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Foto 21 – Moldes vazados de letras e números

3.2 TIPOS DE ATENDIMENTO E ACESSIBILIDADE

Atualmente, o CEE 1 do Gama atende cerca de 450 alunos regularmente matriculados. Além dessa assistência, ele recebe cerca de 170 alunos, advindos de escolas comuns, para Atendimento Educacional Especializado Complementar, e 362 alunos para o Laboratório de Informática Educativa. Ou seja, durante a semana passam pelo atendimento educacional do CEE 1 mais de 980 alunos. Dentre esses alunos, 140 têm mais de 21 anos. São adultos sem perspectiva de convívio e adaptação social; sem possibilidades de inserção no mercado de trabalho, e sem prognóstico62 acadêmico. Os oito alunos que apresentam, por meio de laudos, a DSV, foram acolhidos pelo CEE 1, graças à intervenção da direção administrativa, da coordenação geral do atendimento especializado e de professores que fizeram cursos específicos para lidarem com a DSV e com as Múltiplas Deficiências.

A Organização Pedagógica para o atendimento à educação inclusiva no CEE 1 ocorre por meio dos seguintes programas:

61PECS ou Sistema de Comunicação por troca de imagens é um sistema que permite desenvolver a comunicação interpessoal, principalmente em pessoas com dificuldades severas de comunicação.

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Prognóstico na educação pode ser entendido tal como Prognóstico em Medicina, que é conhecimento ou juízo antecipado, prévio, feito pelo médico, baseado necessariamente no diagnóstico médico e nas possibilidades terapêuticas, segundo o estado da arte, acerca da duração, da evolução e do eventual termo de uma doença ou quadro clínico sob seu cuidado ou orientação. Nos dois processos não se sabe se há chances de cura ou evolução.

- Programa de Educação Precoce (PEP) – que se refere a um conjunto de ações educacionais voltadas a proporcionar às crianças de 0 a 3 anos e onze meses, que se encontram em situações de riscos, de prematuridade, com diagnóstico de deficiências ou com potencial para altas habilidades/superdotação, a promoção de seu desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e sociocultural.

- Programa de Atendimento Pedagógico Especializado (PAPE) – consiste num conjunto de atividades que estimulam o desenvolvimento global do aluno, a fim de adquirir habilidades psicomotoras, de autonomia, socialização e maior desenvolvimento na vida autônoma e social (AVAS). A Etapa 1 (de 4 aos 8 anos); a Etapa 2 (dos 9 aos 14 anos); a Etapa 3 (entre 15 e 21 anos). A perspectiva pedagógica deste programa é tentar inserir ao contexto social as pessoas com Deficiência Intelectual (DI), Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD) e Deficiências Múltiplas (DEMU), incluindo a DSV como um dos casos.

- Programa de Oficinas Pedagógicas (POP) – refere-se ao atendimento especializado aos alunos a partir de 15 anos. Objetiva estimular a capacidade produtiva e o desenvolvimento de competências e de condutas sociais básicas voltadas para o trabalho autônomo e protegido. O programa estrutura-se em dois módulos: o de oficinas sócio-profissionalizantes e oficinas de profissionalização. Objetiva, também, proporcionar atividades práticas que permitam ao aluno realizá- las em outro contexto, tais como: higiene corporal e ambiental, alimentação, vestuário, comunicação, inter-relação pessoal, cortesia no tratamento, entre outros. - Programa de Atendimento Interdisciplinar (PAI) – objetiva proporcionar

atividades interdisciplinares para estudantes do programa de Educação Física Especial e das áreas das Artes, da Educação Ambiental e Informática. O programa trabalha com diferentes linguagens e mecanismos da Comunicação Aumentativa Alternativa (CAA), a partir da inserção de programas por alguns professores. - Programa de Educação Física Especial (PEFE) – objetiva desenvolver

habilidades e competências psicomotoras básicas, por meio de atividades de expressão e linguagem corporal. O programa é sistematizado por fases que correspondem ao desenvolvimento neuropsicomotor.

- Programa de Educação Ambiental (PEA) – Visa otimizar as estruturas e os equipamentos que promovam a sustentabilidade e a autossustentabilidade, por meio do desenvolvimento de projetos de: minhocário, horta escolar, plantas

medicinais, coleta seletiva, viveiro, pomar e oficina de apoio. O programa atualmente conta com cinco profissionais com formação em práticas agrícolas. - Programa de Música – objetiva educar para a linguagem e comunicação musical.

A professora (A.L), do estudo de caso, é responsável pelo programa. Os alunos atendidos nesse programa pertencem a 17 turmas do Programa de Atendimento Pedagógico Especializado (PAPE), que não foram contemplados com o horário do Programa de Educação Ambiental (PEA).

- Programa de Atendimento Educacional Especializado Complementar – Visa apoiar a inclusão, oferecendo recursos educacionais e comunicacionais, tanto para os alunos regulares da instituição, quanto para os Alunos com Necessidades Educacionais Especiais. No programa se inclui a Arte e o movimento como fator de resiliência63 para os ANEEs, também das escolas comuns atividades de comunicação e expressão, tais como: produção de imagens, pinturas, desenhos, esculturas, teatro, dança e música e demais atividades de linguagem e artística.

Todos os programas planejados no CEE 1 visam colaborar com a inter-relação pessoal e ambiental dos alunos com necessidades de educação especial, na pretensão de que, mesmo que não haja progresso acadêmico para esses alunos, seja possível integrá-los em Atividades de Vida Autônoma e Social (AVAS). Para tanto, os equipamentos e materiais didático- pedagógicos são comprados e/ou construídos com metas a promover o desenvolvimento de adaptação social de cada educando em seu contexto.

Para o trabalho com AVAS são empregados os utensílios de cozinha, bancadas, máquinas de costura, 14 ventiladores de parede, fogões, geladeiras, cadeiras de roda (algumas necessitando de reparo ou substituição). O objetivo de usar esses recursos como material didático na escola é ter como perspectiva educacional a adaptação do ANEEs aos seus contextos sociais. Assim sendo, mesmo que eles não consigam progredir intelectualmente, estarão mais qualificados para adaptarem-se ao mundo extramuros do âmbito escolar.

Dos materiais preparados internamente ou adquiridos do meio comercial, pode-se destacar a relevância que estes têm ao contribuir com a comunicação, a expressão e o desenvolvimento neuropsicomotor dos alunos dentro e fora do ambiente escolar. Embora os

63 A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. No entanto, Job (2003), que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades.

recursos tecnológicos e didáticos do CEE 1 ainda não possuam programas e adequações específicas para o DSV, conforme se pode constatar na listagem a seguir.

As salas são aparelhadas com armário, arquivos, cadeiras escolares comuns e algumas poltronas especiais, mesas, estantes, colchonetes, espelhos, material específico para atividades físicas e alguns equipamentos específicos às salas-ambientes. A escola ainda possui equipamentos para programas de leitura, informação e comunicação, tais como: 2 televisões de 20 polegadas e 2 de 29 polegadas, 5 DVDs simples, um DVD- Karaokê, 2 Fax, 2 filtros de água, estabilizadores, 1 câmara digital, 4 aparelhos de telefones, 4 impressoras jato de tinta, 2 impressoras a laser, 2 impressoras a laser arrendadas pelo Governo do DF, 1 máquina copiadora (com defeito), 1 copiadora elétrica, 6 sons portáteis, 1 caixa amplificada, 1microfone sem fio e outro com fio, 1 mesa de som acompanhada de 1 amplificador e 4 caixas de som, 1 aparelho de som 3x1 (rádio, CD e toca fita), gravadores, acervo de livros para leitura e consulta, 1 laboratório de informática com 16 máquinas do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo)64.

Apesar do CEE 1 ser considerado um centro de ensino modelo na questão de atendimentos aos seus alunos regulares e aos dos que vêm de escolas comuns, e também referência no que se refere ao empreendimento de recursos didáticos e técnicos, ainda está muito distante de alcançar os objetivos da acessibilidade. Especialmente, se as suas aquisições forem comparadas ao que dita a Portaria nº 1679, de 2 de dezembro de 1999. A distância entre o que é definido na Portaria e o que existe de material para o atendimento instrumental no CEE 1 para os portadores de DSV, por exemplo, amplia-se. No Art. 2º, parágrafo único, um dos requisitos estabelecidos na forma do caput deverá contemplar, no mínimo:

Para alunos com deficiência visual, o compromisso formal da instituição é de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio contendo: máquina de datilografia Braille, impressora Braille acoplada a computador, sistema de síntese de voz; gravador e fotocopiadora que amplie textos; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em fitas de áudio; software de ampliação de tela; equipamento para ampliação de textos para atendimento a aluno com visão subnormal; lupas, réguas de leitura; scanner acoplado a computador; plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico dos conteúdos básicos em Braille.

Das assertivas anteriores, pode-se afirmar que, embora as aquisições de materiais didáticos e de recursos tecnológicos para a execução dos programas e projetos educacionais

64 Proinfo é um programa educacional com o objetivo de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica. O programa leva às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos

educacionais. Em contrapartida, estados, Distrito Federal e municípios devem garantir a estrutura adequada para receber os laboratórios e capacitar os educadores para uso das máquinas e tecnologias.

do CEE 1 sejam direcionados para que todos os alunos possam ser inclusos, esses objetivos não não alcançados. A professora (A.L), do estudo de caso, por ser portadora de DSV, não consegue incluir-se em atividades dirigidas para todos os professores, nem os alunos DSVs. Pois, por mais que algumas salas sejam ambientalizadas, a equipe pedagógica e administrativa do CEE 1 e alguns professores tentem proporcionar acessibilidade a todos os que necessitam de atendimentos especializados, os instrumentos mediadores para a inclusão precisam ser mais adequados e investimentos liberados pelos setores competentes da SEE do DF. Esse empreendimento certamente servirá para minimização dos problemas que o AEE enfrenta quanto aos atendimentos mais abrangentes.

3.3 OBSERVAÇÕES DA ROTINA DE TRABALHO DA PROFESSORA (A.L) NO