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O Primeiro Grau

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 152-156)

o ,Simbolismo do Primeiro Grau começa com a preparação, Nesta oportunidade e durante a Cerimônia que segue, observa-se uma forte ênfase no "esquerdo", e isso foi explicado nas antigas preleções como sendo o lado esquerdo do corpo de uma pessoa normal o seu lado mais fraco, assim sendo, está associado com a introdução de um Aprendiz por ser ele o mais elementar Grau da Maçonaria, A questão da destituição de todos os metais foi abordada em outro capítulo e denota não apenas a pobreza da qual uma moral pode ser extraída, mas também que os privilégios da Maçonaria não podem ser comprados e que a introdução de metais numa Loja, Simbolicamente representada pelo Templo do rei Salomão, poderia poluí-la. A remoção dos sapatos denota que, para os maçons a Loja é um Solo Sagrado dedicado à adoração e ao serviço de Deus e baseia-se na prática comum a muitas religiões do mundo de tirar os sapatos antes de adentrar um lugar de

adoração. Algumas das antigas preleções e as referências abundantemente encontradas nas Escrituras nos oferecem outro simbolismo baseado na citação do Livro de Ruth, 4:7:

Outrora, em Israel, para confirmar qualquer negócio relativo à remissão e à permuta, o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo e isto era por testemunho em Israel.

O ato de se entregar um sapato era, portanto, tido como um símbolo de confirmação da intenção de observar, por meio dos compromissos assumidos no decurso da cerimônia, uma promessa de boa-fé, em acréscimo a qualquer outra promessa e simbolismo visto no ato.

O uso de uma corda no pescoço também tem uma série de explicações. Em alguns antigos rituais, está especificada uma referência bíblica, I Reis, 20:32:

Então cingiram sacos aos lombos e cordas aos pescoços e, indo ter com o Rei de Israel, disseram-lhe: Diz o teu servo BeneHadade: Deixa-me viver, rogo-te. Ao que disse Acabe: Pois ainda vive? É meu irmão.

Daí se depreende o uso da corda no pescoço como um símbolo de submissão. (A referência a "sacos aos lombos" também é, muitas vezes, citada como uma justificativa para o uso do avental como um emblema). Nas cerimônias da Grande Loja dos Antigos, era costume em algumas Lojas usar a Corda de Nó Corrediço nos três Graus, sendo amarrado duas ou três vezes nos outros Graus. A razão dada para esta prática era que a cada sucessivo compromisso, o candidato se amarrava não apenas uma vez, mas duas ou três vezes e o uso da corda desta forma era um símbolo de servidão. Outras explicações indicam que isso possibilitaria que o candidato fosse reconhecido em caso de rompimento e fosse trazido de volta; ou que uma corda sendo usada por alguém em um país hostil como símbolo daquilo que aconteceria se ele fosse pego espionando parece algo um tanto quanto grotesco. E aquela como um sinal de submissão, à parte da explicação prática que o Mestre da Loja apresenta no decurso da Cerimônia, parece ser a mais razoável.

Em uma versão das antigas preleções, assim consta:

O estado de escuridão ou trevas do Primeiro Grau, de maneira bastante marcante, simboliza a escuridão e o caos reinante antes da criação do homem, ou a noite na qual foram mergulhados os descendentes em conseqüência de sua transgressão original. É também fortemente emblemática da escuridão do ventre que antecede o nascimento natural do homem, a dor infligi da em sua entrada adequadamente representa as suas angústias, e ambas as sensações de sua entrada na Loja desta quadriculada vida, tal qual um exausto viajante encontrado num sombrio

e inóspito deserto. A. sua sofrível condição Sugere-lhe desolada e desamparada situação do homem num estado natural, e ensina-lhe o valor as ações mutuamente praticadas, e o exorta a estender sua ajuda aos outros, tanto quanto gostaria para si próprio - confortando o aflito, saciando o faminto e vestindo aquele que esta nu. Ele é trazido à luz do mundo e à luz da sabedoria pela ajuda a seu próximo, sua investidura é fortemente significante da primeira vestimenta da raça humana, e assinala o modesto propósito da vestimenta primordial. Suas ferramentas são os toscos implementos do gênio não instruído e os grosseiros emblemas das mais simples verdades morais, denotando o árduo trabalho que o esforço' humano deve suportar quando não assistido pelos eficientes dispositivos de uma educação.

Essa questão sobre a escuridão e a luz na Maçonaria é abordada em outro capítulo, quando tratávamos das Luzes especiais na Loja. Uma vez dentro da Loja, a cerimônia inteira é simbólica de uma série de provas, testes, provações, para mostrar que o candidato é valoroso e digno. Em algumas outras Constituições, nas quais a cerimônia se desenvolveu de forma diferente, essas provas e provações são de uma natureza ainda mais espetacular e proporcionam a oportunidade para muitas homilias, mais do que a cerimônia normal sob a Constituição Inglesa. Porém, o simbolismo do teste e da provação ainda existe: a crença em Deus, uma postura humilde e austera, pobre e sem dinheiro, e num estado de escuridão, tudo sendo provado à Loja reunida, além da declaração de uma apropriada abordagem à Maçonaria. É somente depois desses testes que a cerimônia, em si, continua e, após serem assumidos os devido compromissos e feita a Investidura uma Instrução sobre a Maçonaria e dada. Essa instrução costumava se; mais extensa há duzentos anos, e mesmo o reestruturado sistema determinou que deveria ser ministrada ao candIdato uma plena explanação do simbolismo do Painel da Loja. Sobre alguns aspectos da cerimônia, o dr. Oliver tinha algumas opiniões:

A "genuflexão" era usada desde os primórdios do mundo como um ato de devoção em homenagem a Deus. Na realIdade, é uma correta expressão de humIldade e e reverencia de uma criatura mortal ao Grande Criador de sua existência. Plínio diz "nos joelhos do homem repousa uma certa reverencia religiosa que, inclusive, é observada em todas as nações do mundo. Os suplicantes se agacham e se prostram de joelhos aos superiores; de joelhos são por eles tocados, de joelhos eles alcançam suas mãos; de Joelhos eles veneram e adoram tão religiosamente como os altares dos deuses".

No sistema do Cristianismo, este costume prevalece universalmente em obediência aos repetidos mandados de Cristo e de seus Apóstolos. Neste caso, a genuflexão é descrita como um apropriado e aprovado ato de devoção e um dos Pais da Igreja conferiu à genuflexão um caráter ainda mais elevado. Assim diz ele: "Quando dobramos o joelho, representamos a nossa queda em Adão e quando nos erguemos, tendo recebido o beneficio da prece dirigida ao Trono da Graça, representamos a restauração em Cristo pela graça de Deus, por meio de quem nos é dado elevar os nossos corações ao Céu". O candidato à Maçonaria é orientado a dobrar o seu joelho com um semelhante significado. Ele se encontra num estado de escuridão intelectual, no que tange a Ciência à qual ele está prestes a ser Iniciado. A sua mente ainda não iluminada pelos fúlgidos raios do conhecimento maçônico, se dobra ante o "Divino Iluminador", na humilde esperança de que o seu entendimento possa ser aberto e as suas faculdades mentais aprimoradas pelo processo da Iniciação, começada com uma devota súplica e uma inabalável crença naquele Grande Ser, cuja exclusiva benesse pode proporcionar proteção e ajuda em todas as dificuldades e perigos aos quais ele possa ser submetido, como provação de sua paciência, força moral e fervor.

Costumamos nos referir às cerimônias da Maçonaria como sendo realizadas em tomo do Templo do rei Salomão. A própria Loja é uma representação daquele Templo, tal como já abordamos nos capítulos que dele tratam. A partir do século XVIII, o Mestre costumava ser colocado no leste da Loja, e ambos os Vigilantes tinham os assentos no oeste, cada um deles representando uma das Grandes Colunas situadas no Pórtico do Templo do rei Salomão. Assim, a entrada do candidato pelo oeste se dava por entre essas duas Colunas e simbolizava o início de sua jornada através do Templo. As alterações introduzidas a partir da segunda metade do século XVIII fizeram com que os Vigilantes passassem a ter os seus assentos ao Sul e a oeste, fazendo com que a entrada do candidato em todas as Lojas sob a Constituição inglesa depois de 1813 (teoricamente, após 181 O) deixasse de ser uma entrada simbólica ao Templo passando pelas colunas. Na cerimônia reestruturada, a concentração da instrução do candidato no Primeiro Grau não está particularmente preocupada com o Templo ou com a sua construção. Com a transferência ao Segundo Grau do simbolismo das duas grandes colunas do pórtico ou entrada do Templo, algumas diferentes interpretações chegaram a ser colocadas em certas partes da cerimônia de iniciação. É levada ao conhecimento do candidato a existência do Templo e dos seus arredores, mas num sentido geral, sem entrar no âmbito de sua construção. O seu Aprendizado será dirigido aos arredores do Templo, e

não ao edifício propriamente dito. A primeira visão que terá será a das Três Grandes Luzes, e sua atenção será atraída pela grandiosidade dessas L~~ zes. Ele receberá. uma breve explanação sobre alguns aspectos simbólicos do Esquadro, pOIS este Instrumento que caracteriza a Maçonaria dificilmente poderia ser deixado de lado; o Compasso está virtualmente oculto e a ele é feita apenas uma menção superficial. E o Livro Sagrado que, essencialmente, é a Grande Luz que tem uma especial importância neste Grau pois será na Verdade e na Virtude Moral expressa naquele Livro que s~ concentrará o seu principal estudo em seu Aprendizado. Ele aprenderá acerca da Fé e da Esperança, e particularmente da Caridade, aqueles três degraus da Escada pela qual poderá ascender. Ele aprenderá acerca da Sabedoria, da Força e da Beleza e o seu significado como Colunas que sustentam a Loja, também aprenderá sobre as dimensões de uma Loja maçônica, o seu Piso e os seus ornamentos. Os instrumentos e ferramentas de trabalho às quais ele será apresentado dizem mais respeito à preparação do que à construção, propriamente dita e a sua única introdução à construção abordará a Pedra Fundamental. Porém, quando tiver tomado um conhecimento mais próximo da Palavra de Deus e dos atributos da Ordem e de seus membros, ele se tomará apto a adentrar o próprio edifício.

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 152-156)