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VANTAGENS E OBSTÁCULOS

No documento A Implementação da (páginas 83-89)

Carroll (1999), no artigo “Corporate Social Responsibility”, demonstrou que na

literatura, o conceito de responsabilidade social é o mesmo no passado e no presente. O que alterou foi a forma como as empresas encaram estas questões e as práticas de responsabilidade social, principalmente porque a sociedade mudou e as empresas também mudaram, e, consequentemente, as relações entre a sociedade e as empresas.

As organizações que implementam a RSE beneficiam da proteção e fortalecimento da imagem da marca e da sua reputação, favorecendo a imagem da organização, pois a credibilidade passa a ser uma importante vantagem, um diferencial competitivo no mundo globalizado. O Estado Português prevê na legislação nacional, nomeadamente no Código “Estatuto dos Benefícios Fiscais”, Lei do Orçamento de Estado (artigo 62.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro), a atribuição de benefícios fiscais ao mecenato cultural, educacional, científico-tecnológico, ambiental e social (doações a favor de entidades, privadas ou públicas, emprenhadas em causas sociais específicas).

Podem identificar-se diversas vantagens, relativamente à implementação de práticas de responsabilidade social nas PME, que poderão ter influência na capacidade da empresa em atraír capitais, parceiros comerciais, clientes, entre outros. (Santos et al., 2006)

Ainda de acordo com estes autores, algumas das principais vantagens prendem-se com:

 Melhoria da qualidade da gestão;

 Melhoria do conhecimento e cumprimento da legislação;

 Aumento da capacidade de aprendizagem e de inovação;

 Redução de custos (energia; economia de materiais; etc.);

 Melhoria da “performance económica”;

 Aumento da satisfação dos colaboradores;

 Aumento das qualificações e competências;

 Melhoria da imagem da organização;

 Melhoria das relações com os clientes;

 Vantagens competitivas (consumidores/clientes);

 Redução de custos operacionais através do aumento da qualidade de gestão

ambiental (por exemplo, na redução da poluição).

De acordo com o projeto RSO Matrix, uma organização socialmente responsável tem a capacidade de adquirir uma diferenciação face à sua concorrência. Esta diferenciação poderá transformar-se em vantagens para a organização, através da maior fidelização dos clientes e do alargamento a novos segmentos. Também a gestão de riscos sociais, ambientais e a incorporação da sustentabilidade, poderão contribuir para o aumento da atratividade do capital da organização a novos investidores. A nível organizacional poderá verificar-se um aumento dos níveis de produtividade, decorrente da melhoria do clima organizacional, dos elevados níveis de satisfação e motivação dos colaboradores e da redução do absentismo.

Para Fonseca (2005), a implementação de um sistema de gestão de Responsabilidade Social SA 8000 obriga a uma análise profunda sobre os objetivos, políticas e modelos utilizados e deverá proporcionar a melhoria da organização e do seu desempenho.

Ainda de acordo com este autor, a posterior certificação da empresa na SA 8000, por uma entidade independente e acreditada para o efeito, traz benefícios para as empresas, trabalhadores, clientes e outras partes interessadas. As vantagens expectáveis para as empresas são:

 Diminuição da taxa de absentismo e dos conflitos laborais;

 Aumento da satisfação e envolvimento dos colaboradores;

 Melhoria da imagem da empresa e credibilização da marca;

 Aumento da produtividade e melhoria dos resultados;

Para uma RSE credível e efetiva, os fatores de sucesso identificados no European Multistakeholder Forum on CSR – Final results & recommendations, em 29 de Junho de 2004, foram:

“- Envolvimento das pessoas chave: directores, empresários e gestores.

- Assegurar que a visão da abordagem da RSE está integrada na actividade da empresa e na sua cultura.

- Estabelecer objectivos e metas atingíveis relacionados com a actividade principal da empresa, desenvolvendo um plano organizado para alcançá-los. Comunicar adequadamente todo o processo.

- Abertura à aprendizagem, aperfeiçoamento e inovação.

- Envolver os colaboradores e os seus representantes no desenvolvimento e no cumprimento de programas, actividades e iniciativas de RSE”.

Toda a informação relativa à RSE deverá estar disponível aos investidores, consumidores e público em geral e estas mesmas informações, deverão ser tornadas públicas através de canais e fontes próximas das empresas, em particular de PME.

Os colaboradores que trabalhem em RSE devem ter formação e treino adequado, de forma a identificarem e entenderem os impactos económicos, sociais e ambientais das suas empresas.

De acordo com Gomes (2009), é importante entender que os principais obstáculos dizem respeito à opção que as empresas irão fazer, quer relativamente ao instrumento/prática que vão seguir em particular, quer em relação à ponderação sobre o benefício que irão obter na abordagem à RSE, principalmente:

“ – A adopção de uma política de RSE requer um esforço contínuo de adaptação. Podem ocorrer custos, em termos de investimentos para se implementarem novas formas de se fazerem as coisas. A evidência dos benefícios de alguns instrumentos e práticas em geral, é em alguns casos incompreensível ou escasso para ser avaliado. As pequenas empresas, em particular, podem não ter os recursos necessários para desenvolver uma abordagem, ou outras prioridades se sobreporem, não significando que a RSE não seja desejada.

- Em algumas empresas pode haver relutância em procurar ajuda por não confiarem nas organizações que a oferecem, ou serem incapazes de encontrar ajuda adequada às suas necessidades.

- A RSE pode ser uma área complexa e incerta, sofrendo impactos e influências através da área ambiental, social e económica e favorecendo uma abordagem que favoreça o compromisso e o diálogo com os parceiros mais relevantes.

- Identificar ou desenvolver instrumentos ou práticas que sirvam à empresa em particular e sejam efectivos e credíveis.

- Recolher informação e averiguar a sua fiabilidade.

- Uma governação pública e uma legislação fracas, pobres infra-estruturas, fracos recursos, agentes locais incapazes e consumidores intermitentes limitam as possibilidades de uma parceria, significando que é ainda mais exigente estabelecer uma credível e eficaz RSE.

- A linguagem específica da RSE necessita de ser adaptada, especialmente às PME”.

Segundo Santos et al. (2006), os principais obstáculos à implementação da RS nas PME, prendem-se com:

 Reduzida sensibilização/informação relativa à RSE;

 Ausência de relação entre as atividades de RSE aplicadas e a estratégia da

empresa;

 Dificuldade de avaliação do impacto das práticas de responsabilidade social;

 Falta de tempo e de recursos financeiros;

 Incapacidade negocial para influenciar as práticas de RS (os

consumidores/fornecedores ainda não levam em conta os critérios de responsabilidade social, no momento da aquisição dos seus produtos/serviços).

CAPITULO III

OBJETIVOS E QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

“A convicção é de que nas empresas só as pessoas fazem com que a mudança aconteça”

Moura, 1996, citado por Rocha, 1999.

No documento A Implementação da (páginas 83-89)