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A irredutibilidade do processo na síntese final

No documento O corpo em movimento na capoeira (páginas 184-195)

Aluno III: Faz uns 15 anos.

II – O MOVIMENTO AO INVÉS DA CONCLUSÃO

2. A irredutibilidade do processo na síntese final

Derradeiras palavras nada dizem se não reportarem o leitor ao processo inscrito na escritura da pesquisa, pois é o processo quem tem a palavra e somente lá, no processo, é possível tomar as ideias (as resoluções tramadas) e perceber o potencial de mobilização que suportam, frente aos atravessamentos que emergem na sensibilidade do leitor.

Esforçar-se numa síntese, nestas alturas do processo, é se arriscar à demasiada redundância do pensamento, ou insistir na pretensão de uma resposta cabal e concreta que acomode objetiva e regularmente os propósitos da investigação constituída.

5 Os discursos propositivos funcionam dentro de um sistema de pensamento que só aproveita aquilo que pode ser

apreendido pela verificação dos sentidos. Para Foucault quando se toma um discurso com a intenção de compreendê-lo, a ideia que move esta análise é a busca pela “intenção do sujeito falante, sua atividade consciente, o que ele quis dizer, ou ainda o jogo inconsciente que emergiu involuntariamente do que disse ou da quase imperceptível fratura de suas palavras manifestas” (2009, p. 30). Sob esta perspectiva analítica buscam-se

Se há algum propósito a figurar, este não cabe no enquadre sintético da proposição, pois é da ordem do movimento e, enquanto tal é extraproposicional, isto é, escapa à síntese, ao fundamento, à redução objetiva e regular do objeto.

Ocupamo-nos, durante todo o processo, na investigação do corpo em movimento da capoeira. Tal investigação nos colocou frente à necessidade do cultivo; verificamos que não se alcança a capoeira como prática da existência se o capoeirista não dedica seus esforços e suas potencialidades na experiência de movimento com a capoeira.

Num primeiro momento, a experiência de movimento cresce com o auscultar de uma vontade de aprender, que chama a atenção do sujeito à necessidade de ocupar-se consigo junto à prática que o instiga. Deste referencial irredutível – o corpo que se ocupa consigo – o sujeito se lança à relação com o outro, movimentando uma tradição transcendente que alimenta a constituição coletiva do território existencial no qual mestre e aprendiz se implicam. Desta forma, o capoeirista não só assimila uma cultura que lhe é imposta, mas ajuda na sua reinvenção, ao movimentar a tradição nas relações que traça junto ao seu mestre e ao grupo de capoeira.

Em meio a estas relações traçadas, a capoeira vai se inscrevendo nos músculos daquele que a toma para si. Assim, a capoeira só se implica no corpo quando em movimento: como prática de invenção de si.

Tal movimento se estende num percurso temporal, através do qual, o capoeirista vai lapidando a capoeira em seu corpo e em seu viver. Neste percurso temporal, o movimento coloca o capoeirista face às multiplicidades, isto é, face aos desafios que atravessam os relacionamentos, alertando-o sobre a necessidade de “se virar”. Esta necessidade de “se

virar”, não é algo fácil de encarar, pois coloca a aprendizagem face à dureza e ao labor

imprescindíveis na constituição de si.

Nas fases iniciais de aprendizagem, o aprendiz já está às voltas com a necessidade de

“se virar”, mas seu corpo ainda não consegue entendê-la. A preparação física e técnica tenta

controlar o aparecimento desta necessidade, ao investir na constituição e consolidação de automatismos que resumem a aprendizagem à aquisição de habilidades específicas. A preparação física e técnica, portanto, tentam cercar a experiência de movimento, controlando suas possibilidades de aparecimento.

Todavia, os relacionamentos alertam sobre a falácia do controle, introduzindo o imponderável na aprendizagem, ao qual só se tem acesso através de uma disposição ao

imprevisível. A preparação extrapola o âmbitro restrito do físico quando se abre à disposição do que há de vir. A necessidade de “se virar”, enquanto imperativo, sustenta a tênue abertura

desta disposição, mantendo o direcionamento prospectivo da aprendizagem. Para tanto, a experiência de movimento com a capoeira busca a construção de um corpo receptivo que não sucumba às intempestividades do imprevisível, mas também não se renda à indolente tendência do controle.

A ginga é o movimento através do qual o capoeirista alcança um corpo receptivo nele próprio emerso. A experiência da ginga abre infinitas possibilidades de atuação frente ao porvir dos relacionamentos, mantendo em aberto a imprevisibilidade do diálogo corporal. A vadiação e a aprendizagem da malícia e da dissimulação se alimentam desta abertura; a roda de capoeira introduz esta abertura dentro de uma experiência ritual.

O ritmo e a música na capoeira atravessam este processo de construção do corpo receptivo, intensificando-o. A música eleva a experiência de movimento a outros níveis perceptivos que atenuam a monitoria consciente, em função, de uma percepção mais aguçada e flutuante, das relações em ato. Assim, o ritmo e a música na aprendizagem da capoeira concorrem à favor da instalação de outra temporalidade, alheia ao enquadre regular do tempo, que insiste em aprisionar a experiência de movimento sob as redeas do controle consciente.

O capoeirista ocupa-se com o corpo receptivo ao se colocar em movimento na prática da capoeira. Assim, a constituição da capoeira, enquanto arte do viver do capoeirista está sempre em deslocamento na experiência de movimento,

No percurso desta constituição, o capoeirista lapida seus modos de ser, inventando a graça e os movimentos de seu viver junto à prática que escolheu tomar para si. Desta forma, em movimento, o capoeirista subverte sua identidade para afirmar uma subjetividade em deslocamento, ao sabor das intensidades que atravessam os relacionamentos, desafiando-o a encará-las com toda potência de transgressão que suporta.

Ao investigar o corpo em movimento na capoeira ousamos mapear as potências que correm sob as habilidades treinadas e automatizadas, deslocando-as. O corpo receptivo é o agente insólito que dispara este deslocamento. Tal deslocamento não edifica a identidade do capoeirista, mas mobiliza-a, tornando a aprendizagem da capoeira um exercício existencial de permanente reinvenção de si.

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Roteiro para a entrevista

Título da pesquisa: “O corpo em movimento na roda de capoeira: uma cartografia da ginga”. Unidade/Instituição: Escola de Educação Física e Esportes – USP

Programa de pós-graduação – Doutorado

Área de concentração: Pedagogia do Movimento Humano Pesquisador responsável: Prof. Ms. Flávio Soares Alves Orientadora: Profa. Dra. Yara Maria de Carvalho

1. Fale sobre a capoeira, qual o significado da capoeira para você. 2. Como e em que condições você se “encontrou” com a capoeira? 3. Fale sobre a forma como você aprendeu a jogar capoeira. 4. Fale sobre as sequências de movimento no treino da capoeira. 5. Fale sobre a roda de capoeira.

6. O que acontece com os movimentos treinados durante o jogo na roda de capoeira? 7. Todos treinam o mesmo movimento (as mesmas sequências), mas durante a roda, no

diálogo entre os capoeiristas, os movimentos são sempre os mesmos, ou seja, são sempre as mesmas sequências?

8. O que faz a sua execução da sequência ser igual ou diferente da execução do seu adversário?

9. Que sensações/sentimentos a roda desperta em você? 10. O que te atrai para a roda?

11. Fale sobre a relação entre seus movimentos e os movimentos do oponente durante a roda.

12. No que pensa enquanto joga a capoeira?

13. Em que medida seus movimentos no jogo expressam você?

14. Sua expressão na roda muda a depender do adversário, ou você sempre tem o mesmo comportamento?

15. Fale sobre seu estilo de jogo.

16. Você tem alguma “mania”, algum gesto ou movimento característico seu, que deixa sua “marca” enquanto está no jogo e que te identifica perante seus parceiros de capoeira?

17. Você aprende com a roda? O que ela tem pra te ensinar? 18. Por que a capoeira? O que ela representa na sua vida? 19. A capoeira te ensina algo? O que ela tem pra te falar? 20. A sua forma de jogar te ensina alguma coisa?

21. Você já trocou um compromisso pela roda de capoeira? Conte um fato curioso que você passou com a capoeira.

As questões definidas são referenciais a partir dos quais encaminharemos a entrevista. Todavia, as relações em processo durante a entrevista é que nortearão os rumos da mesma. Isso significa que estamos atentos à importância da liberdade de expressão do entrevistado. Este roteiro orienta o processo, nesse sentido, as perguntas estão “abertas” a depender do relato de cada entrevistado.

No documento O corpo em movimento na capoeira (páginas 184-195)

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