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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.3. ESTUDO DE INVESTIGAÇÃO-AÇÃO:

4.3.6. Discussão

Os dados obtidos através dos resultados do questionário BIS, indicam-nos que na turma do 10.ºD, não ocorreu uma melhoria estatisticamente significativa do 1ºmomento de aplicação do questionário para o 2.ºmomento no que concerne à Satisfação Total. A informação adquirida é que não se verificou uma evolução ao nível da Satisfação total da imagem corporal dos alunos com a aplicação da UD de dança durante sete semanas. Este resultado pode ser explicado através do fator de duração da aplicação da

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UD, pois foi demasiado curta impedindo que o trabalho sobre a exploração corporal fosse mais alargado. Em concordância com esta justificação, Lewis & Scannell (1995), no seu estudo que tinha como objetivo de estudar a relação entre a imagem corporal e a dança criativa numa amostra com jovens e adultos do sexo feminino, os autores afirmaram que para ocorrer alteração na perceção corporal é necessário que o tempo de contato com as aulas de dança seja significativo, dando tempo para que a exploração corporal seja mais profunda ao nível cognitivo e sensorial.

Apesar destes resultados evidenciados na turma do 10.ºD, é possível destacar através das entrevistas realizadas no final da UD (ver anexo 6) que ocorreram mudanças ao nível da satisfação da imagem corporal, na pergunta: “O que pensas quando vês o teu reflexo?” um dos entrevistados respondeu “Eu vejo uma pessoa introvertida, de baixa estatura, mas eu sou orgulhoso disso, não gostava de ser muito alto. Foi graças às aulas de dança que isto melhorou muito.” (entrevistado 1). E à pergunta: Qual o contributo que as aulas de dança para a forma como vês a tua vida?” a resposta foi a seguinte: “Deu mais autoconfiança, pelo menos a mim. Deu-me mais confiança, no inicio nos pensávamos que não tínhamos jeito para a dança, por causa do corpo ou qualquer coisa assim, acho que as aulas de dança melhoraram a forma como nos vemos ao espelho, melhorou a imagem.” (entrevistado 1) Sobre estas

respostas é possível especular que caso a extensão das aulas lecionadas fosse mais alargada, poderia ocorrer uma melhoria geral relativamente à satisfação corporal total, do 1º momento para o 2º momento de aplicação do questionário.

Relativamente aos resultados obtidos no Questionário de Opiniões e

Atitudes acerca da dança nas aulas de Educação Física, os aspetos que mais

ressaltaram centraram-se na percentagem de alunos que alteraram de forma positiva a sua opinião relativamente ao gosto pela dança e a importância da mesma nas aulas de EF. É possível que este aumento positivo possa ser justificado através dos próprios depoimentos dos alunos (ver anexo 7) onde na sua maioria afirma que as aulas de dança contribuíram para que a relação entre a turma melhorasse, dando como exemplos o contacto e os movimentos

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corporais que teriam de realizar à frente dos colegas, assim como as próprias expetativas que tinham no início das aulas, afirmando que não gostavam e que achavam que as suas opiniões se iriam manter até ao fim, o que acabou por não se verificar, “aprendi a ver a vida com mais ritmo e que posso comunicar com os outros não só as palavras que facilitam…” (entrevistado 3). Estes resultados vão de encontro ao estudo realizado por de Castro et al. (2012) onde estes procuraram estudar a opinião de alunos relativamente ao papel da socialização da dança na escola e obtiveram como resultados a concordância de que a prática de dança nas escolas é um meio conveniente para o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo-social. Também Kleinubing (2000) conseguiu apurar resultados semelhantes no seu estudo sobre a importância da dança criativa no processo de melhoria da autoimagem e autoestima em alunos numa escola do Brasil.

Relativamente ao núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas, os resultados evidenciados através do questionário BIS revelam que do primeiro para o segundo momento, ocorreu uma melhoria estatisticamente significativa relativamente à média de satisfação com a imagem corporal total. Este resultado pode ser justificado também através do estudo de Lewis & Scannell (1995), referenciado anteriormente, onde o fator tempo pode ser uma das causas para esta melhoria, pois a duração das aulas/treinos de dança com esta amostra foi de apenas nove meses. Tempo que foi valioso para que ocorresse tanto um aprofundamento sobre a relação com o próprio corpo como o contacto estabelecido com as colegas do núcleo. É possível complementar estes resultados utilizando as entrevistas efectuadas no último dia de aulas (ver anexo 7), onde respostas como “Senti que evolui muito, não só na dança, mas sempre

que tinha problemas, conseguia descarrega-los nas aulas de dança e desta forma ajudavam-me” (entrevistado 1_B), “Tudo, para mim a dança é tudo. Estas

aulas ajudaram a manter-me firme nas minhas aulas de escola, quando estava mal disposta ou num dia mau, eram estas aulas que me salvavam.” (entrevistado 2_B) e “Acho que evolui, ao nível da forma como dançava, e também a minha

personalidade mudou, ganhei mais confiança.” (entrevistado 3_B). Estes excertos encontram-se de acordo com os resultados observados e dando enfâse à

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importância que as aulas de dança tiveram para este núcleo, e também para estes alunos.

Relativamente aos resultados obtidos no Questionário de Opiniões e

Atitudes acerca da dança nas aulas de Educação Física, as respostas que

mais destaque obtiveram do primeiro para o segundo momento relacionaram- se com o local onde costumavam dançar e com quem, observou-se que a maioria das alunas passou a dançar na escola e com amigos, este resultado pode ser justificado pela componente de socialização que está sempre patente nas aulas/treinos de dança, através das quais os alunos formam laços de amizade entre si (Alpert, 2011; de Castro et al., 2012) . Também os pais dos alunos denotam os benefícios das aulas de dança na vida dos seus filhos num estudo de Ferreira et al. (2011) onde procurou o contributo da dança na promoção da saúde em adolescentes, conduzindo entrevistas aos pais dos alunos. Estes referenciam que um dos aspetos que mais observavam era uma maior socialização dos seus filhos com os seus colegas e um aumento de motivação para irem para a escola.

No computo geral, obtém-se um valor positivo quando relacionamos a dança com a EF, é uma matéria com benefícios tanto para o crescimento de quem pratica, trabalhando no conhecimento do seu próprio corpo, mas também no fator de socialização que lhe pode ser empregue. Recordo também que se o contacto com a dança for mínimo, os efeitos positivos podem não ser visíveis, mas quando devidamente trabalhados marcam uma componente valiosa para o ensino.