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Com a adoção de uma posição não-sectária, sob o ponto de vista religioso, desde 1816, em nossos trabalhos maçônicos, os Maçons passaram a encarregar- se de estudar a Lei Sagrada e considerá-la como um infalível padrão de Verdade e de Justiça, regulando sua vida e ações pelos seus Divinos preceitos. A obra lllustrations de William Preston, em sua edição seguinte àquele ano, tem uma nota de rodapé abordando a Lei Sagrada: "Na Inglaterra, a Bíblia. Mas nos países em que este livro é desconhecido, será qualquer outro aceito como portador da Vontade ou da Lei de Deus". Como já mencionei anteriormente, esta Primeira Grande Luz da Maçonaria é essencial a todos os Graus, mas é especialmente relevante no Primeiro Grau, pois a crença em Deus é uma qualificação vital e com a leitura deste Livro, um maior conhecimento sobre Ele e sobre a Sua Vontade e as Suas Obras será o estudo essencial do Aprendiz antes de seguir adiante, por meio da Moral, da Verdade e da Virtude. Ao longo do século XVIII, as Preleções dos Modernos assim se referiam à Lei Sagrada:

... que seja devidamente apreciada a Tábua de Delinear espiritual do Grande Arquiteto do Universo, na qual estão essas Leis Divinas e os Planos Morais, com as quais estamos familiarizados, às quais observamos, e que haverão de nos conduzir a uma Mansão Eterna, que não é feita pela mão do homem e que é Eterna nas Alturas.

A versão de 1816 da Terceira Preleção de William Preston traz a seguinte nota:

A Lei Sagrada é o guia de conduta, que nós inculcamos em todos os Graus. A Deus, ao nosso semelhante e a nós mesmos são devidos os deveres contidos neste Código e aquele que orienta a sua conduta por esses deveres é ainda mais estimado entre os Maçons. Considerar o Ser Supremo como o Pai do Universo e a Fonte de onde fluem todas as bênçãos é o principal fundamento de nossa profissão. Assim, nos é ensinado suplicar a sua proteção em todas as ocasiões e, com reverência, gravar o Seu Nome em nosso íntimo como um indelével símbolo de nossa veneração. Nós consideramos os interesses de nosso semelhante como

sendo inseparáveis dos nossos próprios objetivos, e a ele dedicamos aqueles fraternais préstimos que nós, numa semelhante situação, esperaríamos receber. É assim que vivemos numa união social, com todas as nações como nossas amigas e cada rincão é o nosso lar. Desfrutamos das bênçãos da vida em paz e em tranqüilidade e, usufruímos da generosidade da Providência, sem dela jamais abusar.

Isso combina as três Obrigações na Bíblia e, provavelmente, é um resquício de alguma versão anterior. Numa versão posterior, a referência ao Mobiliário e Utensílios da Loja pode ser encontrada na Primeira Preleção e o texto se aproxima mais daquele que usamos em nossos dias, sendo

que as três Obrigações abordam os três itens. .

Em épocas mais recentes, o rev. John T. Lawrence, no livro Sidelights on Freemasonry, assim escreveu num capítulo sobre a Lei Sagrada:

A Bíblia não deveria ter defensores mais leais do que os franco-maçons. Muitas pessoas parecem ter uma tendência a desculpar-se por acreditar na Bíblia, de dar-lhe espaço como um clássico, negá-la ou contestá-la. Mas nós, pelos compromissos assumidos, a vemos como a expressão de uma voz Divina e, portanto, nos permite enxergar exatamente quais e o que são as expressões que a Bíblia exerce sobre nós; não apenas sobre o nosso sentimento e sentido de reverência, mas sobre o nosso bom senso. A palavra "Bíblia" é plural e aquilo que normalmente temos em nossas mãos, juntados num só volume, não é um livro ou um compêndio - na verdade, se a quantidade de autores fosse levada em conta, seriam muitos os volumes. Toda a literatura de antigamente era do tipo que poderíamos chamar de sacra. Isso equivale a dizer que nunca ocorreu a qualquer escritor registrar de forma permanente qualquer coisa que não ligasse a História da raça com a sua religião. E essa característica não era apenas judaica, pois os registros de todas as demais raças das quais temos notícia afirmam que toda a História se deu graças à intervenção Divina até, em todos os casos, a época de Heródoto, que foi o primeiro Historiador puramente político.

A Bíblia tem, ao nosso ver, esta quádrupla propriedade: a antiguidade, a História, a adaptabilidade e a inspiração.

A antiguidade, por si só, não consistiria uma propriedade forte ou por demais importante. Muitas Instituições conseguem chegar a idades avançadas pelo fato de interessar a ninguém, ao longo do tempo, derrubá-la. Qualquer que seja a antiguidade a ela atribuída, a nossa Bíblia a tem. Nenhuma das palavras nela contida

tem menos de 1.800 anos. Ela é o fruto do trabalho de escritores que escreveram a intervalos de centenas de anos, mas todos com a mesma intenção - a revelação de Deus ao homem. Não há qualquer outro livro no mundo que sequer tenha a pretensão de dar um sóbrio relato ou descrição relacionado a acontecimentos pré-históricos, e nada em todo o seu conteúdo é maior do que a sua sentença de abertura. Dela não se pressupõe que as pessoas devem atribuir a origem de seu conhecimento de Deus as palavras registradas naquela página. Ela admite a existência de Deus e inicia: "No princípio Deus criou ... ".

Mas qual tem sido a sua História? Existem outras obras dignas, sérias e antigas, de escritores clássicos, cheias de nobres pensamentos e conceitos que, independentemente de quão grandiosas sejam, somente sobreviveram graças ao zeloso cuidado de estudiosos de todas as gerações. E, apesar disso, elas estão fora do alcance das pessoas em geral. Os idiomas em que foram originalmente escritas já são línguas mortas e somente podem ser encontradas, cobertas de pó, nas mais altas prateleiras de bibliotecas, desconhecidas a todos, exceto àqueles estudantes que têm a obrigação de lê- las e, ainda assim, pouco lidas fora da sala de aula da Universidade. Mas a nossa Bíblia! Que acidentada e memorável História teve! E, apesar disso, sobreviveu, inalterada. Ela não fez a menor concessão, seja à perseguição ou à intolerância e muito pouco à erudição; mas permanece firme como uma rocha, irremovível, ao redor da qual bilhões de pessoas têm se insurgido ao longo dos séculos, pelos quatro cantos do mundo. Dos príncipes até os camponeses, dos mansos e ingênuos até os sábios ou também os ignorantes, a Bíblia tem passado pelos séculos a inalterada mensagem da descida do homem, e de suas conseqüências, das relações com Deus e da única esperança de salvação.

Falemos agora de sua adaptabilidade. Outras grandes obras têm sido escritas para poucos. Mas a Bíblia é para todos. Ela foi traduzida para praticamente todos os idiomas. O fascínio de suas histórias atrai as mais jovens crianças, os seus sinais e propostas chamam a atenção dos mais profundos estudiosos e eruditos, e ainda contém mistérios nos quais anjo e arcanjo poderiam inutilmente perscrutar. Ela se aplica a tudo, seja a sua História, sua lei, sua poesia, seu estilo literário, suas lições de moral, a sua pronunciada sabedoria e é atual em todos os tempos.

Jamais devemos esquecer que a Bíblia não tem a finalidade de ser um manual científico. Se assim fosse, haveríamos de querer

uma nova edição atualizada a cada poucos anos, pois, mesmo no século XX, ainda não conseguimos chegar a qualquer conclusão da investigação científica. E é bem possível que os mais críticos de hoje serão igualmente alvos de riso, mesmo daqui a dez anos, tal como hoje se riem da Bíblia. Mas se as descrições, na Bíblia, tivessem sido escritas para satisfazer os doutos de nossos dias, elas não teriam sido entendidas mesmo há cem anos e certamente estariam igualmente desatualizadas daqui a cem anos.

A verdade é que a Bíblia está, em partes, muito além de qualquer intermédio humano. Onde quer que o intelecto se detenha, exausto, é dali que Deus começa e a única diferença entre o douto e o ignorante é que um conseguiu avançar alguns centímetros a mais do que o outro no infinito oceano. Os problemas de nosso destino são tais que nos levam a ansiar por uma rocha firme sobre a qual possamos ficar, em vez de uma grande areia movediça. Queremos ser guiados por uma Luz que esteja sempre em fulgurante brilho. A Bíblia nos proporciona ambas as coisas. portanto, agarremo-nos à nossa Bíblia que, por todos os tempos e pelas muitas gerações passadas, tem nos dado os alicerces para o presente, uma Luz para o vale das trevas da mor-

te e esperança para o ilimitado futuro.

Finalmente, falemos sobre sua inspiração e perguntemo-nos qual o significado desta palavra. Significaria que a caneta do escritor estava sob a intervenção de algum agente sobrenatural, e que ele tenha escrito literatim et verbatim, independentemente de seu próprio controle? Ou seria o Espírito Santo de Deus tocando as cordas da alma, tal como o vento produzindo uma música ao

passar pelos galhos da floresta?

Será que a inspiração cessou quando as últimas palavras foram acrescentadas à Bíblia? Cada uma das palavras de Verdade é inspirada. O escritor lembra o missionário discursando sobre um palanque. A sua gramática era falha e algumas de suas referências, inexatas, mas um dos resultados daquele discurso foi que dois jovens que o ouviram também queriam se tornar missionários _ e assim fizeram. Certamente o discurso daquele homem deve ter sido inspirado. Se as palavras do pregador, ou do autor do hino, ou do jornalista, têm o efeito de fazer com que o homem pense e reflita acerca das coisas Eternas como nunca antes fizeram, quem poderá negar a sua inspiração?

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 137-141)