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A Loja Ornamentos, Utensílios e Jóias

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 96-100)

O Simbolismo de muitos dos itens existentes fisicamente em uma Loja é também o mesmo relacionado à Tábua de Delinear do Primeiro Grau. Na verdade, seria justo dizer que os hieróglifos da Tábua de Delinear foram os primeiros a ser desenvolvidos, em tempos anteriores quando era costumeiro ou possível montar Lojas de fato mobiliadas e aparelhadas com os necessários Emblemas. Os itens encontrados na Loja foram desenvolvidos a partir das representações encontradas nas Tábuas de Delinear. Mas na Tábua de Delinear do Primeiro Grau existem diversos itens que não aparecem na própria Loja. Já não é comum encontrar um pentágono ou uma estrela pentalfa colocada como "a Estrela Flamejante no centro", descrita nas preleções e antigamente encontrada no meio da representação do Pavimento Mosaico. Era no Interior deste pentágono ou estrela pentalfa que a letra "G" aparecia antigamente no Segundo Grau, para indicar que a Loja estava trabalhando naquele Grau. É de se notar que esse "G" não aparece, nem mesmo agora, na Tábua de Delinear do Primeiro Grau, mas na do Segundo Grau e, em alguns lugares, também na do Terceiro Grau. Exceto em alguns Templos especialmente construídos, não é comum encontrarmos a Escada de Jacó em nenhum lugar que não na Tábua de Delinear e o mesmo pode ser dito sobre o ponto no interior de um círculo, colocado entre duas linhas paralelas, sob o Volume das Leis Sagradas (VLS).

A Letra "G"

A letra "G" ainda aparece muito em nosso Segundo Grau. Podemos encontrá-la na Explanação da Tábua de Delinear como um símbolo que

chama atenção especial na Câmara do Meio, onde ela aparece em substituição a certos caracteres. Referências são feitas a essa letra por ela estar no centro e, particularmente, no centro do Templo. Em muitos Templos maçônicos a letra pode ser encontrada pendurada, normalmente no centro do recinto, mas, muitas vezes, fixa e permanente acima do Pedestal do Mestre da Loja. Ela pertence, apropriadamente, ao Segundo Grau e, se o seu simbolismo for estritamente seguido, ela somente seria exibida no Segundo Grau. Na época em que os Primeiro e Segundo Graus formavam um grupo bem separado do Terceiro, e os Símbolos referentes aos dois primeiros eram exibidos em ambos, a única diferença entre um e outro era a exibição adicional da letra "G" quando a Loja era aberta no Segundo Grau. Ela não estava ali quando se realizavam os trabalhos em Primeiro Grau, sendo a sua exibição que convertia os Símbolos nos do Segundo Grau, pois o Aprendiz ainda precisaria de tudo aquilo que aprendera em seu caminho para usar como um Artesão, mais este pequenino extra.

Nos dias de hoje, a maioria das Lojas costuma exibir a Tábua de Delinear do Segundo Grau para converter a Loja de Aprendiz em Loja de Companheiro, e isto, tal como nos diz a Explanação da Tábua de Delinear, exibe a letra "G" (ou deveria, de forma bem clara). Algumas Lojas mostram apenas a Tábua de Delinear do Segundo Grau com os Símbolos que se referem somente àquele Grau, e assim inconscientemente, demonstrando os três Graus separados como uma estrutura na qual nos amontoamos desde 1813. Algumas Lojas também costumam adicionar a Tábua de Delinear do Segundo Grau à do Primeiro Grau já em exibição, perpetuando desta forma o antigo relacionamento. Essa reflexão sobre a letra "G" e sua importância para os nossos Irmãos de antigamente tende a apontar para a posição da Tábua de Delinear, sendo colocada diretamente no chão no centro da Loja, que é o local no qual a maioria das Lojas a põe quando é Explanada; mas, ultimamente, tem-se usado a prática de colocar todas as Tábuas de Delinear em pé, apoiadas em um dos pedestais, ou em uma moldura especial ou suporte.

A letra "G" tem sido merecedora de grande importância na Maçonaria em muitos lugares do mundo e pode ser encontrada em uso em diversas conformações que a colocam entre os esquadros e os compassos unidos, como parte dos principais Símbolos ligados à Maçonaria. William Hutchinson, ao escrever antes de 1775, coloca a letra "G" em um pentágono, ou em uma pentalfa, ou em uma estrela de cinco pontas, cercada por raios de esplendor, como seu principal frontispício. Ele ressalta que, embora a letra "G" deva, na mente do maçom, significar Deus, emprestar-lhe apenas aquela simples importância é desprovê-la, e muito, de seu valor como um símbolo maçônico. Por sua representação de Deus como o Grande Geômetra, ela simboliza a Geometria "que contém a determinação, a definição, o penhor da Ordem, a beleza e a maravilhosa sabedoria do poder de Deus em Sua Criação". Algumas Constituições dizem que, para elas, o símbolo é de um

Excelente Maçom. Certamente existe um fundamento antigo para isso na Constituição inglesa, pois os trabalhos da antiga Grande Loja,.dos Modernos incluía no Terceiro Grau, referência a um Excelente Maçom. Ainda podem ser encontradas antigas Tábuas de Delinear do Terceiro Grau que trazem uma letra "G" que, provavelmente, tenha esta importância, podendo também ser encontrada, nesse sentido, nas obras de Preston, até pouco depois da União.

As preleções atuais apresentam o significado da letra "G" na Tábua de Delinear como uma denotação de Deus, o Grande Geômetra; mas, se a referência é feita à Chave-Mestra de John Browne, refletindo a prática das Lojas jurisdicionadas à Grande Loja dos Modernos, por volta de 1800, lemos:

Por que fostes passado ao Grau de Companheiro? - Pelo beneficio da letra "G".

O que denota esta letra "G"?

- A Geometria, ou a Quinta Essência, sobre a qual está alicerçada a Maçonaria.

O que é Geometria?

- A Geometria é uma Ciência pela qual nos é ensinado encontrar as dimensões de corpos não mensurados, comparando-os com os de medidas já conhecidas.

Quais são os quatro princípios da Geometria?

- A Grandeza e a Extensão, ou seja, uma progressão científica de um ponto a uma linha, de uma linha a uma superfície, e de uma superfície a um sólido.

O que é um ponto?

- Uma coisa miúda, o princípio da Ciência Geométrica. O que é uma linha? - A extensão deste ponto. O que é uma superfície?

- Comprimento e largura, sem espessura determinada. O que é um sólido? - Comprimento e largura, com espessura determinada, formando um cubo. Neste breve catecismo está resumida boa parte do simbolismo essencial original da Maçonaria, o qual os nossos antepassados identificavam com a Geometria. Primeiro ele menciona um ponto que segue por um sistema de graduação progressiva, e mostra que o Segundo Grau de nossa Ordem está voltado ao estudo da Geometria, a Ciência que trata das medidas e das dimensões e, portanto, da construção. A progressão de um ponto tem um objetivo determinado - a ,formação de um sólido. Não um sólido qualquer, mas um cubo. O cubo e um corpo composto de seis faces iguais e todos os seus ângulos são retos; um símbolo de perfeição. Em sua construção, o importante progresso é a incorporação de uma terceira dimensão, tal

como diz a antiga preleção, elevado "de uma superfície plana para uma vívida perpendicular". Eis aí uma abreviada história dos três Graus.

É possível que o uso de uma letra nessa forma como representação de Deus seja o reflexo da influência da tradição judaica no desenvolvimento maçônico. Pelo costume judaico, não se pronuncia o nome de Deus, o qual é representado pelo Tetragrama - as quatro letras "JHVH" (em hebraico as letras "Iod" "Hê" "Vau" "He") mas em vez disso usa-se alguma outra palavra, tal como "Adonai" (Senhor), ou encontram-se maneiras que expressam a presença de Deus por meio de alguma outra representação. O uso da letra "G", especialmente quando rodeado por uma glória sugerindo a Shekiná, uma representação luminosa da Presença Divina, pode bem ter sido introduzido na Maçonaria copiando uma tradição judaica. Existem algumas evidências que sugerem que, até a época da União das Grandes Lojas, em 1813, o nome que aparecia no Tetragrama era um particularmente associado ao Terceiro Grau; alguns dos textos referentes às Preleções de William Preston assim indicam, enquanto o Tetragrama é freqüentemente encontrado nas Tábuas de Delinear do Terceiro Grau. É interessante notar que na Tábua de Delinear do Segundo Grau, desenhada por John Harris em 1845, aparece um incomum uso da letra "G" e do Tetragrama. Neste painel, pela porta da Câmara do Meio, podemos ver a letra "G" no interior de um triângulo cercado por uma glória ou Shekiná. Sobre a porta que dá acesso à Câmara do Meio há uma Trapeira, normalmente uma característica das ilustrações maçônicas do Santo dos Santos (Sanetum Sanetorum) e nesta Trapeira, também cercada pela Shekiná, está o Tetragrama. Dizem que Harris tinha ascendência judaica. O Painel, bem como seus semelhantes dos outros dois Graus, foi autorizado pela Emulation Lodge o/Improvement e é semanalmente usado por eles no Freemasons' Hall, em Londres. Isso pode ser indício de que, no antigo Terceiro Grau, o objetivo de uma pesquisa seria a descoberta dessa palavra e que para enfatizar isso, o Segundo Grau fornecia apenas uma representação.

Ao colocar a letra "G" no interior de um triângulo e de uma glória, Harris estava fazendo aquilo que Hutchinson realizara setenta anos antes, e Harris deu o mesmo tratamento ao Tetragrama. W. H. Rylands, em Notes on Some Masonie Symbols, faz uma citação que pode indicar a origem desse tratamento, e que poderia ser a razão para tal prática:

...na arte eclesiástica do século XVI, a deidade era representada apenas por seu nome, inscrito no interior de uma figura geométrica. O triângulo é o emblema linear de Deus e da Divina Trindade. O nome de Deus, ou Jeová, estava inscrito em letras Hebraicas no triângulo e ambos, o nome e a figura, estavam colocados no centro de um CÍrculo radiante, simbólico da Eternidade. (Didron, Christ. Ieonog., Bohn, pp. 231-232).

Rylands prossegue, mostrando por meio da obra do arquiteto lohn Thorpe, do século XVI, que o triângulo era considerado, na profissão da construção, um Símbolo da Trindade. Na vida, em geral, o uso de símbolos aceitos dessa natureza era muito mais comum. Em muitos casos, quando a Maçonaria adotou o uso de tais símbolos, nada havia de incomum sobre a prática. A Maçonaria sobreviveu com esses símbolos incorporados, embora a prática geral tenha caído em desuso, e o seu significado nem sempre é lembrado.

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 96-100)