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Características do agente e relacionamentos

5. Um ‘conjunto vazio’ – Configuraria uma situação em que as três dimensões se

3.1 Breve histórico do protestantismo no Brasil

O primeiro momento do protestantismo no Brasil ocorreu com a chegada dos franceses através da expedição do comandante Nicolas Durand de Villegaignon na baía de Guanabara no ano de 1555. Como inicialmente ele foi um homem simpático à Reforma, escreveu a João Calvino solicitando uma expedição com pastores e colonos evangélicos para sua colônia. Sendo assim, uma segunda expedição chega ao Brasil em 1557, trazendo um grupo pequeno

de huguenotes liderados pelos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (MENDONÇA, 2005; MATOS, 2007).

O primeiro culto protestante da história do Brasil e das Américas acontece no dia 10 de março de 1557. Porém, por divergências em relação aos sacramentos e outras questões, tal grupo acaba sendo expulso do Brasil por Villegaignon, resultando, com isto, numa frustração na primeira tentativa de se estabelecer uma igreja e um trabalho missionário protestante na América Latina.

Posteriormente, o protestantismo volta a se estabelecer, também por um curto período de tempo, com a invasão holandesa, no estado de Pernambuco, entre os anos de 1624 e 1625. A sua mensagem evangelística é propagada principalmente entre os índios. No entanto, nessa nova tentativa, não existiu uma boa receptividade do povo aqui residente. Novamente, os protestantes voltam a ser expulsos do território brasileiro no dia 27 de janeiro de 1654, na famosa Restauração Pernambucana.

Desse modo, este primeiro momento é considerado como protestantismo de imigração. Como visto, de forma breve, este período não teve muito resultado, no que tange à propagação da fé protestante.

Após esta primeira conjuntura, começa a existir no país o que se denomina protestantismo de missão. Contudo, é importante destacar que não se quer dizer que o primeiro tipo – o protestantismo de imigração – deixe de existir no país. Mas, sim, que tanto um como outro passam a se fazer presentes no território brasileiro. É bem verdade, com ideais diferentes. Ou melhor, o de imigração, como o próprio nome já está dizendo, com o objetivo de ter uma nova moradia, seja por perseguições religiosas sofridas por estes povos, em seus países de origem, ou ainda, por estarem à procura de um lugar com condições de propiciar uma melhor qualidade de vida. Já o de missão tinha como intenção o evangelismo da fé cristã reformada de novas pessoas, ou seja, a conversão da população brasileira para o protestantismo.

Para melhor entendermos a história do protestantismo no Brasil, Mendonça (2005) propõe uma periodização que vai desde a implantação do protestantismo, propriamente dito, até a revolução neopentecostal e o fortalecimento do denominacionalismo. E é disto que iremos tratar nos próximos tópicos.

O primeiro momento é denominado de período da implementação e vai de 1824 a 1916. Como dito anteriormente, existiam dois tipos de grupos distintos de protestantes: o de imigração e o de missão.

O primeiro tipo é favorecido com um decreto do príncipe-regente, Dom João, no ano de sua chegada – novembro de 1808 – concedendo amplos privilégios aos imigrantes de qualquer nacionalidade ou religião. No ano de 1810, mais precisamente no mês de fevereiro, Portugal assina, juntamente com a Inglaterra, tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação. Desse modo, concede, em seu artigo 12, aos estrangeiros “perfeita liberdade de consciência” para a prática da sua fé (MATOS, 2008).

Porém era uma tolerância limitada pois existia uma série de restrições, entre elas a proibição das igrejas protestantes de terem a sua fachada exterior com aspectos de templos como também de utilizarem sinos. Uma conseqüência significativa da imigração protestante foi o fato delas ajudarem a gerar as condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no Brasil.

“Até o final do século XIX todas as denominações protestantes tradicionais ou históricas estavam estabelecidas no Brasil, sendo a última a Igreja Protestante Episcopal, mais adiante conhecida simplesmente por Igreja Episcopal” (MENDONÇA, 2005, p. 6). Estes, conhecidos como protestantes de missão ou conversão, englobam os: congregacionais, presbiterianos, metodistas e batistas; ainda somados aos anglicanos episcopais11. Excluindo os congregacionais, procedentes da missão de um escocês, todos os demais protestantes de missão originaram-se do protestantismo norte-americano.

Esse período também foi marcado pela separação da igreja e do estado brasileiro ocorrida através de um decreto no ano de 1890, e confirmado na primeira constituição republicana do país no ano seguinte. A partir de então, a Igreja Católica passa a ser colocada em pé de igualdade com todos os outros grupos religiosos, o que favorece a expansão do protestantismo no Brasil.

Todavia, houve reações pela Igreja Católica, ampliando a sua influência na sociedade e, conseqüentemente, no Estado. Ainda, como resposta, a mesma fortaleceu a sua estrutura interna (com a criação de novos seminários, por exemplo) e incentivou a vinda de inúmeras autoridades religiosas católicas para o Brasil (capuchinhos, beneditinos, carmelitas, franciscanos).

Mas, apesar disso, neste período, os protestantes cresceram numericamente, sendo os presbiterianos os que mais avançaram até os vinte anos subseqüentes à proclamação da República. Estes ganharam espaço também na atividade educacional em que investiram

11 Como já mencionado, Mendonça (2005) não concorda com a denominação dos anglicanos episcopais como

sendo denominados como cristãos protestantes. Pois, ao seu ver (e também ao nosso) eles estariam numa intermediação entre os católicos e protestantes históricos. Sendo assim, eles só podem ser denominados como cristãos.

bastante, o que causou, entretanto, dificuldades no interior das próprias igrejas. Após este período, começaram a perder para os batistas na ampliação missionária.

Entre os obstáculos ocorridos nessa fase, está a questão do primeiro cisma dos protestantes brasileiros no ano de 1903 dando origem à Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. Nesse episódio, o sentimento nacionalista foi camuflado pelos desencontros com a maçonaria.

O segundo momento, que vai do ano de 1916 a 1952, é intitulado por Mendonça (2005) como projeto de cooperação e unionismo. Os pontos que marcaram essa época foram: 1. A tentativa frustrada – em 1916 – através do Congresso da Obra Cristã na América

Latina, ou mais conhecido como Congresso do Panamá (por ter sido realizado no país de mesmo nome), de efetuar missões em países de colonização católica como o Brasil e todos os países latino-americanos. Tal postura ia de encontro à Conferência Missionária de Edimburgo (realizado na Escócia no ano de 1910) que firmou o princípio de que as missões só deveriam ter como objetivo o mundo não cristão. Porém “a pauta do Congresso, toda preparada nos Estados Unidos, praticamente manteve a política de Edimburgo ao decidir pela prudência em relação à Igreja Católica” (MENDONÇA, 2005, p. 10);