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Capítulo V – ESTUDO DE CASO: FERRAMENTAS WEB 2.0 E COMUNIDADES DE

5.4   A experiência enquanto aluno de MMEd – análise do questionário 108

5.4.1   Dimensão individual da utilização das ferramentas Web 2.0 109

5.4.1.7   As ferramentas Web 2.0 e as comunidades de aprendizagem 117

5.4.1.7.1 O conceito de comunidade

Quando solicitada aos inquiridos a escolha, de entre um conjunto de 34 palavras, daquelas mais associadas ao conceito de Comunidades de Aprendizagem, observa-se que os termos “colaboração” e “participação” – à semelhança do verificado relativamente às expressões associadas à Web 2.0 – surgem entre os mais referenciados, com quatro indicações cada um.

“Conhecimento construído” (com três referências), “partilha de experiências”, “responsabilidade partilhada” e “diversidade” (com uma referência cada), são também escolhidos como primeira associação ao conceito de comunidade de aprendizagem. “Grupo de trabalho” e “responsabilidade” são duas expressões associadas como segunda escolha, cada uma com duas referências.

Estudo de caso

ferramentas Web 2.0 e Comunidades de Aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação

Gráfico 14 - Expressões associadas ao conceito de Comunidades de Aprendizagem

Expressões como “autoritarismo”, “exigência” e “imposição”, dimensões associadas à vertentes menos favoráveis do conceito de comunidade, não surgem como referenciadas pelos respondentes. Relativamente a outros termos passíveis de serem associados a essa dimensão, “utopia” surge associada a comunidade como sétima escolha, enquanto termos como “motivação” e “interdependência” são referenciados em sétimo lugar por dois dos respondentes.

5.4.1.7.2 A aprendizagem em comunidade

No que diz respeito aos potenciais benefícios das comunidades de aprendizagem, 86,6% dos inquiridos está de acordo quando se afirma que a sua adopção favorece o desenvolvimento de competências ao nível da aprendizagem (onze concordam plenamente e dois concordam; os restantes dois inquiridos não concordam nem discordam).

Ao afirmar-se que o trabalho desenvolvido em comunidade supera na maior parte das vezes o trabalho desenvolvido por um conjunto de indivíduos, a percentagem de respostas distribui-se equitativamente entre o “concordo plenamente”, o “concordo” e o “não concordo nem discordo”.

Solicitados a opinar sobre a aprendizagem em comunidade, 93,5% dos inquiridos defende que esta pode acontecer mesmo sem a presença do docente. A mesma percentagem está de acordo quando se afirma que criar uma comunidade é fomentar um espírito de continuidade e ligação com outras pessoas, ao nível das ideia e dos valores, enquanto a totalidade dos indivíduos concorda com o papel da comunidade enquanto grupo de suporte, constituído por pessoas que partilham os mesmos desafios e interesses.

Por último, e relativamente à proporcionalidade entre o tempo dispendido no trabalho em comunidade e o resultado obtido, 73,3% não concorda nem discorda, que esse tempo seja proporcional ao resultado enquanto 20% está de acordo e apenas 6,7% (correspondente a um elemento) discorda da afirmação.

5.4.1.7.3 As comunidades de aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação

As duas últimas perguntas apresentadas no questionário solicitavam os inquiridos a opinião, enquanto alunos, sobre o papel das ferramentas Web 2.0 na construção de comunidades de aprendizagem. Mais ainda, questionava-se sobre a percepção relativamente à ocorrência ou não de comunidades de aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação.

Na resposta à primeira questão, ao pedir-se que identificassem, entre as ferramentas que continuavam a utilizar, aquelas que consideravam mais contribuidoras para a construção de comunidades de aprendizagem, dez dos quinze inquiridos apresenta o blog como sendo a ferramenta com maior potencialidade nesse contexto. Como justificação para a escolha, apontam a possibilidade de partilha (razão avançada por cinco respondentes), a interacção (termo constante em três respostas), a discussão (duas respostas) e o papel que desempenha na divulgação de informação (uma resposta).

As redes sociais são referenciadas como a segunda ferramenta mais influente na construção das comunidades (referida em seis das quinze respostas), quer pelo seu carácter de abertura e interacção (duas referências) quer pelo seu papel na troca de informações e na definição do sentido de pertença à comunidade.

Relativamente à wiki, esta surge em terceiro lugar com um total de três referências. Entre as razões avançadas para a sua importância na construção da comunidade, registam-se o seu carácter colaborativo – nomeadamente na edição de documentos – e de permanente actualização. As ferramentas de agregação foram consideradas como sendo aquelas com maiores

Estudo de caso

ferramentas Web 2.0 e Comunidades de Aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação

potencialidades por dois respondentes, que referem a centralização da informação e uma maior percepção da evolução do trabalho como razões para justificar essa escolha.

Por fim, na última questão, solicitava-se aos inquiridos que reflectissem sobre a existência ou não de comunidades de aprendizagem no Mestrado em Multimédia em Educação, edição 2006/2007.

Dos quinze indivíduos questionados, doze referem que a construção de uma comunidade de aprendizagem no MMEd foi uma realidade. A continuidade na troca de informações e a partilha de experiências verificadas após o terminus da componente curricular do mestrado são razões apontadas para fundamentar essa opinião, bem como o facto de um dos alunos ter promovido a criação de uma rede social que continua a juntar alguns dos antigos elementos da turma em torno de um interesse comum (facto assinalado em duas respostas).

Para além dessas onze respostas, verificou-se ainda a existência de três que, não negando a existência da comunidade no Mestrado, relacionam-na directamente com a metodologia de trabalho adoptada (desenvolvimento de trabalho em grupo). Reconhecendo que a partilha de experiências e opiniões se terá tornado benéfica ao longo dos trabalhos, um dos respondentes refere a persecução dos mesmos objectivos e o carácter colaborativo das ferramentas adoptadas como duas das razões que terão fundamentado a construção e a existência dessa mesma comunidade. O pouco tempo disponível é referido numa outra resposta como uma das maiores dificuldades experimentadas, referindo contudo que o volume e intensidade da participação, do trabalho de equipa e da colaboração experimentadas terão funcionado como factores de motivação.

A introdução e o desenvolvimento de um espírito de colaboração, concretizado nos debates, discussões, partilha, troca de ideias e descoberta dos diferentes temas, são apontadas por três respondentes como evidências da existência de comunidade. Esta mudança terá, de acordo com uma das respostas, conduzido a uma evolução ao nível da participação e da auto-confiança, bem como a uma maior abertura à utilização de novas ferramentas. Numa componente mais social, um elemento refere a existência de laços de amizade e partilha dentro do grande grupo, solidificado em contactos que ainda permanecerão.

Uma última resposta, ainda que concorde com a existência de uma comunidade assente na aprendizagem partilhada de experiências e no desenvolvimento da capacidade de trabalhar em grupo, define a comunidade criada no Mestrado como sendo “de prática” e não de aprendizagem. O desmembramento da comunidade verificado, segundo o respondente, após o terminar dos trabalhos, terá implicado uma descontinuidade nas relações e por esse mesmo motivo limitado a comunidade ao espaço temporal definido pelo período lectivo.