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Fundador do Mouvement Économie et Humansisme

4.3. A equipe participante da pesquisa SAGMACS

Em 1956, quando foi contratada pelo prefeito Wladimir Toledo Piza, a SAGMACS já tinha conhecimento da existência da periferia que havia eclodido em São Paulo, ainda que estes locais fossem um tanto quanto ignorados pelo poder público e pelas elites empresariais. Sendo sua metodologia de trabalho baseada na obtenção de índices de condições de vida da população, a pesquisa incluiu na delimitação do perímetro a periferia da cidade, fator que revelaria, através de uma análise empírica, as condições de vida desta população e suas demandas estruturais, sociais e culturais, dispensando a elaboração de um novo plano, mas priorizando um trabalho de pesquisa urbana, com o intuito de conhecer profundamente as condições de vida da população como um todo, suas necessidades, carências e problemas, para posteriormente se apontar para um planejamento global da cidade. Para tanto, seria necessário empregar técnicos e pesquisadores e colocá-los em contato direto com esta realidade.

La observación social como formación humanista, en que, estudiantes laicos o empleados en vacaciones, exploradores, dirigentes de movimientos de juventud, todos necesitan iniciarse en la complejidad del mundo moderno, percibida desde

su base. Esa iniciación no se logra con los libros, sino mediante la observación de las cosas y de la vida, en contacto directo con el trabajo, siempre que ello se posible.74 (Lebret: 1961, p. 25)

Em termos quantitativos, a periferia paulistana já havia sido revelada pelo Censo de 1940 e, neste momento, a diferença seria a adoção de uma metodologia de pesquisa urbana, capaz de levantar dados referentes ao estilo de vida da população, bem como de suas necessidades, adotando referenciais e instrumentos de uma pesquisa sociológica. Como coordenador da pesquisa em São Paulo, Lebret expunha sempre a sua equipe de pesquisadores a necessidade de se conhecer a realidade indo até o local, realizando um exercício de observação empírica, antes de se constituir um diagnóstico.

... realizar una encuesta no es assistir a um espetáculo. La encuesta há de servir para la elevación humana de la población que se entrevista. De ahí la obligación de asociarse con los interesados, haciéndoles comprender los fines que se persiguen y que se trata de un importante servicio que se presta al grupo, a la localidad o al conjunto de localidades.”75 (idem: p. 101).

Quando foi contratada pela Prefeitura, em 1956, a SAGMACS funcionava sob o regime de uma Cooperativa de Técnicos que envolvia profissionais das ciências sociais e da engenharia. A sede de seu escritório ficava na Praça da Bandeira, 40, no 13º andar, no centro de São Paulo. Outros trabalhos já haviam

74 Tradução nossa: “A observação social como formação humanista, em que, estudantes laicos

ou empenhados nas férias, engajados, dirigentes de movimentos de juventude, todos precisam iniciar-se na complexidade do mundo moderno, percebida desde sua base. Essa iniciação não se dá com os livros, sem mediante a observação das coisas e da vida, em contato direto com o trabalho, sempre que ele é possível.

75 Tradução nossa: “... realizar uma pesquisa não é assistir a um espetáculo. A pesquisa deve

servir para a elevação humana da população que é entrevistada. Daí a obrigação de associar-se com os interessados, fazendo-os compreender os fins que se perseguem e que se trata de um importante serviço que se presta ao grupo, à comunidade e à cidade”.

sido realizados, sendo o mais notório até então o estudo da Bacia Paraná Uruguai, realizado em 1954 para o Governo do Estado de São Paulo, intitulado “Problemas de Desenvolvimento: Necessidades e Possibilidades do Estado de São Paulo”, conforme apontamos no capítulo anterior.

Em 1956, a equipe diretora da SAGMACS era formada pelo economista Antonio Delorenzo Neto, Diretor Presidente; José Gomes de Morais Netto, Diretor Gerente; Frei Benevenuto de Santa Cruz, Diretor Técnico; e como Diretores Adjuntos, o Desembargador J. B. de Arruda Sampaio (pai de Plínio de Arruda Sampaio), o Arquiteto Domingos Theodoro de Azevedo Netto, e os engenheiros Antonio Bezerra Baltar e José Artur Rios.

A organização das equipes que realizaram o trabalho de pesquisa para a prefeitura de São Paulo foi dividida em 3 temas. A Equipe A, de Análise Básica, B de Análise Sociológica e C de Análise Demográfica e Econômica. Coordenavam as equipes os engenheiros Mário Laranjeira de Mendonça e Antonio de Bezerra Baltar, o sociólogo Frank Goldman e o economista Raymond Delprat.

Equipe A – Análise Básica

Esta equipe responsável pela Análise Básica tinha na coordenação o engenheiro Mário Laranjeira de Mendonça e contava com 43 profissionais envolvidos diretamente com a pesquisa, entre a chefia, pesquisadores e desenhistas, além de quatro funcionários administrativos, que secretariavam a equipe. De acordo com a composição da equipe apresentada na Parte I do estudo “Estrutura Urbana da Aglomeração Paulistana” (p. V), estavam envolvidos na chefia do grupo o arquiteto Celso Monteiro Lamparelli e os engenheiros Carlos Eduardo Alves Lima, Manuel Valente Barras, Hélio Hell Caiaffa e Francisco Escobar. Os desenhistas eram chefiados pela arquiteta Miranda Maria Esmeralda Martinelli, e formavam o grupo os desenhistas Aderbal José Bueno, Olga Maria Noronha e Silva, Jacinto Afrânio, Jairo Rossetti, Ricardo Zarattini Filho e Regina Zonta.

A equipe contava ainda com 32 funcionários de nível técnico, intitulados pesquisadores. Estes não tinham formação específica, embora muitos fossem estagiários oriundos de cursos de Arquitetura e Urbanismo, Estatística, Engenharia, Geografia e Sociologia. A equipe de pesquisadores era composta por:

Alahyr Ferreira Cruz Luiz Paulo Salomão

Antonio Carlos de Macedo Malanias Massago Negamine Antonio Carlos Queirós

Guimarães

Marco Antonio França

Mastrobuono

Biro Ernesto Zeitel Mariano Silveira Gomes Carlos Alberto Lima de Faria Mário Azevedo

Clóvis Serra Mário Mariotto

Divo Pereira de Rezende Maurício Rosembaum

Edson Bongonha Maury Demange

Eugenio Monteferrante Neto Nelson Pinheiro Messias Gil Augusto Machado Osmar de Paula Pinto José Arnaldo Pitton Otávio Escobar

José Crispin Noronha Paulo Irineu

José da Silva Guedes Reinaldo Rudge Carlini José Gustavo de Arruda Botelho Sérgio de Salvo Brito José Joaquim Ferreira Walter Ribeiro dos Santos Luiz Alchino Teixeira Leite

Equipe B – Análise Sociológica

A Equipe B era dirigida pelo sociólogo norte-americano Frank Goldman, professor da Escola de Sociologia e Política. Seus assessores eram Ana Maria Adamo, Lídia Baumgartner, Plauto Lapa Coimbra e o arquiteto Francisco Whitaker Ferreira76, o responsável pelos desenhos.

Entre os vinte e sete pesquisadores estavam as freiras Marta Alexandra e Maria Corintha e os demais eram:

Armando Frioli Maria Aparecida Andrade

Arsenuhy Hahvegian Maria do Carmo Guimarães Barros

Atsuko Haga Olga Magnoli

Demarisse Machado Goldman Ophelina Rabelo

Edith Vieira Rafael Tacredi

Evanira Mendes Rubens Guedes

Evelin Naked de Castro Sá Sarah Chucid

Fabrizio Admo Silvina Maria Negrisolo

Gastão Tomas de Almeida Suely Virginia de Melo Moreira

Haidée Leis Thekia Hartman

Helena Maria Pereira de Carvalho

Tyoto Hayasi

José Pedro Neto Ziliah Branco

Kobue Mayasaki

76

Whitaker Ferreira, neste trabalho, ainda era contratado como estagiário, pois estava concluindo o curso de Arquitetura e Urbanismo na FAU USP, depois de sua formatura, passou a ser um dos coordenadores da SAGMACS.

Equipe C

A equipe C foi subdividida em duas frentes de trabalho, sendo C1 para fazer a Análise Demográfica e Econômica e C2 para a Análise de Índices

Urbanísticos da Aglomeração. A equipe C1 foi dirigida pelo economista francês

Raymond Delprat, amigo pessoal de Lebret e seu assistente, assessorado pela economista Chiara De Ambrósis Pinheiro Machado.

A equipe C2 foi dirigida por Antonio Delorenzo Neto e assessorada pelos arquitetos Clementina De Ambrosis, Domingos Theodoro de Azevedo Neto e Celso Monteiro Lamparelli. Além do trabalho em C2, Delorenzo Neto também foi responsável pelos estudos administrativos, que visavam analisar a estrutura organizacional da administração pública da Prefeitura Paulistana, buscando desvendar suas deficiências.

A equipe C1 tinha caráter voltado para os estudos sobre a formação econômica e, por isso, em sua equipe estavam os calculistas Enio Delprat e Moyses Rejman. Eram responsáveis pelos desenhos e sistematização dos dados Antonio Cláudio Moreira, Orlando de Oliveira e Luiz Carlos Costa.

A equipe C2 tinha maior participação dos arquitetos, pois estes trabalhavam os dados econômicos e os índices urbanísticos, buscando a relação entre os índices econômicos na conformação do espaço urbano e da realidade social. Os desenhos ficaram a cargo de Francisco Whitaker Ferreira. Tanto C1 como C2 eram equipes relativamente pequenas, em relação às equipes A e B, que envolviam grande número de pesquisadores, que tinham contato direto com a população.

Direção e Coordenação da Pesquisa

A coordenação geral do trabalho de pesquisa urbana foi feita pelo Pe. Lebret e pelo engenheiro Antonio de Bezerra Baltar. Cabe salientar que, enquanto Lebret fazia parte da direção da SAGMACS, tendo sido seu fundador em 1947, o engenheiro pernambucano Antonio de Bezerra Baltar, que colaborou na coordenação da pesquisa sobre São Paulo e em outros trabalhos e estudos

feitos pela SAGMACS, não fazia parte do grupo SAGMACS, tendo sido contratado para coordenar a pesquisa como uma espécie de consultor. Seu nome é citado no estudo como diretor adjunto durante este período, mas a menção é feita apenas neste trabalho da cooperativa de técnicos.

A redação final foi feita pelos engenheiros Antonio de Bezerra Baltar, Antonio Delorenzo Neto, pelos economistas Raymond Delprat, Chiara De Ambrósis Pinheiro Machado, pelo sociólogo Frank Goldman e pelos dominicanos Pe. Lebret e Frei Benevenuto de Santa Cruz (SAGMACS, 1958, Parte I, p. IV).

Os mais de 30 questionários utilizados para a pesquisa de campo e as observações empíricas foram elaborados por Lebret, Mario Laranjeira de Mendonça e Benevenuto de Santa Cruz. Estes questionários poderão ser conhecidos ao longo deste capítulo. De acordo com relatório:

Os trabalhos foram iniciados em setembro de 1956, com uma pesquisa preliminar de contato global de toda a aglomeração realizada por Louis Joseph Lebret, Mario Laranjeira de Mendonça e Benevenuto de Santa Cruz.” E [...] “o curso de formação e iniciação para dirigentes e pesquisadores foi realizado em janeiro de 1957, por Mário Laranjeira de Mendonça e Benevenuto de Santa Cruz”. (idem, parte I, p. IV).