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Foto 21 – Moldes vazados de letras e números

3.3 OBSERVAÇÕES DA ROTINA DE TRABALHO DA PROFESSORA (A.L) NO

A rotina diária de trabalho no turno matutino da professora (A.L) inicia-se com sua entrada na escola às 07h30min. Ao entrar, ela cumprimenta os profissionais da portaria e a todos com quem encontra nos corredores. Nos cumprimentos ou ela apenas cita os nomes das pessoas ou também as abraça. Com algumas pessoas ela demonstra ter mais afinidade. Depois ela caminha pelo corredor principal da escola até chegar à sala de coordenação e à sala dos professores, as quais possuem armários que contêm alguns materiais de uso pessoal e para suas atividades em sala de aula.

A professora (A.L) se direciona à turma e sempre acerta o horário em que deve trocar de classe, ao término de cada aula, que tem a duração de 40 minutos. No horário do intervalo, se organiza: enche a garrafa d’água, procura materiais necessários para outras aulas que virão após o intervalo. Diariamente, procura assinar o ponto (de sua presença na escola), orientado por um marcador de texto com um espaço no meio para que assine as letras iniciais do seu nome.

Todas as atitudes da professora (A.L) no espaço escolar são autônomas. Para entregar os planejamentos à coordenação pedagógica, ela se utiliza de recursos tecnológicos de aquisição pessoal. No que diz respeito aos recursos didáticos, usados para motivar seus alunos, ela procura usar para as atividades de Música, além do violão, recursos confeccionados com sucata para criar seus próprios meios de comunicação. Assim, colabora, também, com o programa de Educação Ambiental, entre outros. Visto que não consegue usar outros recursos simbólicos, usa bastante a oralidade e os gestos, pois entre seus alunos há os

que têm Deficiência Sensorial Auditiva. Os meios confeccionados e outros fixos da sala de aula quase sempre são sonoros.

Quanto aos diários, estes são preenchidos com muita dificuldade: após digitar os conteúdos e procedimentos, pede à supervisão ou direção pedagógica para imprimi-los e, ainda, precisa solicitar a alguém para passar à limpo de forma manuscrita. O planejamento é trazido pronto de casa porque no seu Netbook há um programa para leitor de tela, tal como o Dosvox.65 O sistema realiza a comunicação com o Deficiente Sensorial Visual, por meio da síntese de voz em Português, sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas. Para realizar a confecção de seus planejamentos usa também o Jaws para Windows, que é um Software de leitura de telas que ajuda os não videntes na leitura de textos.

A professora (A.L) não tem acesso aos avisos presentes nos murais dos corredores e nas salas de coordenação, com informes administrativos e recados para os professores e com mensagens motivadoras e reflexivas, pois estão impressos ou escritos de forma manuscrita. Dessa forma, para ser comunicada e informada sobre datas, coordenações e avisos administrativos, ela recebe os recados oralmente e os memoriza. Portanto, constata-se que os murais do CEE 1 são preparados apenas para os que podem vê-los. Conforme se pode verificar nas fotos a seguir:

Foto 1 – Mural com frase reflexiva. Foto 2 – Mural de informações pedagógicas.

65 DOSVOX é um sistema para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário por meio de

síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por Deficientes Sensoriais Visuais, que adquirem, assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho. O programa é composto por: sistema operacional que contém os elementos de interface com o usuário; sistema de síntese de fala; editor, leitor e impressor/formatador de textos; impressor e formatador para Braille; diversos programas de uso geral para o cego, como jogos de caráter didático e lúdico; ampliador de telas para pessoas com visão reduzida; programas para ajuda à educação de crianças com deficiência visual; Programas sonoros para acesso à internet, como correio eletrônico, acesso a homepages, telnet. Além de leitor simplificado de telas para Windows.

Certo dia, no final do turno matutino, a professora (A.L) foi convidada para dar uma entrevista numa outra escola pública, na cidade do Gama – DF, para os alunos de escolas comuns. Uma das semanas dos meses de setembro e de outubro foram definidas em calendário escolar para todas as escolas da Secretaria de Estado de Educação do DF, como a Semana da Inclusão. Durante o período, o qual cada escola planeja segundo seu calendário interno, são tratados temas relacionados aos problemas, enfrentamentos e conquistas das pessoas portadoras de deficiências e com dificuldades de aprendizagem. Os assuntos com respeito às diferenças e às diversidades também são discutidos com mais ênfase nesse período.

Com a intenção de expor seu trajeto, suas lutas, desafios e conquistas, a professora (A.L) foi convidada para falar com as crianças dessa outra escola. Ela contou um pouco da sua história na infância, como profissional e como conseguiu ser professora de atividades e de música também. No final da entrevista ela cantou com as crianças, os profissionais da escola e os convidados presentes. A letra da canção falava da diversidade e das diferenças que existem entre as pessoas e da importância do respeito e da sensibilização por essa causa.

Logo após a entrevista com a professora (A.L), iniciou-se um teatro de bonecos, apresentado por um grupo convidado pela escola anfitriã. Os temas da peça teatral estavavam focados na admiração e na atenção às diferenças, em prol do respeito e da inclusão. Antes de iniciarem a peça teatral, a professora (A.L) foi convidada para ser apresentada aos bonecos e tocar neles. O objetivo da Companhia de Teatro era o de que ela pudesse acompanhar a encenação, por meio da narração e do reconhecimento dos nomes dos bonecos ligados às personagens.

Foto 3 – Apresentação dos bonecos atores. Foto 4 – Teatro de bonecos.

O turno de trabalho matutino da professora (A.L) terminou paralelamente ao encerramento da apresentação de teatro. No entanto, algumas pessoas presentes no local ainda procuraram por ela e lhe fizeram algumas perguntas. Na saída, a pessoa que lhe fez o convite e foi buscá-la no CEE 1 levou-a para casa, evitando assim os transtornos de ela andar sozinha pelas ruas da cidade do Gama-DF.

3.4 OBSERVAÇÃO DA ROTINA DE TRABALHO DA PROFESSORA (A.L) NO TURNO