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JMN JPEF

Etapa 1 Texto Original

8 Análise da Configuração Organizacional Administrativa da IPJA à luz do Modelo analítico

8.1 Características estruturais e dispositivos de coordenação

8.1.5 Processos Organizacionais

8.1.5.2 Processo de Mudança

8.1.5.2.1 Mudanças ocorridas na IPJA

Na narrativa da trajetória histórica da IPJA feita no capítulo 6, a mesma passou por modificações em alguns dos seus aspectos nestes seus aproximados 23 anos de existência (somando o tempo em que era ponto de pregação com o de igreja formada). De encontros nas casas de ‘irmãos’ em Cristo passou a ter uma sede própria, e, posteriormente, existiu uma ampliação desta35. Atualmente, com a aquisição de dois terrenos ao lado da igreja, há uma expectativa para que em um futuro breve se inicie a construção de um novo templo, a ampliação de suas dependências, além da edificação de um espaço com o objetivo de criar um novo projeto de assistência social voltado a crianças e adolescentes carentes de uma comunidade próxima à IPJA.

Houve também inovação na estrutura organizacional administrativa da referida entidade religiosa com a implantação do seu planejamento estratégico que foi estruturado em dez diferentes focos, como já explicado no capítulo que trata da história desta igreja local. Posteriormente, foi se juntando a esses outros entes organizacionais denominados como ministérios e projetos. O depoimento do Pastor da IPJA, a seguir, resume bem isto:

“[...] nós tivemos um grande avanço na área de ensino da Igreja, tivemos um grande avanço na área administrativa-organizacional da Igreja, tivemos um grande avanço, esse pelo menos no início que foi na área de preparação de liderança, com capacitação. Tivemos também um aspecto importante na área de adoração, muitos ministérios surgiram, inclusive pessoas na área de música” (Entrevista oral realizada em janeiro de 2008).

Ademais, existiu uma renovação de membros e oficiais na igreja (com saídas de presbíteros, diáconos e do pastor auxiliar, e a eleições de novos) e a vizinhança passou a conhecer mais e melhor a IPJA pelos seus trabalhos evangelísticos e sociais (como o Projeto Igreja Solidária). Outro fator que facilitou esse conhecimento da Igreja, pela comunidade do bairro, foi a fixação de uma placa indicativa, na avenida principal e entrada da rua onde a mesma está localizada.

Todavia, tais mudanças não significam dizer que foram aceitas totalmente e que conseguiram mudar a Igreja de forma condizente. Percebeu-se, inclusive, que o planejamento estratégico, por exemplo, não teve o resultado esperado, pois o mesmo encontra-se quase sem funcionar, e, praticamente, apenas o Foco de Ensino funciona de forma satisfatória e o Foco Administrativo continua a evoluir.

“[...] hoje nós estamos com essa parte administrativa que continua evoluindo, mas tivemos em todos eles um avanço maior e, o que continua funcionando, é o foco de ensino. Dentro desse aspecto de Foco seria este que está funcionando de fato” (Pastor da IPJA, entrevista oral realizada em janeiro de 2008).

Além disso, após o falecimento da administradora – que idealizou, juntamente com o pastor, e implementou o Planejamento Estratégico – não existe mais o acompanhamento necessário para o funcionamento pleno dele. O que ocasionou, desse modo, um prejuízo para, principalmente, a revisão necessária do mesmo. Entretanto, o principal agente organizacional da igreja – o pastor – pretende dar prosseguimento a este e, para isso, pretende convidar alguém que possa dar contribuição e ajuda necessária.

“(a morte da idealizadora do planejamento estratégico36) [...] prejudicou, deu uma parada, inclusive foi numa época em que a gente estava precisando refazer o nosso planejamento estratégico. Mas, como eu entendo que essa pessoa foi importante e que a gente não quer parar no caminho, tem muita coisa que a gente apreendeu, e que vai tentar colocar em prática, mas pretendemos também buscar uma outra pessoa para nos ajudar e nos auxiliar nesse processo” (Pastor da IPJA, entrevista oral realizada em janeiro de 2008).

Outro ponto importante é a questão da saída de pessoas que davam preciosas contribuições em algumas áreas ‘chaves’ da Igreja. E, desse modo, alguns desses espaços vazios ainda não foram preenchidos e outros não foram ocupados por indivíduos tão

habilidosos (ou melhor, com os mesmos talentos e dons) quanto os que anteriormente desempenhavam tais funções.

Quando se perguntou aos entrevistados se eles percebiam mudanças ocorridas na estrutura organizacional-administrativa da IPJA, muitos responderam que poderiam citar o caso do planejamento estratégico ocorrido no ano 2002; já outros falaram a respeito da implantação do ministério de dança e coreografia como algo inovador e mudancista e até mesmo que ia de encontro até à própria diretriz do que a IPB proibia no momento litúrgico do culto; outros perceberam mudanças visíveis impulsionadas pelos focos; alguns mais antigos perceberam a organização do Conselho e a Diaconia da Igreja (inexistentes quando a mesma era Congregação da IPO), além da formação da tesouraria e da secretaria. Os depoimentos, a seguir, descrevem bem o que foi dito:

“Eu vi uma mudança na estrutura organizacional-administrativa quando foi implantado o planejamento estratégico na Igreja. Ele fluiu, no primeiro momento, com a visão, missão da Igreja, só que os objetivos e metas não foram alcançadas como foram propostos no começo. Algumas coisas foram extintas, alguns focos pensados no começo também foram extintos, e com isso, a visão e missão ficaram comprometidas. (“G”).

“Com relação até mesmo à tesouraria, ela não estava tão organizada como está hoje, hoje a gente tem um planejamento estratégico, mesmo que a gente hoje não fale tanto nele. Mas isso nos ajudou, alguns focos começaram com esse planejamento e até hoje eles têm surtido efeitos” (“J”).

“A mudança mais significativa na estrutura organizacional desta Igreja foi quando a gente implantou o planejamento estratégico, não é!? Foi uma mudança significativa? Foi. É o que eu percebo” (“L”).

“Eu destaco que houve, realmente, várias mudanças. Uma delas foi o grupo de coreografia que passou a surgir dentro da Igreja e como não era aceito até pela Igreja Presbiteriana do Brasil, foi aceita só no local, na Igreja local. Essa mudança teve um impacto muito grande, muitas pessoas não aceitaram. Mas a partir do momento que viram, assim, um diferencial e que não era exatamente aquilo que imaginavam, passou a ser aceita de tal forma que hoje já temos três grupos de danças. [...] Foi colocada uma secretária na Igreja e organizado o patrimônio da Igreja, em questão de inventário [...] foi documentado o que existe dentro da Igreja, o que antes, realmente, não havia sido feito.” (“M”).

“Tivemos mudanças assim muito intensas no Departamento de Educação da Igreja. Eu acho que o Departamento de Educação da Igreja cristã hoje ela está mais centralizada, está mais centrada no que está fazendo. Antes eu achava muito dispersa. Eu achava que não se tinha o controle. Hoje, não, eu acho que já existe um direcionamento do que tem que ser feito. E acho que as pessoas estão mais compromissadas” (“H”).

“Algumas mudanças existem, mas elas são feitas paulatinamente, não existe assim um aceleramento, elas são feitas muito devagar [...] Tem evoluído muito pouco, mas de qualquer maneira não existia antes Diaconia formada, hoje existe; também não havia o Conselho e hoje já existe” (“E”).

“[...] e também em relação aos ministérios que surgiram, o ministério de louvor abrindo espaço para a dança o que foi muito importante para a Igreja porque agora a gente tem três ministérios de danças na Igreja. Quer dizer, três grupos de danças fazendo parte do mesmo ministério, não é!? Um grupo de crianças, um grupo de adolescentes, um grupo de jovens e adultos. E isso foi uma coisa de grandessíssima importância” (“N”).

“E a gente percebeu que houve uma grande empolgação dos líderes, dos professores da Escola Dominical, dentro desse planejamento estratégico. A questão de planejamento das aulas da Escola Bíblica Dominical e houve uma empolgação muito grande, o pessoal se empolgou, se organizou, mas eu senti que houve uma dificuldade na realização, em permanecer com este trabalho” (“F”).

Pelo fato das mudanças ocorridas na IPJA não terem surtido os efeitos esperados, criando uma expectativa que não foi satisfeita, alguns dos depoentes percebem que os membros, de forma geral, da comunidade cristã local se sentiram um pouco frustrados por causa disso, e que a estrutura administrativa organizacional poderia ter sido bem mais aperfeiçoada. Alguns deles registram:

“Agora, depois desse período o que eu percebi foi um nível de desmotivação muito grande dos membros por eles perceberem que toda aquela organização constava em uma estrutura de papel e não em uma prática” (“I”).

“[...] alguma coisa ainda falta aperfeiçoar nessas mudanças, é preciso que haja mais para que a Igreja caminhe com mais fluidez” (“E”).

“Veja só, questionários já foram feitos, vários na Igreja, o que falta é (se fizer de novo) colocá-los em prática. Porque não adianta se fazer questionários, eu tenho que tratar as informações que vêm do questionário” (“G”).

“Pelo fato dela (a Igreja) ter vinte e dois anos, ela poderia ter evoluído muito mais, não é!? Ter estrutura muito melhor hoje de sua organização- administrativa” (“L”).

A transcrição da fala de um dos entrevistados, logo abaixo, resume bem o que a referida entidade religiosa, de fato, precisa fazer atualmente para voltar a ter um ‘rumo’ no que tange à sua estrutura organizacional administrativa. Não necessitará, na verdade, de nenhuma ‘receita mirabolante’, e sim verificar o que a igreja pode realizar de forma simples, mas eficaz.

“Precisa reformular o que quer, porque a gente está tendo algo que não é nem planejamento estratégico, nem é algo tradicional, então precisa redirecionar isso. O que é que eu quero mesmo da Igreja? O que é que eu pretendo com a IPJA? Conhecendo a minha membresia não adianta eu fazer algo que vá além da realidade da igreja! Tem que ter algo prático, não utópico que, às vezes, parece que é algo por ser igreja, e por ser algo relacionado à fé, parece ser algo utópico. Mas, a gente pode, mesmo se tratando de igreja, fazer uma radiografia, não é? Qual é a necessidade da minha igreja? O que as pessoas realmente precisam? Como é que a gente pode fazer melhor? E com base nisso, até projetar, se planejar algo maior, mas dentro da realidade” (“G”).

Porém na realização da pesquisa participante foram observados alguns outros aspectos de mudança ocorridas na IPJA, do início de 2007 ate o presente momento. O espaço físico passou por alguns pequenos reparos, dois terrenos ao lado da igreja estão em finalização de aquisição e o seu principal agente organizacional (o pastor) começou a movimentar a igreja com o propósito de iniciar uma campanha de construção de um novo templo.

Houve, ainda, uma resolução do Conselho determinando um horário fixo para a presença do Pastor na igreja. Como principal líder da organização, ele começa a proferir mensagens bíblicas visando a que os membros e congregados da IPJA percebam a necessidade de servirem na igreja através dos seus dons e talentos disponibilizados por Deus, e, assim, por amor ao evangelho, fazerem com que a mesma cresça quantitativa e qualitativamente.

Por fim, a IPJA, como já foi um pouco explicado, teve algumas perdas de pessoas importantes em sua estrutura organizacional-administrativa, dentre elas: o co-pastor (como dito anteriormente)37; a tesoureira da igreja38 (esposa do presbítero e então secretário do Conselho); a líder do foco de marketing da igreja (que casou, no mês de outubro, com um pastor de outra denominação da cidade de Carpina). Além disso, algumas pessoas saíram da igreja (algumas, inclusive, que estavam nela desde a sua inauguração) para acompanhar o seu antigo pastor auxiliar em seu novo ministério.

37 O co-pastor, no início do mês de novembro de 2007 é convidado pelo arcebispo da Igreja Episcopal

Carismática, para fazer parte do seu quadro eclesiástico, o qual sentiu a necessidade de ter um trabalho na cidade de Olinda, mas precisamente no bairro de Casa Caiada – vizinho ao bairro de Jardim Atlântico -, após o fechamento da “missão” (como assim é chamada uma congregação na igreja Episcopal) que lá existia. O primeiro, aceitando, inicia o trabalho missionário no inicio do mês de dezembro de 2007.

38 A jovem de trinta anos faleceu subitamente, seis dias depois do seu aniversário, em 13 de julho de 2007, na

hora em que estava se apresentando, juntamente com outras moças, no grupo de coreografia Shekinah (da IPJA) na igreja Presbiteriana de Rio Doce. Apesar de ser socorrida, às pressas, não houve jeito. A biópsia é realizada, porém nada acusa como sendo motivo da morte. Ela deixa viúvo o presbítero, de trinta e três anos, e um filho de seis meses de idade.