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Capítulo V – ESTUDO DE CASO: FERRAMENTAS WEB 2.0 E COMUNIDADES DE

5.3   A experiência enquanto aluno de MMEd – análise do focus group 104

O focus group, realizado com um grupo de cinco alunos do Mestrado em Multimédia em Educação, teve como principal objectivo o levantamento de percepções relativamente à existência ou não de uma comunidade de aprendizagem no mestrado e ao papel desempenhado pelas ferramentas Web 2.0 na construção dessa mesma comunidade.

Realizado a 28 de Novembro de 2008, foram convidados para o focus group oito dos vinte elementos da turma. Para a selecção dos participantes teve-se em consideração aspectos relacionados a pertença a diferentes grupos de trabalho do Mestrado, a situação profissional (pessoal docente e não docente), e o nível de actividade individual registado ao longo da análise quantitativa das participações (participantes mais e menos activos). Acederam ao convite cinco elementos, representativos de quatro dos cinco grupos existentes79

- participante A: não docente, elemento do grupo I; - participante B: não docente, elemento do grupo II; - participante C: docente, elemento do grupo III; - participante D: não docente, elemento do grupo IV; - participante E: docente, elemento do grupo II.

O focus group foi realizado pela Internet através da aplicação Skype.

A informação recolhida foi transcrita e posteriormente analisada, tendo-se utilizado o NVivo8 para a criação de categorias e a codificação da informação.

Os pontos que se seguem procuram descrever as principais ideias recolhidas durante a análise da informação.

5.3.1 Apresentação dos participantes e contextualização do focus group

Tendo-se iniciado a entrevista com a apresentação dos participantes e uma breve introdução ao tema, deu-se início ao focus group questionando os intervenientes sobre quais as ferramentas Web 2.0 que utilizavam no dia-a-dia. Como resposta a esta questão, os blogs, as ferramentas de agregação e as redes sociais foram indicadas pelos entrevistados como sendo as mais utilizadas, ainda que em contexto mais pessoal e não profissional.

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Grupos de trabalho em TCEd – grupo I:“os cinco”; grupo II: “JOSSP”; grupo III: “dot.com”; grupo IV: “quintrilho”; grupo V: “Reset”. Embora convidados, não foi possível, no focus group, contar com a presença de elementos deste último grupo.

5.3.2 As ferramentas Web 2.0: blogs, wikis e social bookmarking em TCEd

De acordo com o referido em 5.1.1, a estratégia adoptada pelo docente de TCEd para a apresentação das ferramentas Web 2.0 procurou ultrapassar a componente teórica e concretizar- se na utilização intensiva das ferramentas.

Solicitados a recordarem o primeiro contacto com as ferramentas em TCEd e à forma como estas foram apresentadas, dois dos participantes (B e C) referem a desorientação e o “pânico” sentidos inicialmente. No entanto, e não obstante essa reacção inicial, a utilização intensiva das ferramentas e exploração das suas funcionalidades é defendida como tendo sido o melhor meio para a promoção de uma aprendizagem efectiva.

Realçando o papel do professor como agente motivador da exploração das ferramentas participante E: “se não fosse ele havia muita coisa que eu ainda hoje não conhecia”

participante B: “acho que o facto de ele conhecer e nos dar a conhecer a sua experiência com as ferramentas nos influenciou”.

Referem ainda que a utilização das ferramentas terá estado associada a razões tão diversas quanto a facilidade e a imediaticidade de utilização, a necessidade de interacção com os elementos intra e extra grupos e ainda com a componente da avaliação.

A necessidade de interacção dentro e fora do grupo é assinalada por dois elementos como razão para a utilização:

participante D: “ali há uma grande participação de todos mas porquê: por causa dos objectivos que era a apreciação da construção dos materiais multimédia”;

participante E: “A partir do momento em que nós começámos a poder interagir com o trabalho directo dos outros grupos, a dar algumas sugestões – mais ou menos construtivas, não é isso que está em causa – acho que gerou-se alguma interacção”.

No que diz respeito às diferentes ferramentas utilizadas ao longo da componente curricular do mestrado, a utilização da wiki como ferramenta colaborativa não terá sido – de acordo com as afirmações dos participantes – uma realidade em todos os grupos de trabalho.

Caracterizada, por um lado, com termos como “colaboração” e “construção” é, por outro, considerada como um repositório de informação e espaço de publicação do trabalho desenvolvido em ferramentas alternativas. O aspecto “pré-histórico” referido por um dos participantes (participante C) e a ocorrência de edições involuntárias por elementos de grupos externos (participante A) são dois dos motivos avançados para justificar a sua não adopção. A troca de

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ferramentas Web 2.0 e Comunidades de Aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação

ficheiros entre os elementos do grupo ou a utilização de ferramentas alternativas foram apontadas como estratégias adoptadas pelos grupos para o desenvolvimento do trabalho, posteriormente analisado e publicado na wiki. Relativamente à ferramenta de social bookmarking, o carácter pouco intuitivo da ferramenta, associado ao não reconhecimento da sua utilidade, são razões avançadas para justificar a sua pouca utilização.

Para além das ferramentas Web 2.0, a utilização dos fóruns do blackboard é referenciada por dois dos elementos como tendo sido preferida relativamente aos blogs de grupo:

participante A: “[O]s blogs foi o que usámos menos. Porque lá está, todas as questões que tínhamos para resolver eram um pouco internas e não tanto de interesse para o público em geral, portanto acaba por não passar muito por ferramentas tão públicas como o blog”.

Questionados relativamente às ferramentas de comunicação utilizadas, referiram a rapidez na comunicação como critério de selecção das ferramentas:

participante A: “Se calhar as ferramentas que acabamos por usar mais foram aquelas que nós achamos que se calhar nos poupavam mais tempo, se calhar foi por aí”

e

participante B: “Foi para não perdermos tempo, também, e utilizámos ferramentas que no fundo facilitassem o trabalho que estávamos a fazer, daí o Messenger”.

De acordo com as respostas dos participantes, o Messenger terá sido aquela que sofreu maior utilização, por associar à facilidade de comunicação o facto de ser uma ferramenta já utilizada anteriormente por todos os elementos do grupo.

5.3.3 Ferramentas Web 2.0, participação e avaliação

A possibilidade de interacção para além da ferramenta institucional (Blackboard), quer através de ferramentas síncronas quer através dos blogs, é apontada como uma ajuda ao desenvolvimento do trabalho. Mesmo considerando o risco associado à abertura e exposição do trabalho desenvolvido, dois dos entrevistados recordam uma intervenção externa ao grande grupo como tendo sido uma mais-valia para a evolução do projecto.

Ainda no que diz respeito às motivações subjacentes à utilização das ferramentas Web 2.0, e não obstante terem apontado a necessidade de imediaticidade ao nível da comunicação e a necessidade de interacção com diferentes elementos como razões para a utilização das ferramentas, dois participantes observaram que a componente avaliação poderá ter actuado como incentivo à utilização:

participante A: “[T]em um bocadinho a ver com aquilo que nos era pedido. Porque é assim: se nós soubéssemos que era esperado dar muita actividade ao blog e passar ideias para lá, nós acabávamos por fazer isso. Se calhar não voluntariamente mas porque sabíamos que era o esperado. (…) [A]cho que acabamos por fazer isso mas lá está, porque sabíamos que ia ser avaliado”;

participante B: “As outras acabávamos por usar, lá está, se nos fosse pedido, se fosse isso que fosse esperado, porque fora isso acabávamos sempre por usar aquelas que fossem mais imediatas” (participante E).

Esta percepção poderá, no entanto, não ter sido unânime. Um dos entrevistados recorda a valorização da participação qualitativa em detrimento da quantitativa, observando que

participante B: “nós acabávamos por participar apenas quando era estritamente necessário. Não sei, acho que não teve muito impacto na nossa interacção, não sei. Tenho essa percepção”.

5.3.4 A importância da interacção e as comunidades de aprendizagem no MMEd

Solicitados a recordarem as primeiras impressões e contactos em TCEd, os participantes realçam a importância do trabalho em equipa, da dinâmica de grupo e da componente humana e social como dimensões marcantes da disciplina.

Caracterizando uma comunidade de aprendizagem como

participante B: “um grupo de pessoas que partilham interesses comuns, paixões, e juntam-se para os concretizar, os solucionar”,

referem que aquilo que começou como um grupo

participante A: “pode ter terminado como uma comunidade de aprendizagem”.

Reflectindo sobre a existência ou não de uma comunidade de aprendizagem em MMEd, os cinco elementos estão de acordo ao afirmar que a existência de uma comunidade terá sido realidade. Como fundamento para essa afirmação, apontam a prevalência das interacções e da troca de experiências, não limitadas ao trabalho de grupo mas mantidas – ainda que em menor dimensão – até ao tempo presente.

Relativamente ao contributo das ferramentas Web 2.0 para a criação dessa comunidade de aprendizagem, um dos participantes afirma que a sua construção teria ocorrido independentemente das ferramentas (participante E) mas realça a dedicação e a interacção como factores motivadores para a criação da comunidade.

A obrigatoriedade de formação de grupos de trabalho é apontada por um dos participantes como uma das razões potenciadoras da criação de comunidades de aprendizagem, enquanto

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ferramentas Web 2.0 e Comunidades de Aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação

outro elemento defende que o trabalho em grupo não será per si uma situação geradora de comunidade:

participante A: “A partir do momento em que és obrigado a criar grupos, isto é o ponto para posteriormente haver uma comunidade de aprendizagem, mas parte de uma obrigação inicial.”

participante B: “Sim, mas eles definem à partida uma série de objectivos que nós temos que cumprir, e o facto de estabelecerem os temas vão-nos aproximar em termos de interesses. Mas acho que nós poderíamos formar um grupo e o trabalho desenvolvido não culminar numa comunidade de aprendizagem! Não sei se será muito fácil definir logo à partida que nós no final vamos criar uma comunidade de aprendizagem. Ou pelo menos eu não estou a conseguir ver isso nessa perspectiva.”

Por último, e quando questionados sobre estratégias possíveis para a criação de comunidades, os participantes referem que:

participante A: “as comunidades que funcionam melhor são aquelas que se criam naturalmente, aquelas que são procuradas quando uma pessoa tem interesse”,

havendo um consenso relativamente à importância da espontaneidade na criação de comunidades.