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CAPÍTULO 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO

3.2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Tentando ilustrar o conceito de conhecimento, Rezende (2003) e Giarratano e Riley, (1998) utilizam a pirâmide do conhecimento, Figura 3.1, na qual:

• Ruído: são dados de pouco ou nenhum interesse;

• Dado: é um elemento da informação, um conjunto de letras, números ou dígitos que, tomados isoladamente, não transmitem nenhuma informação, ou seja, não contém um significado claro;

• Informação: é todo aquele dado que foi tratado e possui um valor significativo atribuído ou agregado a ele e, com sentido natural e lógico para quem usa a informação;

• Conhecimento: é a informação tratada por pessoas ou recursos computacionais para geração de cenários. É um termo abstrato que tenta capturar a compreensão do indivíduo sobre um dado assunto;

• Síntese, Análise e Compreensão: constituem o metaconhecimento, um conhecimento profundo que descreve o conhecimento sobre o conhecimento, ou seja, as leis básicas que regem o mundo e a forma como os demais tipos de conhecimento podem ser aplicados. É usado para selecionar qual o conhecimento mais apropriado para a resolução de um problema.

Segundo Santiago (2004), a informação tem por finalidade exercer algum impacto sobre o julgamento do destinatário. Ela deve informar e, portanto, pode ser considerada como sendo o dado que faz a diferença, pois, ao contrário deste, ela possui relevância e propósito. Dados só se tornam informações a partir dos seguintes métodos:

• Contextualização: definição da finalidade dos dados coletados; • Categorização: conhecimento das unidades de análise;

• Cálculo: análise matemática dos dados;

• Correção: eliminação das imprecisões e dos erros; • Condensação: sumarização dos dados existentes.

Para o autor, o conhecimento é uma mistura fluida de experiências, valores, informações contextualizadas e percepções “insights”, além de possibilitar a existência de uma estrutura que permite a avaliação e incorporação de novas experiências e informações. O conhecimento é intrínseco as pessoas. Nas organizações ele está presente não apenas em documentos, mas também em rotinas, processos e práticas e, segundo Davenport e Prusak (1998), a transformação da informação em conhecimento é possível a partir da:

• Comparação: entendimento sobre como as informações relativas a um determinado assunto podem ter alguma relação ou aplicação em outras situações;

• Conseqüência: implicação que determinada informação pode trazer para a tomada de

CONHECIMENTO SINTESE ANÁLISE COMPREENSÃO INFORMA Metaconhecimento ÇÃO DADO RUÍDO

Figura 3.1 – Hierarquia do Conhecimento.

alguma decisão e/ou ação;

• Conexão: relação entre a informação adquirida e um conhecimento já existente;

• Conversação: interpretação daquela informação a partir do entendimento sobre o que as pessoas pensam sobre ela.

A GC busca agregar valor às informações, filtrando, resumindo e sintetizando-as e, dessa forma, desenvolvendo um perfil de utilização pessoal que ajuda a levá-las à ação. Entre informação e conhecimento, observa-se que (SANTIAGO, 2004):

• O conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito às crenças e compromissos; • O conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação, isto é, o

conhecimento tem um determinado “fim”;

• Tanto informação como conhecimento dizem respeito ao significado específico com relação a um determinado contexto considerado.

Segundo Abel (2005), o conhecimento pode ser categorizado nos seguintes níveis:

• Conhecimento Superficial: descrição de objetos do domínio, informações que se referem a problemas imediatos e a solução associada;

• Conhecimento do Domínio: descreve a forma de resolver problemas no domínio na forma de descrições, heurísticas ou procedimentos, mesmo que muitos deles não sejam compreendidos teoricamente;

• Conhecimento Profundo: estrutura interna e causal (relações de causa e efeito) dos objetos do domínio e suas interações. É o conhecimento teórico do domínio que pode ser aplicado a diferentes tarefas e em mais de uma situação, utilizando mecanismos de transferência e analogia. Este tipo de conhecimento é de difícil aquisição e trato computacional.

Além do nível, as seguintes categorias de conhecimento têm especial interesse para a finalidade deste trabalho: declarativo, procedural, heurístico, tácito e explícito.

Segundo Abel (2005), o Conhecimento Declarativo trabalha com uma representação descritiva do domínio, declara os fatos do mundo, o quê as coisas são, como se associam e se relacionam no mundo. Quanto ao nível, trata-se de um conhecimento superficial. Já o Conhecimento Procedural descreve a forma como as coisas trabalham sob diferentes tipos de circunstâncias, descrito na forma de instruções passo-a-passo. Pode fornecer uma aplicação imediata para o conhecimento declarativo (ABEL, 2005).

O Conhecimento Heurístico1 pode ser tratado como um conjunto de regras que conduzem

o processo de raciocínio. É empírico e representa o conhecimento compilado por um especialista por meio da experiência na resolução de problemas passados. Este é o tipo mais importante de

1 A palavra heurística vem da palavra grega heuriskein, e significa descobrir, e também é a origem da palavra

eureca, derivada da exclamação atribuída a Arquimedes, heurika (descobri), dita na descoberta de um método para determinar a pureza do ouro.

conhecimento tratado pelos SBC’s e foi introduzido em IA por George Polya, em 1957, em seu livro How to Solve It (RICH e KNIGHT, 1993; POLYA, 1957).

O Conhecimento Tácito é pessoal e intrínseco ao indivíduo. É um saber subjetivo, baseado em experiências pessoais e específico ao contexto e, por essa razão, difícil de ser formulado e comunicado (SANTIAGO, 2004). Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento tácito pode ser de dois tipos: o primeiro, incorporado nas habilidades e que pode ser copiado, é passível de codificação, podendo ser articulado e escrito. O segundo é aquele que não pode ser codificado ou escrito, sendo de difícil transferência por não poder ser demonstrado; é adquirido pela experiência, tendo a interação pessoal um papel fundamental. Por isso a transferência dessa forma de conhecimento se dá principalmente através das redes pessoais. O Conhecimento Explícito, por sua vez, é objetivo e facilmente captado, codificado e compartilhado. Este é um conhecimento transmissível em linguagem formal e sistemática (SANTIAGO, 2004).

Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento tácito é algo pessoal, presente no cérebro das pessoas, resultante de suas experiências e ações, formado através das emoções, valores, desejos ou ideais, mas que, num sentido amplo, é o novo fator de produção para as organizações. Já o conhecimento explícito é aquele exposto nos documentos, computadores e sistemas de uma organização, ou seja, foi transferido da mente das pessoas para ser acessado por membros da empresa, de forma sistematizada e controlada.