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Características do agente e relacionamentos

3. Algo importante, que também ocorreu nesse período, foi a questão da autonomia

4.2 Aspectos fundamentais da estrutura da Igreja Presbiteriana

A Doutrina da Igreja Presbiteriana do Brasil é baseada em alguns princípios bíblicos como: a Santíssima Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo); a autoridade encontrada apenas no ensino da Palavra de Deus (suficiência e infalibilidade das escrituras sagradas); a necessidade e a indispensabilidade da Bíblia porque se crê que somente através dela vem “aquele conhecimento de Deus e de sua vontade necessário para a salvação” (Confissão de Fé de Westminster I.1); a crença da inerrância e clareza das Sagradas Escrituras; a teocentridade (Deus como centro do universo) fundamentada na glória do Pai (“O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”12) e na salvação triúna.

Existem, ainda, alguns outros pontos aceitos pelo presbiterianismo e considerados

polêmicos para boa parte das denominações evangélicas, como: a depravação total (para eles

o homem em seu estado natural está morto em suas faltas e pecados); a eleição incondicional dos homens (Deus Pai, antes da fundação do mundo, já escolheu aqueles que seriam salvos); o sacrifício limitado de Jesus (ele morreu apenas por alguns que foram agraciados por Deus para serem ‘salvos’); a graça irresistível (neste caso, o Espírito Santo, soberanamente e efetivamente, aplica a salvação aos eleitos); e na perseverança dos santos (aqueles que verdadeiramente são salvos nunca se perderão) (SPENCER, 2000; WESTMINSTER, 2005).

Atualmente, a Igreja Presbiteriana do Brasil é considerada uma das mais organizadas entidades religiosas evangélicas de orientação reformada existente no país. Isto, tanto em se tratando de sua forma de governo, como também na questão doutrinária. Corroborando com os pontos doutrinários mencionados acima, Robberts (2003, p. 20), autor do livro o Sistema Presbiteriano, enumera e contrapõe os cinco pontos peculiares do calvinismo (referentes à salvação), e também do presbiterianismo, que os distingue dos demais cristãos evangélicos:

a) predestinação incondicional, oposta à predestinação condicional; b) expiação definida ou a redenção particular, oposta à expiação indefinida; c) a depravação total do gênero humano, oposta à depravação parcial; d) a graça eficaz, oposta à graça incerta; e) a perseverança final dos santos, oposta à perseverança parcial (ROBERTS, 2003, p. 20).

12 Sendo esta a resposta da primeira pergunta da Confissão de Fé de Westminster. Tendo como base bíblica,

dentre outros textos, Romanos 11.36 – Porque Dele, e por meio Dele, e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém. -; e I Coríntios 10.31 – Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.

Mas o ponto fundamental, é que a proposta central do sistema presbiteriano, ou seja, a soberania de Deus, está diretamente relacionada com cada um dos cincos pontos do calvinismo.

As doutrinas universais mencionadas antes, e todas expostas na Confissão de Fé, afirmam, com reverência e ênfase, que Deus existe; que Deus existe em Trindade, sendo um em substância; que ele é espírito onipotente, onipresente, onisciente, eterno, infinitamente santo, sábio e bom; que o universo é desenvolvimento de um plano eterno de Deus; que, havendo criado todas as coisas, Deus a todas governa; que a liberdade de vontade é dom de Deus e torna o homem moralmente responsável; que Deus permitiu o pecado, mas também determinou sua punição; que do pecado o homem é gratuitamente salvo por aquele de quem se diz: Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna; e, finalmente, que um dia todos os homens ressurgirão dos mortos e receberão no tribunal divino a sentença inapelável e final (ROBERTS, 2003, p. 21).

Afirma-se, com isso, que ao dizer que os presbiterianos são calvinistas (ou seja, seguidores das doutrinas inspiradas na Bíblia defendidas por João Calvino) entende-se, primeiramente, que os mesmos crêem em Deus acima de todas as coisas – sendo o primeiro mandamento proposto no livro de Êxodo no decorrer do seu capítulo vinte, onde a Bíblia discorre a respeito de não se ter outros deuses acima deste – e tem nas Escrituras Sagradas, entendida como sendo a palavra de Deus, a única fonte (ou regra) de fé e prática. “A teologia presbiteriana é consistente do começo ao fim. Reconhecendo a soberania divina em todas as coisas, tanto na natureza como na graça e na providência, atribui tudo quanto acontece à soberana vontade de Deus” (ROBERTS, 2003, p. 24).

A fé reformada tem uma série de características e ênfases que outorgam aos presbiterianos uma identidade bem definida. Cinco áreas são distintamente importantes:

1. As questões doutrinárias – é importante salientar que os presbiterianos crêem ser a

sua teologia a mais correta e equilibrada biblicamente. Os reformados não valorizam a

teologia pela teologia, entretanto como um instrumento para nos proporcionar um melhor conhecimento de Deus e do nosso relacionamento com ele (MATOS, 2007). Ainda acerca das questões doutrinárias, para os Reformados, o fundamento maior de sua fé não está nos documentos de Westminster, mas sim nos Escritos do Antigo e do Novo Testamento, sendo estes a única fonte de fé e prática. Ou seja, os documentos aprovados na Assembléia de Westminster não têm a mesma autoridade que a Bíblia, porém são vistos como expressão histórica do entendimento da fé cristã e, também,

como auxílio para o estudo das Escrituras (por se tratarem da Confissão de Fé e dos Catecismos).

Por fim, é importante separar e explicar as três categorias existentes nas doutrinas da fé reformada, segundo Matos (2007, site da IPB).

A fé reformada abraça três categorias de doutrinas: (a) algumas delas são aceitas por todos os cristãos, como a trindade, o caráter divino- humano de Jesus Cristo, a sua ressurreição, sua morte expiatória, a segunda vinda, etc. – essencialmente, as verdades afirmadas pelos grandes concílios da igreja antiga, nos séculos IV e V; (b) outras doutrinas são as que temos em comum com as demais igrejas protestantes ou evangélicas: as Escrituras como única regra de fé e prática, a suficiência da obra redentora de Cristo, a salvação exclusivamente pela graça mediante a fé, o sacerdócio universal dos crentes, os sacramentos do batismo e da santa ceia, etc.; (c) finalmente, existem aquelas doutrinas e práticas mais específicas dos presbiterianos, como a ênfase na absoluta soberania de Deus, a conseqüente crença na eleição ou predestinação, o batismo por “aspersão” e o batismo infantil, e a forma de governo presbiterial. 2. O Culto – segundo a doutrina calvinista reformada ele deve estar centrado única e

exclusivamente na Glória do Senhor. Atestando, assim, o reconhecimento da soberania do Senhor. Para Calvino (apud MATOS, 2007) devem ser acentuados os seguintes princípios para o culto: integridade bíblica e teológica (lex orandi, lex credendi), equilíbrio entre estrutura/forma e essência, inteligibilidade, edificação, simplicidade (sem pompa, teatralismo), flexibilidade (por ex., freqüência da Ceia do Senhor), participação congregacional (cânticos, salmos metrificados). Desse modo, o culto deveria exprimir um saudável equilíbrio entre intelecto e sentimento, mente e coração.