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JMN JPEF

Etapa 1 Texto Original

8 Análise da Configuração Organizacional Administrativa da IPJA à luz do Modelo analítico

8.4 Caracterização do agente organizacional e relacionamentos internos

8.4.1 Orientação que determina ações do agente

Falar o que leva a maioria dos membros, se não todos, a trabalharem voluntariamente na IPJA não é algo difícil. Pois, quase todos disseram que a motivação maior estaria pelo fato de querer fazer a vontade de Deus. Dizendo em outras palavras, as respostas dos depoentes, a respeito deste questionamento, estariam embasadas pela: “Defesa de fé”, “o Ide de Deus”, “questões puramente religiosas”, “chamado espiritual de Deus”, entre outros.

Entretanto, alguns acrescentaram às suas justificativas, para os seus serviços espontâneos na igreja, argumentos como: “identificação com a igreja”, “amor a cada trabalho desempenhado” e “retribuição por aquilo que Deus dá gratuitamente a nós”. Seguem alguns depoimentos que podem representar essa percepção:

“Eu poderia resumir como chamado de Deus. Eu entendo que fui chamado por Deus para estar exercendo a função que eu exerço na igreja e também gosto da comunidade presbiteriana, da Igreja Presbiteriana de Jardim Atlântico. Mas basicamente a razão é o chamado de Deus!” (“P”).

“Primeiro pelo chamado espiritual que eu recebi do Senhor para esse trabalho. E em segundo até pelo amor a cada trabalho designado que eu tenho” (“N”).

“Eu sou voluntária porque eu acredito que a gente pode dar sempre mais do que dá em prol daqueles com quem a gente convive, não é!? Eu acho que a gente recebe tanta coisa de Deus que a gente deve passar, não é, de graça sem querer nada em troca. Porque a gente recebeu da mesma forma, não é!? Não é favor que você está fazendo, você está retribuindo um pouco de tudo aquilo que você recebeu de Deus” (“L”).

“Que acima do convívio com as pessoas. Acima dessa convivência desses relacionamentos que iam sendo criados, existiam [...] essa viva consciência na mente [...] que estamos trabalhando para obra de Deus, não é, para o reino de Deus.” (“M”).

Por ser um tipo de organização na qual quase a totalidade das pessoas que lá exercem algum tipo de trabalho são voluntárias, percebe-se que o caráter utilitário praticamente inexiste em uma organização religiosa. Dizendo de outro modo, a orientação por sentimentos é algo praticamente presente em cem por cento dos casos. Dessa forma, os mesmos sentem-se

vocacionados48 por Deus para a realização de serviços dentro da Igreja. Mesmo aqueles que são remunerados financeiramente para realizarem as suas funções na IPJA, como o pastor da igreja, dizem que lá estão com a finalidade de fazer a vontade de Deus, por entender que foi Ele que o colocou na Igreja. Para o Pastor o objetivo maior para ser colocado por Deus na mesma foi fazer com que ela pudesse vir a crescer, como é sintetizado no depoimento abaixo:

“Primeiro é uma convicção pessoal de que Deus me colocou para trabalhar com esta comunidade. Então, como pastor, a nossa maior intenção é ver o crescimento da comunidade, não é!? E em termo de ministério mesmo, a gente quer vê uma igreja crescendo, uma igreja estruturada, os crentes maduros, como a palavra de Deus coloca à semelhança de Jesus Cristo” (entrevista oral realizada em janeiro de 2008).

Quando foi perguntado aos entrevistados se havia razões para os desmotivarem na realização de suas tarefas na IPJA, alguns falaram que não, pelo fato de que não faziam para ‘homens’ e sim apenas para ‘Deus’. Já outros disseram que o que mais os angustiava era não conseguir a participação de todos nos eventos programados com tanta dedicação. Alguns depoimentos falaram de fatores percebidos como desmotivantes na igreja como: ‘falta de unidade’, ‘burocracia’, ‘obstrução do Conselho’, ‘cansaço físico’, ‘demora para o Conselho dar as respostas’, ‘regras da IPB’, ‘comentários das pessoas’. Os relatos, a seguir, podem ilustrar tal descrição:

“Não!” (“N”).

“Não tem nenhuma direta, não!” (“A”).

“Não, é sim um prazer servir em uma causa do reino dos Céus” (“D”). “Demora de respostas às vezes, assim, pois até mesmo o Presidente do Conselho não toma decisões sozinho, ele leva para o Conselho. Geralmente as reuniões do Conselho demoram a acontecer e então você fica esperando” (“G”).

“O que mais me angustia é quando a gente não consegue a participação de todos” (“L”).

“Razões para desestímulo eu acho que em toda atividade que a gente exerce existe, não é!? E na igreja não é diferente. Principalmente quando as pessoas parecem não andar com a mesma unidade, não é!? No mesmo caminho, parece não andar juntas. Isso desestimula bastante!” (“P”).

48 “Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis.” Romanos 11.29; “Por isso, irmãos, procurai, com

“Agora você fica triste quando você vê um comentário de pessoas que não ajudaram, não trabalharam, não se esforçaram nada, pelo contrário até foram pontos negativos. Você se sente um pouquinho triste, mas Deus lhe conforta” (“H”).

“É a questão do cansaço físico, não é!? É que a gente tem trabalho, tem família, é a única coisa que me desistimula, porque se é algo para realizar dentro da igreja, eu me desdobro o máximo para fazer acontecer, estar ali presente” (“F”).

“[...] essas regras, não é!? Esse código da igreja, esse legalismo, infelizmente cansa” (“M”).

“A burocracia! Eu acho que esse foi o fator que gerou todos os outros fatores. Porque a partir do momento que você apresenta um orçamento, por exemplo, para agilizar um processo e não há retorno, e demora, e o pessoal pede mais informações para uma coisa que está bem clara [...] Isso termina gerando outros problemas, como: desestimulação do grupo que você trabalha porque não chega a tempo as coisas que você precisa. E aí tinha eventos acontecendo de ultima hora” (“O”).

“Às vezes tem alguma programação que a SAF está querendo fazer, alguma atividade nova e aí, quando chegamos ao Conselho para expor a nova idéia de alguma coisa que estamos querendo executar, o Conselho, às vezes, é intransigente e não acata essa nova idéia e esbarramos nessa, digamos assim, nessa força maior de não liberar aquilo que nós queremos.” (“E”).

Pelas considerações aqui expostas, percebeu-se que a natureza dos fatores que orientam os agentes entrevistados, para a ação, demanda recompensas que têm mais caráter subjetivo do que normativo e utilitário. Vê-se, então, os agentes organizacionais da IPJA corrobora Alves (2003) segundo o qual, o AMR é um indivíduo que é movido mais por sentimentos afetivos, todavia também é orientado pela tradição e pouco pela racionalidade em relação a fins.