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As Jóias Maçônicas

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 104-115)

Tradicionalmente, existem seis Jóias em uma Loja maçônica: três são "Móveis", e três são "Fixas". As três Jóias Móveis são: o Esquadro, o Nível e a Perpendicular (ou Prumo) e, como elas se prestam também como Ferramentas de Trabalho do Segundo Grau - e que têm a ver com a Geometria -, serão analisadas, em maior detalhe, mais adiante, sob aquele título. As Jóias Fixas são: a Tábua de Delinear, a Pedra Bruta e a Pedra Cúbica; elas são chamadas de Fixas por ficarem expostas em Loja "para que os Irmãos possam refletir sobre elas". Essas três se relacionam a uma função geométrica, tal como também se relacionam as três Jóias Móveis, e chegaram às suas atuais posições e significados depois de mais de duzentos anos de desenvolvimento.

A Tábua de Delinear, tal como o seu Companheiro Móvel - o Esquadro - é, essencialmente, uma Ferramenta do Mestre. A Preleção nos diz que cabe ao Mestre da Loja traçar as linhas e desenhar sobre ela,

fazendo com que os Irmãos realizem a pretendida estrutura com regularidade e com propriedade. É sobre a Tábua de Delinear que o Mestre apresenta os ensinamentos morais para a instrução e orientação de seus Irmãos nas questões da vida. Em nossos dias, os desenhos das Tábuas de Delinear tendem a ter um desenho-padrão e a refletir pelos símbolos os ensinamentos morais da Arte. Elas se desenvolveram chegando a esta forma durante o último quarto do século XVIII e o primeiro quarto do século XIX. O Certificado da Grande Loja Inglesa, ainda com o mesmo desenho básico usado pela primeira vez em 1819, segue o desenho da Tábua de Delinear do Primeiro Grau (exceto a parte central que foi deixada de lado para poder acomodar o texto necessário). Esse documento mostra uma Tábua de Delinear na Loja - uma prancha de desenhista, com lápis e régua sobre ela para uso do Mestre da Loja. Acredita-se que o nome "Tábua de Delinear" seja uma corruptela do antigo Cavalete (Tressel) ou Prancha de Traçar (TraceI Board) usada nas Lojas no final do século XVIII para mostrar os hieróglifos maçônicos e, em muitas Lojas, colocada sobre um cavalete em seu centro. As preleções ainda comparam o uso da Tábua de Delinear pelo Mestre na Instrução de sua Loja com o Volume das Sagradas Escrituras como um meio pelo qual Deus possa realizar uma semelhante função à Humanidade. Ela é vista como a Tábua de Delinear espiritual de Deus, na qual estão inscritas as leis Divinas e os planos morais que, se observados, nos levarão à Eterna Morada nas Alturas.

O dr. Oliver resumiu o conteúdo das Preleções da época e acrescentou suas próprias reflexões:

Chamarei a vossa atenção, agora, para uma prancha que tem desenhado em sua superfície algumas linhas, ângulos e perpendiculares. Esta é a Tábua de Delinear e, embora possa parecer rude ou tosca e de pouca utilidade, ela é uma das Jóias Fixas, e contém uma lição de inestimável valor. Esta prancha serve para o Mestre desenhar os seus projetos e para a orientação dos Obreiros. Porém, a sua conotação mística diz respeito à grande Carta de nossos privilégios religiosos, a qual, em todas as nossas Lojas abertas, é colocada sobre o Pedestal do Mestre, com as páginas abertas, como o visível padrão de nossa Fé, subscrita com a mão da Divindade: o verdadeiro solo e pilar da Verdade. Tendes agora diante de vós um bloco de Pedra Bruta tão grosseiro quanto era ao ser tirado da pedreira. Esta é outra Jóia Fixa, a qual denota a mente da criança, bruta e inculta como essa pedra e como o bloco de pedra, pode ser transformado em alguma forma definida e útil por meio da habilidade e judicioso manejo de um experiente artífice; também a mente somente poderá ser treinada à pratica da Virtude mediante um diligente, constante e assíduo cuidado, e uma persistente instrução dos pais,

dos guardiões e dos professores. O homem assim amadurecido se toma apto para ocupar o seu lugar na Sociedade e qualificado para fazer a sua parte com a aprovação de seus Companheiros. Essas reflexões nos levam a contemplar esta Pedra numa forma diferente e mais perfeita. Ela foi submetida ao Cinzel de um habilidoso artífice, e agora adquire uma forma perfeitamente cúbica, e polida conforme a Arte, que somente pode ser conseguida pela correta aplicação do Esquadro e do Compasso. A mente do homem, após o seu prévio cultivo e progresso sobre o Mosaico, alternado do bem e do mal que abundam em sua vida, está aqui representado. Ele conseguiu chegar a uma bela idade avançada e o seu tempo foi empregado em atos de Piedade e de Devoção. A bênção dos órfãos está sobre ele, e ele fez com que o coração da Viúva cantasse em alegria. A sua alma assim amadurecida em Glória pode ser apropriadamente comparada a essa esplêndida Pedra, que agora pode apenas ser provada pelo Esquadro da Santa Palavra de Deus, e pelo Compasso de sua própria consciência.

As duas peças de cantaria são duas pedras de formato cúbico: a pedra bruta, como o próprio nome indica, está apenas grosseiramente cortada e sem nenhum acabamento, enquanto a pedra cúbica (ou polida), tal como sugere o seu nome, é um cubo perfeito, bem acabado e polido - o símbolo da perfeição. A pedra bruta representa o candidato recém-admitido, o Aprendiz, e o objetivo da Maçonaria é, pelas instruções do Mestre dadas com o auxílio da Tábua de Delinear, tomar a pedra bruta na perfeita obra que representa a pedra cúbica. No Certificado da Grande Loja da Inglaterra, a pedra bruta é exibida com as adequadas Ferramentas - o Maço Comum e o Cinzel - sobre ela. A pedra cúbica tem sobre si o Compasso, representando a Consciência, que é aquele teste final ao qual o verdadeiro homem submete a sua obra. Na maioria das Tábuas de Delinear, a pedra bruta está perto da coluna coríntia que representa o Segundo Vigilante; a pedra cúbica está perto da coluna dórica, que simboliza o Primeiro Vigilante. Tradicionalmente, o Segundo Vigilante é o encarregado dos Aprendizes, de forma que, simbolicamente, a pedra bruta é exibida como estando aos seus cuidados e o Primeiro Vigilante, igualmente, tem a seu encargo os Companheiros. Em muitas Lojas, essa parte do Simbolismo é levada mais além, ao colocar essas Pedras em Loja, seja sobre ou ao lado do Pedestal do Vigilante ao qual corresponde respectivamente. Outras Lojas adotam um padrão diferente ao relacionar as pedras aos cantos da Loja nas quais os Aprendizes e os Companheiros são posicionados para receber uma exortação ao serem admitidos em seus Graus, respectivamente.

A história da pedra cúbica é um tanto quanto confusa: uma pedra já estava entre os antigos símbolos encontrados em textos maçônicos, embo

ra, inicialmente descrita como um "Perpianho", era soletrada de formas pouco usuais. Um "perpianho", termo utilizado em obras de alvenaria, é um bloco de pedra aparelhada, colocado de parede a parede, servindo de pedra ou viga de amarração. Esse aspecto, por si, oferece certo grau de simbolismo, pois "amarrar" em Fraternidade sempre foi um dos objetivos da Arte. Ademais, se os blocos de pedra usados nas construções tinham, em geral, formato cúbico, então aquela Pedra (o "Perpianho") possuía a aparência de duplo cubo, com alguma importância e significado na Maçonaria, e na qual alguns autores vêem um especial significado simbólico.

No documento o Simbolismo Na Maçonaria- Colin Dyer (páginas 104-115)