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Fundamentos e edifícios (3:9-17)

1 Coríntios 3:1 4:

3. Fundamentos e edifícios (3:9-17)

Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Dens sois vós.wSegundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. nPorque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. nContudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,13manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. uSe permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; lsse a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.

K'Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? uSe alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.

No versículo 9 Paulo passa de uma metáfora agrícola para uma arquitetônica: Lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. Um edifício precisa tanto de fundamentos como de colunas e vigas. Assim como lhe deu a tarefa de plantar a semente do evangelho nos corações dos

coríntios, Deus, na sua graça, também capacitou Paulo a estabelecer os fundamentos de uma igreja forte naquela cidade.

Paulo se compara a um prudente construtor, alguém que traz toda experiência e conhecimento para o trabalho e distribui tarefas a cada operário. A palavra grega dá origem ao termo "arquiteto", em português. É óbvio, especialmente para o próprio arquiteto, que ele não pode realizar tudo, que ele depende da habilidade, da perícia e do trabalho simples e árduo de muitos outros cooperadores. Paulo fez a sua parte: lançou os fundamentos, proclamando Jesus Cristo, e este crucificado, de maneira clara (2:2). Ele fez isso para garantir que a fé dos cristãos de Corinto repousasse segura no poder de Deus em Jesus, o único fundamento verdadeiro (cf. 2:5 e 3:11).

Alguns cristãos de Corinto falavam como se o próprio Paulo fosse a pedra fundamental de suas vidas na igreja; nenhum ser humano, porém, pode sustentar a vida de uma igreja ou de um cristão. Pastores e pregadores mudam-se, morrem; somente a igreja edificada em Jesus Cristo sobrevive. Talvez haja aqui uma referência indireta ao partido de Pedro, que poderia estar confiando nele, a rocha, considerando-o o fundamento da igreja.3

Uma vez bem estabelecido o fundamento, o edifício deve começar a subir. Paulo lançou o fundamento, e outro edifica sobre ele (v. 10). Realmente, são muitas as pessoas envolvidas na edificação da igreja em Corinto, e, ao longo de toda a carta, a preocupação de Paulo é que a igreja seja edificada em fé e amor. Essa é a tônica explícita dos capítulos 8,10 e 14, mas o tema rege toda a carta.

É comum pensar que os versículos 12-15 se referem à maneira como a qualidade de vida de um cristão vai ser revelada no dia do Senhor. Mas no contexto, Paulo está retratando a qualidade do serviço realizado por aqueles que contribuíram para a edificação da igreja em Corinto. Porém cada um veja como edifica (v. 10), inclusive Apoio e Pedro, a liderança local e qualquer um envolvido na vida da igreja.

Paulo vislumbra a chegada daquele dia (cf. 1:8), quando a verdadeira natureza da obra do cristão se tornará manifesta (v. 13) e se fará visível a todos, porque está sendo revelada pelo fogo. Esse fogo provará a obra de cada um, isto é, a sua qualidade. Não se trata de avaliar o sucesso, ou a eficiência, ou a popularidade, ou o elogio dos homens. Haverá uma revelação dos materiais usados: serão ouro, prata

ou pedras preciosas? ou não passarão de madeira, fa io e palha? A obra dos

cristãos em Corinto é uma prova do que Deus tem feito através de seu Espírito, ou do que os homens têm erigido com seus próprios recursos, para o seu próprio benefício e glória? E muito fácil camuflar

o material com que um edifício é construído, para que este tenha uma aparência resistente e impressionante. Mas a obra de cada um, o dia a

demonstrará.4

Se estamos envolvidos, portanto, na edificação da igreja de Deus, devemos orar para que nossas boas resoluções e nossos atos de fé sejam impregnados com o poder e a graça de Deus, e que nossas motivações visem unicamente a glorificação do nome de Jesus Cristo. Se esse for o caráter do nosso serviço, receberemos um galardão (v. 14). Sem dúvida, as obras de todo cristão são heterogêneas em qualidade; certamente todos sofreremos a profunda tristeza de ver grande parte de nosso trabalho consumido pelo fogo. Isto deveria inspirar todos os cristãos a serem mais cuidadosos na edificação. Mas, seja qual for a extensão da perda que iremos sofrer, nada na justiça eterna desse fogo pode nos separar do amor de Deus ou de sua salvação. Em virtude do que Jesus Cristo fez na cruz, "aprouve a Deus salvar aos que crêem" nele (1:21). Nenhuma quantidade de madeira, de feno ou de palha, nem qualquer outro tipo de refugo pode nos fazer recuar para a espiral descendente que leva à destruição eterna: se a obra de alguém se queimar,

sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo

(v. 15).

— Aqueles que crêem em Cristo crucificado para receber perdão, purificação e vida eterna não precisam temer a condenação, mesmo de um Deus santo, que conhece os nossos segredos mais íntimos. O próprio Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida".5 Esses versículos em 1 Coríntios 3 insistem que assumamos com toda a seriedade tanto a certeza da vida etema como o exame minucioso que o Senhor fará do nosso serviço diário, como cristãos. Ele está apaixonadamente preocupado com a igreja, seu edifício (v. 9); ela é o seu templo; seu Espírito habita na igreja, em cada igreja local (v. 16). Não é de admirar, portanto, que ele esteja pronto para destruir qualquer um que use os seus talentos dados por Deus para sugar a vida da igreja e demolir o templo divino.6

Isso constitui tanto uma advertência como um incentivo: porque o

santuário de Deus, que sois vós, é sagrado (v. 17). Deus não permitirá que

alguém maltrate, muito menos que destrua, o seu templo vivo. Não devemos, pois, permitir que alguém nos maltrate, nem nós mesmos devemos nos maltratar. O Espírito de Deus habita em vós (v. 16), ou seja, em todos os membros da igreja, juntos, formando o corpo de Cristo (em Corinto ou em qualquer outro lugar). Mais tarde, Paulo vai

enfatizar que o Espírito de Deus habita no próprio corpo de cada cristão, o qual também é o "santuário do Espírito Santo" (6:19). Conforme veremos, as implicações práticas dessa verdade para a

pureza pessoal são igualmente penetrantes. .