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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.4. QUANDO A INTERVENÇÃO DO PROFESSOR PASSA PARA FORA

4.4.2. Desporto Escolar: Atividades Desportivas Escolares

4.4.2.6 Orientação do Núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas

Outro desafio colocado no início do ano baseava-se na possibilidade da criação de algum tipo de núcleo desportivo que pudesse acolher todos os alunos da ESL e não só que estivessem interessados. Para tal e atendendo à minha íntima relação com a dança e expressão corporal, sugeri a criação de um núcleo de Atividades Rítmicas e Expressivas, onde pudesse explorar várias componentes da dança e desta forma conseguir cativar mais alguns alunos para a prática de atividade física. Após a minha proposta ter sido aceite, iniciei- me pela abertura de inscrições com um cartaz promocional (ver anexo 10).

Numa fase inicial não foi fácil encontrar alunos que quisessem arriscar numa nova atividade, para tal, desloquei-me diretamente a eles, abordei alguns alunos e expliquei-lhes de que se tratava a criação deste grupo. Alguns mostraram-se interessados, outros não, mas sabia que quem mostrasse interesse iria cativar outros alunos pelo menos para poderem presenciar uma aluna experimental.

O núcleo avançou pelo mês de Outubro, contando com três aulas por semana com duração de 1 hora cada uma. O grupo foi constituído por dez elementos femininos que assumiram o compromisso de forma exemplar até à última aula do ano. Sinto um misto de emoções quando penso no grupo, por um lado uma grande tristeza por ser um grupo com tão poucos elementos e nenhum do sexo masculino, mas por outro lado sinto-me contente porque sei

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que os dez elementos que compuseram este grupo foram felizes e fizeram o que realmente gostavam durante todo o seu decorrer.

Enquanto estudante estagiária deparei-me com uma situação paralela ao meu estágio pedagógico, apesar de existir uma incidência sobre o ato de ensinar, a relação que se estabelece acabou por ser ligeiramente diferente, mais ampla, pois as alunas sentiram-se mais à-vontade para falar sobre os seus problemas nunca faltando ao respeito nem à minha “autoridade” durante as aulas. Talvez tenha sentido esta diferença, pela faixa etária das alunas, que na sua generalidade era superior à turma da minha prática pedagógica.

O funcionamento dos trabalhos estabelecidos para cada aula era regulado através dos objetivos específicos de curto prazo, ou seja, os conteúdos abordados em cada aula regulavam-se conforme as apresentações e atuações previamente marcadas, onde as alunas colocaram à prova as suas capacidades rítmicas e corporais. Foram programadas também algumas aulas livres, onde foi possível experienciar diferentes estilos de dança desde a dança criativa às danças de salão.

Confesso que esta foi uma das experiências que mais me cativou, pois senti que de alguma forma consegui contribuir para a felicidade deste grupo tão especial de meninas. Recordo-me de ser abordada por uma das docentes de Educação Física que me direcionou as seguintes palavras: “O núcleo de atividades rítmicas e expressivas devolveu o gosto pela escola à minha aluna, que bom que é ter projetos novos na escola acessíveis a todos os alunos de forma gratuita.” Estas palavras conseguiram fazer com que toda a dedicação que empreguei neste projeto valesse a pena. E concordando com o que foi citado, este projeto deu-me mais uma certeza de algo que tenho falado ao longo do documento, pois se os alunos tiverem um incentivo, algo diferente e que os ajude a compreender que desporto não é apenas futebol, talvez seja mais fácil captar mais alunos à prática de atividade física, pois quantas mais atividades eles conhecerem, mais hipóteses desportivas vão ter.

117 4.4.2.6.1 As demonstrações coreográficas

As apresentações em público faziam parte dos objetivos específicos do núcleo de atividades rítmicas expressivas, nesse intuito foram desenvolvidos diferentes trabalhos coreográficos para serem apresentados em cada apresentação. Especificamente, as coreografias eram desenvolvidas através do estilo “MTV dance”, onde as alunas poderiam explorar conceitos relacionados desde a dança criativa ao hip hop.

Os momentos de demonstração sempre inquietaram o grupo, julgo ser algo comum de quem está disposto a dar o seu melhor e efetivamente mostrar tudo aquilo que aprendeu e trabalhou até aí. Procurei nesses momentos acalmá-las e que interpretassem as suas atuações como mais um treino ou uma aula, o meu objetivo era transmitir-lhes confiança e que acreditassem nelas próprias, no seu trabalho e também no seu talento.

Ao longo dos tempos, apercebi-me que esse nervoso geral por parte do grupo revertia-se também pelo facto de se sentirem muito avaliadas e julgadas pelos colegas de escola. Este aspeto não poderia encontrar-se fora das minhas atenções, porque acabava por afetar o foro íntimo de cada uma, com medo que uma falha ou um esquecimento pudesse torná-las objeto central de críticas. Esta situação levou-me a refletir sobre a forma como poderia motivá-las para que pudessem transformar essas críticas em vontade de fazer mais e melhor, procurei faze-las entender que um simples “passo esquecido” não é motivo de derrota, mas sim de sucesso porque não baixaram os braços e continuaram as coreografias com grande brilhantismo. Ao lhes atribuir as minhas perceções sobre as suas atuações, de certa forma resultava, pois nunca recusaram os desafios e de uma coreografia para outra as evoluções eram claramente visíveis. Lembro-me que elas próprias me diziam “o que nós evoluímos!” ao observarem as gravações das suas atuações deixando-me orgulhosa tanto das suas evoluções como da forma como se sentiam.

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O trabalho desenvolvido com as “Epic Orange Crew” como assim ficaram conhecidas, irá fazer sempre parte dos meus níveis de enriquecimento ao nível pessoal e cognitivo e muito satisfeita por o ter desenvolvido durante este ano de estágio.