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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.2.6. A influência da reflexão na melhoria da Prática Pedagógica

“A prática é fonte de construção do conhecimento e a reflexão sobre as práticas, o instrumento dessa construção.” (Cunha, 2008, p. 78)

A reflexão, uma fiel amiga que me acompanhou durante todo o processo de evolução sobre a prática pedagógica. Nem sempre foi fácil chegar a ela, reforço que até conseguir alcançá-la, a descrição apoderou-se dos meus pensamentos.

“A aula iniciou-se à hora conferida no plano de aula pelas 8h e 40 minutos. Juntei a turma para lhes explicar como se iria processar a aula e o que iria ser pretendido, posto isto os alunos passaram pelo chuveiro e dirigiram-se para a piscina começando a nadar as 3 técnicas de nado de crol, costas e bruços.”

(Reflexão – Aula nº2 e 3 – Natação)

A insistente descrição invadiu as minhas primeiras supostas reflexões, seria talvez o percurso mais fácil mas que não atingiria os objetivos de melhoria da qualidade da minha ação, mas como nos diz Lalanda & Abrantes (1996, p. 49) “…pensar não é fácil.”. Ao longo deste percurso, a evolução foi

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acontecendo e com a ela a transformação da descrição para a verdadeira reflexão que me fornecia bases para alterar o que de errado acontecia ou para prevenir que o mesmo erro não acontecesse duas vezes.

Em concordância com (Cunha, 2008), que afirma que cada professor deve procurar desenvolver a sua própria interpretação das suas ações educativas, resultando assim uma reflexão sistemática e fundamentada, também aprendi a procurar questionar e investigar todos os pontos sobre a minha ação para conseguir tornar o meu ato pedagógico mais eficaz. O professor deve ponderar o seu desempenho e dessa forma contribuir uma maior aprendizagem dos seus alunos, para tal, assume como responsabilidade a procura sobre as questões específicas relativas à sua área de conhecimento e a si mesmo (Fazenda, 1991).

Schön (1987) sugere três formas de reflexão: reflexão na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação, sendo que o conhecimento na ação é considerado também um potenciador dos diferentes tipos de reflexão indicados anteriormente. Alarcão (1996b) explica-nos a distinção estabelecida por Shön, onde o conhecimento na ação é o conhecimento estabelecido durante a execução da ação, da transformação do saber para a prática, é complicado de ser expresso por palavras, mas consegue ser descrito pelo profissional; a reflexão na ação centra-se sobre a reflexão executada no decurso da própria ação sujeita a que reformulemos o que nos encontramos a fazer no momento atual; a reflexão sobre a ação, surge no momento em que nos encontramos a recordar mentalmente a ação; a reflexão sobre a reflexão na ação fornece a possibilidade de desenvolvimento profissional, auxiliando a delinear ações futuras, a compreender possíveis dilemas ou a encontrar diferentes alternativas. Todos os tipos de reflexão acima enunciados foram explorados durante a minha prática pedagógica, existindo momentos em que a resposta prevista para determinada ação, não era a pretendida, ocorrendo a necessidade de aplicação de estratégias que me levassem a contornar estas situações:

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“Após este exercício, começou a chover, o que obrigou à deslocação para o espaço interior. Esta situação dificultou a minha aula em dois parâmetros: na organização dos exercícios e na no ritmo de aula … O que fiz para tentar minimizar estes dois problemas que aconteceram? Relativamente à organização e montagem dos exercícios, tentei que a transição das mesmas ocorre-se no menor tempo possível, mas o facto de no interior, estar sujeita a apenas um campo e sem as dimensões corretas do campo de futebol, dificultou o processo, assim como a falta de balizas, pois encontravam-se arrumadas na arrecadação e se as fosse buscar iria despender muito tempo de aula, optando assim por orientar as mesmas através de cones sinalizadores.”

(Reflexão – aula n.º3 e n.º4 – Futebol)

No caso específico das aulas de atletismo, consegui criar uma progressão não só na minha ação como na evolução técnica dos alunos através da profundidade do nível das minhas reflexões.

“A minha prestação durante a aula foi positiva, pois tentei focar- me apenas nos feedbacks necessários nesta etapa de aprendizagem e senti-me mais confortável. Na preparação da mesma, o receio inicial sentido no início da Didática de Atletismo voltou, mas deu-me mais força para estudar com maior profundidade, tanto a desenvoltura técnica das modalidades como na procura e identificação dos feedbacks específicos. Este estudo prévio, fez com que a minha confiança na aula fosse diferente e mais segura.”

(Reflexão – Aula n.º 9 e 10 – Atletismo)

O ato de reflexão sobre as nossas ações consiste numa forma de poder estudar e ponderar até que ponto elas são efetivamente as mais corretas, que irá também depender do contexto onde a situação se insere. Uma ação pode

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ser a mais correta tendo em conta todas as suas condicionantes, mas numa situação ligeiramente diferente a atitude anterior pode provocar efeitos divergentes. Para tal devemos procurar investigar bem o porquê das ações e fundamentá-las corretamente, pois como afirma Oliveira & Serrazina (2002, p. 34) “O professor investigador tem de ser um professor reflexivo, mas trata-se

de uma condição necessária e não de uma condição suficiente, isto é, na investigação a reflexão é necessária mas não basta. Na verdade, a reflexão pode ter como principal objectivo fornecer ao professor informação correcta e autêntica sobre a sua acção, as razões para a sua acção e as consequências dessa acção; mas essa reflexão também pode apenas servir para justificar a acção, procurando defender-se das críticas e justificar-se. Assim, a qualidade e a natureza da reflexão são mais importantes do que a sua simples ocorrência”.

Primeiro analisamos o problema e a partir desse momento procuramos por uma solução, aplicamos e voltamos a reanalisar as suas consequências, sendo que se investigarmos sempre o porquê das nossas falhas ou vitórias, vamos conseguir progredir enquanto docentes de Educação Física.