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A CERTIFICAÇÃO

No documento A Implementação da (páginas 71-74)

A privatização do setor público, a liberalização dos mercados e a rápida e fácil comunicação através da internet, proporcionaram a troca massiva de bens e o aumento do poder do setor empresarial, que atualmente se verifica. O papel das empresas alterou significativamente nos últimos anos. Os colaboradores, empresas e comunidades, ainda estão a aprender a viver na recente era da globalização, das mudanças políticas adjacentes e da transformação tecnológica constante (Gruninger & Oliveira, 2002).

Ainda para estes autores, as normas e as certificações tratam-se de padrões, isto é, são conjuntos amplos e aceites de procedimentos, práticas e/ou especificações. As certificações distinguem-se das normas fundamentalmente pela atribuição de atestados de conformidade, ao conjunto de regras definidas por determinada organização, após a verificação real da sua implementação e a realização da auditoria por terceira parte (ou entidade certificadora).

Na área da responsabilidade social, as normas e certificações surgiram da ausência e da crescente necessidade de instrumentos para avaliar a transparência e a prestação de contas, fundamentais para qualquer processo de gestão socialmente responsável. Tanto as normas, como as certificações, estão inseridas no contexto da gestão estratégica da responsabilidade social empresarial, com base no triângulo da sustentabilidade.

Figura 9 - Complementaridade de normas e certificações na gestão integrada (Gruninger & Oliveira, 2002).

Na figura 9, pode-se verificar a convivência e complementaridade das diversas certificações e normas, na gestão integrada (Gruninger & Oliveira, 2002).

Neste contexto, começaram a desenvolver-se normas e certificações em responsabilidade social empresarial, nomeadamente dois dos modelos padronizados nesta área, a SA 8000 (Social Accountability 8000) e a AA 1000 (AccountAbility 1000).

A SA 8000 foi desenvolvida para garantir determinados direitos aos trabalhadores, no cenário global, independentemente do local onde as empresas se encontram. Com o aumento da informação em tempo real, proporcionada através do desenvolvimento das novas tecnologias, permitiu que os consumidores europeus e norte-americanos ficassem a conhecer a realidade que se esconde por trás de cada produto que compram (Ogilvy & Mather, 1996, citado por Gruninger & Oliveira, 2002).

Como já foi descrito anteriormente, existem vários instrumentos de RSE, tais como, códigos, relatórios, normas, sistemas de gestão, entre outros. Contudo, nem todos estão ao alcance e aplicação de todas as empresas ou de todos os setores de atividade (Gomes, 2009).

O principal objetivo destes instrumentos é a construção de patamares mínimos de desempenho, que permitam às empresas medirem os seus processos e sistemas, assim como, os seus impactos.

As empresas que pretendem, formalmente, adotar a responsabilidade social, encontram guias autorizados nos princípios e orientações, que correspondem a um quadro geral da RSE evolutivo e consolidado, reconhecidos a nível internacional. A política europeia de promoção da responsabilidade social das empresas deve respeitar e basear-se neste enquadramento.

“De acordo com estes princípios e orientações, a responsabilidade social das empresas abrange, pelo menos, os direitos humanos, as práticas laborais e de emprego (tais como formação, diversidade, igualdade entre homens e mulheres e saúde e bem-estar dos trabalhadores), questões ambientais (por exemplo, biodiversidade, alterações climáticas, utilização eficiente dos recursos, avaliação do ciclo de vida e prevenção da poluição) e a luta contra o suborno e a corrupção. A participação e o desenvolvimento comunitário, a integração dos deficientes e os interesses dos consumidores, incluindo as questões de privacidade, fazem também parte da

noção de responsabilidade social das empresas. A promoção da

responsabilidade social e ambiental através da cadeia de abastecimento e a divulgação de informações não financeiras são consideradas questões transversais importantes (...) ”

Livro Verde, COM (2011), 681.

A Social Accountability 8000 (SA 8000) é a norma internacional de RSE de maior

difusão (Vau, 2005). Trata-se de uma norma certificável, enquanto a norma AA 1000 é um guia orientador para os utilizadores (empresas) nas suas relações com as suas partes interessadas.

A AA 1000 pode usar-se isoladamente ou em conjunto com outros padrões de prestação de contas, como a Global Report Initiative (GRI) e as normas ISO e SA 8000.

Após o aparecimento da SA 8000, surgiu recentemente a ISO 26000, uma norma guia internacional sobre responsabilidade social nas organizações. No seguimento do desenvolvimento da ISO 26000, foi recomendado a cada país ou região e criação de um documento de acordo com a realidade existente nesses locais, para que as organizações disponham de ferramentas adequadas para a definição e implementação da responsabilidade social. Assim, surgiu a

norma portuguesa NP 4469-1:2008 – Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – Parte 1:

Requisitos e Linhas de Orientação para a sua Utilização.

Esta norma (NP 4469-1:2008) especifica os requisitos para um sistema de gestão da responsabilidade social que permita à organização desenvolver e implementar uma política e

objetivos, tendo em conta os stakeholders e todas as informações necessárias sobre a

responsabilidade social.

A primeira empresa portuguesa certificada em Responsabilidade Social com base na Norma NP 4469-1 e em alinhamento com a NP ISO 26000 foi a Companhia Carris de Ferro de Lisboa, S. A. (CARRIS).

Já a ISO 26000, consiste em apresentar diretrizes de responsabilidade social (não se trata de um sistema de gestão) e orientar as organizações, de diferentes dimensões e atividades, a incorporá-las na sua gestão. Trata-se de um documento-guia de responsabilidade social capaz de orientar organizações de diferentes culturas, sociedades e contextos, para estimular a melhoria do desempenho e os seus resultados (Louette, 2007).

Tabela 2 – Normas Não Certificáveis.

NORMAS NÃO CERTIFICÁVEIS

ISO 26000

Estabelece as linhas orientativas para implementação da responsabilidade social. Ficou concluída em Setembro de 2010 e baseia-se nas diretrizes da OIT, em convenções internacionais dos direitos do Homem e em diversos programas das Nações Unidas para o meio ambiente.

Foi construída por um comité Sueco-brasileiro (um país desenvolvido e um país emergente).

AA 1000 (Accountability 1000)

Elaborada pelo Institute of Social and Ethical

Accountability, em 1999. Corresponde a um padrão voluntário para a avaliação, a auditoria e o reporte ético e social.

Tem como objetivo a aprendizagem e inovação contínuas e a sucessiva melhoria de desempenho.

Tabela 3 - Normas Certificáveis.

NORMAS CERTIFICÁVEIS

NP 4469

Baseada nos pressupostos da SA 8000 e da NP 4460, tem o sentido orgânico e os requisitos da ISO 9001 e incorpora alguns elementos da ISO 26000. Especifica os requisitos de um Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (SGRS).

SA 8000 (Social Accountability

8000)

Publicada por uma organização sem fins lucrativos, a Social Accountability International, em 1997, dedicada ao tratamento ético dos membros organizacionais mundiais.

Produz uma certificação internacional.

No documento A Implementação da (páginas 71-74)