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A Comunidade Cristã no Culto

1 Coríntios 11:2-

11. A Comunidade Cristã no Culto

Partimos, agora, para a próxima grande área de controvérsia entre os diversos partidos em Corinto, a saber, o procedimento da comunidade cristã nos cultos. O capítulo 11 destaca dois temas: o comportamento das mulheres e as atitudes em relação à ceia do Senhor.

1. Introdução (11:2)

De fato eu vos louvo, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes as tradições assim como vo-las entreguei.

Que surpresa agradável descobrir que Paulo podia elogiar os cristãos de Corinto, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes as tradições

assim como vo-las entreguei. Paulo se refere a essas tradições de maneira

explícita em 11:23, lembrando a instituição da ceia do Senhor, e em 15:1 e 3, ao transmitir fundamentos do evangelho. A palavra denota o processo duplo de ouvir e passar adiante, e é normalmente usado em referência às verdades cristãs essenciais que constituem o centro do evangelho.

Essas tradições (do latim traditione) foram transmitidas oralmente pelos evangelistas e mestres aos n ovos crentes. O conjunto das tradições passou a ser uma reprodução autorizada da verdade apostólica. Elas são mencionadas largamente e muito valorizadas nas Epístolas Pastorais, onde Paulo destaca a necessidade de seguir o padrão da sã doutrina que os mais velhos transmitiram a sucessores capazes.1

Numa cultura basicamente iletrada, a importância fundamental de uma tradição oral confiável ganha ainda maior ênfase. De fato, pode- se confiar na tradição oral, como indica o exemplo elementar das cantigas de roda. Quando alguma coisa é implantada na cultura de uma comunidade, passa a fazer parte dela. Ao pensar nos cultos de adoração da igreja de Corinto, devemos nos lembrar de que Paulo havia passado dezoito meses ensinando aquela congregação, e esses

ensinamentos tinham uma coerência interna muito forte. Por isso ele falava de um padrão semelhante, se não idêntico, "em todas as igrejas".2 Hoje se afirma com certa convicção que a igreja primitiva possuía um conjunto de catecismo cristão, que abrangia o discipulado comum e as doutrinas básicas; os mestres chamam esse conjunto de doutrinas de "regras da casa", ou seja, regras básicas da fé cristã.3

Quanto à possibilidade de tais tradições afetarem o culto na igreja cristã, Paulo pouco tinha com que se preocupar. Mas os versículos 3­ 16 revelam que havia um elemento "contencioso" em Corinto, que estava procurando uma briga, transformando em ponto principal a questão particular de as mulheres cobrirem a cabeça nos cultos. 2. O comportamento das mulheres (11:3-16)

Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo. uTodo homem que ora, ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. 5Toda mulher, porém, que ora, ou profetiza, com a cabeça sem véu, desonra a sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. 6Portanto, se a mulher não usa véu, nesse caso que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se, ou rapar- se, cumpre-lhe usar véu. 7Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem. 8Porque o homem não foi feito da mulher; e, sim, a mulher do homem. 9Porque também o homem não foi criado por causa da mulher; e, sim, a mulher, por causa do homem. wPortanto, deve a mulher, por causa dos anjos, trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade. nNo Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. ÍZPorque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; tudo vem de Deus. Ujulgai entre vós mesmos: é próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu? HOu não vos ensina a própria natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? 15E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha. 16Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus.

Na Grécia do primeiro século, as roupas dos homens e das mulheres eram, à primeira vista, muito parecidas, exceto pela "cobertura da cabeça" (aqui chamada de kalumma, ou "véu"). A propósito, isto não equivale ao véu árabe, mas a uma cobertura apenas para o cabelo. A roupa diária normal de todas as mulheres gregas incluía esse kalumma. As únicas mulheres que não usavam tal peça eram as hetairai, as 192

amantes de "alta categoria" dos coríntios influentes. Os escravos tinham suas cabeças rapadas e fazia-se o mesmo com as mulheres adúlteras, como castigo. Já se sugeriu amplamente que as prostitutas sagradas do templo local de Afrodite não usavam véus.

Não havia uma "roupa especial" para se assistir às reuniões de comunhão da igreja para adoração: os homens vinham sem nenhuma cobertura na cabeça; as mulheres usavam um véu, como era comum no dia-a-dia. Ao que parece, na "excitação" do culto, certas mulheres sentiam-se tentadas a retirar seus véus, deixando os cabelos (que sempre eram longos) caírem soltos. Bruce4 acredita que Paulo sabia que as profetisas pagãs do mundo greco-romano exerciam seu ofício com as cabeças descobertas e desgrenhadas. Esse comportamento naturalmente causava uma séria distração para os homens durante o culto, além de representar uma negação da submissão no Senhor que as mulheres casadas deviam aos maridos. No culto judaico realizado no templo, as mulheres ficavam separadas dos homens, fora da vista deles, ocultas por uma cortina; os homens sempre oravam com as cabeças cobertas. Com esse discurso, Paulo estava ajudando os cristãos judeus, homens e mulheres, a darem um passo significativo; ele dizia aos homens que orassem com as cabeças descobertas (v. 4), e esperava que as mulheres participassem ativamente da oração e da profecia (mas com submissão, v. 5).

Há um fator que sustenta os argumentos de Paulo neste parágrafo: ele parte da doutrina da criação, e não da doutrina da redenção. Esta simples técnica retórica rebate imediatamente as objeções dos que declaram que Paulo estava em conflito íntimo com seus próprios ensinamentos em, por exemplo, Gálatas 3:28: "Dessarte não pode haver ... nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus". De fato, o versículo 11 deste capítulo enuncia precisamente a mesma verdade: No Senhor, todavia, nem a mulher é

independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Qualquer

que seja o sentido exato das últimas palavras de Paulo sobre a subordinação (assunto que será examinado mais adiante), a frase no

Senhor (carregada de uma ênfase toda especial no grego) indica

claram ente que o homem e a mulher são com pletam ente interdependentes em Cristo - e só em Cristo. Os quatro temas de Paulo neste parágrafo são: submissão, glória, interdependência e natureza.

a) Submissão (3-6)

Deus estabeleceu na comunidade cristã: Quero, entretanto, que saibais

ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo (v. 3). Em outras palavras, a hierarquia divina é: Deus...

Cristo... marido... mulher. A superioridade do marido em relação à esposa não é maior do que a de Deus em relação a Cristo. Mas assim como Cristo submeteu-se ao Pai, a mulher deve submeter-se ao marido. O termo grego traduzido por "cabeça" é kephale, que em raras ocasiões significa "governante de uma comunidade", transmitindo normalmente o sentido de fonte ou origem, sendo usado em relação à nascente de um rio. Deus é, portanto, a fonte de Cristo, Cristo (como criador) é a fonte do homem, e o homem (cedendo "uma das suas costelas", Gn 2:21ss.) é a fonte da mulher (também v. 8). Um terceiro sentido de kephale (à parte do sentido literal) traz uma idéia de determinação e direção, que é muito mais próximo daquilo que hoje designamos por chefia ou liderança.

Essa hierarquia fundamental de relacionamentos, escreve Paulo, deve refletir-se claramente no culto cristão. Aquilo que as pessoas demonstram no culto público é importante. Não deve haver distrações. No culto cristão estamos demonstrando abertamente a essência do que Deus fez em Cristo: ele nos libertou para que o sirvamos e o adoremos. Essa liberdade deve ser demonstrada de forma visível; cf. 2 Coríntios 3:14-18, onde lemos que Moisés (em contraste) teve de cobrir sua cabeça na presença de Deus. Os homens cristãos não precisam cobrir suas cabeças; eles foram libertos, e a glória de Cristo deve se tomar visível por meio do ministério da oração e da profecia liderada por homens de cabeças descobertas: "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito."5

As mulheres cristãs de Corinto (que também exerciam um ministério de oração e profecia) deviam manter suas cabeças cobertas, pois, caso contrário, não haveria liberdade para adorar, mas, sim, uma grande dose de distração. Era, portanto, um sinal de submissão a mulher cobrir a cabeça. A submissão do homem era apenas a Cristo; o "véu" da mulher indicava a sua submissão aos outros homens que estavam presentes. Se isso acontecia na comunidade secular dentro da cidade, não havia motivos, afirma Paulo, para se abandonar essa convenção dentro da igreja. Se o fizessem, estariam se portando como escravas ou adúlteras (v. 5).

Bruce tem uma boa observação sobre a questão da convenção: "Não há nada de frívolo no fato de se apelar para as convenções públicas 194

de decoro. Ser discípulo do Jesus crucificado era, por si só, uma característica suficientemente anticonvencional, mas as transgressões desnecessárias das convenções vigentes deviam ser desencorajadas."6 Se uma mulher cristã perdesse a inibição no culto público, a ponto de dispensar o símbolo externo de sua submissão, então (segundo a lógica da insubmissão) convinha cortar todo o cabelo, removendo assim, de um só golpe, o impacto perturbador de sua "coroa de glória". Obviamente esse não era o modelo cristão de comportamento (que teria, sem dúvida, insultado as normas da sociedade coríntia). Convinha, então, que as mulheres aceitassem a disciplina de manter o véu sobre a cabeça, especialmente quando, movidas pelo Espírito na oração ou na profecia, se sentissem tentadas a abandonar quaisquer inibições. A força do argumento paulino, extraído da criação, no versículo 3, reside no fato de Deus não haver estabelecido um princípio de ação em determinado ponto do tempo só para derrubá- lo mais tarde. Ele é um Deus de ordem, coerência, nele não há contradição: ele não pode negar-se a si mesmo.7

b) Glória (7-10)

O culto cristão deveria não somente refletir visivelmente o padrão de relacionamentos ordenado por Deus, como também o fato de que fomos criados para dar glória a Deus (cf. 10:31). O alvo de nosso culto coletivo é dar a Deus a glória devida ao seu nome. O homem ("Adão", no sentido genérico) foi criado diretamente por Deus para lhe proporcionar prazer, alegria e glória. No mesmo sentido, a mulher foi criada para ser a glória do homem, é um ser derivado dele, e se realiza ao exercer o papel de sua ajudadora. Sob essa perspectiva, a mulher é a "metade melhor" do homem, sendo, de fato, a sua glória (v. 7). Em Gênesis lemos que Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou."8 A imagem de Deus, portanto, só pode ser vista na complementaridade entre o homem e a mulher.

A glória de Deus é o tema que Paulo apresenta nesta passagem: o

homem (é )... imagem eglória de Deus, mas a mulher églória do homem. Se

só Deus deve ser adorado no culto da igreja, então é responsabilidade conjunta, tanto do homem como da mulher, fazer tudo, dentro de suas capacidades, para que isso aconteça. Desde que a m ulher permanecesse com a cabeça devidamente coberta, estava livre para anunciar uma profecia ou dirigir uma oração. Em si mesma, como ser criado, a mulher é a glória do homem. Ao cobrir os cabelos (sua glória

suprem a, v. 15: doxa, a mesma palavra grega repetida no desenvolvimento da discussão), ela reconhecia que só Deus devia ser glorificado no culto cristão - não o seu marido. Daí o véu (ou kalumma) simbolizar sua "autoridade" (v. 10: exousia) para orar ou profetizar durante o culto — autoridade que lhe foi conferida dentro do culto disciplinado da congregação, e em reconhecimento de que tal mulher foi inegavelmente dotada pelo Senhor para exercer o ministério de orar ou profetizar.

Bruce comenta que, "numa carta onde exousia ("autoridade”) é uma palavra chave", sua ocorrência aqui é um sinal da autoridade da mulher cristã. "Em Cristo ela recebeu posição igual à do homem: ela podia orar ou profetizar nas reuniões da igrejas, e o seu véu era um sinal dessa nova autoridade."9 Barrett concorda: "O véu representa a autoridade dada à mulher sob a nova dispensação para fazer coisas que antes não lhe eram permitidas."10 É bem possível, por outro lado, que a referência de Paulo à mulher "trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade" (v. 10) aplique-se à sua submissão em Cristo, à autoridade do marido. Apenas em tal espírito de submissão ela teria liberdade de ministrar no culto da igreja. Não é de todo improvável que Paulo estivesse pensando em ambos os aspectos da autoridade. Morris sugere: "Ao cobrir sua cabeça, a mulher assegura o seu próprio lugar de dignidade e autoridade. Ao mesmo tempo, ela reconhece a sua subordinação."11

Dentro de todo esse labirinto exegético, o fio de ouro no coração de Paulo parece ser o desejo de garantir que o culto na igreja de Corinto fosse feito "com decência e ordem".12 Havia todo o tipo de desordens e, talvez, até mesmo indecência, embora alguns comentaristas interpretem esses maus procedimentos de maneiras muito bizarras, por exemplo, que o verdadeiro problema nos cultos de adoração em Corinto eram os bispos (isto é, "os anjos") que os presidiam com olhos cobiçosos e corações impuros. E impossível saber ao certo qual era a intenção de Paulo ao declarar que a mulher deveria ter um símbolo de autoridade sobre a cabeça por causa dos anjos (v. 10). Seria em deferência à presença reconhecida dos anjos no culto da igreja? Se nós, como povo de Deus, estivermos, assim como Paulo, esforçando-nos para que a glória de Deus domine o nosso culto, o nosso desvio não poderá ser muito grande.

c) Interdependência (11-12)

ensinamento vigoroso de Paulo sobre as diferenças entre o homem e a mulher, quando criados à imagem de Deus. No Senhor, isto é, em Cristo, o homem e a mulher (marido e esposa) são completamente interdependentes. O apóstolo esteve pregando incisivamente que a esposa devia ser submissa ao marido e que essa atitude fosse demonstrada publicamente quando o povo de Deus se reunisse para adorar. Agora, ele explica com igual força que os dois são um em Cristo, totalmente ligados entre si, inseparáveis e interdependentes. Esta é uma verdade no aspecto físico (v. 12), mas uma verdade ainda maior no Senhor. Tanto o homem como a mulher devem a sua existência a Deus: tudo vem de Deus. A adoração cristã é mais bem expressa quando, juntos, os casais dão ao Senhor, de modo visível, a glória de suas próprias vidas interdependentes.

d) Natureza (13-15)

Pauío encerra a discussão, um tanto complexa e às vezes remota (para nós), com um argumento que não é extraído nem da diferença entre homens e mulheres, nem da mutualidade entre eles; nem da independência de cada um, nem da sua interdependência. Ele simplesmente volta à questão da natureza: Ou não vos ensina a própria

natureza ser desonroso para o homem usar cabelo comprido? E que, tratando- se da mulher, é para ela uma glória? pois o cabelo lhe foi dado em lugar de mantilha (vs. 14-15). Talvez seja difícil determinar até que ponto isso

é culturalmente universal, mas o ponto que Paulo deseja destacar é inegável: Deus fez o homem e a mulher diferentes; portanto: vive la

différencel

Sem dúvida, existem muitas convenções culturais quanto ao papel, ao trabalho e aos direitos do homem e da mulher que precisam ser aprimorados ou rejeitados. Como Criador, entretanto, o plano de Deus é que homens e mulheres tenham funções diferentes, embora complementares.

Cada ser humano deve dar glória a Deus sendo o que Deus planejou que ele fosse. O homem deve ser verdadeiramente masculino e a mulher verdadeiramente feminina, sem permitir que estereótipos ditem nossas percepções, mas, antes, baseando nossa compreensão sobre o que significa ser plenamente humano em Jesus Cristo, o modelo perfeito. Esse princípio nos fará cuidadosos, evitando que passemos do limite em relação à questão do unissex. Só se experimenta a plenitude do culto cristão quando cada homem e mulher, criado e

remido por Deus, permite que sua humanidade seja expressa de acordo com o padrão divino.

e) Conclusão (16)

Para que serve todo esse discurso? Paulo deseja que as mulheres se vistam de modo normal e natural no culto cristão. Ele deseja que esse culto dê glória a Deus e evidencie que os cristãos foram libertados para adorar e glorificar a Deus. Por isso, Paulo insiste com os coríntios: "Não ignorem os sinais óbvios da criação ou da natureza. Deus nos fez assim. Não façam pouco caso de todas as regras do bom senso e da decência em seus cultos. Que ele seja centralizado em Cristo e glorifique a Deus." Sempre existirão cristãos que gostam de discutir, e parece que havia muitos deles em Corinto (v. 16). Paulo conclui o pensamento dizendo que todas as outras congregações cristãs aceitavam essa orientação; por que os coríntios seriam diferentes? 3. Atitudes na Ceia do Senhor (11:17-34)

Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor; e, sim, para pior. lsPorque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu em parte o creio. l9Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. 20Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 21Porque, ao comerdes, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. 2ZNão tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto certamente não vos louvo.

23Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Z5Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. 26Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha. 27Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 2SExamine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice; 29pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes,

e não poucos que dormem. 31Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos jidgados. 32Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condemdos com o mundo.

33Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros. 34Se alguém tem fome, coma em casa, afim de não vos reunirdes para juízo. Quanto às demais coisas, eu as ordenarei quando fo r ter convosco.

Vê-se claramente que o próximo aspecto do culto coletivo que chamou a atenção de Paulo o incomodou muito. Os coríntios estavam abusando da eucaristia e do ágape. Ele ficou tão enfurecido com essa notícia, que escreveu rudemente: Quando, pois, vos reunis no mesmo

lugar, não é a ceia do Senhor que comeis (v. 20). Devemos investigar os

m otivos que o levaram a uma declaração tão direta, para compreendermos a situação em Corinto, o significado da refeição comunitária e a gravidade de qualquer abuso.

a) A situação em Corinto (17-22)

Embora tivesse tido liberdade para "elogiá-los" porque estavam guardando determinadas tradições, acerca do culto público, que ele lhes transmitira (11:2), Paulo não o podia fazer agora (vs. 17, 22). As