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FATORES DE MOTIVAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL PELAS

No documento A Implementação da (páginas 79-83)

entidades certificadas, em Janeiro de 2006 eram, a Itália (233 entidades), a Índia (104), a China (99) e o Brasil (73). Em Portugal, o processo iniciou-se mais tarde, existindo em Janeiro de 2006, apenas quatro organizações certificadas:

 Delta Cafés;

 DHL Portugal;

 TNT Portugal;

Cooprofar – Cooperativa dos Proprietários de Farmácia.

Em 2007, existiam apenas mais quatro empresas certificadas (nomeadamente o

Grupo Auchan). Quase cinco anos mais tarde, em 31 de Dezembro de 2010, vinte e oito empresas

portuguesas apresentavam a certificação da SA 8000 (Pena, 2011).

De acordo com dados da Social Accountability International, de 2013, existem em

Portugal 37 organizações certificadas segundo a SA 8000.

2.6 FATORES DE MOTIVAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL PELAS EMPRESAS

A consciencialização a nível mundial, relativamente à responsabilidade que as empresas têm na alteração dos ambientes nos quais se encontram inseridas, surgiu na Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, em 1972, relativa ao Ambiente Humano (Santos et al., 2006).

Atualmente, no quotidiano da vida empresarial, as decisões de gestão com implicações na RSE têm origem em motivações complexas que sobrepõem valores pessoais e razões estratégicas, desejos de integração e de legitimação sistémica da ação (Almeida, 2010). Como já foi referido anteriormente, as justificativas para o exercício da RSE podem distinguir-se quanto à origem da sua motivação, a qual poderá ser interna (estímulo interno à organização) ou externa (pressões vinda do exterior).

Outros autores referem que, as práticas empresariais socialmente responsáveis podem ter origem em motivações estratégicas (melhoria da imagem corporativa, necessidade de integração e aceitação na comunidade local) ou idealistas (conciência ética e valores individuais dos gestores) (Hemingway & Maclagan, 2004, citado por Almeida, 2010)

De acordo com Santos et al. (2006), posteriormente, estes princípios são assumidos mundialmente e referenciados no Relatório da Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento (Relatório de Brundtland, 1997), onde o desenvolvimento sustentável surge como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Contudo, somente na Cimeira do Rio (Cimeira da Terra), em 1992, é que surgiu a “Agenda 21”, que consolidou três pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável – económico, social e ambiental.

Em 1998, em Portugal foi apresentado o Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (PNDES, 2000-2006), onde surgem linhas de crescimento e orientações para o desenvolvimento de responsabilidade social, tais como:

"1. Crescimento baseado na dinâmica das actividades; 2. Reforço da capacidade de inovação das empresas; Dinamismo da rede social;

Adequada mobilização/exploração dos recursos naturais,

climáticos e de posicionamento geográfico;

Expansão e qualidade reforçada dos sistemas de educação e de formação”

Santos et al., 2006.

Existem vários fatores que motivam as empresas a adotarem a responsabilidade social, tais como:

“- Novas preocupações e expectativas dos cidadãos, consumidores, autoridades públicas e investidores num contexto de globalização e de mutação industrial em larga escala,

- Critérios sociais que possuem uma influência crescente sobre as decisões individuais ou institucionais de investimento, tanto na qualidade de consumidores como de investidores,

- A preocupação crescente face aos danos provocados no meio ambiente pelas actividades económicas,

- A transparência gerada nas actividades empresariais pelos meios de comunicação social e pelas modernas tecnologias da informação e da comunicação”

Livro Verde, COM (2001), 366.

A comunicação da Comissão, em 2002, denominada “Um Contributo das Empresas para o Desenvolvimento Sustentável” enumera princípios e ações, de forma a apoiar a estratégia definida pela Comissão Europeia para a promoção da RSE.

Para Gomes (2009), os princípios baseiam-se, de forma geral: na natureza voluntária da RSE; na transparência e credibilidade das práticas de RSE; relevo nas tarefas onde o envolvimento da comunidade pode trazer benefícios; abordagem global ao nível das dimensões económica, social e ambiental, e também a defesa dos direitos dos consumidores; particularidades e necessidades das PME e respeito pelos instrumentos, acordos e normas internacionais em vigor.

Quanto às ações, estas prendem-se com a necessidade de reforçar e difundir o impacto positivo da RSE nas empresas e nas sociedades, principalmente nos países em desenvolvimento; partilhar entre diversas empresas, em matéria de responsabilidade social, as suas experiências e boas práticas definidas; incentivar o aumento de competências de gestão, em matéria

de RSE; estimular entre as PME a responsabilidade social; melhorar a transparência e a orientação dos instrumentos de RSE; criar a nível europeu um debate multilateral sobre a RSE e englobar nas políticas comunitárias a responsabilidade social.

Já na Cimeira Mundial para o desenvolvimento sustentável, em 2002, em Joanesburgo, foi contemplada uma alusão específica ao conceito de RSE. No Fórum começou por ser abordada a definição de RSE atribuída pela Comissão. De forma geral, as deliberações prenderam-se com o encorajamento da RSE entre as PME; com a melhoria do conhecimento sobre RSE, para promover a partilha de experiências e boas práticas; transparência, diversidade e convergência das práticas e dos instrumentos de RSE e o desenvolvimento dos aspetos da RSE.

Desta forma surgiu o European Multistakeholder Forum on CSR – Final results & recommendations, em 29 de Junho de 2004, cujo tema principal era a contribuição que as empresas e as partes interessadas poderiam fazer, em matéria de responsabilidade social e quais os fatores que determinam essa contribuição:

“A RSE resulta da integração de preocupações sociais e ambientais na actividade operacional das empresas, acima das suas obrigações legais.

O compromisso de elevar o conceito de RSE é essencial.

A RSE tem que ver com as actividades principais de uma empresa. Aquelas integram preocupações sociais e ambientais, são baseadas no diálogo com as várias partes interessadas, contribuindo para uma relação sustentável a longo prazo das empresas com a sociedade.

A RSE é uma das várias formas para se alcançar progresso económico, social e ambiental e integrar estes conceitos nas práticas empresariais.

O diálogo com as partes interessadas acrescenta valor ao desenvolvimento das empresas socialmente responsáveis. Os colaboradores são uma peça importante numa empresa. Por isso, é necessário prestar atenção ao seu papel e aos seus representantes e dialogar com eles.

A RSE é complementar em relação às outras abordagens que asseguram bons desempenhos sociais e ambientais. Não há limites para a sua aplicação. No entanto, não deve ser aplicada isoladamente e não deve ser utilizada para transferir responsabilidades públicas para as empresas”.

Ainda neste relatório, constatou-se que as linhas que estão na origem da implementação e do desenvolvimento da RSE não são rígidas, isto é, variam de empresa para empresa (de acordo com a localização geográfica, tipo de atividade, dimensão, experiência, entre outros). As empresas que contribuírem para um desenvolvimento sustentável, serão a longo prazo, as empresas melhor sucedidas.

“Reduzem custos através da eco-eficiência; Protegem e valorizam os seus recursos (humanos e ambientais); Atraem e mantêm colaboradores qualificados e motivados; Aprendem e inovam, melhorando a qualidade e a eficiência; São uma perspectiva interessante para os investidores; Estabelecem relações com as várias partes interessadas”.

Segundo Santos et al. (2006), as motivações gerais que podem influenciar as PME a implementar práticas de RSE, são as seguintes:

 Valores ético-sociais do proprietário/dirigente da empesa;

 Melhoria da fidelidade dos consumidores;

 Melhoria das relações públicas com a comunidade local e com as diversas

autoridades públicas;

 Criação de uma boa relação com clientes e outros parceiros de negócio;

 Benefícios internos, relativamente ao aumento do nível de satisfação e motivação

dos colaboradores;

 Pressões externas dos clientes, normalmente das grandes empresas (ao nível do

ambiente e da segurança e higiene do trabalho) e a adaptação à legislação e aos regulamentos aplicáveis (a nível ambiental).

A comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões, em 2011, denominada “Responsabilidade social das empresas: uma nova estratégia da UE para o período de 2011-2014” refere que, cada vez mais, é importante considerar a responsabilidade social de forma estratégica, quer para o aumento da competitividade da empresa, quer para os benefícios que daí poderão advir, nomeadamente, na gestão de riscos, na redução de custos, na melhoria das relações comerciais, no acesso ao investimento, na gestão de recursos humanos e na inovação.

Como exige empenho das partes interessadas internas e externas, pode estimular o desenvolvimento de novos mercados, promovendo assim, novas oportunidades de crescimento.

Através da responsabilidade social, as empresas podem melhorar também as relações com os colaboradores, consumidores e todos aqueles que podem contribuir para o aumento dos níveis de confiança, promovendo assim, a inovação e o crescimento das empresas.

Os objetivos da Estratégia Europa 2020, para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, encontram-se em sintonia com a responsabilidade social das empresas, por exemplo, no plano do emprego onde a meta é de 75%.

Uma das funções da responsabilidade social das empresas é contribuir para a minimização das consequências sociais da atual crise da economia, de forma a contribuir para uma sociedade mais forte e integrada, que possa evoluir para um sistema económico sustentável.

No seguimento da estratégia Europa 2020, a Comissão vai reforçar a estratégia da UE, tendo em vista a promoção da responsabilidade social das empresas:

“A crise económica e as suas consequências sociais minaram, em certa medida, os níveis de confiança no sector empresarial e atraíram a atenção do público para o desempenho social e ético das empresas. Ao renovar agora os esforços tendentes a promover a responsabilidade social das empresas, a Comissão visa criar condições propícias a um crescimento sustentável, a um comportamento responsável das empresas e à criação de emprego duradouros a médio e longo prazo”

Livro Verde, COM (2011), 681.

Louette (2007) elenca que as organizações pressionadas pelo contexto de crise e por movimentos sociais e ambientais, começaram a entender a importância do seu papel na sustentação da vida no planeta, o que atualmente se expressa em grande parte, através de projetos de responsabilidade social.

Do ponto de vista das organizações, existem diferentes necessidades, realidades e desafios, contudo uma preocupação comum: a de adequar as práticas de RSE à sua cultura e ao seu Sistema de Gestão.

No documento A Implementação da (páginas 79-83)