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CAPÍTULO 5 METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA IMPLEMENTAÇÃO DA MCC

5.6 ESTRATÉGIA PARA AVALIAÇÃO DOS PRÉ-REQUISITOS DAS ETAPAS DA MCC

5.6.1 Avaliação dos Pré-Requisitos da Etapa 0

A Etapa 0 foi assim nomeada por não constar em nenhuma bibliografia ou norma referente à implantação da MCC. Entretanto, a pesquisa bibliográfica e a elicitação de conhecimento dos especialistas, que antecederam a concepção da metodologia proposta, revelou que:

● Nem todas as empresas/sistemas estão preparadas para adotar a MCC como estratégia de gestão da sua manutenção, e o fazem, muitas vezes, por questões mercadológicas ou decisões intuitivas dos tomadores de decisão. As questões mercadológicas estão relacionadas principalmente com a aquisição de softwares proprietários de gestão da manutenção (CMMS

Computer Maintenance Management Systems

) os quais nem sempre atendem às

necessidades específicas de uma determinada empresa ou sistema. Decisões intuitivas são, invariavelmente, parciais e não avaliam todo o contexto da aplicação e/ou empresa;

● Esta falta de aderência aos requisitos mínimos exigidos pela MCC resulta em falta de comprometimento, descrédito e abandono do programa de MCC;

● Além da aderência da empresa/sistema aos requisitos exigidos pela MCC, deve haver comprometimento da alta gerência, dos operadores, da equipe de implementação e recursos financeiros e humanos para execução das etapas e implementação do programa de MCC. Portanto, o objetivo da Etapa 0, conforme já explicitado no procedimento de referência, é verificar se a MCC é adequada para a empresa/sistema em seu estágio atual de desenvolvimento e estruturação. Os seguintes critérios compõem a avaliação dos pré-requisitos da Etapa 0: Disponibilidade da Informação/Recursos; Condição e Desempenho Atual da Manutenção; Sistema Computacional de Suporte; Cultura da Manutenção/Empresa; e Gerenciamento Estratégico da

Manutenção. Os próximos itens justificam os quesitos que constituem cada um dos critérios, resumidos na Figura 5.12 e detalhados no Apêndice F.

Critério Quesito a ser Ponderado

● Aderência ao Procedimento de Referência ● Documentação da manutenção

● Documentação dos sistemas candidatos

Informação/Recursos Disponibilidade da

● Planejamento estratégico da empresa

● Estratégia de manutenção ● Desempenho da manutenção ● Recursos humanos na operação

→ Condição e Desempenho Atual da Manutenção ● Custos da manutenção ● Automação de escritório ● Gestão da informação ● Gestão da manutenção

● Afinidade/Treinamento com o sistema

Sistema Computacional de

Suporte

● Integração com outros sistemas

● Registro das ações de manutenção ● Função estratégica da manutenção ● Motivação da equipe ● Experiência metodológica → Manutenção/Empresa Cultura da ● Atualização e auditoria ● Orçamento ● Conformidade organizacional ● Aporte de recursos ● Apoio metodológico Etapa 0 Adequação da MCC → Gerenciamento Estratégico da Manutenção ● Terceirização

Figura 5.12 – Avaliação dos Pré-Requisitos da Etapa 0.

Critério 1 (C1) – Disponibilidade da Informação/Recursos

Além do atendimento ao procedimento de referência, este critério analisa: a existência de documentação adequada e consistente tanto das ações de manutenção quanto dos sistemas candidatos a implantação da MCC; e a consistência do planejamento estratégico da empresa com relação à manutenção.

A documentação das ações de manutenção torna as decisões da MCC mais próximas das características da empresa, garantindo a inclusão dos modos de falha que já ocorreram no passado e a reanálise das ações que se revelaram eficientes ou não. Neste caso, a inexistência de documentação referente às ações de manutenção pode comprometer a efetividade da aplicação dos diagramas de decisão da MCC.

A documentação do sistema é importante para a condução dos processos decisórios da MCC, pois caso o mesmo seja complexo do ponto de vista tecnológico e/ou excessivamente hierarquizado, podem ocorrer problemas na etapa de definição dos sistemas e identificação das fronteiras e interfaces.

O apoio e o comprometimento institucional são importantes para o sucesso do programa de MCC. Portanto, a inclusão da manutenção em seu planejamento estratégico espelha a visão da empresa, e é um indício da pré-disposição de engajamento às novas propostas da MCC.

Critério 2 (C2) – Condição e Desempenho Atual da Manutenção

O objetivo deste critério é avaliar o estágio atual da equipe/setor de manutenção da empresa. Como estratégia de manutenção, a MCC privilegia ações preditivas. Portanto, é importante que a Empresa/Sistema no qual a MCC será implantada, tenha um histórico/experiência nesta estratégia de manutenção para facilitar o processo de treinamento da equipe de manutenção.

Um desempenho homogêneo e satisfatório das ações de manutenção, além de uma equipe preparada reflete, em geral, um conhecimento do sistema a ser mantido, o que é adequado às necessidades da MCC. A falta de homogeneidade no desempenho da manutenção pode representar um problema para a implantação da MCC em todo o Sistema/Empresa. Convém, neste caso, escolher subsistemas onde este quesito seja o mais aderente possível e preparar adequadamente os mantenedores.

Um número reduzido de pessoas envolvidas na operação do sistema, quando comparado a sistemas fabris similares, pode indicar um elevado grau de automação. Neste caso, a MCC é preferível frente a outras metodologias de gestão da manutenção (Ex.: TPM – Manutenção Produtiva Total), uma vez que: o baixo número de operadores pode inviabilizar seu engajamento como aliados da manutenção; e a automatização do sistema (Ex.: softwares de supervisão e controle) pode auxiliar no registro histórico das falhas e geração de dados confiabilísticos e de mantenabilidade, os quais são essenciais para a realimentação do programa de MCC.

Se os custos diretos e indiretos devidos à manutenção são altos, com o sistema atual de gestão da manutenção, quando comparados a outros sistemas fabris similares, a implantação da MCC pode ser vantajosa. Apesar do custo inicial da MCC ser alto, quando adotada em sistemas com pouca manutenção preditiva, os custos totais tendem a diminuir ao longo do tempo (MOUBRAY, 2001). Entretanto, um estudo econômico/financeiro mais elaborado deve ser conduzido antes da adoção da MCC, caso o fator econômico seja relevante, dado o tamanho e a complexidade do sistema e a pouca ocorrência de ações preditivas.

Critério 3 (C3) – Sistema Computacional de Suporte

Este critério avalia as funcionalidades e a abrangência do sistema computacional da empresa como ferramenta de suporte à gestão da manutenção bem como a afinidade dos mantenedores com sua utilização.

Quanto à automação de escritório, segundo Siqueira (2005), a implantação da MCC não exige muitos recursos, visto que bastam os programas tradicionais de processamento de textos, planilhas eletrônicas e banco de dados. Para padronizar a análise, a empresa pode adotar softwares específicos para implantação da MCC.

Algumas etapas do processo de implantação e gestão da MCC são muito dependentes de um sistema de gestão da informação para apoio a tomada de decisão e as atividades de manutenção. Neste caso, deve-se verificar se as ferramentas computacionais disponíveis atendem às necessidades da MCC e se estão integradas com o restante da empresa.

A MCC baseia suas decisões em dados estatísticos de falhas, assim, pode haver benefícios para o programa de MCC caso sistemas computacionais de gestão da manutenção já tenham sido introduzidos e/ou são utilizados na empresa. Neste caso, deve-se verificar se tais sistemas suprem as necessidades da MCC e se os dados disponíveis são confiáveis.

Os sistemas computacionais de apoio a MCC, tanto na fase de implantação como na fase de gestão, só serão efetivos se a equipe de manutenção tem afinidade com os mesmos e o seu uso está incorporado em suas práticas diárias, o que pressupõe que tal sistema deva ser de uso amigável. Caso contrário, um programa de treinamento e conscientização dos mantenedores deve preceder a implantação da MCC.

Para facilitar e garantir as boas práticas na condução do programa de MCC, o software utilizado na gestão da manutenção deve ter as funcionalidades mínimas exigidas pela metodologia MCC. Caso contrário o mesmo deve permitir a integração com softwares específicos para gestão da MCC garantindo, assim, a padronização, realimentação e customização do programa de MCC, dentro dos padrões vigentes.

Critério 4 (C4) – Cultura da Manutenção/Empresa

Este critério avalia a cultura e as práticas dos mantenedores na condução de suas atividades e o envolvimento da empresa na gestão da manutenção.

Como a MCC baseia sua decisões em dados estatísticos de falhas, o registro das ações de manutenção, de forma suficientemente detalhada para suportar uma análise estatística de tais ações, tornará as decisões da equipe de implementação mais acertadas. Porém, cabe verificar a consistência

dos registros das ações de manutenção para garantir a confiabilidade das decisões da equipe de implementação.

A implantação da MCC pressupõe mudanças de paradigmas dentro da empresa e do próprio setor de manutenção, o que está fortemente atrelado ao apoio dos níveis gerenciais. Para tanto, a manutenção deve ter uma função estratégica dentro da empresa e ocupar um lugar de destaque na estrutura organizacional. O comprometimento de toda a empresa com o sucesso do programa de MCC deve ser garantido ao longo de todo o seu ciclo de vida.

As mudanças de paradigmas impostas ao setor de manutenção, pelo programa de MCC, exigem uma equipe e/ou setor de manutenção motivado e consciente de seu papel estratégico dentro de empresa, para que tais mudanças sejam efetivas. Esta motivação e conscientização dos mantenedores devem ser mantidas ao longo de todo o ciclo de vida do programa de MCC.

A experiência da equipe de manutenção com outras metodologias de gestão e sua evolução para a MCC é benéfica para o sucesso do programa de MCC, facilitando o treinamento e a assimilação dos conceitos pelos envolvidos no processo de implantação.

A sustentabilidade de um programa de MCC está fortemente atrelada à sua atualização e à realimentação dos dados que nortearam suas decisões, com o objetivo de corrigir os desvios de conduta e/ou o planejamento inicial. Além disto, há que se considerar o monitoramento e a auditoria contínua do programa, por pessoal interno ou externo a empresa, para garantir a correta implementação das etapas, na fase de implantação, e a correta condução do programa na sua fase de execução.

Critério 5 (C5) – Gerenciamento Estratégico da Manutenção

Este critério avalia a política de gerenciamento da manutenção adotada pela empresa. Assim é possível vislumbrar os obstáculos, facilidades e oportunidades que a equipe de implementação encontrará.

Os custos iniciais para implantação da MCC dependem da estrutura já existente na empresa e da complexidade do sistema ao qual será implementada. Deve-se considerar, entretanto, a necessidade de uma previsão orçamentária para treinamento de pessoal dentro da filosofia da MCC, viabilizar recursos humanos e implantar ações preditivas e sistemas computacionais de suporte a MCC. Uma previsão orçamentária, anterior a implantação da MCC, é recomendada para avaliar o aporte financeiro adequado.

As decisões da MCC podem estabelecer modificações na política de gestão dos ativos da empresa, que vão desde serviços operacionais ou aumento de ações preditivas até mudanças de projeto. Estas decisões devem estar em conformidade e ter suporte de outros setores da empresa.

Cabe a equipe de implementação uma avaliação cuidadosa para verificar as limitações impostas às suas decisões e garantir o envolvimento de todos os setores da empresa afetados pelas decisões da MCC, para anuência e comprometimento com tais decisões.

A MCC demanda investimentos contínuos em aprimoramento de ações preditivas e de acompanhamento estatístico das ações de manutenção e das falhas funcionais. Os níveis gerenciais da empresa devem considerar a manutenção como um investimento para viabilizar as necessidades da MCC. Neste caso, cabe a equipe de implementação e aos executores do programa de MCC, a proposição de um cronograma de investimentos que considere as limitações de investimentos na MCC para adequar seus custos e maximizar os benefícios ao longo do seu ciclo de vida.

A MCC é parte de um processo geral/global de gerenciamento da manutenção, com métodos e técnicas. Assim, além do comprometimento dos mantenedores, com o programa de MCC, deve haver harmonia entre os diversos métodos e técnicas adotadas pelo setor de manutenção. Os controles e mecanismos externos de suporte devem estar adaptados a estas diversidades, garantindo sua sinergia e maximizando seus resultados.

A MCC pode não ser a melhor política de gestão da manutenção para toda a empresa/sistema, neste caso outras metodologias de gestão da manutenção podem ser utilizadas em paralelo ou integradas à MCC. Neste caso, um estudo prévio deve ser desenvolvido, para avaliar qual a melhor política da gestão da manutenção que deve ser incorporada ou utilizada em paralelo com a MCC, dadas as características da empresa/sistema.

A MCC é muito dependente de dados históricos e da experiência da equipe de manutenção. Se grande parte da manutenção é terceirizada, antes da implantação da MCC, cabe uma avaliação criteriosa dos aspectos relacionados à gestão do conhecimento. Caso a equipe terceirizada não esteja adaptada às novas exigências do programa de MCC, presume-se uma revisão prévia dos contratos de terceirização para garantir que estes requisitos sejam contemplados.