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Foto 21 – Moldes vazados de letras e números

3.9 A COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA E A EDUCOM NO CEE

Nas escolas públicas regulares, profissionais especializados desenvolvem trabalhos com os ANEEs num espaço físico definido como Sala de Recursos.67 No caso do CEE 1, como ele é um estabelecimento especializado em Educação Especial, em todas as salas há recursos, com o objetivo de atender os alunos de acordo com a variedade de deficiências apresentadas. Esses materiais são confeccionados por profissionais que se qualificam em cursos específicos ou são adquiridos pela escola, por meio de compra, desde que seja possível adaptá-los às demandas dos tipos de deficiências atendidas.

Com aspectos diferentes, a maioria dos recursos atende à expectativa de ampliar, de forma alternativa, as linguagens e a comunicação para alunos com impedimentos na comunicação oral, escrita e/ou visual. Para alcançar as metas em relação ao resultado do uso desses materiais, é de fundamental importância conhecer e observar, de forma apurada, as diversas dificuldades que o aluno pode apresentar, sejam elas físicas, psicológicas, intelectuais e/ou emocionais.

Os materiais, embora fiquem na sala da professora regente que os confeccionou, podem ser utilizados por todos os outros professores extraclasses, como é o caso da professora (A.L). A seguir, estão as fotos de alguns dos recursos usados no CEE 1 para a CAA.

Foto 18 – Livro Sensorial. Foto 19 – Travesseiros em Libra e em Braille.

Foto 20 – Colmeia numérica em alto relevo. Foto 21– Moldes vazados de letras e números.

A Proposta Pedagógica do CEE 1 com a finalidade na inclusão, embora tenha ainda que ser adequada e qualificada para o Atendimento Educacional Especializado, favorece os processos comunicativos e de aprendizagem, e os empreendimentos de alguns profissionais na sua própria especialização e na produção de recursos materiais já existem e vigoram.

No que diz respeito à correlação entre a educação e a comunicação, pode-se afirmar que todos os planos de ação e os programas instituídos no CEE 1 transversam esses campos de estudo. Isto porque todos os meios são preparados, de forma alternativa, para ampliar: a comunicação, as expressões corporais, o desenvolvimento da linguagem matemática, entre outras, as expressões artísticas, a terapia ocupacional e o equilíbrio emocional. Além de investirem na aquisição da Língua Nacional, da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e nos aspectos de socialização do indivíduo com as outras pessoas, o seu contexto e o meio ambiente.

As ações realizadas no CEE 1 tem o propósito de socialização, intervenção e sustentabilidade. Princípios esses que se assemelham aos trabalhos Educomunicacionais. Isto porque os trabalhos realizados em seu espaço físico, mesmo que sejam a partir de pequenos grupos e grandes esforços, promovem a interatividade, a mobilidade e o exercício de uma prática pedagógica, com base em processos comunicacionais e dialógicos, podendo ser definido, portanto, como um lugar de construção de intervenções. De acordo com Soares (2011, p. 4ι): “[...] as áreas de intervenção, apresentam-se como portas de ingresso ao universo das práticas Educomunicativas”.

3.10 A ENTREVISTA

A professora (A.L) tem trinta e nove anos de idade, é a mais nova de uma família de onze irmãos. Desses, cinco são portadores de DSV. No CEE 1 do Gama, ela é uma das professoras de atividades correspondente à primeira fase do Ensino Fundamental. Sua função é exercida como professora extraclasse, com a disciplina de Música para 17 turmas. Essas turmas fazem parte do Atendimento Educacional Especializado (AEE), num dos programas do Projeto Político-Pedagógico da escola, o Programa de Atendimento Pedagógico Especializado (PAPE).

A sua DSV foi identificada por seus pais, após nascer, quando começaram a reparar que ela não respondia aos estímulos do ambiente com o olhar. Sua mãe começou a reparar em seus reflexos, porque a experiência com os seus outros quatro filhos fez com que logo descobrisse que se tratava do mesmo caso.

Quando criança, a professora (A.L) começou a perceber que não podia explorar e conhecer o mundo contando com o sentido da visão. Mas, mesmo assim, explorava o meio e os locais onde vivia utilizando-se dos outros sentidos. Segundo exames médicos, não

totalmente apurados, suspeita-se que a causa de sua DSV justifica-se na Toxoplasmose68 ou por problemas congênitos. Embora seus pais sejam videntes, eles são primos de primeiro grau, o que, segundo a medicina, há probabilidade de má formação na gestação dos filhos por serem parentes consanguíneos.

O seu ingresso na escola, de acordo com os critérios estabelecidos, foi inicialmente tranquilo. A sua primeira experiência escolar foi no Jardim de Infância, chamado hoje de Educação Infantil. Os profissionais que a recepcionaram providenciaram os recursos necessários e adaptados para o trabalho pedagógico com DSV. Apesar de que as atividades livres de subir, andar, brincar e conhecer o ambiente já eram realizadas sem temores por ela.

Para aprender a ler e a escrever teve acesso a recursos muito tradicionais. Mas, em casa, como é a mais nova dos irmãos portadores da DSV, teve ajuda em Braille para o início de sua alfabetização, fato que colaborou bastante para o seu aprendizado. Aos seis anos de idade, começou a frequentar a Sala de Recursos,69 onde a professora regente deu continuidade à alfabetização e a todos os processos de aprendizagem iniciados com os irmãos mais velhos. Dessa forma, a leitura foi mais fácil de ser assimilada. No entanto, a escrita foi mais difícil, pois, às vezes, errava na hora de perfurar os pontos quando ia escrever rapidamente para acompanhar os outros estudantes da turma.

Na segunda fase do Ensino Fundamental,70 as dificuldades foram se ampliando, especialmente quando havia alguns conteúdos abstratos a ser aprendidos na disciplina de Matemática. O professor regente explicava-os por meio de gravuras, figuras e desenhos representativos, escritos na lousa e não utilizava nenhum outro material concreto para que ela pudesse entender. Portanto, não havia por parte dos professores e da escola a elaboração de estratégias e meios para minimizar este obstáculo.

As mesmas dificuldades ocorreram no Ensino Médio71, porém os profissionais desse nível de ensino eram mais interessados em resolver os problemas, explicar o conteúdo e atender as necessidades do DSV. Eles trocavam informações verbais com a professora (A.L) e se sentavam mais próximos dela para realizar as atividades de forma individualizada. Além disso, usavam materiais concretos para facilitar as explicações e os comandos do que havia de ser feito.

68É uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, encontrada nos animais e repassada aos seres humanos, na forma de contaminação direta.

69 Atualmente, é entendido como ambiente de natureza pedagógica, orientado por professor especializado que suplementa, no caso dos superdotados, e complementa, no caso do Atendimento Educacional Especializado, o atendimento educacional, para esses e demais alunos, realizado em classes comuns da rede regular de ensino. Esse serviço realiza-se em escolas com local dotado de equipamentos e recursos pedagógicos adequados. 70 Fase conhecida anteriormente como as que se referiam às séries de 5ª a 8ª.

O Ensino Médio cursado pela professora (A.L) foi o antigo Curso Normal e/ou Magistério, equivalente ao Segundo Grau. Para conseguir alcançar o objetivo do curso, de se tornar professora, era necessário estar apta a preparar materiais com diversos tipos de letras, baston, caixa alta e cursiva, por exemplo. O que era impossível de ser confeccionado por ela, pois, além de não ter uso em sua futura prática docente, mesmo que um dia fosse ministrar aulas para os alunos ditos normais, não conseguiria aplicar esses recursos, nem repassá-los para eles.

Sendo assim, a professora (A.L) foi apenas treinada com a letra cursiva para assinar seu nome em documentos como: diplomas, identidade e diários de classe. No segundo ano, a professora (A.L) teve uma docente que a ajudou a desenvolver algumas atividades comunicativas que ela poderia realizar por meio da Música. Dessa forma, foi construído, em conjunto com ela, um caderno de músicas com canções folclóricas em Braille. Como foi um trabalho direcionado para toda a turma, o aproveitamento e a aprendizagem tiveram uma ótima repercussão pessoal para ela. O mesmo ocorreu com os outros trabalhos que foram adaptados para atender às suas necessidades.

A professora (A.L) fez sua graduação na Universidade de Brasília (UnB). Os maiores impedimentos para ela, enquanto estudante com DSV, estavam relacionados ao tempo. Pois o Departamento da UnB responsável pelo atendimento ao DSV tinha muitos instrumentos, adequados em Braille, entretanto a quantidade de conteúdos e de alunos com necessidades especiais era grande. Portanto, os docentes pediam determinados conteúdos e o material só ficava pronto duas ou três semanas depois. Era difícil acompanhar os debates, a correção ou mesmo as respostas às questões dos exercícios. Porém, no decorrer do curso, esta situação foi sendo resolvida, com a agilidade da produção de material.

Para fazer a avaliação do aprendizado de (A.L), nos cursos que frequentou, escolhia-se a atividade em Braille, ou dispunha-se do ledor. Particularmente, quando possível, ela escolhia os dois: a avaliação em Braille e o ledor. Isto porque, o tempo usado para a leitura em Braille é diferente da leitura comum de textos impressos. Logo, com o ledor e a atividade em Braille ela ganhava tempo e conseguia acompanhar outras pessoas de sua turma acadêmica ou de outras na realização de provas e concursos. Para a produção de tarefas que poderiam ser entregues posteriormente, a professora (A.L) utilizava o programa Jaws para Windows, que comporta o leitor de tela. O uso dos programas em seu computador foi primordial para o cumprimento das tarefas solicitadas.

Quando a professora (A.L) assumiu como concursada na Secretaria de Estado de Educação do DF, os obstáculos enfrentados por ela foram mais severos, pois a SEE não

dispunha de recursos adaptados para que professores com DSV pudessem ministrar aula. Não dispunha, por exemplo, de outro profissional qualificado que pudesse escrever no quadro, corrigir tarefas e facilitar o relacionamento, intermediando a comunicação dela com os alunos e deles com ela. Esse apoio seria interessante, especialmente, para que ela pudesse lecionar em classes comuns, sem a necessidade de um atendimento especializado. Mas, pelo que se conhece de todas as escolas do Distrito Federal, não havia nenhuma que dispusesse desse profissional como apoio.

Para minimizar os problemas anteriormente descritos, a professora (A.L) tentou ministrar aula para alunos DSVs, mas foi impossível, pois segundo a SEE, o profissional só se apropria da vaga para ser professor de DSVs por meio de concurso interno de remoção e os escolhidos precisam morar bem perto da área geográfica onde está localizada a escola.

Dois outros exemplos de profissionais que prestaram concurso público para a SEE e são portadores de DSV foram citados pela professora (A.L): um exemplo foi a professora (J.), que passou no concurso para trabalhar com a segunda fase do Ensino Fundamental, com a disciplina de Língua Portuguesa. A professora (J.) ficou um ano na carência provisória trabalhando na escola de DSV no Plano Piloto em Brasília. Logo depois, dispensada, ficou lotada em outra escola do Gama – DF, esperando por alguns meses aparecer algum aluno com DSV. Até que decidiu pedir exoneração e voltar para sua cidade natal.

Outro exemplo é o professor (M.) que hoje atua como regente de aulas na escola de DSVs de Brasília. Porém, inicialmente foi testado, pois quiseram conferir seu domínio em Braille e em outros materiais específicos. Ele só conseguiu se fixar na carência que existia porque solicitou ajuda do Ministério Público para resolver sua situação.

Mediante esses enfrentamentos, o trabalho com música para a professora (A.L) a recolocou numa posição mais confortável para ingressar em atividades docentes. Para ela, a música é um dom que lhe ajuda a superar os seus limites. Desde criança sempre gostou de cantar e de brincar de roda com seus sobrinhos e participar de atividades na Igreja. Aos dezoito anos de idade aprendeu a tocar violão, ingressou numa escola particular e posteriormente na Escola de Música de Brasília. Mesmo o pouco tempo que frequentou as aulas de violão clássico lhe serviu para as atividades relacionadas à música até hoje. Para aprender a tocar e cantar buscou meios de forma autônoma, uma vez que não há profissionais nem recursos materiais que sejam compatíveis para ensinar pessoas com DSV.

No início de sua aprendizagem uma colega ditava a letra da música para que ela pudesse escrever em Braille. Na Escola de Música de Brasília, o docente de Música preparava, pelo sistema de Musicografia em Braille, o que ela deveria tocar. Pois nessa escola

há materiais disponíveis e profissionais preparados para atender as necessidades especiais dos alunos com DSV. Essas experiências colaboraram para que as suas aulas fossem preparadas de forma a serem aplicadas com os alunos que necessitam de adequações curriculares, por meio de recursos equivalentes à capacidade de cada um.

No CEE 1 do Gama, a ex-diretora, que é formada em Música, ajudou-a a preparar materiais para as séries iniciais. Porém o trabalho a ser produzido exigia muito tempo e muita persistência. A professora (A.L) pegava os livros emprestados, solicitava ajuda de uma pessoa que fizesse a leitura e gravasse em fita cassete as músicas para escutar posteriormente e, então, fixar as principais partes e adaptá-las em Braille para seu uso didático e pessoal.

No ano de 2010 a Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação (EAPE) ofereceu um curso de Música denominado ‘Resgate de um caminho para a Educação’. A palestrante do curso havia criado um método para ensinar música tanto para crianças ditas normais, quanto para crianças especiais. Esse material encontra-se no computador da professora (A.L), que possui o programa Jaws para Windows, com leitor de tela. O que o torna mais fácil de ser consultado.

Para se estabelecer no CEE 1, a professora (A.L) recebeu apoio da direção atual, que averiguou suas habilidades em Música e a inseriu num dos programas que fazem parte da Proposta Pedagógica da respectiva escola. Embora, de vez em quando, se sinta desmotivada e cansada de repetir a mesma atuação na área da Música, não procura outras formas de atuar, pois, tem receio de não conseguir se inter-relacionar com outros alunos e de limitar a comunicação com eles. Sente-se insegura quanto aos alunos não compreenderem seus comandos. No entanto, segue cumprindo suas tarefas, afirmando que: Não é fácil não. É uma luta diária, que só Deus para me dar condição e força para eu continuar [...].

Nos dois primeiros anos de sua carreira profissional como servidora pública do CEE 1, havia um professor de Música que atendia os ANEEs que vinham das escolas comuns para o Atendimento Educacional Especializado Complementar no turno vespertino. Dessa forma, a professora (A.L) atendia aos alunos pela manhã e esse professor à tarde. Quando ele foi remanejado para outra escola, essa função ficou sendo sua. Houve muita insistência para que ela assumisse os dois turnos. Mas, assumir essa tarefa comprometeu seu tempo de coordenação, pois ao invés de preparar as suas aulas no turno inverso, tal como os outros professores, ela ficou sobrecarregada com aulas nos dois turnos.

Psicologicamente, a professora (A.L) não teve estrutura para dizer não a esta situação. Pois não existe carência para aulas de música na estrutura curricular nas escolas públicas do DF. Portanto, ou ela assumia toda a carga horária dos dois professores ou ficaria sem função,

visto que a aula de música consta em projetos e programas interdisciplinares, mas não existe como cargo institucional de docência em Música na SEE/DF.

Nos primeiros anos do Atendimento Educacional Especializado Complementar (AEEC), a equipe que fazia o atendimento no turno vespertino colaborou muito com as atividades da professora (A.L), bem como da sua produção no trabalho em equipe. No entanto, no decorrer dos anos, com a mudança de alguns membros da equipe, não havia nenhum tipo de ajuda ou de adequação dos serviços que deveriam ser prestados e que pudessem favorecer a professora (A.L) enquanto portadora de DSV. As pessoas desse grupo demonstravam que a produção, a rapidez e a qualidade do trabalho seriam mais eficazes sem a presença dela.

Nas turmas, os alunos com dificuldades múltiplas e variadas eram atendidos de uma vez na mesma sala de aula, o que dificultava, incomensuravelmente, a comunicação entre eles e a professora. Eles não respondiam aos comandos e ao que se propunha ser realizado. Nesse período, a professora (A.L) identificou também que, além da diversidade de ANNEs, o comportamento das professoras fixas das turmas prejudicava a sua inter-relação com as classes. Isto porque, enquanto ela lecionava, as outras regentes se mostravam indiferentes e mantinham conversas paralelas.

A direção pedagógico-administrativa conversou com o grupo, mas pouco resultou em mudanças comportamentais. Sendo assim, ao se sentir um incômodo para o grupo, a professora (A.L), de acordo com a direção, voltou a fazer parte apenas do programa PAPE no turno matutino. Para continuar com os trabalhos dentro do programa, solicitou da direção do CEE 1 alguns critérios: os professores deveriam compartilhar da aula junto com ela; as aulas deveriam ser apenas no turno da manhã e o turno da tarde deveria ser reservado para a sua coordenação pedagógica. Solicitou também que fosse trabalhada a questão da aceitação de suas dificuldades enquanto DSV em meio a outros profissionais do CEE 1.

Outra dificuldade encontrada no sistema de ensino da SEE/DF é a falta de livros, revistas, jornais e outros meios tecnológicos adequados para DSVs obterem informações e se capacitarem continuamente. Então, para suprir essa carência, a professora (A.L) tem de fazer um esforço redobrado, pois o CEE 1 também não possui meios específicos para o seu aperfeiçoamento e qualificação.

A apreensão de conteúdos, informações e avisos e a capacitação profissional são assimilados pela professora (A.L) por meio de exposições orais, pois ela tem muita facilidade de ouvir e memorizar. O que muitas vezes considera estranho em pessoas que enxergam e ouvem algo e, logo depois, esquecem. Essa habilidade de memorização auditiva é muito

exercitada por ela em reuniões pedagógicas e administrativas e, em seu dia a dia no CEE 1, pois, no estabelecimento de ensino, não há nenhum tipo de recurso com conteúdo textual adaptado para o DSV.

São as novas tecnologias que têm proporcionado à professora (A.L) a oportunidade de estudar, fazer planejamentos e registros nos diários e pesquisas relativas à sua função. O seu Netbook pessoal e os programas Dosvox e Jaws para Windows ajudam-na a ser mais criativa e proceder com os trabalhos requisitados, acompanhando o tempo exigido para a entrega deles na escola. Embora nunca tenha feito cursos de informática, ela mesma configura o seu computador, muda os comandos, baixa os programas e todos os procedimentos, sempre guiada por um profissional da área, que lhe informa por telefone como aplicar e baixar os suportes necessários.

Antes de utilizar esses recursos tecnológicos, o acesso a sites novos e a produção mais rápida das tarefas eram mais difíceis. Isto porque a professora (A.L) tinha que gravar fitas cassetes a partir da audição de um CD, copiava a música em Braille, repassando-a para um gravador, pausava a fita copiando frase por frase. Depois decorava e ensaiava para usar em sala de aula. Além disso, tinha de vir de casa com violão, pasta, aparelho de som e material didático.

No contexto escolar do CEE 1 ainda faltam instrumentos musicais, novas tecnologias e uma sala ambiente. A compra de acessórios para o exercício das aulas de Música depende da chefia geral da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama-DF e demais responsáveis pela administração dos setores da SEE/DF. Nesses setores há muita burocracia e centralização, o que impede que as escolas possam, de forma autônoma, resolver seus problemas institucionais para inclusão. As ações conjuntas entre os diversos seguimentos hierárquicos na administração da educação na SEE poderiam facilitar o dia a dia do professor e do aluno com DSV, mas não é assim que ocorre.

A exemplo do que foi afirmado anteriormente, os diários de classe e outros materiais impressos são processos que ainda exigem muito da professora (A.L). Pois os registros e procedimentos têm de ser digitados, impressos e manuscritos, o que a faz depender sempre de alguém para fazê-lo por ela. Então, seria muito útil se essas tarefas fossem adaptadas, sendo apenas necessário imprimir as folhas e anexá-las nos diários de classe e nos planejamentos de aula.

Entretanto, no sistema institucional de ensino da SEE/DF os cursos ainda são restritos