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ENQUADRAMENTO TEÓRICO

No documento A Implementação da (páginas 43-58)

2.1.1 Génese do Conceito de Responsabilidade Social das Empresas (RSE)

O discurso sobre RSE não é uniforme, nem coerente, em todo o mundo nem mesmo, no interior de cada país ou entre empresas do mesmo setor, uma vez que, as organizações têm discursos e práticas distintas. A discussão sobre os limites da responsabilidade empresarial despertou a atenção da sociedade para determinados comportamentos empresariais moralmente condenáveis. Criou também pressão nos gestores, para a minimização dos impactos negativos e para a sua contribuição ativa no desenvolvimento social (Almeida, 2010).

Branco (1965) descreve que só em meados do século XX, a atenção prestada à vida da empresa começou a adquirir importância com o surto do progresso técnico, o desenvolvimento económico, a tendência para a concentração industrial (formação de grandes empresas), a profissionalização das funções diretivas, a evolução das correntes sindicais e do nível cultural dos trabalhadores, os movimentos doutrinários e ideológicos que contribuíram para criar nos responsáveis das empresas uma mentalidade aberta às inovações e atenta às suas responsabilidades sociais, entre outros, contribuindo assim, para a remodelação da estrutura interna das empresas e, no conjunto social, para lhes atribuir um papel muito diferente daquele que fazia parte da mentalidade dos séculos passados.

Já anteriormente e, tendo em conta o panorama mental e social existente tinham surgido alguns núcleos de oposição às ideias características dessa época, tais como, Robert Owen, que em 1800, rejeitou o emprego a crianças e procurou melhorar as condições físicas do trabalho e Andrew Ure, em «Philosophy of manufactures» (Londres, 1835), insiste no fator humano e preconiza para os operários: «chá quente, tratamento médico, um aparelho para ventilação, pagamentos na doença» (Davis, 1957, citado por Branco, 1965).

Na época, estas não foram ideias com grande repercussão, contudo à medida que decorrem os anos do século XIX, a reação acentua-se. Surgem as associações de socorros mútuos, os sindicatos, o «Manifesto Comunista», as greves e outras manifestações de luta de classes, o movimento social cristão culminado com a «Rerum Novarum». Dentro desta estrutura ideiológica,

surge então o primeiro movimento científico para aperfeiçoar a organização do trabalho humano: o estudo dos tempos e movimentos iniciado por F. W. Taylor.

Ainda de acordo com Branco (1965), o objetivo de Taylor consistiu em organizar o trabalho de modo científico, de forma a aumentar a eficiência e o rendimento de cada operário, com um menor gasto de energia. Para tal, era necessário cumprir quatro regras:

1. Definir um objetivo único, preciso e bem delimitado, antes de agir; 2. Estudar com rigor científico os métodos para chegar ao fim pretendido; 3. Antes do início do trabalho dispor todos os meios necessários para a sua

concretização;

4. Atuar sempre de acordo com a orientação encontrada.

No que concerne ao operário, os princípios fundamentais de Taylor são: 1. Selecionar para cada tarefa, os homens mais aptos;

2. Forma-los nos movimentos mais económicos a usar no trabalho; 3. Como incentivo, pagar salários mais elevados aos melhores operários. Não importa analisar em pormenor as conceções deste revolucionador dos métodos aplicados à indústria, pois, a sua influência nas fábricas portuguesas foi, ao que parece praticamente

nula. As fábricas portuguesas começaram o seu desenvolvimento quando o taylorismo já se

encontrava ultrapassado na teoria e na prática (Branco, 1965).

Segundo o Fórum de Ética, a principal função de uma empresa consiste na criação de valor, através da produção de bens e serviços que a sociedade exige, criando dessa forma lucros para os seus acionistas e bem-estar para a sociedade, nomeadamente pela criação de emprego. No entanto, cada vez mais, surgem novas pressões sociais e de mercado, que estão a conduzir progressivamente a mudanças de valores e de objetivos da atividade empresarial. As empresas encontram-se conscientes de que podem contribuir para o desenvolvimento sustentável, através da consolidação do crescimento económico e aumento da competitividade, ao mesmo tempo que garantem a defesa do ambiente e a promoção da responsabilidade social, tendo sempre em conta, os interesses dos consumidores.

Assim, são cada vez mais as empresas que adotam uma cultura de responsabilidade social. As principais características são:

 Por RSE entende-se um comportamento voluntário adotado pelas empresas,

muito além dos requisitos legais, porque entendem ser do seu interesse a longo prazo;

 A RSE encontra-se estreitamente associada ao conceito de desenvolvimento

sustentável: as empresas têm que integrar o impacto económico, ambiental e social, nas suas operações;

 A RSE não é um “acrescento” opcional às atividades fundamentais de uma

empresa, mas sim à forma como esta é administrada.

Para Santos et al. (2006), as questões de responsabilidade social não são recentes, pois existiram sempre preocupações ao nível do bem-estar das pessoas e da sua envolvente. No

entanto, nas últimas décadas estas questões ganharam uma ampla difusão e tornaram-se mais sistematizadas.

O papel das empresas é decisivo neste processo, uma vez que, as empresas conseguem transformar os ambientes onde atuam. Claro que, para isso, é necessária uma participação ativa e não orientada somente para a produção de um bem ou serviço e, consequente minimização dos seus impactes negativos. É fulcral uma atitude pró-ativa no seu desenvolvimento, principalmente ao nível sócio-económico e ambiental, isto é, uma responsabilidade social efetiva.

Seabra et al. (2008) referem que, em termos conceptuais, uma organização pode definir-se como um conjunto de duas ou mais pessoas, que conjugam esforços de modo estruturado, com a finalidade de alcançarem um objetivo comum, o qual não seria possível atingirem individualmente. Isto é, uma organização só existirá enquanto a sociedade a tolerar. Esta tolerância exprime-se através do usufruto dos seus produtos ou serviços, reconhecendo-se assim, que a utilidade que a organização proporciona à sociedade é superior à soma da utilidade dos componentes que ela combina para obter esses produtos ou serviços. Desta forma, a partir do momento em que uma organização é fundada, ela contrai de imediato, uma responsabilidade para com a sociedade, pois, irá utilizar recursos que poderiam ter uma aplicação alternativa. O conceito de organização é abrangente, enquanto a empresa é um caso particular de uma organização.

Segundo a ISO 26000:2010, o termo organização, corresponde à “entidade ou grupo de pessoas e instalações com um conjunto de responsabilidades, autoridades e relações e com objectivos identificáveis.”

Vau (2005) considera que a RSE aplica-se a todas as empresas e tem um alcance diferente em cada uma delas, de acordo com a dimensão do negócio. Claro que, as suas origens estão inequivocamente associadas à responsabilização das maiores e mais poderosas empresas.

A responsabilidade social é um conceito muitas vezes associado a grupos ou a grandes empresas, a maioria até de carácter multinacional, porque normalmente, são estas empresas que têm mais recursos e, por isso, investem e implementam de forma consolidada as suas práticas de responsabilidade social definidas (Santos et al., 2006).

Por outro lado, quando falamos em pequenas e médias empresas (PME), como as suas práticas, atividades, motivações, entre outras, têm menos visibilidade e nem sempre são

divulgadas. Por exemplo, ao nível dos media, torna-se muito difícil determinar as práticas de

responsabilidade social, comparativamente com as empresas de grande dimensão.

“Para as PME a responsabilidade social apresenta um desafio diferente. Frequentemente esmagadas por restrições de tempo, dinheiro e recursos, a responsabilidade social surge fundamentalmente associada à eficácia da gestão: aumento da motivação dos seus trabalhadores, redução do consumo de recursos ou melhoria do relacionamento com os clientes. Outras vezes, surge também associada à filantropia dos seus responsáveis e ao desejo voluntário de participação junto da comunidade onde estão inseridos. A responsabilidade social surge assim, inscrita nas PME de forma implícita e não

estruturada. Decorre da procura de uma maior eficácia na gestão dos recursos disponíveis. Decorre de um enfoque colocado nos benefícios empresariais que conseguem gerar através de acréscimos de eco-eficiência ou do aumento de oportunidades e de vantagens que directa ou indirectamente pode gerar. O enfoque está orientado para a adopção de medidas simples, baratas e, normalmente, com resultados concretos”

Santos et al., 2006.

As empresas sabem à partida que, o seu sucesso depende muito da boa comunicação estabelecida com os seus clientes e da disponibilização de serviços de apoio, nomeadamente à comunidade na qual se encontram inseridas. Desta forma, a responsabilidade social já faz parte da realidade de algumas PME, uma vez que, em muitos casos já se encontra englobada no quotidiano de funcionamento das mesmas, no entanto, este conceito continua a criar uma certa complexidade.

Muito importante referir ainda que, devido ao aumento de competitividade dos mercados globais, muitos dos grupos e empresas de grandes dimensões, impõem um conjunto de regras, relativamente à responsabilidade social, com impactos enormes na gestão das PME.

“A pré-determinação de um conjunto de práticas pelas empresas subcontratantes às empresas da sua cadeia de valor, faz com que o exercício da responsabilidade social resulte muitas vezes de lógicas impostas pelo exterior, nem sempre correspondendo a uma atitude voluntária, interiorizada e de acordo com as necessidades das próprias empresas ou da comunidade em que se inserem. Quer por razões estritamente económicas ou pela dependência relativamente a terceiros, o exercício de uma gestão socialmente responsável pode assim correr o risco de se tornar numa obrigação comercial para algumas PME”

Santos et al., 2006.

Srour (2003) argumenta que as decisões empresariais não são inócuas ou isentas de consequências, pelo contrário, têm um enorme poder de irradiação pelos efeitos que provocam ou podem provocar, quer ao nível interno (proprietários, colaboradores), quer ao externo (clientes, fornecedores, comunidade local, entre outros).

“Verifica-se, efectivamente, um aumento de confiança e mobilização social em torno de empresas líderes de mercado e organizações de outros tipos. E este facto não resulta de subterfúgios de imagem mas da

maturidade da organização enquanto sistema aberto – uma maturidade

evidenciada em políticas e valores de responsabilidade social, que estão patentes na cultura, na identidade, e no relacionamento das organizações com os respectivos públicos ou, mais genericamente, com a sociedade”

A Comissão das Comunidades Europeias desenvolveu em Julho de 2001 o Livro Verde, de forma a “Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas”. O principal objetivo do Livro Verde foi lançar um debate quanto às formas de promoção da responsabilidade social das empresas, pela União Europeia, tanto a nível europeu como internacional.

Cada vez mais as empresas e, devido também às diversas pressões económicas, ambientais e socias, pretendem demonstrar às diferentes partes interessadas (trabalhadores, fornecedores, clientes, acionistas, entre outros), que promovem estratégias de responsabilidade social.

O Presidente Jacques Delors, em 1993, fez um apelo às empresas para que estas participassem na luta contra a exclusão social. O Conselho Europeu de Lisboa, em Março de 2000, apelou também no sentido da responsabilidade social do meio empresarial, no que concerne à necessidade de serem melhoradas as práticas em matéria de aprendizagem ao longo da vida, organização do trabalho, igualdade de oportunidades, inclusão social e desenvolvimento sustentável.

O Conselho Europeu de Nice, em 2000, de forma a reforçar a sua responsabilidade social, convidou a Comissão a associar as empresas a parcerias com as Organizações Não Governamentais (ONG), as autoridades locais, os parceiros sociais e organismos de gestão de serviços sociais.

Posteriormente surge então em 2001, o Livro Verde, que se centra fundamentalmente nas responsabilidades em termos sociais, das empresas. Estas ao implementarem a sua responsabilidade social, pretendem aumentar o grau de exigência das normas relacionadas com o desenvolvimento social, a proteção ambiental e o respeito dos direitos fundamentais, através de uma governação aberta, na qual os diversos interesses das partes interessadas se ajustam, numa abordagem global da qualidade e do desenvolvimento sustentável.

Segundo Gomes (2009), no Livro Verde, existe uma clara referência à ideia do desenvolvimento sustentável e a ideia de que as empresas devem procurar atingir três tipos de objetivos: ambientais, económicos e sociais. Os objetivos deverão funcionar como um tripé: logo se um destes objetivos não for tido em conta, o tripé perde o equilíbrio, por exemplo:

“- As empresas que não proporcionam condições mínimas de higiene e segurança no trabalho, ao mesmo tempo que não capacitam os seus colaboradores para que possam evoluir profissionalmente, arriscam-se a que aqueles fiquem desmotivados e que o nível de produtividade desça.

- Quando as empresas não cumprem determinados parâmetros ambientais, as comunidades locais reagem negativamente, a imagem da empresa é afectada e os seus resultados económicos podem diminuir.

- As empresas que não gerarem lucro podem não cumprir os seus objectivos sociais e ambientais. É possível que as empresas com problemas económicos não consigam garantir a qualidade de vida no trabalho

aos seus colaboradores, e não sejam capazes de adquirir equipamento e sistemas de produção mais eficientes sob o ponto de vista ambiental”.

Um aspeto fundamental da responsabilidade social das empresas é o cumprimento das normas fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT): abolição do trabalho forçado, erradicação do trabalho infantil, igualdade e liberdade de associação.

A União Europeia procura identificar os seus valores comuns através da adoção de uma Carta dos Direitos Fundamentais, e por isso, cada vez mais, as empresas dentro da comunidade europeia tendem a reconhecer a importância da responsabilidade social, quer na relação com os trabalhadores, quer na relação com as diversas partes interessadas envolvidas na empresa, uma vez que, todas elas podem ter uma influência nos seus resultados. Isto desencadeia o desenvolvimento de novas parcerias e a interação a diferentes níveis das relações existentes dentro da organização, no âmbito do diálogo social, da aquisição de competências, da igualdade de oportunidades, da previsão e gestão da mudança, mas também a nível local ou nacional, relativamente ao reforço da coesão económica e social, da proteção da saúde, da proteção ambiental e do respeito dos direitos fundamentais. Este fenómeno é visível sobretudo nas grandes empresas ou multinacionais, as responsáveis pela promoção do conceito de responsabilidade social, embora as práticas socialmente responsáveis existam em todos os tipos de empresas, quer sejam públicas ou privadas, incluindo PME e cooperativas.

A responsabilidade social é importante para todos os tipos de empresas, nos diversos setores de atividade. A sua adoção pelas PME, incluindo as microempresas, é de extrema importância, uma vez que, são estas que mais contribuem para a economia e para o emprego. O Livro Verde, em 2001, refere que:

“O impacto económico da responsabilidade social das empresas traduz-se em efeitos directos e indirectos. Os resultados positivos directos podem derivar, por exemplo, de um melhor ambiente de trabalho, levando a um maior empenhamento e uma maior produtividade dos trabalhadores, ou de uma utilização mais eficaz dos recursos naturais. Os efeitos indirectos são consequência da crescente atenção dos consumidores e dos investidores, o que aumentará as oportunidades de mercado. Inversamente, as críticas dirigidas à prática de uma empresa padrão, por vezes, ter um efeito negativo

sobre a sua reputação, afectando activos fundamentais – as suas marcas e a

sua imagem”

A responsabilidade social das empresas é relevante para a União Europeia, uma vez que, pode contribuir para o alcance de um objetivo estratégico definido, em 2000, em Lisboa:

“Tornar-se na economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social”

Livro Verde, COM (2001), 366.

Nesse mesmo ano é elaborada e aprovada a Declaração do Milénio das Nações Unidas, pela Cúpula do Milénio, no decorrer de uma preocupação de 147 chefes de Estado que subscreveram o tratado na maior reunião de dirigentes mundiais de sempre. O combate entre as desigualdades verificadas entre o Norte e o Sul, e os desequilíbrios sociais existentes são o fundamento dos oito principais objetivos identificados e denominados como as Metas de Desenvolvimento do Milénio, que deverão ser atingidas até 2015:

 Erradicação da extrema pobreza e da fome;

 Alcançar a educação primária universal;

 Promover a igualdade de género e a autonomia das mulheres;

 Reduzir a mortalidade infantil;

 Melhorar a saúde materna;

 Combater o VIH/SIDA, malária e outras doenças;

 Garantir a sustentabilidade ambiental;

 Promover uma parceria mundial para o desenvolvimento.

A mensagem genérica da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável, aprovada em Junho de 2001, no Conselho Europeu de Gotemburgo, afirma que o crescimento económico, a coesão social e a proteção ambiental são indissociáveis, a longo prazo.

“A ordem pública desempenha igualmente um papel crucial no sentido de promover uma maior responsabilidade das sociedades e ao criar um quadro que garante a integração das considerações ambientais e sociais nas actividades das empresas (...). As empresas deverão ser instadas a adoptar uma abordagem proactiva relativamente ao desenvolvimento sustentável nas operações que efectuam dentro e fora da UE”

Livro Verde, COM (2001), 366.

O Livro Verde, em 2001, faz também referência à reflexão conduzida pela Comissão relativa ao Livro Branco (governança na União Europeia), uma vez que, a responsabilidade social das empresas pode contribuir significativamente para a existência de um clima favorável ao espírito

empresarial, que poderá conduzir a criação de uma Europa aberta, empreendedora e inovadora – a

Parlamento Europeu, ao Conselho e ao Comité Económico e Social: Implementing the partnership for growth and jobs: Making Europe a pole of excellence on Corporate Social Responsibility.

Desta forma, a Comissão uma vez mais, reforça a ideia da promoção da competitividade da economia da Europa (Estratégia de Lisboa), para o desenvolvimento e para o emprego. Faz ainda um apelo à comunidade empresarial, para que haja uma demonstração pública no sentido do crescimento da economia, no desenvolvimento sustentável, na criação de mais e melhores empregos e, também, no compromisso da Responsabilidade Social das Empresas (RSE), englobando a cooperação com outras partes interessadas. Por outro lado, surgiram importantes desenvolvimentos na área da responsabilidade social, nomeadamente o Instituto Ethos e o UniEthos – Educação para a Responsabilidade Social e o Desenvolvimento Sustentável, em 1998. Segundo Santos et al. (2006), a missão do instituto Ethos consiste em:

“Mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir os seus negócios de forma socialmente responsável tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa”, enquanto que o UniEthos apoia a “pesquisa, produção e conhecimento, instrumentalização e capacitação para o meio empresarial e académico”.

Surgiram, entretanto algumas iniciativas por parte da União Europeia no âmbito da Responsabilidade Social, nomeadamente a criação do Fórum Multilateral Europeu sobre RSE. O objetivo deste fórum é que os empresários, as organizações, os sindicatos e a sociedade civil possam desenvolver algumas recomendações através do diálogo e debate de questões relacionadas com a responsabilidade social.

Em Portugal, surge o projeto SER PME Responsável com o intuito de “promover a

adopção e valorização de práticas de responsabilidade social nas PME”, apoiado pela iniciativa

comunitária EQUAL. Esta iniciativa destina-se a eliminar os fatores que estão na origem das desigualdades e discriminações no acesso ao mercado de trabalho.

O primeiro passo deste projeto foi criar um diagnóstico para identificar práticas de responsabilidade nas organizações, em 2005. A segunda ação decorreu entre 2006 e 2007, com o objetivo de obter uma metodologia para implementar práticas de RSE. Este projeto foi desenvolvido e testado junto de um conjunto de PME, com o objetivo de reunir um vasto grupo de pessoas e organizações, de forma a conduzir a uma mudança estruturada ao nível das práticas de gestão, consolidando, desta forma, uma cultura de responsabilidade social.

Os resultados do Programa EQUAL 2000-2010 foram apresentados pela gestora do mesmo, a Dra. Ana Vale em 2010, que concluiu que a adesão ao programa foi muito significativa, o que demonstrou a crescente mobilização para a inovação e para a reflexão crítica, assim como, para a aprendizagem. Foram apresentadas 695 candidaturas à primeira ação (325 em 2001 e 370 em 2004), das quais foram aprovadas 210, correspondendo a apenas 30% da “procura”. Isto surgiu no seguimento das exigências da qualidade e inovação contempladas nos critérios de seleção e também, às restrições associadas à dotação financeira do Programa, que não suportaria tantos

projetos. Este volume de candidaturas corresponde a mais do dobro do valor esperado pela Gestão do Programa, principalmente na primeira fase. Também a abrangência territorial no território nacional foi muito expressiva, com todos os distritos e Regiões Autónomas representados no Programa.

“A EQUAL proporcionou um campo de experimentação, uma rede de relações e um processo de aprendizagem ímpares ao nível da

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