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CAPÍTULO 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO

3.6 A GESTÃO DO CONHECIMENTO E O PROCESSO DE MCC

A implantação e a auditoria de um programa de MCC envolvem decisões com base em dados qualitativos, disponibilizados pelos operadores e mantenedores dos ativos e, dados quantitativos que podem ser acessados de um banco de dados da própria empresa, o que é salutar,

ou banco de dados genéricos disponibilizados por fabricantes ou entidades ligadas à análise confiabilística.

O aprendizado e o conhecimento produzidos pela manutenção são expressos por indicadores de desempenho baseados no custo da manutenção, disponibilidade operacional, confiabilidade (Tempo Médio entre Falhas – MTBF), mantenabilidade (Tempo Médio para Reparo – MTTR) e índices de acidentes com pessoas, instalações ou meio ambiente.

Seja qual for a etapa do processo de MCC, é importante salientar a necessidade de experiência no procedimento de implementação e conhecimento técnico de seus executores, principalmente durante a concepção do FMEA (Failure Modes and Effects Analysis – Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos) ou FMECA (Failure Modes, Effects and Criticality Analysis – Análise dos Modos de Falha seus Efeitos e sua Criticidade). A GC viabilizada pelo SBC-Fuzzy, base da metodologia proposta nesta tese, pode ser utilizada para garantir a administração e armazenamento deste conhecimento e experiência, auxiliando a implementação e a auditoria da MCC. Tal conhecimento e experiência estão estruturados na inferência Fuzzy, proporcionada pelo SBC sugerido nesse trabalho. Na fase de implementação da MCC, esse conhecimento será utilizado para verificar a aderência da empresa/sistema aos requisitos exigidos pela MCC, enquanto que, na fase de auditoria, a implementação correta das etapas é que será avaliada pelo SBC-Fuzzy. Os próximos parágrafos explicitam a relação e a importância de um sistema de GC para a MCC.

Caracterização do Problema

A metodologia da MCC se caracteriza por envolver nos estudos, implantação, auditoria e gestão representantes de diversas áreas (manutenção, operação, segurança e qualidade), garantindo que a visão e as expectativas de cada setor estejam contempladas nas decisões tomadas. Esse grupo deve analisar, além da viabilidade da MCC para o contexto da empresa/sistema, as necessidades estratégicas da empresa em termos de aumento de disponibilidade e confiabilidade dos ativos, além da maneira mais econômica de alcançar estes objetivos. Com isto é possível definir os sistemas e subsistemas que serão analisados e suas fronteiras. O processo de decisão e o conhecimento intrínseco a ele devem ser documentados para orientar as decisões e as etapas seguintes do processo.

Produção e Codificação do Conhecimento

O estudo das falhas e as proposições da MCC são realizados sobre os equipamentos e componentes escolhidos como estratégicos. O conhecimento, necessário para cumprimento desta etapa, normalmente é sintetizado em um FMEA/FMECA que deve ser armazenado e disseminado para auxiliar as equipes de manutenção em intervenções futuras. Este conhecimento pode também ser convertido em regras para um SBC e utilizado para treinamento e apoio a tomada de decisão.

Integração de Conhecimento

Definidas todas as atividades, é preciso agrupá-las visando reunir as de mesma periodicidade, especialidade e tipo de intervenção em um único procedimento de manutenção. O objetivo final desta etapa é formar procedimentos padrões de manutenção que possam ser exportados para o Sistema de Controle e Gestão da Manutenção (SCGM) da empresa. Cumpridas as tarefas agendadas de manutenção, a GC deve garantir a realimentação do programa de MCC, incorporando os conhecimentos inerentes para consultas futuras.

Disseminação e Apropriação do Conhecimento

Um dos problemas de qualquer metodologia de gestão da manutenção, neste caso a MCC, é a falta de apropriação dos conhecimentos inerentes às suas ações. Para que a MCC contribua com vantagens competitivas para a empresa, é necessário disseminar os conhecimentos produzidos e treinar a equipe de manutenção. Este treinamento deve salientar a importância da documentação das etapas e do conhecimento envolvido na correção das falhas, principalmente as falhas ocultas ou que não estavam previstas no FMEA/FMECA inicial e que foram detectadas durante uma intervenção sistemática ou não. Com isto, garante-se que os procedimentos de manutenção sejam realizados nas datas corretas, por pessoal especializado, e assim sejam mensurados os resultados da aplicação dos novos conhecimentos. A partir desses apontamentos é calculada a confiabilidade dos equipamentos, sendo extraídos os dados para simulação de disponibilidade, adequação das periodicidades de intervenção e das quantidades de sobressalentes no estoque. Esses procedimentos são indispensáveis para garantir o sucesso de um programa de MCC.

Resultados Esperados

Os resultados qualitativos, decorrentes da aplicação da GC na MCC são:

• Otimização das ações da manutenção, a partir do registro histórico de falhas, agrupamento de atividades semelhantes e documentação dos ativos;

• Melhoria contínua focada no aprendizado organizacional; • Retenção de experiências e conhecimento;

• Envolvimento dos operadores nas ações de manutenção e conservação dos ativos devido ao maior conhecimento sobre suas funções e modos de falha;

Os resultados quantitativos, decorrentes da aplicação da GC na MCC são: • Aumento do tempo médio entre falhas (MTBF);

• Diminuição do tempo médio para reparo (MTTR); • Aumento da disponibilidade operacional do sistema; • Redução do custo de manutenção;

• Redução do número de acidentes; • Acréscimo no volume de produção.

3.7 CONSIDERAÇÕES E SÍNTESE DO CAPÍTULO

O conhecimento inerente às atividades de manutenção é, em geral, de natureza tácita com alto grau de diversidade e forte transferência através do relacionamento interpessoal (ORTIZ, 2004). A GC implica em uma nova técnica aliada à gestão da manutenção que leva em conta o conhecimento organizacional para, então, alcançar um diferencial competitivo fundamentado na efetividade das atividades de manutenção.

No contexto específico, proposto neste trabalho, a teoria da GC orientará a estruturação do conhecimento dos especialistas e a explicitação do conhecimento tácito dos envolvidos no processo de implementação e auditoria da MCC. O conhecimento explicitado na metodologia proposta reflete as características da empresa e o confronto destas com as necessidades da MCC tornando-se, assim, estratégico para amenizar os fatores de insucesso que podem influenciar o processo de implantação. A engenharia do conhecimento, especificamente o SBC-Fuzzy desenvolvido, é utilizada neste trabalho para dar suporte e orientar a tomada de decisão durante a análise dos pré-requisitos e a auditoria do processo de implantação da MCC.

Neste capítulo foram abordados os principais conceitos relacionados a GC e de especial interesse aos objetivos deste trabalho. Elucidados os principais conceitos referentes à hierarquia do conhecimento, foram discutidos: os processos de conversão e criação do conhecimento; a importância da GC no contexto deste trabalho; a função da Engenharia do Conhecimento como suporte da GC; e como a GC pode auxiliar o processo de implantação e auditoria da MCC. As técnicas e os conceitos, intrínsecos à GC norteiam a implementação do SBC-Fuzzy proposto, de acordo com a finalidade exposta no Capítulo 1.