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CAPÍTULO 5 METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA IMPLEMENTAÇÃO DA MCC

5.6 ESTRATÉGIA PARA AVALIAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS DAS ETAPAS DA MCC

5.6.4 Avaliação dos Pré-Requisitos da Etapa 3

A Etapa 3 do procedimento de referência trata da elaboração da FMECA para o sistema escolhido na etapa anterior. Embora a FMECA seja uma metodologia consagrada para análise das causas e dos efeitos dos modos de falha, algumas limitações de natureza administrativa e técnica são observadas na sua aplicação prática. As questões administrativas segundo Antonietti (2002) envolvem: dificuldades no relacionamento interpessoal; e falhas no planejamento e na condução das reuniões. As questões técnicas, segundo Garcia (2006) envolvem: desconhecimento dos aspectos teóricos e práticos da aplicação da metodologia de FMECA; falta de conhecimento técnico dos participantes da equipe de condução da FMECA; e limitações diversas relacionadas à atribuição dos fatores que compõem o índice de criticidade. Com o objetivo de minimizar os inconvenientes citados anteriormente, os seguintes critérios integram a avaliação dos pré- requisitos da Etapa 3: Disponibilidade da Informação/Recursos; e Competências e Habilidades da Equipe. Os próximos itens justificam os quesitos que constituem cada um dos critérios, resumidos na Figura 5.15 e detalhados no Apêndice F.

Critério 1 (C1) – Disponibilidade da Informação/Recursos

Este critério avalia os recursos disponíveis para agilizar as reuniões de FMECA e auxiliar a equipe de implementação no levantamento das informações que compõem a planilha de FMECA.

Critério Quesito a ser Ponderado

● Aderência ao Procedimento de Referência ● Auditoria da Etapa 2

● Ferramenta computacional ● Documentação para FMECA ● Falhas funcionais e controles atuais

Informação/Recursos Disponibilidade da

● Análise prévia (FTA / ETA)

● Conhecimento do sistema ● Treinamento

● Tamanho da Equipe x Modos de Falha ● Avaliação da criticidade (índices/critérios) Etapa 3 Análise dos Modos de Falha, seus Efeitos e sua Criticidade (FMECA) → Competências e Habilidades da Equipe

● Abrangência das causas e efeitos

Figura 5.15 – Avaliação dos Pré-Requisitos da Etapa 3.

O levantamento dos dados e preenchimento da planilha de FMECA é a atividade que consome a maior parte do tempo na implantação da MCC. Durante a concepção da FMECA, para se atingir um consenso sobre o assunto e elicitar o conhecimento/informação que irá compor as planilhas, as abordagens tradicionais utilizam-se de reuniões e discussão em grupo. Estas reuniões são, em geral, demoradas e tediosas e podem, eventualmente, prejudicar a análise. A utilização de um software específico para MCC ou FMECA pode acelerar e padronizar a análise. Se este software contar também com um ambiente virtual, onde não haja a necessidade de reuniões presenciais, os especialistas envolvidos poderão programar melhor o seu tempo e sentirem-se mais à vontade para proceder às análises, aumentando assim sua confiabilidade.

A análise da equipe de implantação deve incluir as proteções, instrumentação, monitoramento e controle atrelados ao sistema. Muitas vezes, grande parte destas funcionalidades está no software SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition – Supervisão Controle e Aquisição de Dados). Portanto, é importante que o sistema que será analisado pela equipe, conte com uma documentação de engenharia consistente, para facilitar a análise e o preenchimento das planilhas de FMECA. Pelo mesmo motivo, antes do início desta etapa, é importante dispor do histórico de falhas funcionais e dos controles atuais para detectar e/ou prevenir as causas dos modos de falha. A equipe de implementação pode se beneficiar também de análises prévias, como árvore de falhas ou eventos (FTA e ETA respectivamente), que podem acelerar a execução da FMECA e resultar em maior consistência nas decisões da equipe.

Critério 2 (C2) – Competências e Habilidades da Equipe

O esquecimento de um modo de falha pode culminar com falhas imprevistas. As principais causas deste problema são: uma equipe de FMECA mal estruturada ou que não tenha total domínio do objeto de estudo do FMECA em questão e a desconsideração de causas relacionadas a pessoas, métodos, equipamentos, materiais e ambiente. Durante a concepção da FMECA, a equipe de implementação deve se certificar de que sua representatividade está adequada às análises demandadas, com membros de todos os setores influenciados ou com influência nas decisões da MCC (MOUBRAY, 2001; PALADY, 2004; SIQUEIRA, 2005; SMITH E HINCHCLIFFE, 2004; STAMATIS, 1995).

Para garantir uniformidade de conhecimento da metodologia da FMECA, compreensão de seus conceitos e a forma correta de preenchimento das planilhas, é importante que todos os membros que participarão da sua execução tenham recebido treinamento adequado e específico em FMECA, antes do início desta etapa.

A celeridade do processo de execução da FMECA, além da capacitação e conhecimento de seus membros, está atrelada também ao número de pessoas envolvidas na sua execução. Siqueira (2005) cita como exemplo que, em uma instalação típica4, a análise completa de cada modo de falha

leva em média 30 minutos. Cabe lembrar, também, que a demora do processo de implantação da MCC pode postergar seus resultados, desmotivando as pessoas envolvidas e minando o comprometimento dos níveis superiores da empresa ao programa de MCC. Os especialistas envolvidos devem investir um número de horas relativamente elevado no desenvolvimento da FMECA para detalhar adequadamente o sistema. Ambos os extremos envolvidos nesta questão são preocupantes, os quais são (WIREMAN, 2005):

● Análises muito profundas (que tratam subsistemas inferiores ao menor item manutenível) podem causar problemas gerenciais como: desmotivação da equipe, com reuniões tediosas e custo dos especialistas envolvidos;

● Análises superficiais (que não tratam o menor item manutenível) podem esquecer modos de falha ou efeitos importantes e comprometer a eficácia das ações recomendadas, frustrando as expectativas de retorno do FMECA.

Portanto, antes da execução desta etapa, cabe a equipe de implementação certificar-se de que sua composição está adequada ao tamanho do sistema e seu número de modos de falha.

A escala de valores, dos fatores que compõem a avaliação da criticidade (Severidade, Ocorrência e Detecção), reflete de modo indireto a aceitabilidade da empresa aos efeitos do modo de falha. Por esta razão, esta escala deve estar customizada para a empresa/sistema e aprovada pelos níveis gerenciais. Além disto, as variáveis lingüísticas utilizadas devem ser consensuais entre os especialistas do grupo de FMECA e demais envolvidos. Caso contrário, as análises da equipe de

4 Como instalação típica cita-se as subestações de energia e o tempo para a análise, neste caso, pressupõe a

execução da FMECA podem resultar em avaliações equivocadas dos modos de falha, prioridades incorretas e ações mal sucedidas que não impactarão da forma esperada no sistema sob análise. Ações adicionais, além das previstas na FMECA, são invariavelmente necessárias nestes casos.

Alguns FMECA’s podem não atingir os objetivos esperados pela não compreensão de que os modos de falha têm causas e efeitos tanto internos quanto externos à empresa, por exemplo: atraso de fornecedores, problemas logísticos, danos ao meio ambiente, comprometimento do processo produtivo do cliente, etc... (PALADY, 2004). Portanto, a equipe de execução da FMECA deve estar preparada para, com uma visão holística, avaliar essas causas e efeitos internos e externos, com influência no sistema a ser analisado.