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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.2.1. A preparação para Prática Pedagógica

“É indiscutível que a clareza de objetivos, de tarefas e exigências direciona a actividade do professor e dos alunos para o essencial, actua positivamente e diminui os desvios da linha do ensino. Este orienta-se para resultados, o que deixa perceber desde logo um certo grau de eficácia. Por isso, todo o professor deve esforçar-se por clarificar os objetivos, tanto para ele como para os seus alunos.”

(Bento, 2003, p. 113)

Seguindo o contexto do que foi abordado no tópico anterior, a preparação da prática pedagógica torna-se numa ferramenta essencial para um professor, seja ele principiante ou não.

Sem preparação, objetivação do que se pretende fazer, quais os patamares selecionados a alcançar, um professor perde a orientação deixando-se levar pelo mais “fácil”, pela anarquia e aleatoriedade.

Tentando sempre contrariar esta visão, procurei, investiguei e estudei cada matéria e cada desafio que se apresentava à minha frente. Nem sempre foi fácil, atrevo-me a dizer que foram inúmeras as dificuldades com que me deparei para encontrar o melhor método, a melhor estratégia de implementação na ação pedagógica. Por vezes os métodos eram os mais assertivos, mas nem sempre foi o que se verificou, sendo que após as aulas e mesmo durante o seu decorrer outras formas se tornavam mais benéficas.

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Algo que faria sempre parte da minha reflexão diária com o intuito da melhoria nas aulas posteriores.

Penso que nesta altura os erros fazem parte da melhoria da ação, mas que sejam assim considerados, devem ser estudados de forma consciente para que nos próximos momentos já não voltem a ocorrer. Na minha perceção, a insistência sobre o erro por parte do docente, reverte-se na falta de capacidade de evolução e na despreocupação na melhoria e desenvolvimento que os alunos poderão ou não estar inflacionados pela indevida consciência profissional e desta forma ocorrer uma quebra no rendimento do aluno.

Tomo de forma consciente a importância de todo o processo envolvente sobre a prática pedagógica, sem uma linha orientadora, o professor deixa de fazer uma condução coerente sobre a matéria implícita e sobre os objetivos propostos.

Atendendo especificamente à turma que esteve a meu encargo, a aula de apresentação foi fundamental para a articulação de todo o processo de criação de objetivos e de caminhos que os ajudassem a alcança-los. Através de um inquérito, foi possível apurar o grau de familiaridade que os alunos estabeleciam com a educação física, a prática de exercício físico fora da escola e quais as modalidades que se sentiam ou não mais familiarizados.

Este documento, atribuiu-me algumas caraterísticas da turma que se tornaram em instrumentos fundamentais para a construção de uma base segura de planeamento e seleção de objetivos a alcançar.

4.2.1.1. A adequação do Programa Nacional à realidade escolar

Uma das ferramentas fundamentais de todo o processo de articulação e orientação da ação pedagógica rege-se pelo Programa Nacional de Educação Física (PNEF) do Ensino Secundário desenvolvido pelo Ministério da Educação (ME).

Segundo este documento primordial orientei grande parte do meu trabalho e planificação, sendo imperioso a interligação do PNEF (Programa Nacional de Educação Física) do 10.º ano com a realidade que se apresentava sobre

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a minha alçada. Se esta ligação não surgisse, todo o meu empenho seria destruído por uma falha incorrigível e intolerável, seria apenas mais um professor, como tantos outros, a reger-se sobre os panoramas estipulados pelo ME, que muitas vezes fogem da realidade escolar, sendo que esta na sua maioria se apresenta com índices de rendimento menores e dificuldades de habilidades motoras mais agravadas. Esta descontextualização remete- me à reflexão da necessidade de uma renovação dos objetivos propostos pelo ME para cada ano escolar, sendo que na minha opinião, através dos professores de cada Departamento de determinada escola deveriam ter um papel visível na construção destes critérios, de forma a que o enquadramento com cada escola fosse mais real. Sei bem que este é um ideal um pouco utópico, mas que poderia solucionar alguns problemas relativos à avaliação dos alunos. Constatando que o documento é realizado a nível Nacional para colocar todas as escolas no mesmo patamar final e que a sua alteração iria envolver burocracias e entidades avultas, poderia existir uma ordem particular por parte do ME alegando a possibilidade de cada escola adaptar em forma de documento legal o programa à Escola inserida, nunca descorando com os objetivos Nacionais. Tomo consciência que o que me encontro a evocar é algo que já poderá ser executado em algumas escolas e que também faz parte da gestão curricular da ação pedagógica de cada professor, mas seria também uma hipótese de igualar o trabalho de todos os docentes de determinada instituição.

Efetivamente no PNEF, os objetivos a alcançar são demasiado extensos e com grau de dificuldade acrescido atendendo à real capacidade de cada aluno, o poder de gestão e articulação do professor acaba por ser um dos grandes desafios por si enfrentado, pois recorre-se à necessidade de reflexão de como se torna eficiente levar os objetivos propostos a nível nacional a cada aluno em particular, de que forma de irá contornar para que o aluno consiga ser devidamente classificado no final do ano e de que forma consiga sentir uma evolução em todas as modalidades destinadas para esse ano letivo. Toda esta gestão irá exigir do professor uma elevada capacidade de profundidade sobre as matérias e confiança no seu trabalho.

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Em forma de destaque ocorre-me ser fundamental evidenciar que o PNEF do Secundário não se encontra também sensível ao facto das Necessidades Especiais, criando mais um desafio ao docente de Educação Física revertendo-o novamente para uma articulação de todo o processo de objetivação e de avaliação dos alunos em questão. Com isto termino este ponto lançando uma questão: “ De que forma não seria conveniente o ME precaver-se desta questão que tão facilmente invade todos os anos letivos grande parte das Escolas?