei-ramente intra-articular, é recoberto por cartilagem hialina comsomenteumainserc¸ãoligamentar(ligamento radioes-cafosemilunar). Portanto, sua vascularizac¸ão é totalmente dependentedacirculac¸ãointraóssea.Enfim,quandoocorre perda da soluc¸ão de continuidade devido a fratura com desvio, essa circulac¸ão fica prejudicada e favorece a não consolidac¸ão.21
Ousodeenxertosósseosnãovascularizadosteve início comAdamseLeonard,22osquaisusaramenxertocorticalde
tíbiaencavilhadonofragmentoproximaledistalatravésda viadeacessodorsal.Em,1934,Murray23descreveuousode
enxertodetíbiaencavilhadaatravésdatuberosidadedo esca-foide;BarnardeStubbins24 em1928descreveramaretirada
dessacavilhaósseadoprocessoestiloidedorádio.
Mattiem193625desenvolveuatécnicanaqualatravésda
viadorsalfaziaaescavac¸ãonosfragmentosproximale dis-taldoescafoide,criavaumnichooqualerapreenchidocom enxertoósseoesponjoso.Russe26modificouatécnicadeMatti
aousaraviavolarparapreservaravascularizac¸ãodoescafoide epreencheronichocomenxertoesponjosoemblocoúnico.
JáFisk27observouaintensareabsorc¸ãodaporc¸ãovolardos
fragmentosea instabilidadeque sesegue,na qualo frag-mentodistaltendeàflexãoeofragmentoproximaltendeà extensãojuntamentecomosemilunar. Após,propôso uso deenxertocorticoesponjosoparacorrigiressadeformidade. Posteriormente,Segmüller28seguiuospreceitosdescritospor
Fisk,porém descreveu aassociac¸ão douso de materialde osteossíntese(parafusodetrac¸ão).Porém,foiFernandez29que
descreveuessatécnicadetalhadamente.
Em1965,Roy-Camille30publicouatécnicadoEOVretirado
datuberosidadedoescafoide.Posteriormente,em1986, Kuhl-mannetal.31descreveramatécnicaemqueEOVretiradoda
porc¸ãomedialevolardorádiodistalforamusadospara trata-mentodefalhasocorridasapósusodatécnicadeMatti-Russe. Zaidenbergetal.32publicaramtrabalhoemquedescrevem
o enxerto vascularizado retirado da porc¸ão distaldo rádio comvascularizac¸ãobaseadadaartériaintercompartimental suprarretinacular1e2(1,2ICSRA).
Tsaietal.10citamduasrazõesbásicasparaapreferência
pelo usodo enxerto ósseovascularizado [EOV] emrelac¸ão
aousodeenxertoósseonãovascularizado[EONV]:omenor tempo de consolidac¸ão, o que implica uma recuperac¸ão funcional maisrápidae acapacidade de levarsuprimento sanguíneoaumossodesvascularizado.
Desdeapublicac¸ãodeZaidembergetal.,32queobtiveram
100%deconsolidac¸ãoemcasosdenãoconsolidac¸ãodo esca-foide,háumcrescenteinteresseemrelac¸ãoàindicac¸ãodouso deEOVbaseadonacirculac¸ãodorsaldorádio,particularmente comousodaartériasuprarretinacularintercompartimental extensoraentreprimeiroeosegundo[1,2ICSRA].Emapoio a esses dados em publicac¸ão recente, Merrel et al.7
publi-caramumestudodemetanálisequemostrou umataxa de consolidac¸ãode88%versus47%comousodeEOVeEONV, respectivamente.A1,2ICRSAcorresuperficialmentesobreo retináculodosextensoresedirige-sedistalmenteparaoosso metafisárioradial.Segundoostrabalhosqueusaramessa téc-nica, afácilidentificac¸ão edissecc¸ãoda artériaéagrande vantagem.
Steimannetal.,9Liangetal.11eUerpairojkitetal.12
tam-bém usaram atécnica 1,2 ICRSAemseus trabalhos, todos alcanc¸aramumataxadeconsolidac¸ãode100%.Ostrês auto-resconsideramesseprocedimentotecnicamentemaisfácil, secomparadocomoutrastécnicasdeEOV,alémdelimitar-se aapenasumaincisão.Alémdisso,foiobtidaacorrec¸ãodoDISI
(dorsalintercalatedsegmentinstability)provocadapelacurvatura
doescafoide(humpback),umfatorqueajudaaaumentaroarco demovimentonopós-operatório.Emcontrapontoaesses tra-balhos,nodeKakaretal.6arestaurac¸ãodageometriacarpal
éessencialparaaconsolidac¸ão. Entretanto,astécnicasque usamoenxertoósseooriundodorádiodistalproveriamum enxertoósseopequenodemaisparacorrec¸ãodohumpback,ou seja,daDISI. Dessaforma,ummeio deconseguirEOVque suprisseessacondic¸ãofoiousodoenxertoósseooriundodo côndilo femuralmedial.Adesvantagemdessatécnica seria anecessidadedeusodetécnicamicrocirúrgicapara anasto-mosedospequenosvasos,emcontrapartidaseobteriaum enxertocom excelentequalidadequeofereceriamaior rigi-dezemcomparac¸ãocomosenxertosretiradosdorádiodistal. Porém,cabesalientarqueatécnicaqueusaoenxertolivredo côndilofemuralnecessitadedomíniodetécnica microcirúr-gica,requertreinamentoespecíficoecurvadeaprendizagem longa.18
Jonesetal.18compararamdoisgrupos:EOVprovenientedo
côndilofemoralversusEOVbaseadona1,2ICSRA,comtaxas deconsolidac¸ãode100%e40%,respectivamente.Ribaketal.16
obtiveram89%deconsolidac¸ãocomEOVbaseadona1,2ICSRA
versus72%deconsolidac¸ãocomEONVobtidodorádiodistal.
MasStrawetal.,13comoEOVbaseadono1,2ICSRA,concluíram
Bertelli et al.15 observaram taxas de consolidac¸ão em
21dos24 pacientes,com oEOV baseadonaprimeira arté-riametacarpal.EssesautorespreferemousodoEOVdevido àmaiorefetividadeempromoveraconsolidac¸ão ósseaem comparac¸ãocomenxertosósseosnãovascularizados,mesmo emsituac¸õesdifíceis,comoanecroseavasculardopolo pro-ximal.
Ousode EOVcom acirculac¸ãocapsulardorádio distal foidescritoporSotereanos etal..14 Obtiveram umataxade
consolidac¸ãode80%.Paraessesautores,essaéumatécnica relativamentesimplesqueeliminaanecessidadededissecc¸ão devasosdepequenocalibreoudemicroanastomoses,alémde levaraummenorriscodelesãovascular.Umalimitac¸ãodessa técnica,entretanto,éadenãoconseguircorrigira
deformi-dadeemhumpbackdoescafoide.
Jessuet al.17 usaram EOV baseado naartéria transversa
anterior docarpo, isto é, enxerto ósseovascularizado pro-posto por Kuhlmann et al..31 Obtiveram 73% de taxa de
consolidac¸ãoem30pacientes comnãouniãodoescafoide, porémosdois casosdenecrosedopoloproximalnão con-solidaram.Osautoresconsideraramdesapontadorasuataxa deconsolidac¸ão, porém aindaaconsideramatécnica van-tajosa,principalmente pelasuaabordagemvolarúnicaque diminuiamorbidade,massuafeituranecessitadelongacurva deaprendizagem.
Todos os trabalhos que usama técnica 1,2 ICSRA des-tacam a fácil visualizac¸ão e dissecc¸ão do pedículo, o que torna essa técnica extremamente útil para o tratamento de não consolidac¸ão do escafoide com necrose do polo proximal.9–13 Os trabalhos que usaram EONV foram
basi-camente com enxertos ósseos corticoesponjosos, técnicas simplesquecomovantagemapresentamafácilretiradado material.Porém houveumavariac¸ão importante nastaxas deconsolidac¸ão.Matsukietal.19atingiramótimosresultados,
totalizaram100%deconsolidac¸ãonos11pacientesque apre-sentavamnecrosedopoloproximaldoescafoide.JáRobbins
etal.20eRibaketal.16atingiramtaxasbeminferiores,72%e
55%,respectivamente.
Considerac¸ões
finais
Hápreferênciapelousodoenxertoósseovascularizadoem relac¸ão ao enxerto ósseo não vascularizado, apesar de a técnica cirúrgica ser mais detalhada e exigir treinamento específico,principalmentenoscasosemqueserequer micro-cirurgiavascular.Ostrabalhosqueusamatécnicadeenxertos ósseosvascularizadostraduzemumamelhorreproduc¸ãode resultadospositivosemrelac¸ãoaosenxertosósseos conven-cionais.Assim,deacordocomestarevisãonaliteratura,não háconsensoseousodoenxertoósseovascularizadopodeser efetivoemtodososcasosparaconsolidac¸ãodoescafoidecom necrosedopoloproximal.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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