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6 A Igreja Presbiteriana de Jardim Atlântico – Olinda/PE

Neste estudo, partir-se-á da premissa de que não é possível captar a realidade em sua integralidade, contudo interpretá-la; e isso significa aceitar que na análise do fenômeno, por vezes, apresentam-se elementos que são mais relativos ao pesquisador do que ao próprio objeto em estudo. Os elementos culturais, políticos, religiosos e ideológicos que nós, seres humanos, transportamos conosco constituem a justificativa para que um mesmo fato possa ser visto de formas diversas por pesquisadores diferentes.

E em se tratando da análise de uma instituição religiosa, por vezes, fica um pouco mais difícil de não se ter alguns vieses do pesquisador que possam corroborar tal afirmação feita acima. Desse modo, as interpretações e considerações deste estudo são resultados de uma relação dinâmica entre sujeito e objeto.

Como já notificado anteriormente, será aplicado, mais especificamente, o modelo multidimensional reflexivo, proposto por Alves (2003), em uma realidade local de uma Igreja Presbiteriana do Brasil localizada no bairro de Jardim Atlântico, na cidade de Olinda – PE.

Este capítulo trará um breve histórico da Igreja Presbiteriana de Jardim Atlântico, tendo como objetivo fornecer algumas informações importantes para o contexto deste trabalho.

6.1 A história da IPJA

A igreja local, objeto de estudo, é ainda jovem, sendo, primeiramente, formada como ponto de pregação19 da Primeira Igreja Presbiteriana de Olinda, no final do ano de 1985.

19 De acordo com a Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil em seu artigo 4, em seu segundo parágrafo, as

comunidades serão chamadas de pontos de pregação ou congregações, conforme o seu desenvolvimento, a juízo do respectivo Concílio ou Junta Missionária. Acrescentando-se ainda, o parágrafo primeiro do mesmo artigo informa que as comunidades que não puderem ter o seu próprio governo deverão ser administradas pelos Presbitérios, Juntas Missionárias ou pelos Conselhos da igreja ‘mãe’. Neste caso específico, fruto do trabalho missionário de membros da IPO, acarretou do conselho desta referida igreja ficar responsável pela estrutura organizacional-administrativa do então Ponto de Pregação Presbiteriano em Jardim Atlântico.

Naquele ano, uma senhora, membro da Igreja Presbiteriana de Olinda (IPO), ofereceu a sua residência, localizada em Jardim Atlântico, para que pudessem ser realizados cultos. Nesse tempo não existia ainda nenhuma igreja evangélica de orientação reformada no bairro. O então pastor da igreja presbiteriana de Olinda, Reverendo Walmir Soares, juntamente com o Conselho local, aprova a implantação do ponto de pregação. Para ficar à frente do trabalho desta, é designado o pastor Jaime Áureo Ramos, que havia chegado recentemente de Salvador para auxiliar a igreja ‘mãe’ (a IPO). O mesmo era genro da senhora Sílvia Ferreira Puça, proprietária da casa onde estava instalado o ponto para a pregação do evangelho.

A congregação de Jardim Atlântico começa a crescer em número de congregados com a chegada de famílias e pessoas que se sentiam “órfãos” de algum trabalho evangélico, de orientação reformada, na localidade. Haja vista que este era a primeira comunidade evangélica existente no bairro de Jardim Atlântico, pois, na época, nenhuma outra igreja protestante (Batista, Assembléia de Deus, ou Neo-Pentecostal) se fazia presente na localidade. Houve, ainda, muitas doações de utensílios e mobílias necessários para o bom andamento do trabalho.

Com o passar do tempo, já era oferecido na IPJA não apenas o culto matutino, como também a Escola Dominical e cultos de oração e doutrina em um dia da semana. Duas sociedades internas foram fundadas ainda na década de oitenta: primeiramente a SAF (Sociedade Auxiliadora Feminina) tendo como primeira Presidente a jovem Flávia Anita Puça – esposa do então pastor da congregação: Jaime Áureo; e, algum tempo depois, implantou-se a União de Mocidade Presbiteriana (UMP).

No mês de abril do ano de 1989, com quase quatro anos de ministério na igreja local, o Reverendo Jaime é convidado a assumir o pastoreio da Igreja Presbiteriana em Areias. E desse modo, a Igreja Presbiteriana de Olinda designa o pastor jubilado da Primeira Igreja Presbiteriana na cidade de Campina Grande, Ageu Lídio Pinto, para assumir o ministério da pregação da Palavra na Congregação Presbiteriana de Jardim Atlântico. A congregação passa a funcionar em um novo endereço, próximo ao anterior, em uma casa cedida pelo pastor Josias Farias (da Igreja Presbiteriana de Rio Doce).

Um ano depois, em 1990, chega um novo ministro do evangelho na IPJA – com três

anos de ordenação e ainda muito jovem (28 anos) e lá se encontra até os dias de hoje. A congregação cresce numericamente e em espaço físico. Em 1992 é construída a sua nova sede em um terreno doado pela irmã Sílvia Puça, a mesma que sentiu o desejo de iniciar o trabalho

evangelístico na comunidade. E no final do mês de maio do ano de 1994 torna-se igreja formada20, passando a se chamar: Igreja Presbiteriana de Jardim Atlântico (IPJA).

Desse modo, a IPJA começa a fazer parte de um presbitério, o de Olinda (PROL), e, a partir de então, a mesma deve também prestar contas através de relatórios padronizados (a próxima seção tratará sobre como é a formação do PROL e como é realizada a prestação de contas da IPJA para este).

Assim, pela legislação da IPB, a igreja local passa a ser mais normatizada. Ou seja, nesta nova etapa ela necessita ter uma representação democrática: a eleição e ordenação de homens – e apenas deste gênero, conforme já explicado anteriormente – como presbíteros, que serão responsáveis pelo conselho local que, dentre outras funções, terão que cuidar da administração da igreja e aprovar ou não a maioria das decisões que são tomadas nela, através do Conselho. E também de diáconos que têm, dentre outras, a função de cuidar da ação social da comunidade cristã reformada local.

Além disso, com o passar do tempo, começam a ser formalizadas as sociedades internas que ainda não constavam na IPJA – a UPA: União Presbiteriana de Adolescentes, no ano de 1996; e a UPH: União Presbiteriana de Homens, em 1997 – juntando-se às já existentes: SAF e UMP.

Atualmente todas essas sociedades internas (SAF, UPH, UMP e UPA) fazem parte da IPJA, entretanto apenas uma delas – a SAF – segue o modelo ideal para sociedades internas proposto pela IPB. Outros duas (UPH e UPA), apesar de terem a sua hierarquia formalizada como sugere a Igreja Presbiteriana do Brasil – presidente, vice-presidente, tesoureiro e secretário – não têm uma estrutura organizacional-administrativa de forma plena. Já a Mocidade funciona com mais informalidade, não tendo papéis bem definidos no colegiado de cinco líderes que estão à frente desta. E, sim, cada um vai dividindo as funções de acordo com a demanda. Todavia, estar-se-á explicando melhor estes funcionamento na seção 8.1.1 que trata da complexidade das características estruturais e dispositivos de coordenação.

Os ministérios também começam a fazer parte da igreja local. Estes, baseados nos preceitos bíblicos sobre dons21, têm como características menos formalismo do que os apresentados pelas sociedades internas. Atualmente, consta na igreja local os seguintes ministérios: de casais; de acampamento; de coreografia e expressão corporal denominado de

20 De acordo com o artigo 4 da Constituição da IPB ao se formar em igreja a mesma passa a contar com governo

próprio, que reside no conselho local (no decorrer desse capitulo será explicado melhor de como este é formado na IPJA).

21 De acordo com Bugbee e Bispo (1997, p. 47) dons espirituais podem ser definidos como sendo:

“...capacitações divinas distribuídas pelo Espírito Santo a todo crente, segundo os desígnios e a graça de Deus para o bem comum do corpo de Cristo”.

Shekinah (além do grupo principal de danças e de coreografia, com moças acima de dezoito anos, existem outros dois grupos: Primícias – das crianças e Elphis – para adolescentes) – os três com participantes apenas do gênero feminino; O “Desperta Débora” – ministério de mães que oram pelos seus filhos, sejam de sangue ou sejam “adotivos”; e, por último, o Ministério de louvor, do qual fazem parte dois grupos existentes na igreja: o oficial e o dos adolescentes.

Em 2002 foi criado um planejamento estratégico para a Igreja que tinha como visão: “tornar-se até 2007, uma Igreja unida, comprometida com o ensino da Palavra e com a adoração, e devidamente equipada para servir e conduzir pessoas a Cristo”. A meta era, até o 2007, ter trezentos membros e o novo templo construído. Porém, não ocorreu como o previsto.

Esse planejamento estratégico foi criado através de uma estrutura de departamentos que foram denominados focos. A princípio, havia dez, mas, atualmente, em funcionamento existem: o de ensino (que tem como função cuidar da parte da Escola Dominical da igreja); o de marketing (que organiza a publicidade das programações existentes na comunidade, como também de alguns eventos do calendário anual desta); e o de administração (responsável pela ordenação da parte de patrimônio e membresia da IPJA).

Todavia, quando foi criado o planejamento estratégico da IPJA, existiam mais sete: o de adoração; o de evangelismo; o da compra do terreno (para construção de um novo templo para a Igreja); o de construção; o de ação social; o de comunhão; e o de capacitação de líderes.

Destes, alguns funcionaram, a princípio, com mais ênfase do que outros. Contudo, com a rotatividade de membros (seja por motivo de mudança, seja por livre iniciativa) e falta de ação dos líderes escolhidos para coordenação das atividades propostas para o seu Foco, ocorreu que estes foram morrendo por inanição.

Inicialmente, os focos do planejamento estratégico foram criados com a seguinte estruturação hierárquica: cada um tinha um líder que era denominado de LP (líder do projeto) e estes poderiam escolher, sob a aprovação prévia do Conselho da Igreja, três PA’s (pessoas de apoio). Assim estaria formado cada foco, onde cada líder recebia uma lista prévia de objetivos, os quais teriam que ser atingidos. Estes (o LP e os PA’s) tinham uma certa autonomia para que juntos pudessem pensar sobre a escolha mais satisfatória das alternativas no alcance dos resultados almejados. Além disso, existiam dois supervisores que tinham o papel de acompanhamento do funcionamento dos Focos. Sendo estes: o Pastor e a então tesoureira da Igreja (que tinha formação em administração).

Conforme já explanado, a congregação quando se torna igreja, necessita ter os seus representantes. E, desse modo, os diáconos, oficiais da igreja, foram escolhidos por esta. Já passaram pela IPJA um total de treze diáconos. Entretanto, destes, seis fazem parte da Junta Diaconal da IPJA atualmente – sendo cinco exercendo mandatos e um como emérito22. De acordo com o Manual Presbiteriano em seu artigo 54 o diácono ao ser eleito e aprovado pelo Conselho da Igreja local, tem o tempo de seu mandato igual a cinco anos.

De acordo com, o que se encontra no capítulo que trata da IPB os diáconos têm, entre outras funções um certo zelo com os necessitados da comunidade cristã reformada local. No caso específico da IPJA, este ofício tem uma abrangência maior, como:

1. A recepção aos membros, congregados e visitantes da Igreja nos cultos solenes (existe