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3. Um projeto social na área educacional denominado como Igreja Solidária 24 (um cursinho para pré-vestibular e para concursos de nível médio que atinge jovens e adultos

7.1 Delineamento da pesquisa

Cada pesquisa tem o seu próprio delineamento determinado pelo objeto de estudo, pela dificuldade na obtenção de dados, pelo nível de precisão exigido e pelas próprias limitações do pesquisador (GIL, 1997). O planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla é o que se refere ao delineamento da mesma.

Estabelecer preliminarmente o direcionamento que se quer dar à pesquisa tem supra importância para a metodologia utilizada no seu desenvolvimento da mesma. De acordo com

Carr e Kemmis (1986 apud Merrian, 1998), há três formas ou orientações distintas de pesquisa: a positivista, a interpretativista e a crítica.

A primeira é quando existe um sistema ou objeto a ser estudado, podendo ser este quantificável, atuante em realidade estável, observável e mensurável. Ou seja, para que este tipo de estudo ocorra é necessário que o objeto seja tangível ou que seja numericamente ordenável.

Já a interpretativista aborda um processo ou experiência vivida, buscando entender o significado do processo ou experiência utilizando a indução, uma vez que muitas realidades são concebidas socialmente pelos indivíduos. Por fim, a orientação crítica tem como objeto de análise a instituição social, a crítica ideológica ao poder, o privilégio e a opressão.

Ainda de acordo com Collis e Hussey (2005) existem dois tipos de paradigmas, ou orientações de pesquisa: positivista ou quantitativa; e fenomenológico ou também denominada de qualitativo. A primeira, por lidar com fatos e pela natureza de produzir dados quantificáveis, tem a necessidade de utilizar grandes amostras, e zelar pela confiabilidade e generalização da amostra populacional. Tal método é muito utilizado nas pesquisas ocorridas nas ciências naturais (APPOLINÁRIO, 2006).

O paradigma fenomenológico, ao contrário do anterior, tem a tendência de produzir dados qualitativos, utilizando pequenas amostras. Segundo Appolinário (2006), estas lidariam com os fenômenos, que são típicos das ciências sociais.

De acordo com Merriam (1998), as indagações sobre processo (como ou por que algo acontece), bem como questões de entendimento (o que aconteceu, o que significou para os envolvidos na situação), juntas conduzem à pesquisa qualitativa.

Tendo em vista a abordagem que foi dada ao problema de pesquisa, qualifica-se o presente estudo de caráter predominantemente qualitativo. Visto que, além de possuir as

características acima mencionadas, procura o entendimento acerca das propriedades estruturais e dispositivos de coordenação da IPJA.

A perspectiva qualitativa adotada neste trabalho acadêmico fundamenta-se na medida em que se está estudando um nível de realidade que dificilmente pode ser quantificado — a análise de uma configuração organizacional-administrativa à luz de um modelo — e que procura responder a questões muito particulares, específicas de um determinado contexto.

Procura ainda a identificação e descrição da natureza dos agentes multidimensionais- reflexivos e as interações internas da IPJA, partindo da perspectiva dos participantes da entidade cristã reformada: líderes diversos e membros antigos. Como também na descrição do relacionamento da igreja com o seu ambiente externo; e, por fim, analisar e comentar

aproximações e/ou distanciamentos da organização estudada (tipo real) em relação aos tipos e subtipos definidos pelo modelo de análise de Alves.

Para isto, tem-se a necessidade da utilização de um enfoque bastante subjetivo dos dados. Neste caso, existe o proveito, como é sabido, do pesquisador ser um integrante da

igreja, não apenas como membro, mas também como um líder da mesma, facilitando, assim, a análise dos dados do objeto de estudo.

Em se tratando de sua finalidade, ela pode ser classificada como pesquisa básica,

estando ligada ao incremento do conhecimento científico, ou seja, o construtor teórico relacionado ao Modelo Multidimensional-Reflexivo de Alves (2003).

Somando as duas classificações metodológicas dadas anteriormente a esta pesquisa (qualitativo e básico), ela ainda pode ser considerada como analítica, tendo em vista que a

mesma apresenta características de determinada população ou de determinado fenômeno, sendo permitido estabelecimento de correlações entre variáveis componentes de um modelo de análise organizacional.

Ao descrever e analisar a configuração organizacional da IPJA, esta pesquisa assume o caráter analítico-descritivo. Segundo Triviños (1987), a pesquisa descritiva é uma

característica fundamental da pesquisa qualitativa, já que o pesquisador busca descrever a realidade estudada:

E como as descrições dos fenômenos estão impregnadas dos significados que o ambiente lhes outorga, e como aquelas são produto de uma visão subjetiva, rejeita toda expressão quantitativa, numérica, toda medida. Desta maneira, a interpretação dos resultados surge como a totalidade de uma especulação que tem como base a percepção de um fenômeno num contexto. Por isso, não é vazia, mas coerente, lógica e consistente. Assim, os resultados são expressos, por exemplo, em retratos (ou descrições), em narrativas [...] (p. 128).

Uma vez que a pesquisa utilizou um modelo teórico com base em uma realidade concreta e, logo, obrigatoriamente exigiu deste pesquisador uma prática de reflexão, justifica- se, portanto, sua perspectiva analítica.

A pesquisa, também, apresenta características que permitem classificá-la como descritiva. E isto é resultado da abordagem interpretativista, empírica, de uma realidade socialmente construída por todos aqueles que participam da Igreja Presbiteriana de Jardim Atlântico, sejam líderes, membros e/ou congregados, o que viabiliza uma análise organizacional.

Para Appolinário (2006), a pesquisa descritiva busca transportar uma realidade, sem nela interferir, devendo o pesquisador descrever aquilo que encontrou. Corroborando tal fundamentação metodológica, Gil (1997) argumenta que a pesquisa descritiva é aplicada para proporcionar uma descrição das características de determinado fenômeno ou população, tendo em vista descobrir a existência de associações entre variáveis.

Para Collis e Hussey (2005) a pesquisa pode ser considerada como descritiva quando ela capta informações sobre determinado problema ou questão. Desse modo, esta pesquisa pode, ainda, ser caracterizada como sendo descritiva pelo fato de o referido modelo ter como objetivo explicar a estrutura de uma instituição no que tange aos seus aspectos organizacionais-administrativos. E não prescrever um tipo ideal de solução para qualquer que seja o contexto institucional.

Assim sendo, este referido estudo pode também ser considerado como exploratório, visto que não existem trabalhos acadêmicos abordando o modelo proposto no referido quadro institucional.

Desse modo, os métodos analíticos e descritivos apresentam-se como salutares para expressar as descobertas acerca das características estruturais, dos dispositivos de coordenação utilizados e das características dos agentes e relacionamentos internos, por meio de variáveis que apontam a presença de componentes vinculados às normas estabelecidas, à tradição preservada, e ao exercício da liderança nas organizações.

Quanto aos meios, esta pesquisa classifica-se como pesquisa de campo, pois

localizará, no contexto a ser observado, componentes que permitirão a análise das questões que são balizadoras para a compreensão do modelo.

Assim, o desenvolvimento de um estudo utilizando o modelo multidimensional- reflexivo de Alves poderá proporcionar uma amplitude do alcance deste nos entes organizacionais existentes. Como também ajudará a aprofundar reflexões acerca das suas variáveis constituintes, aplicadas a uma situação concreta: uma igreja reformada cristã nacional, de denominação presbiteriana.

Exposto o delineamento da metodologia, apresenta-se a estratégia metodológica utilizada para a realização dessa pesquisa.