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PARTE II. ACESSIBILIDADE E MOBILIDADE AOS SERVIÇOS DE SAÚDE

3. Caracterização da área de estudo e do sistema de saúde em

3.1 A inserção do município de Braga num espaço regional assimétrico

3.1.5 Atividade económica

Atualmente, à semelhança do que se passa com alguns dos seus parceiros comerciais, Portugal enfrenta uma crise económica e financeira. Esta repercute-se a vários níveis, desde logo no desemprego, no consumo privado e nas exportações e também na componente social podendo, contudo, ser aproveitada esta situação para alterar os hábitos de mobilidade fortemente enraizados na sociedade portuguesa de que o uso do automóvel é um dos mais relevantes. Ao conjugar a crise económica com a desarticulação da rede de transportes públicos e do uso do solo criam-se as condições potenciais para aumentar as desigualdades no acesso aos serviços de saúde.

Na região norte, segundo os dados referentes a 2001, a principal fonte de onde os indivíduos retiraram os seus rendimentos (ou géneros) necessários à sua subsistência foi o trabalho (44%). Por seu turno, 33% dos indivíduos viviam a cargo das famílias e 18% de pensões/reformas (Figura 23). Entre 2000 e 2004 o número de pensionistas da segurança social aumentou cerca de 9%, acima dos 7% registados em Portugal, o que equivale a 77 mil novos pensionistas na região norte de Portugal (Instituto Nacional de Estatística, 2001).

Figura 23 – Principal meio de vida (%) da população residente na região norte em 2001

Fonte: I.N.E, 2001, XIV Recenseamento Geral da População.

A região norte apresentou o maior volume de população ativa, em 2009, com cerca de 1,9 milhões de indivíduos, o que representou 35% dos indivíduos ativos no país. Destes, metade eram homens e cerca de 53% possuíam formação inferior ou igual ao 2.º ciclo do ensino básico. Em 2009, a

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percentagem da população inativa, foi das mais baixas do país (47%). As mulheres foram as que mais contribuíram para estes valores cuja taxa de inatividade foi de 52% contra 42% dos homens. Os indivíduos inativos são essencialmente os estudantes e os reformados (Instituto Nacional de Estatística, 2010a).

Da análise da estrutura produtiva verifica-se que, em 2008, esta região contribuiu com 28% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) nacional e com 34% dos empregos. A terciarização do emprego na região norte é uma realidade que tem aumentado ao longo dos últimos anos, tendo atingido 50% do emprego em 2009. O sector secundário representou 38% do emprego e o sector primário fixou-se nos 12% (Instituto Nacional de Estatística, 2010a).

Em 2009, a população empregada na região norte cifrou-se em 1,753 milhões de indivíduos. A principal atividade foi a dos operários, artífices e trabalhadores similares, onde se enquadravam 24% dos empregados, seguida da atividade pessoal dos serviços e vendedores (15%) e dos agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas (12%). Saliente-se, que esta região revelou a mais baixa percentagem de trabalhadores não qualificados (10%). Também apresentou o maior número de população empregada, do país, no setor secundário com cerca de 643 mil indivíduos. A taxa de desemprego nesta região foi, em 2009, a mais elevada de Portugal agravada pelo facto de também possuir a maior proporção de desempregados de longa duração (Instituto Nacional de Estatística, 2010a).

Relativamente ao peso do setor secundário, medido em VAB, ascendeu aos 33% e neste setor económico destaca-se o subsetor das indústrias transformadoras que tem sido o mais importante (Instituto Nacional de Estatística, 2010a). Este subsetor contribuiu com 21% do VAB da região norte e foi responsável por 25% dos empregos nesta região. A litoralização deste sector de atividade é visível no mapa apresentado na Figura 24, onde também sobressai o eixo industrial localizado nos municípios a sul do Cávado e, principalmente, do Ave (Vale do Ave).

Na região norte, destaca-se o papel das indústrias transformadoras de fabricação de têxteis, indústria do vestuário e do couro e dos produtos do couro que constituiu a principal indústria transformadora representando 31% do VAB e confirmando, em 2009, a especialização regional neste tipo de atividade. Também se destacam as Indústrias metalúrgicas de base e fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas, contribuindo com 13% do VAB regional. As indústrias

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alimentares, das bebidas e do tabaco e as de fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas, e de outros produtos minerais não metálicos contribuíram, respetivamente, com 10% e 9% para a formação do VAB regional da indústria transformadora (Instituto Nacional de Estatística, 2011a).

Figura 24 - Percentagem da população empregada por sector de atividade na região norte, por município, em 2009

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do I.N.E., 2009, Anuário Estatístico da Região Norte.

No que concerne ao sector terciário esta região foi a segunda com maior número de população empregada neste setor de atividade, com 901 mil indivíduos, a seguir à região de Lisboa que possuía cerca de um milhão de indivíduos empregados. Os subsectores mais importantes do sector terciário foram o comércio por grosso e a retalho, o comércio de automóveis, as atividades imobiliárias e a educação. O primeiro subsetor foi responsável por gerar 15% do emprego seguido da educação que empregava 6% dos indivíduos. Em termos de emprego as atividades imobiliárias, apesar de serem o segundo subsetor mais importante do setor terciário, medido em VAB, foi dos

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subsetores com menos indivíduos empregados não ultrapassando os 0,6% (Instituto Nacional de Estatística, 2011a).

Ainda assim, é evidente o maior grau de industrialização presente nos municípios localizados na sub-região do Ave. Neste contexto destaca-se o peso do sector secundário nos municípios de Vizela (74%), de Barcelos (68%), de Guimarães (66%), de S. Tirso (66%) e de Vila Nova de Famalicão (64%). Por seu turno, o sector terciário assume-se como o sector mais relevante nos municípios de Terras de Bouro (72%), de Melgaço (70%), de Valença (66%), de Caminha (61%) e de Ponte da Barca (59%). Grande parte destes municípios encontra-se na fronteira com Espanha (Instituto Nacional de Estatística, 2011a).

O poder de atracão que o litoral exerce sobre os municípios do interior reflete-se também ao nível da distribuição do ganho médio mensal, que é claramente superior no arco atlântico. Nos municípios portugueses, o poder de compra, é avaliado através do indicador do poder de compra (IpC). Este indicador, segundo os conceitos do I.N.E., pretende traduzir o poder de compra manifestado quotidianamente, per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por referência o valor médio nacional que corresponde ao índice 100.

O IpC per capita dos municípios da região norte não se distribuiu de forma homogénea neste território, conforme se pode constatar pela análise da Figura 25. No âmbito das sub-regiões do Minho, em 2007, o município de Braga possuía o IpC mais elevado superando a média nacional. Tal facto deve-se, de acordo com o I.N.E., à associação positiva entre o grau de urbanização das unidades territoriais e o poder de compra aí manifestado quotidianamente (Instituto Nacional de Estatística, 2009b). O tecido económico do município de Braga assenta no elevado grau de terciarização do emprego, no número de empresas e no impacto do turismo. Também se verifica alguma especialização tecnológica e científica das atividades, uma vez que 9,2% dos trabalhadores por conta de outrem são indivíduos com habilitação ao nível da licenciatura ou superior.

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Figura 25 – Distribuição do Poder de compra per capita e do número de empresas nos municípios da região norte, em 2007

Fonte: Elaboração própria com base nos dados I.N.E., 2007, Anuário Estatístico da Região Norte e I.N.E., 2007, Estudo sobre o poder de compra concelhio.