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JMN JPEF

Etapa 1 Texto Original

8 Análise da Configuração Organizacional Administrativa da IPJA à luz do Modelo analítico

8.1 Características estruturais e dispositivos de coordenação

8.1.5 Processos Organizacionais

8.1.5.1 Sistema de comunicação

A comunicação pode ser descrita como um processo pelo qual as pessoas transmitem umas às outras suas idéias e sentimentos de maneira que as outras percebam e compreendam (MICHENER, DeLAMANTER e MYERS, 2005). Robbins (2005) explica que dentro de um grupo ou de uma organização a comunicação pode ser vista com quatro funções essenciais: o controle, a motivação, a expressão emocional e a informação.

De acordo ainda com ADLER e TOWNE (2002), existem quatro tipos de necessidades que fazem com que o indivíduo se comunique: físicas, sociais, de identidade e de objetivos práticos. No contexto institucional religioso, percebemos que todas elas estão contempladas e até ajudam para que tais necessidades sejam satisfeitas.

Na IPJA, o processo de informação se dá muito por de via oral (por contatos pessoais e por telefone) e, dependendo do caso, por meio de documentos escritos (comunicação interna, pedidos redigidos ao Conselho, atas documentadas, cartazes).

A referida igreja local, por ser um tipo de organização relativamente pequena, acaba tendo uma vantagem no seu processo de trocas de informações. O seu meio de comunicação mais utilizado (o oral e face-a-face) é o que, de acordo com Lengel e Daft (apud ROBBINS, 2005), possui maior riqueza do canal de comunicação, sendo considerado desse modo: pela sua capacidade de manejar diferentes sinais ao mesmo tempo, pela facilidade de se ter um rápido feedeback e por ser extremamente pessoal.

Além disso, as reuniões se fazem bastante presentes para informar e obter o feedback do grupo no qual tais informações são interressadas. Além das reuniões que ocorrem entre o Conselho da Igreja, algumas sociedades, ministérios, focos e outros entes organizacionais existentes na IPJA, utilizam desse tipo de expediente.

Na igreja, também, normalmente os avisos internos referentes a programações e informações de interesse da própria comunidade são dados de forma oral nos cultos ocorridos durante a semana. Todavia, para facilitar que nenhum destes seja esquecido, existe uma equipe responsável, sob a incumbência da Junta Diaconal, para anotá-los.

“Descrevendo a comunicação entre os setores da IPJA, a Diaconia tem um papel tanto pela manhã, como à noite (domingo33) de buscar informações para passar à Igreja e informar de tudo o que está ocorrendo, através de avisos e lembretes. Isto tudo é encaminhado ao pastor, que coordena o culto, que por sua vez vai repassar para aos membros da IPJA” (“D”).

Algumas vezes os cartazes, ou os avisos no boletim da IPJA auxiliam na divulgação dos eventos promovidos pelos segmentos organizacionais internos. O que faz com que, pela redundância de informação, o mesmo seja melhor fixado na mente dos membros e congregados da Igreja.

A própria forma pela qual são dadas as aulas na Escola Dominical e as mensagens bíblicas nos cultos existentes na IPJA corrobora e ratifica a escolha do canal de comunicação mais utilizado na mesma, ou seja, o oral. Porém, algumas vezes, o pastor e os professores utilizam meios áudio-visuais de forma a apoiar e melhorar a fixação das informações transmitidas.

O uso de documentos escritos formais e oficiais é bastante utilizado quando se deseja solicitar algo ao Conselho. Estes devem constar de um requerimento anexado de um orçamento (caso seja necessário o pedido de uma quantia financeira), informando o que se pede e para que se pede. No entanto, é importante lembrar o papel do Conselheiro de

sociedades e ministérios, representado, na maioria das vezes por um presbítero ou pelo próprio pastor, os quais acabam sendo o próprio ‘canal’ de comunicação do segmento organizacional para o Conselho. Ou seja, os mesmos terminam levando – via oral mesmo – os ‘pedidos’ e informações do primeiro para o segundo sem o intermédio dos documentos escritos característicos da estrutura racional-legal.

Já a utilização da ata é algo comum para o Conselho (neste caso, utiliza a sua versão eletrônica), para a Diaconia, para a SAF e nas Assembléias Gerais da Igreja34. Além disso, na prestação de contas anual da igreja, para o Presbitério, é necessário a utilização de relatórios padronizados.

“[...] também há um processo de comunicação escrita quando há necessidade da geração de relatórios oficiais da Igreja para o Presbitério. Então, tanto há solicitação do Conselho aos setores, quanto os setores, ou as sociedades da igreja, elas respondem a isto por escrito, e esses relatórios são devidamente arquivados [...]” (“P”).

Já o uso de e-mails na IPJA ainda é tímido — apesar de a Igreja ter um e-mail próprio (o seu login é divulgado todo domingo no boletim interno da Igreja) e da maioria dos membros mais jovens possuírem acesso à internet; existe também o informativo semanal, que além de constar na liturgia do culto dominical, há espaços reservados para: os avisos da Igreja, as escalas de oficiais e recepcionistas, a programação semanal das atividades da IPJA, os aniversariantes da semana e alguns números de telefones importantes de contatos (além do da Igreja, há os telefones do Pastor, dos Presbíteros, dos Diáconos, da Tesoureira e da Secretária da Igreja).

No decorrer da coleta de dados, apesar da forma simplista pela qual é realizado o processo de comunicação, ele foi descrito como “razoável”, “bom”, “positivo”, por alguns; mas, ao mesmo tempo é visto como: “restrito” e “que deixa a desejar”, por outros. A seguir, apenas alguns relatos para ratificar a caracterização do processo de comunicação existente na IPJA até aqui explicitados:

34 De acordo com o artigo nove da Constituição da IPB, a Assembléia geral da Igreja deve se reunir

ordinariamente ao menos uma vez por ano e, extraordinariamente, convocada pelo Conselho, sempre quando for necessário. Nela, todos os membros em plena comunhão com a igreja pode participar. É de competência da assembléia: eleger pastores e oficiais da Igreja; pedir a exoneração deles ou opinar a respeito (quando solicitado pelo Conselho); aprovar os seus estatutos e deliberar quanto à sua constituição em pessoa jurídica; ouvir, para informação, os relatórios do movimento da Igreja no ano anterior, e tomar conhecimento do orçamento para o ano em curso; pronunciar-se sobre questões orçamentárias e administrativas, quando isto for solicitado pelo Conselho; na questão de aquisição ou alienação de imóveis; conferir a dignidade de pastor emérito, presbítero emérito e diácono emérito.

“Alguma coisa que existe é quando se faz um evento vai-se lá na frente e chama-se a Igreja para a Igreja participar desse evento” (“H”).

“O processo de comunicação predominante na Igreja é verbal. O processo de comunicação verbal, direto entre os setores e o Conselho e vice-versa. Embora o processo de comunicação escrita aconteça nos boletins, não é sempre periodicamente e dominicalmente [...]” (“P”).

“A comunicação é extremamente restrita, muito. Eu acho até que a maior dificuldade na Igreja é a questão da comunicação. Entre os setores e o Conselho, eu acho que é até um pouco mais complicado. Eu acho até que a pessoa mais fácil de se chegar no Conselho hoje, em matéria de diálogo, é o Pastor da Igreja que é o Presidente do Conselho” (“O”).

“O canal mais utilizado é o telefone, a comunicação oral realmente. Mas internet, outro tipo de comunicação, é muito fraca ainda [...] a comunicação são os avisos que são dados na igreja e alguns fazem cartazes ou avisam internamente, para o seu setor, de forma mais geral para a Igreja e sempre há um cuidado também, depois que a programação é realizada, de forma oral, dizer o que foi realizado e como foi realizado” (“J”).

“A comunicação entre os diversos setores da IPJA, eu creio que seja uma comunicação razoável, não é!? Eu não digo de forma excelente, que estaria no ponto ótimo, não é! Mas pelo menos existe uma comunicação tranqüila. Quando um setor, [...] uma área, um departamento, ou uma sociedade quisesse relacionar com outra era fácil, não é!? Se comunicar e tentar decidir as coisas em conjunto, não havia tantos obstáculos em relação a isso, eu creio” (“M”).

“São bons por conta até pela Comunicação por telefone e pessoalmente, pelo processo de reuniões, nós temos um bom contato, assim, uma boa relação, uma boa comunicatividade com as pessoas e não existe uma dificuldade em relação às solicitações feitas e às necessidades de cada grupo, de cada situação” (“N”).

“A comunicação [...] ela é fácil, a gente consegue chegar ao Conselho, comunicar algum evento, pedir opinião [...] eu acho que os meios de comunicação mais utilizados ainda têm sido aqueles avisos diretos, Escola Dominical e culto à noite onde a gente alcança até uma quantidade maior dos grupos, dos participantes desses grupos” (“F”).

“A comunicação entre os diversos setores da IPJA se faz mais oralmente e entre os setores e o Conselho, geralmente a gente conversa com um dos presbíteros ou mesmo, diretamente com o pastor” (“E”).

Em se tratando da comunicação existente entre os diversos setores para com o Conselho, existem algumas controvérsias. Para alguns ela é vista como funcionando de forma satisfatória, contudo outros percebem que existem certas dificuldades neste processo sobretudo na questão de receber o feedback de forma mais rápido. Os depoimentos resumem bem o que foi dito acima:

“Acredito que o Conselho sempre está muito disposto para ouvir, desde os presbíteros, o pastor como um todo, o Conselho como um todo. E os problemas e as necessidades são sempre levadas ao Conselho como um todo e as respostas não demoram muito para acontecer, até porque o Conselho tem sempre reuniões periódicas e isso acontece” (“J”).

“Agora entre os setores, departamentos e sociedades e o Conselho aí eu já vejo um ponto de questionamento em minha visão hoje, não é!? É que pelo fato de o Conselho ser muito restrito a se reunir, mês sim, mês não, ou de dois em dois meses e tal. Esses setores dependiam de situações ou decisões urgentes do Conselho, até para a coisa andar mais rápido, não é!? Aí infelizmente fica aquela imagem de que o Conselho demora, que o Conselho trava, e, fica deixando para depois [...]” (“M”).

Apesar de existir um considerável grau de centralização do processo decisório na figura do Conselho da Igreja, percebe-se que isso não prejudica muito o processo informacional da IPJA. Pois, por ser uma estrutura organizacional, apesar de complexa, relativamente pequena, faz com que os canais utilizados para o fluir da comunicação na mesma sejam considerados relativamente satisfatórios.