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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

No documento A Implementação da (páginas 177-185)

Neste seguimento, irá procede-se agora à discussão dos resultados obtidos, tendo em conta os dados mais significativos que permitam caracterizar o perfil das organizações que responderam aos questionários. Analisar-se-à ainda, a relação entre as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança e as PME não certificadas em sistemas de gestão, do Norte de Portugal.

Pretende-se assim averiguar se, tudo aquilo que a revisão da bibliografia, nos dá conta, se se evidencia ou não na prática, isto é, se existem ou não diferenças entre, a revisão da literatura e os dados recolhidos na prática. Também se pretende encontrar dados, neste estudo, que não estejam ainda descritos na revisão bibliográfica, e que, sejam de grande relevância, quer para os investigadores, quer para as PME do Norte de Portugal, de forma global.

Relativamente à variável Idade da empresa (em anos), a idade média para as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança foi de 14,27 anos, em comparação com a média de 12,83 anos obtida para as PME não certificadas em sistemas de gestão, ambas do Norte de Portugal, que participaram neste estudo.

Para a variável Sub-região onde se localiza a empresa, nos dois casos, a

generalidade das organizações localizavam-se no Grande Porto, 30,00% no caso das PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança e 26,67% nas PME não certificadas em sistemas de gestão, do Norte de Portugal.

O Principal setor de atividade da organização são, simultaneamente, as Indústrias transformadoras, das quais, 30,00% nas PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança e 23,33% nas PME não certificadas em sistemas de gestão, do Norte de Portugal.

Já em relação ao Número de efetivos da empresa, verificou-se que o número médio de efetivos nas PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança é de 40,13 e nas PME não certificadas em sistemas de gestão é de 20,73.

A maior percentagem (50%) das PME já certificadas em sistemas de gestão da

qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, do Norte de Portugal, apresentou um Volume de negócios

ou balanço total da organização, em euros, não superior a 10 milhões (volume de negócios) ou não superior a 10 milhões (balanço total). Por outro lado, a maior fatia (53,33%) das PME não certificadas em sistemas de gestão, neste âmbito, não excede os 2 milhões (volume de negócios) ou não excede os 2 milhões (balanço total).

No que concerne aos indicadores que devem estar presentes numa organização, para o primeiro quadro (Quadro 1 do questionário), apurou-se que 40% das PME não certificadas consideram a variável A organização promove a sua participação, com o intuito de melhorar as

condições de trabalho (A) como sendo a Mais Relevante e 36,67% das PME já certificadas em

sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, consideram-na de igual forma Relevante e Mais Relevante.

Através da variável A organização assegura a existência de procedimentos que permitem e garantem o respeito pelos direitos de personalidade, de maternidade e de paternidade, assim como, a existência de normas e processos de denúncia e combate a qualquer forma de discriminação (B), observou-se que 40% das PME já certificadas em sistemas

de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, consideram esta variável Relevante, assim

como, 53,33% das PME não certificadas.

A variável A organização assegura o equilíbrio entre a formação profissional e a

vida pessoal dos colaboradores (C),foi considerada Menos Relevante (40%) nas PME já

certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança e Mais Relevante

(53,33%) nas PME não certificadas.

No segundo quadro (Quadro 2 do questionário), as PME já certificadas em sistemas

de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança entenderam que a variavel A organização

assegura que não são atingidos os limites legalmente estabelecidos em termos de número de

horas de prestação de trabalho suplementar (A) como Relevante (46,67%) e as PME não

certificadas como Menos Relevante (36,67%).

As PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou

segurança e as PME não certificadas consideram a variavel A organização assegura a existência

de procedimentos internos que avaliem periodicamente a política remuneratória e de benefícios e o desenvolvimento da carreira profissional dos colaboradores (B), como Relevante (43,33% e 60% respetivamente).

De forma oposta, as PME que participaram neste estudo entendem que, a variavel A organização assegura a prestação de serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho aos

seus colaboradores e assegurar formação em SHT, para além do legalmente definido (C) é

Menos Relevante (46,67% das PME não certificadas) e Mais Relevante (53,33% das PME já

certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança).

No Quadro 3 do questionário, ambas as PME consideraram com a mesma

percentagem (53,33%) a variável A organização assegura o respeito pelas normas legais e

convencionais, em matéria de contratos de trabalho (A) como Mais Relevante.

As PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou

segurança assumem a variável A organização tem em consideração as preferências pessoais

dos seus colaboradores na sua tomada de decisão, nomeadamente em questões de

mobilidade (B), como Relevante (66,67%), enquanto que, as PME não certificadas consideram-na

Menos Relevante (50%).

Todas as organizações apontam como Menos Relevante (63,33% nas PME já

certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança e 43,33% nas PME

não certificadas) a variável A organização encontra com os seus colaboradores, formas de

redução de despesa que não passem pela cessação de contratos de trabalho (C).

Com estes resultados depreende-se de forma global que existe uma grande

organização, entre as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, e as PME não certificadas em sistemas de gestão.

No Livro Verde, em 2011, enuncia que existem diversos indicadores de melhoria, resultado da evolução da responsabilidade social das empresas (COM (2011), 681). Contudo, neste estudo, denotou-se em certas variáveis algum desfasamento entre os resultados das PME não certificadas e das PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, por exemplo:

 As PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou

segurança consideram a variável A organização assegura o equilíbrio entre a formação profissional e a vida pessoal dos colaboradores (C) (Quadro 1 do

questionário), como Menos Relevante. Por outro lado, a generalidade das PME

não certificadas consideram-na como Mais Relevante;

 Em contrapartida, o facto de A organização assegura a prestação de serviços

de segurança, higiene e saúde no trabalho aos seus colaboradores e assegurar formação em SHT, para além do legalmente definido (C) (Quadro 2

do questionário), é uma variável considerada Mais Relevante para as PME já

certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança,

contrariamente às PME não certificadas que a classificam como Menos

Relevante.

Quanto às motivações gerais que podem influenciar na implementação de um

sistema de responsabilidade social, as respostas obtidas foram muito similares. Todas as variáveis estudadas obtiveram a concordância das PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, neste âmbito. Também nas PME não certificadas, existiu na maior parte das variáveis apresentadas concordância com as mesmas e concordância total para duas delas (Respeito do proprietário/dirigente da organização pelos valores ou compromissos éticos, com

vista à melhoria das condições de trabalho (A) e Pressões externas dos clientes para a

implementação da responsabilidade social (F)).

Estes resultados obtidos vão de encontro ao descrito na bibliografia, nomeadamente por Santos et al. (2006), e descritos no ponto 2.6 da presente dissertação, relativamente às motivações gerais que podem influenciar as PME a implementar práticas de RSE.

No que respeita às vantagens que podem surgir após a implementação de um

sistema de responsabilidade social, verificou-se que a generalidade das PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança concorda com as variáveis

apresentadas, com exceção das variáveis Reunião de mais informação relativamente à

comunidade e ao ambiente (B), na qual a maior percentagem de inquiridos respondeu nem

concordar nem discordar e a variável Melhoria da “performance económica” (G), na qual

obteve-se a mesma percentagem de respostas (em relação à concordância). Nas PME não certificadas observou-se que a maioria das respostas às variáveis estudas foi de concordância total e concordância.

Assim, podemos deter que os resultados descritos neste estudo vão de encontro às principais vantagens descritas por Santos et al. (2006), relativamente à implementação de práticas de responsabilidade social nas PME (Sub-capítulo 2.7).

Segundo Santos et al. (2006), os principais obstáculos que podem influenciar na implementação de um sistema de responsabilidade social, prendem-se com a reduzida sensibilização/informação relativa à RSE; ausência de relação entre as atividades de RSE aplicadas e a estratégia da empresa; dificuldade de avaliação do impacto das práticas de responsabilidade social; falta de tempo e de recursos financeiros e incapacidade negocial para influenciar as práticas de RS (os consumidores/fornecedores ainda não levam em conta os critérios de responsabilidade social, no momento da aquisição dos seus produtos/serviços). Neste parâmetro constatou-se concordância e concordância total com as variáveis apresentadas, quer nas PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, quer nas PME não certificadas em sistemas de gestão.

Para as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, e perante a variável Referencial (ais) de sistemas de gestão, no qual (ais) se encontra certificada, apurou-se que todas as organizações se encontravam certificadas pela ISO 9001 (Qualidade) e uma pequena percentagem noutros referenciais, o que apenas vem reforçar, cada vez mais, que a maioria das organizações se encontram certificadas em sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001), de acordo com os dados do IPAC, de 2013, como anteriormente exposto nesta dissertação.

Nas PME não certificadas em sistemas de gestão e perante a variável Pensa a curto prazo implementar/certificar algum sistema de gestão, 60% dos inquiridos respondeu não. Atualmente, e no seguimento da crise económica que o país atravessa, a certificação das empresas é colocada “em segundo plano”, daí o decréscimo no número de certificações no âmbito da qualidade.

De acordo com os dados da ISO Survey (2012), em Portugal existiam 6576 entidades certificadas

segundo este referencial (ISO 9001) em 2007; 7191 em 2010 e 6650 em 2012.

Ainda nas PME não certificadas, e perante a variável Se respondeu sim à questão anterior, qual/quais os Sistemas de Gestão que implementaria primeiro na organização as respostas recaíram sobre a ISO 9001 (33,33%), ISO 14001 (13,33%) e OHSAS 18001/NP 4397 (13,33%), o que não é surpresa, uma vez que, são estas as normas mais certificadas em Portugal (IPAC, 2013).

Perante a variável Pensa implementar a curto prazo um sistema de gestão da

responsabilidade social, 93,33% das PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança, responderam não. Da mesma forma, apesar de numa percentagem

inferior, também as PME não certificadas em sistemas de gestão negaram (76,67%) a variável Pensa

implementar um sistema de gestão da responsabilidade social. Tal como explicado acima, a atual conjuntura económica não favorece a implementação de sistemas de gestão.

Das PME, certificadas e não certificadas, que responderam afirmativamente à variável acima descrita, a generalidade implementaria a SA 8000, como comprovam os resultados

obtidos, nos dois questionários, para a variável Se sim, o sistema de responsabilidade social a implementar/certificar é a SA 8000. Pelo que, pode concluir-se que as organizações que pretendem implementar a curto prazo um sistema de gestão da responsabilidade social optariam por implementar/certificar a SA 8000.

Relativamente à variável aspetos que promovem ou não uma maior reflecção

dentro da organização, na implementação de um Sistema de Gestão de Responsabilidade Social, constatou-se para as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança que a maioria estava em concordância com variáveis Motivação dos colaboradores (B); Liberdade de associação e Direito à negociação coletiva (E); Confiança dos clientes, acionistas, comunidade e restantes partes interessadas (F); Estratégia de desenvolvimento sustentável (H); Diálogo com as partes interessadas da organização (J); Horário de trabalho

(K); Encorajamento efetivo da comunicação interna e externa (L) e Remuneração (M). Para as

variáveis Trabalho infantil (A), Trabalho forçado (C), Gestão dos perigos/riscos através da

definição de objetivos, metas e responsabilidades (D) e Aspetos da sociedade onde se insere

(N), a maior percentagem de respostas foi nem concordo nem discordo. Já 46,67% dos inquiridos discordou das variáveis Discriminação (G) e Práticas disciplinares (I).

Por outro lado, entre as PME não certificadas em sistemas de gestão, a generalidade das respostas dos inquiridos para as variáveis Gestão dos perigos/riscos através da definição de objetivos, metas e responsabilidades (D); Liberdade de associação e Direito à negociação coletiva (E); Discriminação (G); Práticas disciplinares (I); Horário de trabalho (K);

Encorajamento efetivo da comunicação interna e externa (L) e Remuneração (M) foi nem

concordo nem discordo. Existiu maior percentagem concordância nas variáveis Motivação dos

colaboradores (B); Confiança dos clientes, acionistas, comunidade e restantes partes

interessadas (F) e Estratégia de desenvolvimento sustentável (H). Nas variáveis Trabalho

infantil (A) e Trabalho forçado (C), a grande fatia das respostas foi discordo e concordo totalmente

nas variáveis Diálogo com as partes interessadas da organização (J) e Aspetos da sociedade

onde se insere (N).

Assim, tendo por base os nove requisitos/áreas da norma SA 8000: Trabalho infantil; Trabalho forçado; Saúde e segurança no trabalho; Liberdade de associação e direito à negociação coletiva; Discriminação; Práticas disciplinares; Horário de trabalho; Remuneração e Sistemas de gestão apreende-se que, ainda não existe uma reflecção no interior das organizações, quanto à responsabilidade social, pois as organizações desconhecem os aspetos inerentes à implementação de um sistema de gestão de responsabilidade social, quer entre as PME não certificadas, quer para as PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança.

Por último, e para a variável contributos da implementação de um Sistema de

Responsabilidade Social, pode verificar-se que a maioria dos inquiridos nas PME já certificadas em sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiente e/ou segurança concorda com as variáveis definidas. A generalidade das PME não certificadas em sistemas de gestão concorda totalmente com as

progresso ambiental da organização (C). Isto confirma o descrito por Fonseca (2005), relativamente aos contributos da implementação de um sistema de gestão de Responsabilidade Social SA 8000.

CAPITULO VI

CONCLUSÃO E LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO

“O objecto da relação de trabalho (cujo substrato é a organização empresarial) só se poderá considerar preenchido quando, na verdade, a colaboração for entendida como intervenção ou participação nos grandes problemas de organização e de produção que a empresa comporta, isto é, quando o contrato de trabalho reconhecer ao trabalhador, além da obrigação de colaboração, o direito correlativo (no uso da experiência que tiver adquirido, ao longo do tempo, através do contacto directo com pessoas e coisas) de poder (em termos extremamente variáveis) exprimir as suas opiniões, sugerir modificações que tornem mais rendável o funcionamento dos serviços, revelar deficiências observadas na execução do trabalho e, simultâneamente, tutelar os seus interesses (decorrentes da sua inserção na empresa) e participar nos próprios resultados económicos”

Policarpo, 1962.

No documento A Implementação da (páginas 177-185)