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A dinâmica demográfica e o sistema de transportes e de saúde

PARTE II. ACESSIBILIDADE E MOBILIDADE AOS SERVIÇOS DE SAÚDE

3. Caracterização da área de estudo e do sistema de saúde em

3.2 O território de estudo

3.2.3 A dinâmica demográfica e o sistema de transportes e de saúde

Ao nível do município de Braga, sobre o qual esta tese incide mais diretamente, estimava-se, para 2010, o aumento da população residente para os 177.940 habitantes (Instituto Nacional de Estatística, 2010b). Porém, apesar de se concretizar esta tendência de crescimento, os resultados estavam subestimados uma vez que com os Censos de 2011 se apuraram 181.819 residentes, o que se traduziu num acréscimo populacional de 17.627 indivíduos relativamente a 2001 (Instituto Nacional de Estatística, 2011b). De facto, o município de Braga destacou-se no contexto da região Norte ao obter uma taxa de crescimento de 11% entre 2001 e 2011. Os resultados preliminares dos Censos 2011 também indicam que em Braga o número de mulheres é superior à dos homens, as quais representam 52% da população residente. Pelo facto, a relação de masculinidade (rácio homens/mulheres) é de 92 homens por cada 100 mulheres residentes neste município.

Urge referir que o crescimento da população residente se deu fundamentalmente ao nível da cidade. Esta teve um reforço de cerca de 16% da população residente, aumentando dos 112.000 indivíduos, em 2001, para os 130.237 indivíduos em 2011. A população residente no município aumentou 17.627 indivíduos, contudo, nas freguesias que compõem a cidade, o crescimento foi de 18.237 indivíduos. Tal demonstra a atratividade da cidade face às freguesias mais periféricas, que perderam população entre 2001 e 2011.

Ainda assim, constata-se que a população procurou principalmente as freguesias predominantemente urbanas próximas do núcleo central. Entre estas, destacam-se as freguesias de São Victor, de Real e de Fraião que absorveram conjuntamente 54% do acréscimo demográfico que ocorreu no município. A freguesia de São Victor registou um acréscimo populacional de 24%, face a 2001, e confirmou o estatuto de freguesia com maior volume populacional ao albergar 16% da população residente no município de Braga (Figura 38).

Por seu turno, 25 das 62 freguesias perderam no seu conjunto 4.528 indivíduos no mesmo período, nomeadamente as freguesias mais periféricas e com menor acessibilidade ao núcleo central de Braga. Contudo, as freguesias mais penalizadas com a perda de população foram as freguesias localizadas no núcleo central, a oeste e a sul deste. A freguesia de São José de São Lázaro, contígua ao núcleo central foi a mais penalizada absorvendo 30% das perdas demográficas registadas no município. Também a freguesia de Maximinos, a oeste do núcleo central, confirmou a

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perda de 235 indivíduos relativamente a 2001. No núcleo central, mais concretamente, no centro histórico de Braga, as freguesias da Cividade, da Sé e do São João de Souto também assistiram a um decréscimo dos seus efetivos populacionais.

Figura 38 – População residente em 1981, 1991, 2001 e 2011 e taxa de variação da população entre 1991 e 2011, no município de Braga

Fonte: Elaboração própria com base em I.N.E., Recenseamentos Gerais da População e da Habitação de 1981, 1991, 2001 e 2011.

O parque habitacional no município de Braga destinado à habitação familiar clássica cresceu 60% entre 2001 e 2009 altura em que atingiu os 39.456 edifícios. Constata-se uma tendência para o decréscimo acentuado quer da conclusão de edifícios, que em 2009 sofreu uma quebra de 19% face a 2001, quer dos licenciamentos de edifícios, que caíram 60% em igual período. Em 2009 concluíram-se em Braga 59 edifícios de apartamentos, número inferior aos 99 registado em 2001 correspondendo a uma quebra de 40%. Em sentido contrário esteve a conclusão de edifícios de moradias que aumentou 8% relativamente a 2001. Porém, o abrandamento do sector da construção imobiliária é bastante pronunciado se analisarmos os dados relativos aos licenciamentos. Em 2009

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os licenciamentos de edifícios de apartamentos caíram 82% e os das moradias 57% comparativamente com 2001 (Instituto Nacional de Estatística, 2009a, 2009d).

Alguns dos indicadores demográficos para o município de Braga encontram-se patentes no Quadro 6. Alerta-se para o facto dos valores se encontrarem eventualmente subestimados, conforme indicam os resultados preliminares dos Censos 2011.

Contudo, será certamente expetável que, em 2011, se comprove a tendência de aumento do índice de envelhecimento, à semelhança do que ocorreu no período intercensitário de 1991 a 2001. A cidade de Braga caracterizou-se por possuir uma população relativamente jovem, conforme comprova o índice de juventude de 1991, que nesse ano indicava a existência de 272 jovens por cada 100 idosos. No entanto, estima-se uma significativa diminuição do peso da população jovem e o aumento do peso da população idosa. Assim, todos os indicadores presentes no Quadro 6 apontam para um envelhecimento da população residente. Deste modo, perspetiva-se que os problemas sociais se agravem, nomeadamente os que estão relacionados com a mobilidade da população, com a acessibilidade aos serviços de saúde e consequentemente com a exclusão social.

Quadro 6 – Resumo dos indicadores demográficos, em Braga, entre 1991 e 2009

Fonte: I.N.E., Recenseamentos Gerais da População e da Habitação de 1991, 2001 e Estimativas da População Residente 2009.

O município apresenta uma elevada concentração de população próximo do seu núcleo central (Figura 39). Em 2001 cerca 60% da população residia a menos de três quilómetros do centro da cidade (Avenida Central), ou seja, 97 mil indivíduos, dos quais cerca de 11 mil eram idosos. Se ampliarmos esse raio para cinco quilómetros o número de residentes aumenta para 128 mil indivíduos (78%), sendo 14 mil idosos. Apesar de as percentagens serem mais expressivas nos espaços próximos do núcleo central, é fundamental não descurar que 7% da população e 8% dos idosos residem a mais de sete quilómetros da área central.

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Figura 39 – População residente e número de idosos a residir a uma distância euclidiana de 3, 5 e 7 km do núcleo central do município de Braga, em 2001

Fonte: elaboração própria.