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À procura de um novo parceiro: aproximação da PC (USA) com a IPIB

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Antes da fusão entre a Igreja do Sul (PCUS) e a do Norte (UPCUSA) dos Estados Unidos em 1983, para formar a PC (USA), a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) resolveu romper a parceria existente entre os presbiterianos brasileiros e americanos em 1973 (GEORGE, 2010, p. 24), que já vinha se deteriorando (GEORGE, 2006, p. 39, 40).

Existia no país uma missão de tamanho razoável da Igreja americana de então (UPCUSA) chamada “Missão Brasil Central”, que foi inicialmente ofertada à IPB, e por não ter sido aceita, e que depois, por motivos orçamentários, foi desmantelada:

Finalmente, após tensões acirradas sobre a questão das instituições educacionais e a transferência de propriedades, não causou surpresa o fato de,

em 1971, a IPB pedir para a UPCUSA retirar Jaime Wright, Paul Pierson, Carl Hahn, Jr. e Charles Harken do Brasil. Nenhum deles foi retirado. Nesse mesmo ano a UPCUSA, que já havia diminuído o número de missionários e missionárias no Brasil devido a uma crise orçamentária, desmantelou a Missão Presbiteriana Brasil Central como organização operacional, mantendo apenas sua existência jurídica para fins legais. Jaime Wright permaneceu no Brasil como representante da Igreja do norte dos EUA. Consequentemente, em 1973, a IPB unilateralmente declarou o fim de todas as relações da IPB com a UPCUSA e sua ‘Junta de Nova Iorque’ (GEORGE, 2006, p. 40).

Com o rompimento, a Igreja americana saiu à procura de novas Igrejas parceiras, achando como parceira natural a hoje IPUB,120 que foi fundada por pastores que saíram da IPB por serem partidários da corrente defendida pelo Dr. Shaull.

De repente, de maneira surpreendente, abriu-se uma nova porta para, agora, a já unida PC (USA). Foi quando, desde o rompimento (1903) da recém-fundada IPIB, a relação com os americanos reativou-se, como conta Sheron Kay George:

Após a IPB haver terminado sua parceria com UPCUSA em 1973, um grande acontecimento se deu em 1978, na Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB). Ao consolidar os seus 75 anos de autonomia, dois de seus presbitérios corajosamente convidaram dois casais e um solteiro da Igreja Presbiteriana Unida nos Estados Unidos da América (UPCUSA - a Igreja do Norte) a trabalhar com eles. Pela primeira vez na trajetória da IPIB, numa reunião histórica, o Presbitério de São Paulo, recebeu por unanimidade um obreiro norte-americano como membro votante. Foi o Rev. Richard Irwin. Alguns dias depois, o Rev. Albert Reasoner e o Rev. Gordon Trew aceitaram os convites para ingressar no Presbitério Brasil Central. Esse passo na direção de uma parceria de ‘interdependência’ e ‘integração’ com uma Igreja fundada para ser ‘independente’ da influência missionária, foi um sinal de maturidade e mudança nas duas denominações. Por iniciativa da diretoria da IPIB, o passo seguinte foi um encontro histórico em março de 1983, em São Paulo, de três Igrejas irmãs: a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB), a Igreja Presbiteriana Unida nos Estados Unidos da América (UPCUSA) e a Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América (PCUS). Quando a PC(USA) foi fundada em junho de 1983, pela união da UPCUSA do Norte e a PCUS do Sul, a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) unilateralmente rompeu sua parceria

120 Em 1978, como resultado de portas fechadas pela IPB, dois fatos de grande significado aconteceram. Após

conflitos teológicos, pronunciamentos sociais e posicionamentos ecumênicos, ocorreu a expulsão da Igreja Presbiteriana do Brasil de mais de 50 pastores e algumas Igrejas, presbitérios e sínodos inteiros. Nasceu em Atibaia, no dia 10 de setembro de 1978, a Federação de Igrejas Presbiterianas (FENIP) que, em 1983, tornou-se a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU). [...]O comprometimento da IPU com a inserção social e profética da Igreja na sociedade, seu envolvimento ecumênico e sua inclusão plena de mulheres no ministério, tornaram sua aproximação com a Igreja Presbiteriana dos EUA, natural. A solidariedade de alguns missionários que também foram excluídos dos seminários foi importante. A influência de Richard Shaull na formação teológica da IPU foi tão grande que recentemente ela reabriu o Seminário Centenário, que havia sido fechado pela IPB em Vitória, com o novo nome de “Faculdade de Teologia Richard Shaull” (GEORGE, 2006, p. 40, 41).

com a Igreja-mãe. Em seguida, o Supremo Concílio da IPIB, em 1984, abriu a possibilidade de convidar mais obreiros/as da PC (USA) para trabalhar com ela (GEORGE, 2006, p. 42, 43).

Como foi o início deste trabalho conjunto? Ele começou na área de educação teológica, como continua George:

Em 1986, o missionário da PC(USA) Archibald Woodruff chegou para lecionar no Seminário Teológico de São Paulo, da IPIB, juntamente com sua esposa Linnis Cook, que trabalhou como advogada com o ecumênico Centro Gaspar Garcia. Woodruff explica que ele foi ‘o primeiro missionário enviado ao Brasil cujo primeiro trabalho seria com a IPIB, marcando assim um novo passo na parceria. Era para ser um relacionamento diferente. Seríamos recebidos pela Igreja parceira e não pela Missão. Woodruff ainda comenta: ‘Creio que a maioria dos/as missionários/as no Brasil tem laços fortes de afeto com uma das Igrejas parceiras da PC(USA) ou uma ex-parceira, mas eu desenvolvi laços com a Igreja brasileira antes de desenvolver laços com a Missão, e minha Igreja brasileira é a IPIB’. Foi de fato uma experiência de aprendizagem, tanto para a Igreja receptora, como para o missionário e a missionária da PC (USA). ‘Integração numa Igreja que tem ciúme de sua autonomia exigiu certa adaptação da minha parte’, Woodruff diz. ‘Era importante que as pessoas da IPIB controlassem suas instituições e fossem meus patrões. Por isso, tinham certa relutância em ser meus estudantes’ Evidentemente, superaram os desafios (GEORGE, 2006, p. 43, 44).

Assim se deu o início da parceria da PC (USA) com a IPIB (e a IPUB) e houve uma compreensão por parte dos “missionários” americanos (melhor seria chamá-los de parceiros) do trauma histórico sofrido na cisão de 1903, agora bem cicatrizado. Mas a parceria expandiu- se para além da área educacional, como veremos.

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