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Capítulo II AS FERRAMENTAS WEB 2.0 E A REDEFINIÇÃO DO CONCEITO DE

2.2.   Web 2.0: novas ferramentas, novas metodologias 11

2.2.1.   O software social 12

2.2.1.2.   Ferramentas Web baseadas na escrita 17

2.2.1.2.3.   Social bookmarking 27

A expressão social bookmarking designa um conjunto de aplicações baseadas na Internet que permite aos seus utilizadores a construção e armazenamento de listas de bookmarks41 na rede, independentemente do posto (computador) onde se encontrem.

No seu aspecto mais simples, o social bookmarking pode ser visto como uma página Web construída ao longo do tempo com recursos considerados relevantes e que podem ser partilhados com outros utilizadores (Winder, 2007).

Na sua dimensão mais complexa, mais do que o mero arquivo de sítios Web com conteúdo interessante, os sites de social bookmarking permitem aos leitores guardar e arquivar páginas inteiras de bookmarks, construindo uma espécie de Internet pessoal e pesquisável (Richardson, 2006). Em vez de manterem uma lista de favoritos gravada no browser, limitada a um determinado computador e organizada numa estrutura de pastas hierarquizada (Winder, 2007), os utilizadores trabalham no próprio sítio Web a organização, classificação e apresentação dos seus recursos, num sistema aberto à visualização e consulta de todos (Solomon e Schrum, 2007).

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Acessível em http://www.eu.socialtext.net/wikinomics/index.cgi?wikinomics_playbook.

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Sobre a pouca credibilidade da informação resultante da abordagem 2.0 à rede será interessante ler o artigo de Michael Gorman “Web 2.0: The Sleep of Reason”, disponível no Britannica Blog em http://www.britannica.com/blogs/2007/06/web-20-the-sleep-of-reason-part-i/ (acedido em 14 de Maio de 2008) e o post publicado no mesmo blog por Andrew Keen (autor do livro “The Cult of the Amateur”), “The Answer to Web 2.0: Political Activism”, disponível em http://www.britannica.com/blogs/2007/06/the-answer-to-web-20- political-activism/ (acedido em 14 de Maio de 2008).

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Bookmark é o correspondente inglês do termo “Favoritos” (em português) e que, em Internet, designa o ou os sítios que o utilizador selecciona como favoritos e cujo URL (endereço) grava para posterior leitura ou consulta.

As ferramentas Web 2.0 e a redefinição do conceito de aprendizagem

Figura 3 - Adição de bookmarks no del.icio.us42

À semelhança dos blogs, nos serviços de social bookmarking cada entrada é datada, editável e organizada numa ordem cronologicamente inversa (Alexander, 2006). A classificação dos conteúdos é feita pela atribuição de tags (Franklin e Harmelen, 2007; Solomon e Schrum, 2007), podendo os bookmarks ser acompanhados por um pequeno texto descritivo (D’Sousa, s/d).

A indexação de tags aos recursos permite a associação da mesma ligação a diferentes categorias – uma das diferenças mais importantes relativamente ao arquivo em pastas dos “Favoritos” – criando um maior leque de classificações e identificação de diferentes temáticas dentro de um mesmo artigo (Anderson, 2007). A disponibilização das listas na rede e a atribuição de tags pessoais aos recursos seleccionados permite a realização de pesquisas de artigos a partir dessas palavras, bem como a descoberta de outros locais marcados com o mesmo termo por outras pessoas que partilham os mesmos interesses (Franklin e Harmelen, 2007; Owen et al, 2006; Solomon e Schrum, 2007).

A pesquisa por palavras (tags) seleccionadas por outros membros da comunidade pode ainda favorecer o desenvolvimento da pesquisa num contexto social – entre pessoas com as quais o utilizador poderá partilhar uma perspectiva e não uma simples pesquisa de texto numa página –, contribuindo, potencialmente, para alcançar resultados possivelmente mais relevantes do que se utilizasse um motor de pesquisa (Owen et al, 2006; Richardson, 2006): “By replacing the software- generated classification with a wholly human-generation system of tagging, so that contex and

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content can be understood at a glance, a semantic web of bookmarked sites is created” (Winder, 2007).

Esta categorização - socialmente negociada - do conhecimento assume-se como sendo de grande interesse e possuindo ramificações para professores e alunos (Richardson, 2006). Embora possa implicar uma redefinição do processo de classificação do indivíduo de forma a encaixar-se num modelo mais comunal, poderá conduzir a um resultado compensatório na medida em que este modelo apresenta maiores possibilidades de permitir ao utilizador, pela pesquisa de referências publicadas por outros utilizadores, o acesso a mais e melhor informação (ib, 2006).

2.2.1.2.3.1. Utilização do social bookmarking em contexto educativo

A adopção do social bookmarking implica ainda alterações na percepção de como professores e alunos tratam a informação (Richardson, 2006).

A implementação pedagógica destes princípios implica que a importância desta actividade não resida apenas em saber onde está a informação mas também em ser capaz de a encontrar nas folksonomies criadas na comunidade de pesquisa (Richardson, 2006). Mais ainda, o processo de criação da comunidade em social bookmarking implica ainda a participação na criação de novas formas de organização da informação. A mesma confiança no trabalho de especialistas relativamente à organização, selecção e categorização da informação é transposta para o trabalho desenvolvido por milhões de utilizadores amadores, sem qualquer formação específica neste tipo de classificação (ib, 2006).

Independentemente das funcionalidades do serviço43, a abordagem às redes sociais como suporte e apoio da aprendizagem é um conceito importante e mais um exemplo de como as mudanças da Read/Write Web estão a alterar os processos de trabalho e de aprendizagem (Richardson, 2006). A utilização das ferramentas de social bookmarking possibilita a ampliação do trabalho individual pela aprendizagem com os outros e pode conduzir a novas colaborações

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Os serviços de social bookmarking podem ter funcionalidades diferentes, de acordo com as características da aplicação (Solomon e Schrum, 2007). No caso do del.icio.us, os bookmarks são públicos e é disponibilizada uma lista dos utilizadores que adicionaram o mesmo sítio, o que estende o campo de pesquisa. Outra aplicação, o Backflip, armazena as páginas seleccionadas em pastas; os bookmarks são privados, podendo o utilizador escolher partilhá-los e inclusive permitir a adição de pastas por outros utilizadores. O FURL permite a gravação pública e privada das páginas e disponibiliza uma lista de sítios recomendados que possuam tópicos ou temas em comum com os que foram identificados (Solomon e Schrum, 2007), e para além de gravar o link da página faz uma cópia da mesma, garantindo o acesso ao conteúdo mesmo após este ter desaparecido (Richardson, 2006). À semelhança do FURL, o Mag.nolia

permite que os bookmarks sejam ou não partilhados e grava também uma cópia do conteúdo da página, de modo a que mesmo que este seja movido ou apagado o utilizador possa encontrar o conteúdo que seleccionou. Para além disso, esta aplicação utiliza um modelo de classificação (rating) dos bookmarks seleccionados, pela atribuição de “estrelas” pelo utilizador - informação recolhida em http://ma.gnolia.com/tutorial/MagnoliaIsDifferent (acedido em 18 de Maio de 2008). O Diigo, para além de possibilitar a associação de bookmarks, permite ainda a inclusão de anotações, comentários e o realce de secções nas páginas adicionadas. A criação de grupos potencia a criação de grupos de discussão e troca de informação - informação recolhida em http://www.diigo.com/about (acedido em 14 de Dezembro de 2008).

As ferramentas Web 2.0 e a redefinição do conceito de aprendizagem

(Alexander, 2006). Estas listas de bookmarks actuam como uma memória externa, uma localização de armazenamento de links que contraria a dispersão no tempo, a adição em diferentes motores de pesquisa ou distribuição por contas de correio electrónico, ao mesmo tempo que aumenta a possibilidade do utilizador encontrar outros indivíduos com interesses semelhantes aos seus (Alexander, 2006).

Professores e alunos podem construir colecções de recursos e listas de leitura e grupos de utilizadores com os mesmos interesses podem trabalhar em equipa e utilizar o mesmo serviço de bookmarking para criar itens de interesse comum (Franklin e Harmelen, 2007), transformando o grupo numa comunidade que se assiste mutuamente no apoio à pesquisa44.

A possibilidade de reunir bookmarks criados por múltiplos autores possibilita a aplicação em projectos de grupo, onde cada membro procede ao upload de recursos descobertos (Alexander, 2006). A partilha de recursos pesquisados no âmbito de projectos e a selecção do material relevante para ser utilizado são outras aplicações do social bookmarking em contexto educativo (Solomon e Schrum, 2007).

A disponibilização dos bookmarks possibilita quer o acompanhamento do percurso dos alunos pelos docentes quer a aprendizagem, pelos alunos, dos interesses e pesquisas desenvolvidas pelos docentes (Alexander, 2006).